Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: junho 2010

terça-feira, 29 de junho de 2010

Capítulo 131 ♥

Jenifer encarava os olhos negros de Brenda trêmula e ofegante.
- O que eu quero agora é voltar pro lado da minha namorada – respondeu séria, passando por baixo do braço de Brenda que estava apoiando-se na parede, encurralando Jenifer.
Jenifer saiu do banheiro tentando não demonstrar o pavor que sentia. Voltou para junto de Eleonora e das amigas. Eleonora notou a palidez na face de Jenifer e perguntou:
- Amor... Tá assustada?
Rapidamente Jenifer pensou em uma resposta:
- Tinha uma barata enorme lá no banheiro – tentou colocar o máximo de naturalidade que era possível.
- Uma barata ia te deixar tão assustada assim? – Questionou Eleonora examinando a expressão de Jenifer. – Ia, ela morre de medo de barata – disse para as meninas.
Jenifer soltou um riso amarelo e tentou esquecer o acontecido no banheiro.
Desde que viu Jenifer a primeira vez, Brenda sentiu um interesse fora do comum pela garota. No primeiro contato, tentou não dizer nada que pudesse assustar Jenifer (apesar de alegarem que suas indiretas já haviam a assustado), ela já estava assustada demais por ter conseguido assimilar a idéia de que seu coração batia por Eleonora.
Numa outra visita, dias antes à reconciliação de Jenifer e Eleonora, Brenda tentou, mais uma vez sem sucesso, beijar Jenifer; Jenifer recusara.
- Não consigo pensar em beijar nenhuma mulher que não seja Eleonora – disse Jenifer como justificativa.
Brenda adorava mulheres difíceis. E Jenifer, era difícil. Brenda ficou tentada.Todas suas amigas do Café pediram para que ela não se metesse com Jenifer.
- A menina ainda está perdida dentro de si. Ai vem uma louca e começa a dar em cima dela descontroladamente e a deixa ainda mais assustada – repreendeu Tarsila.
Brenda então contentou-se em apenas olhar e viajar em pensamentos. Mas esquecia de todas as broncas que levara, quando Jenifer aparecia.
E ter Eleonora por perto tinha um sabor a mais de perigo; e ela gostava de correr riscos.
A garota branquinha de cabelos pretos e lisos saiu do banheiro com um sorriso largo nos lábios finos. E com uma cara de pau gigantesca, juntou-se as outras. Desconcertada, Jenifer tentou a todo o momento evitar que seus olhares se cruzassem.
- Vem conhecer o bar todo Léo, sei que hoje não é dia apropriado, mas... Não sei quando o trabalho vai deixar você voltar aqui – disse Beca indicando para irem para o fundo do Café.
- Agora eu... – Eleonora interrompeu-se ao se lembrar de que teria todo o tempo disponível por tempo indeterminado – É, é bom aproveitar enquanto eu posso.
Jenifer recusou ir com elas e puxou Dafne em um canto, junto com Rosalie para contar o que havia acontecido.
- Ela o que? – Perguntou Rosalie com o queixo no chão – Ela é louca, tô começando a ter certeza disso.
- Quase... Por... Muito pouco ela não me beija, tô tremendo até agora – respondeu Jenifer mostrando a mão trêmula.
- O que foi que eu disse amor? – Dafne olhou para Rosalie – Eu disse que isso ia acabar acontecendo.
- O que você disse? – Perguntou Jenifer.
- Disse que um dia a Brenda ia te atacar.
Jenifer encostou-se à parede.
- Um dia a Brenda disse que não morreria em paz enquanto não tivesse você... – Prosseguiu Dafne hesitante – Enquanto não tivesse você na cama dela.
As últimas palavras saíram tão rápido da boca de Dafne que Jenifer mal conseguira acompanhar.
Jenifer sentiu uma onda gelada e ruim passar por sua espinha.
- Mas isso não tem a menor possibilidade de acontecer não é? – Rosalie quebrou o silêncio.
- Não tem mesmo não é? – Enfatizou Dafne.

domingo, 27 de junho de 2010

Capítulo 130 ♥

A festa seguia animada no Café. Algumas pessoas que também fugiam do tradicional carnaval se refugiaram no local. Música alta, comida e bebida à vontade.
Eleonora se enturmara rapidamente com as meninas, exceto Brenda. Ficando mais próxima mesmo de Elis, Giane e Rosalie.
Brenda a toda minuto era vigiada pelas garotas.
- Mas você nem bebe, como foi oferecer bebida alcoólica pra Jenifer sua louca? – Questionou Tabata.
- Ah! – respondeu dando de ombros – Quem sabe bêbada ela cai na minha...
- Quem vai cair na sua? – Perguntou Rosalie chegando com Eleonora ao lado.
Brenda encarou Eleonora com um sorriso sarcástico e respondeu:
- Ninguém “Rosalinda”, ninguém – Saiu ainda encarando Eleonora, que se sentiu incomodada.
- Essa garota tem algum problema comigo? – Perguntou a doutora.
- Não liga, ela anda meio louca ultimamente – respondeu Tabata.
- Cadê a Dafne? – Perguntou Jenifer agarrando Eleonora pela cintura – Ela disse que viria pra contar algo pra gente e coisa e tal.
- A lá ela com a Tarsila, foram buscar algumas coisas não sei aonde. – respondeu Rosalie.
- Oi amores – virou-se Dafne para Rosalie e deu um selinho nela – Nem acredito que estou vendo a doutora Eleonora aqui – chegou perto de Eleonora e Jenifer e deu um único abraço nas duas.
- Pois acredite – respondeu Eleonora sorrindo.
- Nos conte logo o que você tem pra falar, a ansiedade está me consumindo – pediu Jenifer.
Dafne olhou para Rosalie, pegou na mão dela e depois envolveu sua mão em sua cintura e disse:
- Minha namorada – disse Dafne indicando com um aceno.
- Todo mundo namorando e eu solteira – disse Brenda ressentida.
- É por que você é uma biscate – acusou Gayla. – Dá em cima de todo mundo, ninguém confia em você.
Ao ouvir “da em cima de todo mundo”, Eleonora olhou Jenifer, que disfarçou olhando para outro lado, mas Jenifer havia ouvido o que estava se passando na roda.
- Amor vou ao banheiro, já volto – sussurrou Jenifer no ouvido de Eleonora.
Eleonora assentiu e continuou na rodinha de meninas.
Não percebeu que Brenda se embrenhara no meio das outras presentes e seguira Jenifer.
Jenifer saiu da cabine e ao abrir a porta, deu de cara com Brenda.
- Que susto!
- Desculpa. – disse Brenda se afastando o suficiente pra Jenifer ir até a pia.
A torneira que Jenifer tentava abrir estava muito bem fechada, exigindo um pouco mais de esforço. Vendo a dificuldade, Brenda passou seu corpo esguio por detrás de Jenifer e abriu a torneira. Sentou em cima da pia e não tirou os olhos de Jenifer.
- Para de me olhar assim – pediu Jenifer séria.
- Não consigo. Já que não posso te ter, me dê o direito apenas de te olhar.
Jenifer pegou alguns papeis toalha para enxugar as mãos e ao jogar no lixo foi fitada pelo olhar sedutor de Brenda. Seu coração acelerou.
- Meu olhar te incomoda? – Perguntou Brenda, chegando mais perto ainda de Jenifer.
Imóvel Jenifer respondeu ofegando:
- Muito... Me incomoda muito.
Brenda passou os dedos no rosto de Jenifer que ainda permanecia imóvel, não queria que nada acontecesse ali, mas suas pernas não a obedeciam.
- Sai de perto, por favor... Eu não posso – pediu Jenifer encarando Brenda assustada.
- Mas você quer não é? – Brenda se aproximou mais e deixou seus lábios a poucos centímetros dos lábios de Jenifer.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Capítulo 129 ♥

