Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: março 2011

quinta-feira, 31 de março de 2011

Capítulo 283 ♥

Dafne e Jenifer conversaram sobre vários assuntos até que Jenifer não conseguiu fugir ao assunto principal.
- Ela te contou sobre a Kátia? Contou que as duas foram namoradas e que a Léo não quis ir pra Vitória com ela?
- Contou – Confirmou Dafne.
- A Kátia disse que ligou muitas vezes pra Léo ir pra Vitória, mas que a Léo disse que já tinha superado ela...
- Mentira – Disse Dafne séria – Isso não foi o que a Léo me contou.
E Dafne contou a versão da história do ponto de vista de Eleonora deixando Jenifer com ainda mais ódio de Kátia.
- Não acredito, a Léo deve ter sofrido tanto... – Murmurou Jenifer evitando as lágrimas, estava cansada de chorar – E agora esta sofrendo de novo. A Léo disse se ainda sente alguma coisa pela Kátia?
- Além do ódio? – Perguntou Dafne sarcástica – Não, não. Ela disse que ama uma tal de Jenifer, não sei se você conhece.
Jenifer sorriu satisfeita.
- Eu preciso sair logo daqui e fazer alguma coisa pra ter a Léo de volta...
- Calma Jenifer, ainda tá muito cedo. Como eu te disse a Léo não quer te ver nem pintada de ouro.
Jenifer bufou.
- Eu quero tanto ver ela – Choramingou Jenifer – Me leva lá onde ela está? Só de longe, pra eu ter certeza que ela está bem.
- Você não confia na palavra da sua amiga, não? – Brincou Dafne – Foi só um corte na mão e não, Jenifer ela não está bem e se ela te ver vai ser pior. Desculpa, mas você sabe que é verdade.
Bateram na porta do quarto e por um segundo Jenifer pensou ser Eleonora, mas era o médico que foi dar mais uma olhada em Jenifer e dizer que ela poderia ir pra casa, pois já estava bem.
Jenifer levantou da cama correndo, mas teve de se apoiar em Abelle para não cair, outra tontura fazendo o quarto girar. Dafne se despediu de Abelle e da amiga e foi ao encontro de Eleonora.
- Já podemos ir? – Perguntou Dafne quando encontrou Marcela e Eleonora no corredor.
- Já – Respondeu Eleonora fazendo uma careta ao tentar fechar a mão machucada – Dafne, a Jenifer... Ela tá bem? Não é nada de grave, é?
Marcela olhou Eleonora impaciente.
- Está bem sim, Léo. Quando sai do quarto o médico estava liberando ela pra ir pra casa.
- Ela está na casa da Abelle?
- Sim, ela está lá por um tempo. A gente conversou bastante sabe?
Eleonora confirmou com a cabeça, os olhos pedindo detalhes da conversa.
- A gente pode terminar essa conversa em casa, não é? – Interrompeu Marcela, querendo evitar um encontro entre Eleonora e Jenifer. – Mas eu não vou poder voltar com vocês, já está quase na hora de vir trabalhar. Depois eu passo na sua casa e pego as minhas coisas, você sabe dirigir? – Olhou para Dafne.
- Sei, só não sei se sei dirigir aqui – Dafne riu.
- Eu vou te explicando – Tranquilizou Eleonora.
- Então, tchau Léo, depois que sair daqui passo na sua casa, tudo bem? – Se despediu Marcela abraçando Eleonora fortemente. – E você cuide bem da minha baixinha, viu?
Dafne riu e bateu continência como se acabasse de receber uma ordem de um general.
Marcela sumiu no corredor a fora e Eleonora e Dafne saíram pela grande porta automática do hospital, apertaram os olhos quando a claridade daquele dia cinza atingiu seus olhos.
- Espera aqui que eu vou buscar o carro – Disse Dafne.
Eleonora esperou e ouviu uma conversação vindo em sua direção, ignorou até quando ouviu um apelido que fez sua respiração parar.

- Vamos esperar aqui Jeni, minha mãe logo vem buscar a gente.
Um impulso fez Eleonora virar pra trás e seus joelhos cederam, dando a sensação de queda.
Jenifer estava caminhando lentamente apoiada em Abelle e quando seus olhos encontraram os olhos de Eleonora, ela sentiu como se acabasse de ter recebido um sopro de vida.

