Capítulo 326 ♥

Eleonora e Jenifer olhavam a imagem completamente absortas. Parecia que todo o consultório tinha sumido e agora só tinham elas e a imagem do bebê na tela.

- É uma menina... Minha Virgínia... – Sussurrou Jenifer tão baixo que ninguém ouviu – Nossa filha, amor... Nossa filha – Agora sua voz era mais alta e direcionada apenas para Eleonora.
Eleonora beijou a testa de Jenifer e logo voltou seus olhos para a imagem. Seus lábios pareciam que se rasgaria a qualquer momento tamanho era o seu sorriso.
- Bom, o bebê de vocês... Quer dizer a filha de vocês está ótima, está crescendo dentro dos padrões – Disse o médico limpando a gosma da barriga de Jenifer.
Jenifer e Eleonora não conseguiam tirar os olhos da tela.
O médico ia dizer mais alguma coisa, mas ao ver a felicidade em que se encontravam não quis estragar o momento.
Algum tempo depois Jenifer percebeu que o gel já tinha sido limpado de sua barriga e que agora a tela estava toda preta, a máquina estava desligada.
- Aqui tem mais alguns pedidos de exames e continue se alimentando como sempre, sua saúde também está ótima – Disse o médico entregando alguns papéis.
Já dentro do carro, Eleonora beijou e abraçou Jenifer muitas e muitas vezes. A felicidade não cabia dentro delas, dentro do carro; O mundo tinha ficado pequeno.
- Agora que sabemos que é a Virgínia que está a caminho, que tal se já formos ver o quarto dela? – Sugeriu Eleonora – Estamos de folga, ainda é cedo...
- Vamos sim, amor – Concordou Jenifer sem objetar.


Eleonora passou alguns minutos rodando em busca de uma vaga no estacionamento do shopping. Estacionou embaixo de uma árvore e enquanto pegava a bolsa, Jenifer aproveitava a sombra fresca se hidratando com água.
De mãos dadas caminharam pelo shopping, arrancando olhares curiosos e espantados; Sorrisos e caretas. Três lojas depois da praça de alimentação uma grande loja iluminada e decorada em tons claros chamou a atenção de Eleonora e Jenifer. Na vitrine roupas de bebês e crianças maiores, miniatura de sapatos e pijamas arrancaram sorrisos sonhadores de ambas.
Jenifer caminhou para dentro da loja indo de encontro as decorações que reproduziam os quartos infantis. Eleonora ficou logo atrás.
Uma vendedora gorducha e de cabelos avermelhados presos num rabo de cavalo foi até Jenifer, oferecendo ajuda.
- Léo, olha que lindo – Disse Jenifer sem tirar os olhos do quarto, puxando Eleonora pela mão.
- Nossa! É lindo mesmo, mas pra mim tem muito rosa... – Opinou Eleonora chegando mais perto do berço.
- Pra quando é o bebê? – Perguntou a vendedora.
- Junho, Julho...
- Já sabe o sexo?
- Sim, é uma menina. A Virgínia – Respondeu Jenifer esbanjando felicidade.
- Lindo nome – Elogiou a vendedora – E o pai, não quis ajudar a escolher o quarto?
Eleonora andava perto do guardarroupa, alguns metros a frente de onde estava Jenifer e a vendedora, quando ouviu a pergunta voltou pra perto delas.
- Nós seremos as mães da Virgínia – Disse Eleonora cruzando sua mão com a de Jenifer.
A boca da vendedora se abriu, mas ela não disse nada.
- Vocês tem esse quarto apenas em rosa? – Perguntou Eleonora.
A vendedora ainda estava com a boca escancarada.
- Me dêem só um minuto – Pediu a gorducha virando as costas e indo para o fundo da loja.
Minutos depois apareceu outra vendedora; Essa com cabelos bem crespos e armados, uma pele cor de jambo e olhos saltados.
- Não dêem importância pra Patricia, ela é... Enfim, não liguem – Disse a moça com um sorriso bem simpático – O que vocês desejam?
- Esse quarto... – Apontou Eleonora – Só tem em rosa?
- Não, temos ele em lilás e amarelo – Respondeu a vendedora – Venham até aqui que mostro ele nessas cores que falei no computador.
E Eleonora e Jenifer demoraram mais do que esperavam na loja. Fizeram o orçamento do quarto, incluindo carrinho, berço, banheira e tudo mais que um quarto de bebê precisaria. Aproveitaram o dia livre e andaram por mais algumas lojas no centro de São Paulo.
Já em casa, depois de tomar um banho frio e se alimentarem estavam deitadas na cama com os vários orçamentos sobre a cama, discutindo em qual loja fariam as compras.
- Eu amei o quarto da primeira loja que fomos, amor – Disse Jenifer já imaginando colocando a pequena Virgínia no berço.
- Eu achei ele lindo, mas esse aqui – Eleonora tirou uma folha que tinha a reprodução de um quarto em lilás claro, com detalhes em roxo em branco – É lindo também.
- Na verdade, todos são lindos – Rendeu-se Jenifer afastando alguns papéis para poder deitar melhor – Mas além da beleza a gente tem que escolher o preço, né amor? Por que esse aqui – Jenifer esticou a mão e pegou outro papel – É lindo, mas é muito caro.
- É verdade – Concordou Eleonora – A gente precisa escolher outra coisa também, vida... Alias, escolher uma pessoa.
- Pessoa? Pra que?
- Pra batizar nossa filha, ou você vai querer que ela cresça pagã?
- Não... – Jenifer parecia um pouco confusa – Você nunca foi religiosa, amor...
- Não sou religiosa mesmo, mas quero que pelo menos nossa filha seja batizada, não precisa ser católica, e além do mais se um dia ela quiser casar, ela vai ter que ser batizada, então é melhor já deixar meio caminho andado pra ela – Justificou Eleonora beijando a barriga de Jenifer.
- Ela nem nasceu e você já está falando em casamento? – Jenifer ria enquanto bagunçava o cabelo de Eleonora.
- E você acha que eu já não pensei em escola, ela fazendo aulas de balé ou qualquer uma dessas coisas de menina? Quero dar tudo que eu puder de melhor pra nossa filha, amor. TUDO – Disse Eleonora olhando tão fundo nos olhos de Jenifer que por um momento pareceu ver sua alma.
- Só de ela ter uma mãe como você, ela já tem tudo – Disse Jenifer sorrindo abobada para Eleonora.