Ao estacionar o carro em frente ao Café Girls&Girls, Jenifer se virou no banco e disse apontando para o local:
- Lembra que um dia te disse de um bar super legal e animado?
- É aqui? – Perguntou Eleonora com os olhos na fachada.
- É, fazia um tempo que queria te trazer aqui, mas como você mesma sabe, mal tinha tempo pra respirar.
- E agora o que mais me sobra é tempo... – Eleonora ficou com o olhar vazio.
- Sem pensar nisso ok? Não hoje, vamos nos divertir.
Ultrapassaram a porta e foram recepcionadas com confetes, serpentinas e muitos sorrisos.
- Você nem avisou que vinha – disse uma garota abraçando Jenifer.
- Não avisei por que sempre que avisava, alguma coisa acontecia. Então resolvi fazer uma surpresinha – Jenifer pegou na mão de Eleonora e apresentou – Léo, Eloise, Eloise, Léo.
Eloise cumprimentou Eleonora com um beijo no rosto.
- Então você que é a famosa Eleonora?
- Só Eleonora, o famosa fica por sua conta – respondeu rindo.
- Vem amor, quero te apresentar as outras meninas. – Jenifer puxou Eleonora pela mão e pararam no balcão.- Essas daqui são: Gayla, Giane, Niara, Rosalie. – Apontou Jenifer para cada garota – Gente, essa é a Léo.
- Eu já sabia – respondeu Rosalie.
- Eu também – responderam as outras em coro.
Jenifer olhou em volta e perguntou:
- Cadê as outras meninas?
- A Beca e a Elis estão resolvendo um pepino no escritório, a Brenda... – Gayla pousou a mão no queixo pensativa – Não sei onde tá essa louca.
- Layla e Alana também estão por aqui?
Ao ouvirem o nome de Alana os rostos felizes, se tornaram sombrios.
- Aconteceu alguma coisa?- A Alana foi embora, Jeni... – respondeu Giane entristecida.
- Pra onde? Por quê? – Perguntou Jenifer incrédula. – A última vez que vim, ela estava aqui com a gente.
- A última vez que você veio, foi a última vez dela também – respondeu Elis caminhando em direção do balcão.
- Elis! – Jenifer a abraçou e apresentou Eleonora.
Elis como de costume, sentou-se no balcão e explicou.
- A Alana foi embora pro Nordeste, morar com os avós paternos.
Os olhos de Jenifer se arregalaram.
- Depois que nos descobriram, o pai dela afastou a gente...
- Mas vocês se gostavam tanto – lamentou Jenifer.
- Ela não gostava de mim o suficiente pra enfrentar o pai dela. Mas agora já era, a vida continua – Elis encerrou o assunto, dando um salto do balcão e pegando alguma bebida.
- Gente, cadê a Brenda? Eu preciso dela urgente! – Chegou alguém gritando.
- Se ela não tivesse deixado o celular dela cair na tequila aquela noite, você poderia ligar pra ela – disse Eloise.
- Quem é ela? – Perguntou Jenifer sussurrado para Rosalie.
- É a Tabata, nova aqui. Entrou no lugar da Layla, que foi embora também. Mas por outros motivos.
- Hum... Nem se despediram de mim – lamentou Jenifer.
- Se eu tivesse ido embora, com certeza me despediria de você – disse Brenda pulando em frente a Jenifer e roubando-lhe um abraço. Abraço esse que deixou Eleonora um pouco insatisfeita.
- Ah, Brenda! – disse Jenifer sem graça – Essa aqui é a minha namorada, minha Léo – Jenifer abraçou Eleonora por trás e deu um beijo em seus pescoço, olhando para Brenda e demonstrando que a “dona” dela estava lá.
- Eu já sabia – Brenda estendeu a mão para Eleonora com educação e um sorriso sarcástico meio escondido – Gostou do bar Léo? Posso te chamar de Léo?
- Pode sim, me chamem como quiser. Adorei, é lindo. A decoração... – seus olhos analisavam cada detalhe do interior do Café.
- Por que você não experimentou a comida – disse Jenifer. – Gaaaaaa – gritou chamando por Gayla.
- Fala minha flor.
- O que temos de bom hoje? Ela é ajudante da Jule, cozinheira – disse a Eleonora.
- Não sei direito, a gente fez tanta coisa. Só sei que de sobremesa, tem mousse, pavê, sorvete e umas coisas doidas que a Jule resolveu fazer.
- Hum... Pavê – disse Jenifer soltando um olhar cúmplice para Eleonora.
- Quer alguma coisa? – Perguntou Brenda a Jenifer, parando bem a sua frente. Encarando seus olhos.
Eleonora a olhou duro, mas nem assim ela parou de olhar Jenifer.
- É... – Jenifer encarou Brenda envergonhada – Eu quero... Um suco de uva.
- Suco? Com tanta bebida alcoólica, você quer suco?
- Não tomamos bebida alcoólica, só vinho e muito de vez em quando – respondeu Eleonora ainda com seu olhar duro.
- Temos vinho, quer que eu pegue pra você? – Perguntou Brenda a Jenifer, ignorando completamente Eleonora.
- Não, obrigada. Quero meu suco de uva mesmo.
Brenda virou as costas, indo em direção ao balcão quando ouviu Eleonora gritar:
- Pode me trazer um suco de abacaxi.
Brenda colocou o papel com o pedido no balcão e ouviu de Beca:
- Ou você entra na linha, ou a doutora vai fazer o inverso da profissão dela: Quebrar seus ossos.
- Eu não estou fazendo nada – respondeu cínica.
- Acho bom que não esteja fazendo nada mesmo. Toma seu rumo branquela – bronqueou a chefe indo pro escritório.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Capítulo 128 ♥

Após o almoço, todos estavam na sala de Maria do Carmo, reunidos, conversando vários assuntos. O telefone tocou e Maria do Carmo atendeu:
- Eleonora minha filha, é do hospital.
Eleonora sentiu uma pontada de esperança em seu peito. “Será que já terminaram a investigação sobre o caso? Assim, tão rápido?” Perguntou-se.
- Alô?
- Eleonora? Aqui é o Miro, tudo bem?
- Oi Miro, estou bem e você como está? – Perguntou ansiosa.
- Bem também. Liguei para avisar que demorara um pouco mais pra solucionarmos o caso. Semana que vem é carnaval e o Marco Antônio não poderá se ausentar do hospital. – Explicou Miro.
- Quem é Marco Antônio?
- Ex-chefe da Úrsula.
- Ah! Tudo bem, acho que sobrevivo mais alguns dias sem o meu trabalho – respondeu desanimada. Os olhos umedecidos.
- Fique calma, tudo vai se resolver. Até breve.
- Até.
Eleonora caminhou até o sofá e deitou com a cabeça no colo de Jenifer, que percebeu pela cara entristecida da namorada, que não havia novidades.
- Ele disse que depois do carnaval as coisas vão se resolver – Explicou resumidamente Eleonora.
- Não fique assim meu amor – disse Jenifer beijando a testa de Eleonora em seguida – Tudo vai se encaixar.
- Não vejo a hora desse encaixe acontecer – respondeu.
- O minha filha, não fique assim. Carnaval está ai, semana de alegria, festejo. Bom pra você refrescar a cabecinha – Disse Maria do Carmo.
- Eu odeio carnaval. Não vai adiantar nada. – Eleonora inclinou a cabeça a fim de olhar nos olhos de Jenifer e perguntou: Você vai desfilar esse ano, como seu pai quer?
- Não amor, pode ficar despreocupada. Não gosto de carnaval também, você sabe.
- Hum... – Foi a única coisa que Eleonora disse.
- Estava pensando da gente fazer alguma coisa diferente, ir pra outro lugar... – sugeriu Jenifer.