Capítulo 282 ♥

- Léo, vamos logo, seu machucado ainda está sangrando muito – Pediu Marcela conduzindo Eleonora pelo corredor.
Mas não era só a mão de Eleonora que estava sangrando agora, seu coração voltou a sangrar novamente quando Abelle disse o nome de Jenifer.
- Vamos – Disse Eleonora ignorando a vontade de ver Jenifer – Tchau Abelle.
Abelle arqueou as sobrancelhas. Pensou que Eleonora pelo menos perguntaria por Jenifer, mas ela não dissera nada.
Abelle voltava para o quarto de Jenifer quando Dafne a deteve.
- Ei, posso ver a Jenifer?
- Quem é você? – Perguntou Abelle com curiosidade.
- Sou amiga da Jenifer, Dafne – Dafne estendeu a mão educadamente para Abelle que retribuiu o gesto.
- Ah, você é a Dafne, ela me disse muito de você ontem. Acho que ela vai gostar de ver você.
Dafne acompanhou Abelle. Conversaram sobre Jenifer e a traição concordaram e discordaram de alguns fatos e quando chegaram a porta do quarto a discussão cessou, não queriam que Jenifer ouvisse mais nada relacionado a traição.
- Jenifer, tem uma surpresa pra você – Anunciou Abelle.
O coração de Jenifer se encheu de esperança e começou a palpitar rápido, seus braços se preparavam para um abraço, e sua boca preparava palavras de perdão e um discurso emocionado. Mas tudo se esvaio quando ela viu que a surpresa não era Eleonora.
- Oi – Disse Dafne timidamente.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntou Jenifer se endireitando na cama.
- Nossa, que bela recepção – Reclamou Dafne mais para si mesma do que para quem estava perto – Eu vim ver você, oras.
- Quando você chegou? Você tá lá em casa? Como soube que eu estava aqui no hospital?
- Calma, vamos por partes – Disse Dafne sentando-se na beirada da cama – Primeiro: Cheguei ontem à noite. Segundo: Sim, estou na sua casa. Terceiro: Soube que você está aqui por que eu trouxe a Léo, ela teve um pequeno acidente. Ai a sua amiga – Dafne olhou para Abelle – Nos viu no corredor e eu pedi pra vir ver você.
- O que aconteceu com a Léo? Ela está bem? Ela... Ela sabe que eu estou aqui?
Abelle e Dafne se entreolharam.
- Sabe – Respondeu Abelle – Eu disse pra ela que você estava aqui.
- E ela? Não vem me ver?
- A última coisa que ela quer fazer é ver você, Jeni – Disse Dafne com sinceridade segurando a mão da amiga ao ver sua expressão de tristeza.
- Ela contou tudo pra você, não é? Você também deve estar me odiando agora...
- Não estou odiando você, Jeni. Só... – Dafne suspirou – Só acho que agora se você quiser a Léo de volta vai ter que suar muito.
Jenifer concordou com a cabeça.
- Tudo que eu mais quero é ela de volta.

terça-feira, 29 de março de 2011

Capítulo 281 ♥

Dafne acordou primeiro que Marcela e foi direto para a sala quando viu a cama de Eleonora vazia. Eleonora estava recostada no sofá, com uma xícara de café fumegante nas mãos. O olhar perdido em algum ponto da sala.
- Como você está? A pergunta é meio cretina, mas... – Disse Dafne acompanhando Eleonora no café.
- Estou menos pior. – Respondeu Eleonora em um tom seco e triste – Acho que vou trabalhar hoje, não quero ficar aqui, não posso ficar num lugar onde tem tanto dela...
- Tem certeza? Você não está com uma carinha muito boa ainda, está muito abatida. Fica só mais hoje em casa, amanhã você vai – Aconselhou Dafne.
Eleonora revirou os olhos, pensou por alguns minutos e decidiu:
- Tudo bem, vou ficar em casa hoje.
Dafne sorriu e Eleonora tentou retribuir o sorriso, mas o máximo que conseguiu foi esticar um canto da boca.
- Me ajuda a recolher uns cacos de vidro? – Pediu Eleonora – Achei que tinha tirado tudo ontem, mas olha ali – Eleonora apontou para o canto da porta, mostrando um pedaço em triângulo irregular - alguém vai acabar se machucando.
Eleonora e Dafne afastaram os sofás e enrolaram o tapete, colocando- o na sacada. Os pedaços menores e quase imperceptíveis foram recolhidos com vassouras por Dafne e Eleonora pegou os maiores para enrolar no jornal.
- Acho que acabou – Disse Dafne dando mais uma averiguada embaixo da estante.
- Coloca no lixo ao lado da pia – Disse Eleonora indo jogar os vidros que estavam enrolados no jornal.
Eleonora apertou sem querer o pacote nas mãos quando sentiu uma ponta do vidro rasgando a palma de sua mão. Uma grossa gota de sangue pingou no chão.
Marcela acordou e fez como Dafne: Foi direto para a sala. Viu Eleonora com a mão ensanguentada e Dafne tentando estancar o sangue com um pedaço de pano que já estava tingido de vermelho.
- Vai precisar de pontos, Léo – Constatou Marcela olhando a profundidade do corte. – Dá a chave do seu carro que eu vou dirigindo e você enrola outro pano e aperta pra tentar segurar o sangue – Pediu para Dafne enquanto penteava os cabelos.