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Dia de carnaval. Vila de São Miguel a todo vapor. Pessoas trabalhando desde a noite anterior nos últimos detalhes da escola de samba Unidos de Vila São Miguel.
A casa de Giovanni Improtta estava agitadíssima. Só não mais agitada pelo fato de Jenifer não querer desfilar. Ótima oportunidade de ser alfinetada pelo irmão.
- Depois que essa daí começou com essa pouca vergonha, largou mão de tudo. Nem da escola de samba quer saber mais – acusava João Manoel.
- Mas ela nunca foi muito apegada a escola de samba – Defendeu Flaviana – Você sabe muito bem disso, então não diga coisas que não tem certeza.
Giovanni, Danielle, Jenifer e João Manoel olharam para Flaviana incrédulos. Já que a avó mal falava com a neta e quando falava, era para agredi-la verbalmente. Então a defesa soou estranha aos ouvidos alheios.
- Que foi? Tão me olhando com essas caras por quê? – Perguntou Flaviana encarando todos eles.
- Nada minha sogra... Mas sua avó tem razão João Manoel, e você pare de falar do namoro da sua irmã como se fosse algo extra... – Giovanni coçava a cabeça tentando falar a palavra “difícil”.
- Extraordinário? – Ajudou Danielle.
- Isso mesmo minha ninfa, essa coisa ai.
João Manoel ousou dizer alguma coisa, mas Jenifer o interrompeu:
- Antes que mais uma briga comece, eu vou sair. Não volto pra casa, talvez eu durma na casa da Léo. – fez uma pausa – Hum... Na casa da do Carmo que agora também é a casa da Léo. Enfim, bom desfile pra vocês.



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- Não quer mesmo ir ao desfile com a gente Eleonora? – Insistia Plínio.
- Não, a Jenifer está passando aqui – ouviu o som de uma buzina entrar pela janela junto com o vento – Acho que é ela.
- Qualquer programa com a Jenifer é mais interessante que um desfile né? – Plínio começou a lembrar dos gemidos e suspiros que ouvira dias antes e soltou uma risada.
- Por que a risadinha? – Perguntou Eleonora com os olhos estreitos.
- Nada não prima, vai lá pro seu encontro vai.
Eleonora desencanou da risada do primo e foi ao encontro de Jenifer.
Depois de se cumprimentarem com um demorado abraço e um selinho, Eleonora quis saber:
- Aonde a senhorita vai me levar?
- Quero que conheça um bar, que a Dani me levou há algum tempo. Fiz amizades lá e as meninas estão fazendo um carnaval nesse bar.
- Legal – respondeu Eleonora vagamente.
Jenifer fez cara de interrogação.
- É um bar GLS?
- É sim, algum problema?
- Não. Nenhum.
- A Dafne vai, disse que tem uma novidade pra contar pra gente.
- Vamos então? – Perguntou Eleonora abotoando o cinto de segurança.
- Vamos.

domingo, 20 de junho de 2010

Capítulo 127 ♥

Miro acabara de chegar ao hospital quando Marco Antônio ligara.
- Podemos adiar a nossa conversa para próxima semana? – Perguntou o mineiro. – Essa semana é carnaval, não posso abandonar o posto, você sabe quanto o movimento aumenta nesse período.
- Podemos adiar sim. Fique tranquilo, conversaremos na próxima semana então. Até mais. – Miro colocou o telefone no gancho e sentiu-se mal por ter que deixar Eleonora afastada do hospital por mais tempo.
Como não comera nada antes de sair de casa, resolveu ir até a cantina. No caminho encontrou Paloma, uma das técnicas de enfermagem do hospital.
- Miro, uma jovem de dezoito anos fraturou o joelho e pediu a doutora Eleonora para cuidar dela. Já disse que a Eleonora não poderá vir o que eu faço?
E antes de Miro responder, Úrsula materializou-se ao lado de Paloma e disse:
- Posso cuidar do caso.
Miro e Paloma se entreolharam e Miro respondeu:
- Hum... Tudo bem. Mais tarde eu passo lá para dar uma olhada na garota.
Com ar soberano Úrsula foi atender a jovem.


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O barulho dos passarinhos fazendo algazarra na janela do quarto de Eleonora a despertou. Escorregou o corpo devagar tirando Jenifer de cima, tentando não acordá-la. Ao colocar o pé esquerdo no chão sentiu a mão quente de Jenifer em sua cintura e sua voz rouca perguntando:- Aonde você vai?
- Te acordei né? Desculpa. – respondeu Eleonora voltando para cama.
- Não... Eu já estava acordada. – Jenifer se calou e começou a pensar na noite anterior.
- Que foi? – Perguntou Eleonora interrompendo o silêncio.
- Como eu fui ontem? – Questionou, soltando um sorriso tímido em seguida.
- Como diz o meu sogro: felomenal – Relembrou Eleonora o bordão mais famoso do sogro. Colocou seu corpo em cima de Jenifer, passando as mãos no corpo nu dela. – Mas acho que agora – disse dando beijos no pescoço de Jenifer – É a minha vez.
Jogou o lençol no chão e pegou firme o corpo de Jenifer, unindo-os, praticamente formando um só.
Jenifer entrelaçou suas pernas com as pernas de Eleonora que começou a subir e descer lentamente, fazendo com que o ar do quarto ficasse insuficiente.
Plínio passava pelo corredor quando pensou ouvir respirações cansadas. Olhou em volta e percebeu que ninguém vinha. Colou o ouvido na porta e sentiu o corpo esquentar.
- Caraca maluco, a coisa hoje começou a esquentar cedo – disse ele ainda com o ouvido na porta.
- Está ouvindo tudo direitinho? – Perguntou Viriato na porta do banheiro, com os braços cruzados.
Plínio virou num salto, assustado e rindo.
- Se mainha pega você ouvindo sei lá o que ai no quarto da prima, ela mata você.
- Vem aqui – sussurrou Plínio. – Ouve isso, tá baixo, mas meu irmão... – soltou um sorriso malicioso.
- Eu não quero ouvir nada, deixa as duas quietas – disse Viriato com o tom sussurrado.
Antes de saírem Plínio puxou Viriato pelo braço e o obrigou a ouvir o que acontecia lá dentro.
O queixo de Viriato foi ao chão e voltou.- Eu falei que a coisa estava quente – disse Plínio olhando para o irmão.- Agora vamos – disse Viriato empurrando Plínio pelo corredor.
Sem se dar conta de que uma pequena plateia estava do outro lado da porta tentando ouvir o que se passava lá dentro, Eleonora e Jenifer já estavam suadas e ofegantes.
- Não! – Protestou Jenifer quando sentiu que Eleonora voltava para um ritmo lendo – Continua – E mais um orgasmo veio forte e descontrolado.
Jenifer tentava puxar todo ar que era possível, mas ainda assim continuava inspirando fundo. Puxou Eleonora para perto de si a apertou contra o seu corpo.
Minutos depois, quando ambas já estavam mais calmas Eleonora abriu a janela do quarto e o vento leve invadia o ambiente, fazendo com que seus corpos esfriassem mais rápido.
- Vamos tomar um banho e descer, acho que já deve estar na hora do almoço – avisou Eleonora.
- Que bom que já é esse horário, além de cansada, você me deixou faminta.
- Você me deixou faminta e cansada – protestou Eleonora sorrindo.

Divulgação.

Demorou, mas me lembrei de vir aqui mostrar para vocês o vídeo que uma amiga fez para divulgar no youtube a minha versão da história de Léo e Jeni.
Assistam e saiam mostrando por ai =)


No youtube: http://www.youtube.com/watch?v=zuJ0rvCXoQk

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Capítulo 126 ♥

Eleonora acabara de descer para o jantar quando a campainha tocou, como estavam todos a mesa, foi ver quem era.
- Demorei? – Perguntou Jenifer encostada no batente da porta.
- Demorou tempo suficiente pra me deixar com saudade – respondeu Eleonora abraçando a namorada. – Já jantou?
- Já, não estou com fome. Espero você lá em cima.
- Não, senta com a gente, come pelo menos a sobremesa. A Cícera fez pavê de chocolate branco.
- Hummm... Não vou resistir a esse pavê – disse Jenifer mordendo o lábio inferior. Desejou boa noite para todos e sentou-se.
O jantar seguiu tranqüilo, sem nenhuma pergunta do por que Eleonora estava tão pensativa.
A sobremesa chegou e Jenifer atacou o recipiente, cochichou no ouvido de Eleonora:
- Vamos comer lá em cima?
Eleonora não entendeu o pedido, mas aceitou, antes avisou:
- Tia, a Jenifer vai dormir aqui, tudo bem?
- Mas é claro minha filha, essa casa aqui agora também é sua.
- Vou escutar barulho de velcro a noite toda – disse Plínio bem baixo para Viriato, que cerrou os lábios segurando a gargalhada que queria escapar.
Jenifer e Eleonora desejaram boa noite e subiram para o quarto.
Trocaram de roupa e sentaram na cama, para terminar de saborear a sobremesa.
- Ops! – disse Jenifer ao derramar propositalmente a calda do pavê na perna flexionada de Eleonora.
Quando Eleonora ia passar sua toalha no liquido, Jenifer a interrompeu:
- Deixa que eu limpo – seus olhos se estreitaram na meia luz.
Jenifer passou sua língua na perna de Eleonora, fazendo com o corpo inteiro da namorada se arrepiasse. Sem tirar os olhos dos movimentos que a língua de Jenifer fazia em sua perna, Eleonora esticou o braço até o abajur deixando o quarto mais escuro e colocou a pequena vasilha com metade da sobremesa no chão. As mãos dela ergueram o rosto de Jenifer até o seu, e se beijaram ardentemente.
Jenifer inclinou seu corpo até Eleonora, deixando-os bem unidos. Inclinou-se mais um pouco e Eleonora estava deitada na cama. As mãos de Jenifer pareciam ter ganhado vida própria e percorriam livremente o corpo de sua amada.
Eleonora estava gostando daquilo, mas por um segundo ouviu um “click”, era sua consciência chamando sua atenção para um pequeno detalhe: Jenifer ainda não sabia – ou já sabia pela rapidez com que dominara Eleonora – como era estar do outro lado.
Delicadamente, Eleonora afastou seus lábios, dos lábios de Jenifer e sussurrou enquanto sentia seu corpo esquentar:
- Você tem certeza?
- Shiu – disse Jenifer colocando o dedo indicador na boca – Uma hora eu teria que fazer isso.
Quando boa parte de suas roupas estavam espalhadas pelo chão, Jenifer pegou um pouco da calda do pavê que havia reservado e derramou um longo fio, do pescoço até a cintura, de Eleonora.
Eleonora agarrava-se ao lençol e soltava pequenos suspiros enquanto Jenifer lambia o fio de chocolate em seu corpo.
Um último beijo e chegou a hora de Jenifer mostrar que havia aprendido direitinho a lição.




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Cinco e meia da manhã e uma ambulância estacionara na porta do hospital. A sirene avisava que era uma urgência. Uma criança que aparentava ter oito anos, ao descer a escada, já nos cinco últimos degraus, tropeçou no cadarço desamarrado do tênis e caiu em cima do braço.
- A gente estava saindo de viagem, eu fui até meu quarto pegar a ultima mala, pedi para o Luis Felipe ir para o carro, quando ouvi um barulho e logo um grito – explicou a mãe para o médico.
- Tá doendo muito mãe – gritava o garoto. – Chama a doutora Eleonora – pediu. Eu quero que ela cuide mim.
- A doutora Eleonora não vai poder cuidar de você – explicou o médico.
- Eu quero ela! Eu quero ela! – Pediu o garoto chorando.
- Não tem como ligar pra ela doutor? Ela cuidou muito bem dele quando ele quebrou o dedão do pé jogando futebol – disse a mãe.
Fábio, o médico que cuidava do garoto olhou para a enfermeira assistente, que olhou para ele e disse:
- Vou falar com o Miro.
- Ele foi embora agora pouco, é o Sérgio que entrou no lugar dele – avisou.
Fábio foi até a sala do diretor geral e explicou o caso para Sérgio que respondeu rispidamente:
- Ela esta afastada e tem muitos outros médicos bons, até melhor que ela nesse hospital.
- Mas...
- Mais nada, pode voltar para o seu trabalho.
Frustrado, Fábio voltou para junto do garoto e inventou qualquer desculpa que justificasse a ausência de Eleonora.