Abelle voltou do oitavo andar com a notícia de que Eleonora não havia trabalhado no dia anterior e não trabalharia naquele dia também.
- Será que aconteceu alguma coisa? – Perguntou Jenifer. Depois corrigiu a frase – Será que aconteceu mais alguma coisa pra ela não vir trabalhar?
- Não sei, Jeni. Eles não quiseram falar muito – Respondeu Abelle – Bom, vou à cantina, você quer alguma coisa?
Jenifer negou com a cabeça.
Quando voltava da cantina Abelle viu Eleonora desmentindo a informação que deram anteriormente, ela estava no hospital. Mas parecia que não estava ali como médica e sim como paciente. De longe parecia que alguma coisa havia ferido a mão de Eleonora que estava enrolada em um pano branco, mas com manchas vermelhas. Por um minuto Abelle pensou em recuar e voltar para Jenifer, mas decidiu falar com Eleonora.
- Léo? – Abelle chegou tímida, olhando para Dafne e Marcela que se aproximava com uma prancheta na mão – O que aconteceu com a sua mão?
- Cortei com um pedaço de vidro quebrado – Respondeu Eleonora assinando a ficha com a mão boa – E você, o que faz aqui?
Abelle mordeu os lábios e não sabia se falava a verdade ou improvisava uma mentira.
- Não sei se deveria te falar, mas... Eu estou aqui por causa da Jenifer, ela teve uma crise nervosa e ficou em observação durante a noite.
Dafne olhou para Eleonora que olhou para Marcela que encarou Abelle que olhou de rosto em rosto. Eleonora sentiu uma fisgada no machucado.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Capítulo 280 ♥

Assim como Eleonora, Jenifer também teve sonhos pouco agradáveis durante a noite. Foi dormir por volta das quatro da manhã e acordou aos berros quarenta minutos depois, o corpo ardendo em febre.
- Jenifer? Jenifer, você está bem? – Perguntou Abelle assustada acendendo a luz para poder ver melhor a amiga.
- Não faz isso, Léo, por favor... Não, não... Eu amo você, vou te amar pra sempre – Delirava Jenifer.
Abelle colocou as mãos no rosto de Jenifer e se espantou com o calor que sentiu. O grito de Jenifer não acordou somente Abelle, acordou também Antonieta, a mãe de Abelle.
- Filha o que está acontecendo? – Perguntou a mãe assustada se aliviando um pouco ao ver que a filha estava bem.
- A Jenifer, mãe... Ela está com febre e está delirando – Lágrimas finas brotaram dos olhos de Abelle, ela não sabia o que fazer.
- Calma, a gente vai levar ela pro hospital.


Depois da reprise de tudo que aconteceu, Eleonora não conseguiu dormir novamente. Ficou acordada o resto da madrugada e quando o sol nasceu só desejou que aquele novo dia lhe desse mais forças para recomeçar a vida sem Jenifer.
Marcela e Dafne dormiam serenas e Eleonora não quis acordá-las. Olhou no relógio e ainda era bem cedo, não era nem sete horas da manhã.
Foi pra cozinha arrastando o corpo pesado, sentindo os efeitos de uma noite pessimamente dormida. Colocou a água no fogo e sentou na banqueta esperando a água ferver. Dali ficou olhando o apartamento. Alguns pontinhos brilhavam perto da porta quando raios de sol entraram pela fresta da cortina. Eram alguns cacos de vidros de algum dos portarretratos que Eleonora quebrou no dia anterior.
Um filme do primeiro dia que chegou aquele apartamento vazio e sem graça começou a rodar em seu pensamento. Todos os detalhes que Jenifer quis acrescentar ao lugar, as cores que escolheu, os objetos... Não tinha jeito, ainda havia muito de Jenifer ali. E se acostumar com a ausência dela não seria tão fácil.