domingo, 13 de junho de 2010

Capítulo 125 ♥

Eleonora chegou em casa cabisbaixa e com mil coisas ocupando cada espaço de seu cérebro. Quando passou pela porta, encontrou mãe, o irmão e a tia, sentados conversando sobre o carnaval que seria na próxima semana.
- Oi gente – cumprimentou Eleonora totalmente sem animo.
- Oi minha filha, tudo bem? – Janice levantou-se e abraçou a filha. Eleonora apertou a mãe, tentando se refugiar do terremoto que a sua vida havia se tornado.
Venâncio olhou Eleonora e logo percebeu que tinha alguma coisa deixando a irmã aflita.
- Cadê a Regininha mãe? – Perguntou Eleonora. – Deu uma saudade de vocês hoje – Sentou-se no sofá e abraçou o irmão do mesmo modo que abraçou a mãe, intensamente.
- Eleonora minha filha, que carinha é essa? – Perguntou Maria do Carmo.
Eleonora olhou para a tia já com os olhos se enchendo.
- A gente pode conversar na sala intima? – Pediu Eleonora.
Maria do Carmo disse que deixaria a mãe e os filhos sozinhos, mas Eleonora queria a presença da tia junto delas.
- Você é a minha segunda mãe tia do Carmo – disse ela sorrindo.
Janice, Venâncio e Maria do Carmo sentaram-se e Eleonora ficou em pé com as mãos no bolso da calça, procurando as palavras certas para começar.
- Anda logo Léo, você está me deixando nervosa – disse Janice agoniada.
- Vou ficar uns dias sem trabalhar...
- Ah que ótimo, você precisa mesmo de folga – disse Maria do Carmo interrompendo Eleonora.
- Não tia, não são folgas que vão me deixar fora do hospital.
- Fala logo Léo. – Pediu Venâncio.Eleonora olhou cada um nos olhos e pediu:
- Deixem eu terminar de falar, depois vocês falam tudo bem?
Todos assentiram com a cabeça e ela prosseguiu:
- Tem um meses que uma das funcionárias do hospital vem, ou melhor, vinha dando em cima de mim. – todos arregalaram os olhos – E anteontem ela me beijou cercou na sala onde guardamos nossas coisas e me beijou. E hoje o Miro pediu que eu fosse até o hospital para conversarmos.
- E o que ele queria? – Perguntou Maria do Carmo.
- Fui até o hospital como ele me pediu e ele disse que a Úrsula, a que me beijou, fez uma denuncia contra mim.
- Denúncia do que? – Interrompeu Janice com os olhos aflitos.
- Ela me denunciou por abuso sexual e moral, e enquanto eles investigam o caso eu não vou poder trabalhar – terminou Eleonora sentando no sofá de um lugar, passando as mãos no rosto.
Todos ficaram boquiabertos e sem reação, permaneceram quietos.
Janice não conseguia pensar direito, só sentia o seu coração de mãe apertar em seu peito.
- Minha Nossa Senhora! Isso é muito grave Eleonora? – Perguntou Maria do Carmo depois de um longo minuto de silêncio.
- É tia, muito grave. Posso perder meu emprego.
- A Jenifer já esta sabendo disso? – Perguntou Venâncio.
- Depois que sai do hospital eu fui até a casa dela, conversamos. Ela desconfiou um pouco de mim, por que ela já havia visto eu e a Úrsula conversando e não gostou. Mas estamos bem novamente. – Eleonora olhou para a mãe e foi até ela, ajoelhando em seus pés – Você não vai falar nada?
Janice abraçou a filha e disse:
- Eu sei que você jamais faria isso, acredito em você. Não vou te deixar sozinha, nunca. – Afastaram seus corpos e Janice acariciou o rosto da filha com as mãos – Seu pai não pode nem sonhar com uma coisa dessas.
- Ele não vai saber mãe, não vai sair daqui – disse Venâncio. – E agora Léo? O que você vai fazer?
- Vou esperar Vê, é a única coisa que tenho a fazer. Como a vida de uma pessoa pode mudar tanto? – Perguntou-se sentando ao lado da mãe, aconchegando-se no abraço da mãe. – Essa não é a minha vida...
Não aguentando mais segurar, Eleonora chorou agarrando-se a mãe que a consolava.
- Vou pedir pra Cícera preparar um chá, tô me tremendo toda – disse Maria do Carmo passando as mãos nos braços arrepiados.




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Janice e Venâncio chegaram em casa anestesiados, tentando não demonstrar em suas faces o que sentiam por dentro.
Venâncio chamou Regina na cozinha para contar o que acontecera e Janice subiu para o quarto. Quando entrou, pegou o marido sentado com algumas caixas em volta de si e fotos espalhadas pelo colchão.
- Sentiu saudade homem? – Perguntou Janice pegando uma toalha em cima da cadeira.
- Deu saudade dessa época – respondeu ele mostrando uma foto de Eleonora pequena, com um vestido vermelho, cabelos presos em Maria Chiquinha e sapatinhos pretos de boneca – Sempre tão menininha, tão meiga...
- Ela só não é mais uma menininha, mas ainda continua sendo meiga Sebastião. Continua sendo nossa filha.
- Eu só tenho uma filha agora, a Maria Regina – Sebastião voltou rapidamente a ser o velho rancoroso e guardou todas as fotos bagunçadas numa caixa e jogou no fundo do guarda roupa.
- Já tenho problemas demais na cabeça, não vou discutir isso com você.
- Que problemas? – Questionou Sebastião.
- Problemas da minha filha Eleonora – resumiu, pegando suas coisas e indo pro banho.
Sebastião ficou intrigado, mas a raiva que ainda não passara, não lhe permitiria saber mais sobre os problemas que a mulher lhe falava.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Capítulo 124 ♥

Eleonora tentou pegar nas mãos de Jenifer novamente, mas Jenifer levantou da cama e encostou-se à janela de braços cruzados e fechou os olhos tentando processar lentamente o que Eleonora dissera “ela me beijou” “ela me beijou”, ecoava baixo em sua mente e fazia sua cabeça girar.
- Jeni? – Chamou Eleonora. Jenifer abriu os olhos instantaneamente e a encarou indiferente. – Você não vai falar nada?
- Vocês se beijaram e eu que tenho que falar alguma coisa? Acho que quem deve explicações aqui é você – respondeu ríspida.
- Não nos beijamos, ela me beijou. Eu a empurrei e depois ela saiu sorrindo da sala, me deixando com cara de idiota – defendeu-se Eleonora.
- Conta tudo Léo – pediu Dafne – Talvez a Jeni te entenda se você falar tudo.
- Então tem mais coisa? E você sabia do “tudo” e não ia me contar nada? – Perguntou olhando para Dafne.
- Não viaja Jeni, não é nada demais. E eu não te contei por que isso é coisa da Léo, e se eu te contasse, você ia ficar com caraminholas na cabeça.
Jenifer olhou desaprovando o que Dafne dizia e ela disse:
- Não me olha assim por que você sabe que é verdade.
Jenifer bufou e sentou-se novamente na cama, mas ignorou o olhar de Eleonora.
- Sai de perto – pediu Jenifer grosseira, quando Eleonora tentou se aproximar.
- Jenifer, para com isso, você está parecendo uma garotinha mimada. Deixa eu te contar o que aconteceu? Posso? – Eleonora aumentou o tom de voz.
- Você me escondeu coisas Léo... A gente não se prometeu sinceridade uma com a outra?
- Então meu amor, é isso que eu estou tentando fazer, ser sincera com você e te convencer que não houve nada entre eu e aquela louca. Mas você não deixa, fica se revoltando a toa. – Eleonora chegou mais perto de Jenifer e olhando o mais fundo que podia em seus olhos começou a esclarecer os fatos. Contou tudo, desde o primeiro dia em que Úrsula apareceu no hospital.