Jenifer piscou algumas vezes até a visão ficar menos difusa. Aquelas paredes brancas confundiram sua cabeça. Perguntou-se onde estava, pois da última vez se encontrava no quarto de Abelle.
- Bel? Ai... – Gemeu Jenifer ao puxar uma mangueira fina que saía do seu braço – Onde eu tô? Bel?
- Oi, eu tô aqui – Respondeu Abelle levantando-se da poltrona e chegando mais perto de Jenifer. – E você tá no Paulistano, Jeni.
- Paulistano?
- É, no Hospital Paulistano. Você acordou de madrugada gritando, delirando, estava com uma febre muita alta, minha mãe achou melhor trazer você. Mas o médico disse que talvez ainda hoje você possa ir embora.
- Não me lembro de nada...
- Você teve uma crise nervosa, o médico perguntou se você passou por algum momento de estresse, e bom... Eu disse que sim, mas não disse o por que.
- A Léo? Ela tá aqui? – Jenifer se agitou na cama, tentando levantar, mas uma forte tontura a fez acalmar-se.
- Não, eu não a avisei.
- Ela trabalha aqui Bel, é nesse hospital que a Léo trabalha. No oitavo andar eu acho, vê se ela está aqui eu quero ver ela, eu preciso ver ela.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Capítulo 279 ♥