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Miro estava sentado em sua cadeira olhando o sol se pôr no horizonte quando ouviu o telefone tocar.
- Alô?
- Miro? Aqui é o Marco Antônio do hospital Nossa Senhora das Graças, de Minas Gerais. Falaram que você havia ligado aqui. – Disse a voz mineira do outro lado da linha.
- Oi Marco Antônio. Te liguei sim, é que eu gostaria de saber sobre uma ex funcionária de vocês.
- Pois não Miro, pode falar.
- O nome dela é Úrsula Prado de Souza.
“Problemas” Pensou Marco Antônio ao ouvir o nome de Úrsula.
- Ela foi funcionária do hospital sim, o que gostaria de saber sobre ela? – Sondou.
- É um assunto muito delicado – respondeu Miro. – Delicado e urgente.
- Não costumamos passar nada sobre ex funcionários, mas como você disse que é um caso delicado e urgente, talvez eu possa te ajudar. Mas não por telefone. Se quiser, vou até ai e poderemos conversar pessoalmente.
- Ótima ideia. Se puder vir o quanto antes, te agradeço.
O encontro entre Miro e Marco Antônio estava marcado para dali uma semana. Miro não adiantou o assunto, mas Marco Antônio poderia suspeitar sobre do que se tratava.
A conversa com Rodolfo só fez Miro ter mais certeza de que Eleonora não tinha culpa no que havia acontecido. Conhecia a doutora há muito tempo, sabia de sua orientação sexual, sempre a respeitou e sempre viu respeito da parte dela para com as outras enfermeiras, médicas.
E quando Úrsula chegou contando sobre o suposto assédio ele não acreditara muito, mas havia tantos detalhes e tantas lágrimas vindas da moça que por um momento ele duvidou da inocência de Eleonora. Mas os fatos ficariam mais claros quando Marco Antônio chegasse até a cidade para conversarem.



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Jenifer por um momento sentiu-se enganada por Eleonora. Lembrou-se da cena que tinha visto do carro e pensou que a namorada estava traindo-a com Úrsula. Enquanto Eleonora contava todos os detalhes, desde o começo, ela prestava atenção em tudo, seus olhos acompanhavam cada gesto, cada expressão de surpresa e susto no rosto de Eleonora e por fim chegou a conclusão de que era a pessoa mais sortuda no mundo por ter uma pessoa tão especial ao seu lado.
- E agora, você acredita em mim? – Perguntou Eleonora depois de contar tudo.
Envergonhada por ter duvidado de Eleonora, Jenifer mordeu o lábio e abaixou os olhos dizendo:
- Desculpa, eu fui mesmo muito infantil. Mas é que... – Se interrompeu e viu que não levaria a lugar algum prolongar o assunto. – Desculpa. – pediu novamente abraçando Eleonora.
- Eu te amo Jenifer Improtta, e ninguém vai tirar isso de você.
- Pronto, agora que todos os pingos estão nos ‘is’ podemos tomar o sorvete? – Perguntou Dafne.
- Não vou poder ficar, tenho que falar com a minha mãe sobre o que aconteceu. Ai meu Deus, quando penso que as coisas não podem piorar, é ai que elas pioram – Lamentou Eleonora tombando o corpo no colchão. Jenifer subiu em cima dela e começaram a se beijar, esquentando a cada segundo.
- Ô gente, eu tô aqui, só pra avisar – disse Dafne jogando um travesseiro em cima delas.
Jenifer e Eleonora riam e Jenifer tombou para o lado, saindo de cima de Eleonora.
- Acho melhor eu ir pra casa... Vou ligar pra Rê e falar pra ela avisar a mãe pra ir pra tia Do Carmo.
- Quer que eu vá com você? – Perguntou Jenifer.
- Não precisa, mas se você quiser dormir lá eu não vou achar ruim.
- Então tá, mais tarde eu apareço por lá. – Jenifer sentou no colo de Eleonora, enlaçando suas pernas ao redor dela e a beijou de forma intensa.
Ao desgrudarem os lábios Eleonora olhou Jenifer, que a olhou maliciosa e abraçou.
- Você tá assanhadinha hoje ou é impressão minha? – Perguntou Eleonora bem baixo.
- Não é impressão – respondeu dando uma leve mordida na orelha de Eleonora.
Eleonora girou o corpo jogando Jenifer em cima da cama e disse:
- Agora eu vou mesmo antes que fique muito tarde.
Abraçou Dafne fortemente e disse:
- Muito obrigada por tudo, você foi uma peça essencial. Você é essencial.
- Não precisa agradecer, amigas estão ai pra isso.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Capítulo 123 ♥

Dafne e Eleonora chegaram até a casa de Jenifer ansiosas. Passaram pela sala e Eleonora cumprimentou apenas Giovanni e Danielle, as únicas pessoas, além de Jenifer, que gostavam da sua presença ali. Dafne passou na cozinha e pegou colheres para que pudessem tomar o sorvete e depoissubiram para o quarto, Dafne entrou na frente e com a porta entreaberta atrás de si disse:
- Olha quem eu encontrei no caminho – e abriu a porta, mostrando Eleonora.
- Amor! – Exclamou Jenifer soltando seu sorriso mais iluminado – Pensei que tinha aparecido alguma emergência, e só nos veríamos amanhã.
Eleonora deu um beijo e um abraço apertado e demorado em Jenifer, ao soltar-se dos braços da namorada a olhou nos olhos e passou delicadamente o dorso de sua mão na face dela. Jenifer pegou a mão dela, segurou firme e perguntou:
- Que carinha é essa meu amor? Aconteceu alguma coisa?
Eleonora olhou para Dafne, que estava atrás de Jenifer, Jenifer olhou para as duas e continuou sem entender.
- A gente tem que conversar – disse Eleonora.
- É... Eu vou deixar vocês a sós – disse Dafne já saindo.
- Não, fica – pediu Eleonora.
- Eu vou levar o sorvete pra geladeira, senão vai acabar derretendo, já volto.
- O que está acontecendo? – Perguntou Jenifer já um pouco alterada. “Será que elas...? Não pode ser” Mil coisas já borbulhavam em sua mente.
Eleonora sentou-se de frente para Jenifer, pegou as mãos dela, unindo as suas formando um elo, como se o que ela estivesse prestes a dizer pudesse romper aquilo e acabar com tudo que ela havia demorado tanto pra construir. Respirou fundo e disse:
- Fui até o hospital, pois o Miro queria conversar comigo.
- Conversar o que? – Interrompeu Jenifer.
- Calma. Eu... Eu estou suspensa do meu trabalho por alguns dias.
- Por quê? Você suspensa do hospital? Mas você é a médica mais dedicada daquele lugar – Jenifer franziu o cenho indignada – Deve ter acontecido alguma coisa muito grave...
Novamente Dafne e Eleonora trocaram olhares de cumplicidade e Jenifer acompanhava tudo ansiosa.
- Fala logo amor – pediu.
- Primeiro de tudo, eu quero que saiba que eu não fiz nada pra que isso acontecesse, nada mesmo.
Jenifer balançou a cabeça e Eleonora prosseguiu:
- Eu fui suspensa por que a Úrsula me denunciou por assédio moral e sexual.
Jenifer inclinou o corpo para trás e ficou carrancuda.
- Mas por que ela faria isso? – Perguntou olhando sério para Eleonora.
- Por que... Por que ela me beijou. – E no mesmo instante as mãos se desuniram.




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Rodolfo estava inquieto no hospital, já havia passado a hora dele ir embora, mas ainda estava andando de um lado para outro, questionando-se se falaria ou não o que tinha presenciado.
- Rapaz, o que faz aqui? Já deveria estar em casa descansando não é? – Miro estava indo para sua sala, quando viu Rodolfo com a cabeça baixa, mãos nos bolsos, caminhando de um lado para outro.
- Eu preciso conversar com você Miro. Podemos?
- Claro, vem até a minha sala.
Miro indicou a cadeira para que Rodolfo se sentasse, mas ele recusou com uma aceno de mão. Coçou a nuca, cruzou os braços e começou:
- Eu queria falar sobre o que aconteceu entre a Eleonora e a Úrsula... Talvez as coisas não tenham acontecido como te falaram.
Miro arqueou as sobrancelhas surpreso e perguntou:
- Você está sabendo de alguma coisa?
- Bom... O alarme do meu carro havia disparado, e eu fui até a sala de guardados para buscar a chave quando eu vi a Úrsula se aproximando da Eleonora que recuava a cada passo... E foi a Úrsula que puxou a Eleonora e roubou um beijo dela, a Eleonora ficou muito brava e a empurrou. Depois eu só vi a Úrsula saindo com um sorriso largo da sala.
- Então a Eleonora tinha razão... – murmurou Miro – Mas o que te levou a vir me contar isso? Até onde eu saiba, você e a Eleonora não se dão muito bem.
Eleonora e Rodolfo não se davam muito bem mesmo. Gênios muito diferentes, sempre que conversavam e algum discordava da opinião do outro, faíscas começavam a rolar e eles sempre terminavam a conversa olhando duro um para o outro. Cumprimentavam-se por educação, isso quando estavam perto de outras pessoas, se estivessem sozinhos nem faziam questão.
- Eu não gosto de injustiças, ainda mais quando eu sei que posso ajudar – respondeu Rodolfo saindo da sala.

domingo, 6 de junho de 2010

Capítulo 122 ♥

“Não pode ser, não acredito, mais problema pra mim”, pensava Eleonora. Um turbilhão de palavras desconexas e imagens invadiam sua mente.
- Você não vai falar nada? – Perguntou o diretor interrompendo os pensamentos de Eleonora. – Não vai se defender?
- Não tenho que me defender de uma coisa que não fiz – disse sentindo o corpo afundando cada vez mais na cadeira de couro.
- Hum... Passaremos por um processo de investigação dos fatos, enquanto isso, você está suspensa de suas atividades, até que tenhamos chegado há um acordo.
Do lado de fora Úrsula vibrava por dentro, mas continuava com a falsa cara de vítima.
- O que tá fazendo ai? – Perguntou Rodolfo, um médico já formado e que trabalhava na área cirúrgica.
A jovem residente assustou-se e respondeu:
- Nada, eu só estou esperando o Miro terminar de conversar com a Eleonora. As coisas não estão muito boas pro lado dela – Enxugou as lágrimas de crocodilo, ajeitou o cabelo e caminhou em direção a cantina.
Rodolfo acompanhou seus passos com o olhar examinador e também estava de saída se não tivesse ouvido a indignação de Eleonora:
- Eu não posso ficar sem trabalhar Miro, por favor, tenta reverter isso – pedia em suplica a doutora.
- Não posso. São ordens dos superiores, não posso desobedecê-las. Desculpa Eleonora, de coração, não queria que tivesse acontecendo isso. Quando ela veio me falar o que tinha acontecido eu não acreditei muito – desabafou – Você sempre foi uma médica muito responsável e direita. Jamais desrespeitou ninguém aqui dentro. Te conheço não é de hoje e sei que você não seria capaz de assediar ninguém.
Quando ouviu a palavra “assediar” Rodolfo ligou-se no fato que havia presenciado no dia anterior, quando estava indo até os armários dos funcionários pegar a chave do carro, pois o alarme do veiculo havia disparado. Ele havia visto tudo desde o começo. E sabia que a vítima ali era Eleonora e não Úrsula.


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Eleonora saiu do hospital completamente desnorteada. Sentia a raiva explodindo dentro do peito. Pegou o telefone e ligou para Dafne:
- Você ainda tá na Jenifer? – Perguntou.
- Sim – respondeu olhando pra amiga e virando o rosto tentando disfarçar.
- Não fala pra ela que sou eu, tem como me encontrar aqui na praça agora? Antes de falar com a Jenifer eu preciso conversar com você. Dá um jeito, fala que vai comprar alguma coisa e que já volta, estou te esperando.
E antes de Dafne perguntar qualquer coisa, Eleonora já havia desligado o telefone.
- Amiga, tô com uma vontade imensa de tomar sorvete, você quer? – Perguntou Dafne.
- Eu quero. Vamos na sorveteria lá do shopping – respondeu já levantando da cama.
- Não! – Exclamou rapidamente – Não... Vou lá comprar e a gente toma aqui mesmo.
- Ah! Você que sabe.
- Daqui a pouco eu volto. – E Dafne saiu em disparada, descendo as escadas correndo. Nem lembrou-se de perguntar o sabor de sorvete que Jenifer queria, mas com certeza seriam as que ela já sabia de cor.


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Dafne estacionou sua moto em baixo de uma arvore e logo foi até Eleonora, que estava sentada em um banco.
Antes mesmo de dizer um oi, já perguntou:
- O que aconteceu?
- Senta ai que eu vou te contar tudo, minha vida está desmoronando – lamentou-se.
Dafne sentou ao lado de Eleonora e ouviu tudo em silêncio.
- E eu vou conversar com a Jenifer hoje mesmo e talvez ela nem fique tão chateada comigo quando souber disso tudo – Eleonora concluiu toda a história e se sentia mais leve.
- Eu só tenho uma pergunta: Por que essa desgraçada fez isso com você? Por você não ter ficado com ela?
- Não sei Dafne, não sei... Só sei que outra perda eu não vou agüentar. Dias atrás perdi o amor do meu pai, agora perder meu emprego? É demais pra mim. – Eleonora não agüentou e começou a chorar. Dafne a abraçou e bem baixinho no seu ouvido disse:
- Calma, tudo vai ficar bem, eu prometo. Agora vamos, ainda tenho que passar na sorveteria e de lá a gente vai pra Jenifer.
Dafne entregou outro capacete para Eleonora e foram para a sorveteria. Enquanto Dafne escolhia os sabores, a cabeça de Eleonora não parava de maquinar um jeito de falar pra Jenifer o que acontecera.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Capítulo 121 ♥

Eleonora ligou para Jenifer, dizendo que não poderiam almoçar juntas, pois havia aparecido uma emergência no hospital e que assim que desocupasse estaria livre e as duas poderiam se ver.
- Tudo bem amor, a Dafne está aqui em casa, ela me faz companhia – disse Jenifer no seu tom sereno de sempre. Desligou o telefone e disse para a amiga que Eleonora não iria e falou também do motivo.
Dafne tentou, mas não conseguiu esconder os vincos de preocupação que se formaram em sua testa.
- Que cara é essa Dafne? – Quis saber de imediato.
- Nada... – Respondeu com a voz baixa. – É que lembrei... Não é nada – Arrependeu-se de começar a dizer e tinha certeza que Jenifer ficaria “grilada”.
- O que aconteceu? – Aumentou um pouco o tom – Por que essa cara está me deixando nervosa.
- Nada amiga, relaxa. Depois eu te conto – deu um meio sorriso e voltaram a fofocar.

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Eleonora havia terminado de almoçar e pedira a Cícera que avisasse a mãe sobre a emergência, pois ela iria visitar a filha ao entardecer. E Eleonora não saberia que horas chegaria.
Pegou a chave do carro, o avental que estava estendido sob a cama, seus aparatos médicos e desceu as escadas correndo.
Quando chegou ao hospital, perguntou para Cassandra, a recepcionista mais simpática do hospital, qual era a emergência.
- Não tem nenhuma emergência doutora. Por incrível que pareça esta tudo tranquilo – respondeu a moça com um sorriso.
- Ué – estranhou a doutora – Me ligaram em casa falando que para eu vir pra cá, que tinha uma emergência.
- Eleonora? – chamou uma voz grossa e séria atrás dela.
- Oi Miro! – Cumprimentou ela com um beijo.
- Pode me acompanhar até minha sala?
- Posso – Eleonora acenou para Cassandra e seguiu Miro.Ao adentrar a sala, Eleonora notou a presença altiva de Úrsula na janela. Começou a não entender muito o que acontecia.
- Podem se sentar – disse Miro indicando duas cadeiras a sua frente.
- O que está acontecendo? – Quis saber Eleonora olhando para Úrsula, depois para Miro e voltando o olhar para a morena.
- Acho melhor deixar vocês conversarem a sós, já falei tudo o que aconteceu, deixa ela contar a versão dela – disse Úrsula já de pé indo em direção a porta.
-Falou tudo o que? Contar a minha versão? – Eleonora já estava exaltada e só queria respostas.
Miro assentiu e Úrsula ultrapassou a porta como um raio. Fingindo da forma mais perfeita uma expressão triste, com direito a lágrimas surgindo no canto dos olhos.
- Miro, por favor, dá pra explicar o que aconteceu? – Pediu Eleonora nervosa, mas mantendo o controle sobre a voz.
Miro era o diretor geral do hospital, tinha o controle de tudo e sabia de tudo (ou quase tudo) que acontecia nas dependências do hospital.
- Eu vou ser bem direto, recebi uma denúncia de assédio sexual e moral contra você.
Eleonora encostou na cadeira e ficou atônita.
- Acho que não preciso dizer de quem partiu a acusação não é?
Eleonora continuou inerte, sentiu as mãos frias, sua face empalideceu e a voz sumiu.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Capítulo 120 ♥

Meia noite em ponto. Todos já dormiam na casa de Maria do Carmo quando Dafne tocou a campainha, para que o barulho incessante não acordasse as outras pessoas, Eleonora ficou esperando pela amiga no sofá da sala. Ao primeiro toque na campainha correu para a porta.
- Entra – disse Eleonora fechando a porta com cuidado. – Vamos lá pro quarto.
Eleonora sentou na cama, Dafne a sua frente. Os olhos de Dafne viajavam em cada pedacinho do rosto de Eleonora e tentava decifrar o que estava afligindo a doutora.
- A Úrsula me beijou – Eleonora foi direta como sempre.
Dafne arregalou seus olhos cor de mel e entrou em estado de choque.
- Mas eu a empurrei. Ela é louca. E essa foi a primeira e última vez. Eu não queria que acontecesse apesar de saber que poderia acontecer, por que ela vinha dando em cima de mim desde quando entrou no hospital – continuou diante do silêncio de Dafne. – E agora eu não sei se eu conto ou não para Jenifer. Por que ela já viu a gente conversando algumas vezes e percebeu que a Úrsula estava perto demais de mim e não gostou muito dela. Mas se eu não contar e depois, por algum outro meio ela ficar sabendo, ela vai ficar chateada comigo.
Dafne analisou cada palavra de Eleonora e disse:
- Eu lembro que você me contou dessa Úrsula algumas vezes e eu te disse, se você não lembra, que ela poderia fazer isso. Mas eu só tenho uma pergunta pra te fazer: você gostou?
- Claro que não! – Exclamou convicta – Nem um pouco. Ela é linda, atraente, mas o único beijo que eu quero é o da Jenifer. É o único que eu gosto e o único pra mim.
- Desculpa fazer essa pergunta, mas é que sei lá... Às vezes você poderia ter gostado.
- Mas eu não gostei. – Respondeu brava.
- Então não entendo o porquê dessa confusão toda.
- É por causa da Jenifer, Dafne. Ela vai ficar encucada com tudo isso, vai pensar que rolou mais alguma coisa.
- Não conte – sugeriu – Se ela vai ficar bolada é melhor não contar.
- Uma das promessas que nos fizemos é de não esconder nada.
- Mas você escondeu as cantadas que a Úrsula te deu – Lembrou Dafne.
- É verdade. Droga! – Eleonora puxou um travesseiro e o colocou no colo de Dafne, apoiando em seguida sua cabeça confusa. Já passava das duas da manhã e elas ainda não tinham chegado num acordo.



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O sol mal tinha saído quando Dafne e Eleonora acordaram. Dafne achou melhor sair antes que qualquer pessoa acordasse para evitar ter que dar explicações.
- A gente vai se falando e fica calma que a gente vai achar uma saída – disse Dafne enquanto descia as escadas.
Eleonora a abraçou e agradeceu a ajuda e antes que Dafne passasse pela porta ouviu alguém dizer:
- Mas o que está acontecendo aqui? – Era Maria do Carmo, que havia descido para pegar água e flagrara Dafne saindo.
- Pode ir, eu explico tudo – disse Eleonora.
- Ela dormiu aqui? – Perguntou a tia quando Dafne já havia saído.
- Dormiu tia, ela veio aqui por que eu pedi, precisava conversar com ela – respondeu bocejando e sentando no sofá.
- Aconteceu alguma coisa minha filha? Ontem você não jantou, chegou do hospital e foi direto pra cama.
- Aconteceu, mas eu prefiro não falar o que é, logo eu resolvo.
- Tudo bem mas se quiser conversar, eu vou estar aqui, você sabe. E vamos deitar de novo que ainda é muito cedo e você está de folga, durma bastante pra aproveitar o seu dia livre – Maria do Carmo beijou a sobrinha e foi para o quarto.
Eleonora passou na cozinha, bebeu um copo de água e começou a pensar na conversa que teve com Dafne e resolveu voltar para a cama, pois ela ainda não sabia o que fazer.



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Já passava das onze da manhã e Eleonora ainda dormia. Além de ter ido dormir tarde, dormiu pouco. O telefone tocou e Plínio atendeu:
- A Eleonora está dormindo, quer deixar recado?
- Assim que ela acordar diga para ela vir até o hospital é urgente – respondeu a voz grossa do outro lado.
“Acho que eu vou acordar a Eleonora, se falaram que é urgente é por que é urgente”, pensou o rapaz.
Cícera passava pelo corredor quando viu Plínio abrindo com cuidado a porta do quarto onde a prima dormia.
- Menino! Ela é sua prima, vai começar com as suas poucas vergonhas até com ela? Ela não gosta da fruta não – ralhou a empregada.
- Mas eu só vou dar um recado pra ela, ligaram do hospital falando pra ela ir pra lá urgente – inocentou-se o rapaz.
Cícera não acreditou muito, mas achou melhor ela mesma dar o recado para Eleonora.
- Eleonora, Eleonora – chamou dando leve sacudidas em Eleonora.
- Hum? Que horas são? – Perguntou esfregando os olhos.
- São onze e meia.
- Caramba, dormi demais – Sentou na cama e passou a mão nos cabelos bagunçados.
- Olha só, ligaram do hospital e falaram pra você ir pra lá, disseram que é urgente.
- Faz tempo que ligaram?
- Uns cinco minutos.
- Obrigada Cícera.
“O que será que aconteceu?”, perguntou-se. “Úrsula? A não pode ser”.