Abelle foi buscar Jenifer na porta da casa de Kátia. Ficaram em silêncio o trajeto todo, Abelle tentou perguntar, mas Jenifer erguia a mão e respondia com a voz embargada: Depois eu te conto tudo.
Chegaram no apartamento de Abelle e Jenifer tentou sorrir ao ver a cara dos pais e dos irmãos de sua amiga lhe encarando com curiosidade.
- Gente, essa aqui é a Jenifer e bom... – Abelle olhou para as malas e para os pais – Ela pode ficar aqui uns dias?
- Achei que você tinha avisado eles – Sussurrou Jenifer constrangida.
O pai de Abelle analisou Jenifer com curiosidade. Quando os olhos avermelhados de tanto chorar de Jenifer encontraram o os olhos do pai da amiga, ela pode saber de quem Abelle herdara aqueles belos olhos verdes. O homem de cabelos grisalhos assentiu.
- Oi Jenifer, sinta-se em casa, tá? – Disse a mãe de Abelle indo até ela cumprimentá-la – Deixa-me levar suas malas pro quarto da Bel. Ajuda aqui Enzo.
Um garoto que aparentava ser mais novo que Abelle levantou do sofá e deu um sorriso para Jenifer. Era igualmente branco e de cabelos dourados e cacheados como Abelle.
- Vem comer alguma coisa – Disse Abelle puxando Jenifer pela mão, e levando-a para cozinha – Tem comida mesmo e tem uns sanduíches que a minha irmã fez.
- Não quero nada – Respondeu Jenifer enxugando as lágrimas a cada meio minuto – Só quero conversar.
- Certo – Disse Abelle.
Mesmo que Jenifer recusasse a comida Abelle pegou alguns sanduíches na geladeira, um suco que estava pela metade na jarra e levou pro quarto.
Quando passaram pela sala Jenifer sentiu os olhos de todos acompanharem seus passos.
Abelle fechou a porta e sentou na cama. Jenifer sentou em sua frente, tirando o tênis e cruzando as pernas em cima da cama.
- Pode começar – Disse Abelle já esperando ouvir “A Eleonora descobriu tudo”.
- A Léo descobriu tudo – Disse Jenifer parecendo ler os pensamentos de Abelle – E o pior não é isso...
Jenifer pegou um sanduíche e chegou a mordê-lo, mas colocou de volta na bandeja. As entranhas se revirando. Então contou tudo que aconteceu.
- Não acredito nisso! – Exclamou Abelle ao final da história de Jenifer, o coração partindo-se em solidariedade com o da amiga – Jenifer... Não sei o que dizer, sério. Mas... Mas, então quer dizer que a Léo não quis ir com a Kátia nem pra Vitória e nem pra Inglaterra?
- A Kátia disse que não, disse que a Eleonora foi egoísta em não querer ir com ela, disse também que ligou muitas vezes pedindo pra Léo ir pra Vitória, mas a Léo dizia que não, que já tinha superado o relacionamento das duas. Mas eu não sei até onde isso é verdade – Completou Jenifer esmigalhando o pão na mão fria.
- Por que a Léo não te contou isso? Quero dizer, vocês conversaram sobre relacionamentos anteriores, não é? Ela deve ter dito alguma coisa... – Interrogava Abelle incrédula.
- Não, ela não me disse da Kátia, não contou nenhum detalhe. Acho que por que ainda mexe com ela. Ah! – Exclamou Jenifer tendo um lampejo sobre um fato – Eu disse que a Kátia estava com outra garota na casa dela, não é? Mas não disse quem...
Abelle confirmou com a cabeça.
- Era a sua amiga Penélope.
O queixo de Abelle caiu e ela arregalou os olhos para Jenifer. E pareceu não acreditar no que ouviu.
- E agora, Bel... Agora eu não tenho nenhuma das duas – Finalizou Jenifer aos prantos, não conseguindo mais dizer nada. – Não que eu quisesse a Kátia, mas...
Abelle olhou Jenifer desconsolada, não havia palavras para confortar a amiga naquele momento.
- E-eu não ia trocar a Léo pela Kátia, eu f-falei pra você que ia terminar com ela... M-mas... Mas eu não achei q-que isso ia acontecer, ja-jamais poderia imaginar isso – Disse Jenifer suspirando dolorosamente.
- Eu sei amiga, o futuro é imprevisível... Vai tomar um banho pra tentar descansar – Sugeriu Abelle levantando-se da cama para buscar uma toalha.
Jenifer deitou a mala no chão e abriu para pegar uma troca de roupa quando sentiu seu coração já muito quebrado, se quebrar mais um pouco. Incrédula com as coisas que viu dentro da mala, sentou-se no chão tendo forças apenas para chorar.
Abelle voltou e por um momento pensou que Jenifer tivesse desmaiado, não fosse o choro que inundava o quarto de tristeza.
- O-olha Bel – Disse Jenifer apontando pra mala aberta.
Abelle abaixou-se e viu portarretratos quebrados e algumas fotos de Jenifer com Eleonora rasgadas em pequenos pedaços.

Já era madrugada e a temperatura estava baixa. Depois de tomar um remédio para febre e comer contra a vontade, Eleonora estava enrolada em um edredom, parecia uma lagarta em seu casulo.
Marcela e Dafne dormiam aos pés da cama de Eleonora.
Depois de muito tempo tentando dormir, quando conseguiu, os sonhos de Eleonora não foram nada agradáveis. Flashes de Jenifer com Kátia, dela expulsando Jenifer de casa rondavam sua mente.
Eleonora se contorcia na cama, um suor frio brotando de sua testa, palavras desconexas saindo de sua boca quando ela gritou: Não!
E acordou assustada, assustando Marcela e Dafne.
Dafne sentiu o coração aos pulos, Marcela acendeu a luz e viu Eleonora ofegante com a blusa do pijama molhada de suor.
Eleonora jogou o corpo no colchão novamente, lutou contra a vontade de chorar, mas não conseguiu vencer.
- Tudo que eu sonhei é verdade, não é? Ela me traiu, ela me traiu... – Dizia Eleonora deitada na cama, encarando o teto com os olhos úmidos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Capítulo 278 ♥

Eleonora tremia mais que o normal aos olhos de Dafne e Marcela. Eleonora puxou o cobertor e jogou sobre seus ombros. Fechou os olhos por alguns segundos e sentiu como se tivesse se transportando para o passado. Agora mais do que nunca precisava desabafar sobre seu relacionamento com Kátia, e agradecia por ter quem quisesse escutar.
Dafne e Marcela voltaram toda atenção para Eleonora que respirou fundo e começou a contar.
- A gente estudou um ano na mesma sala na faculdade por que depois ela mudou pra fisioterapia. Ela sempre foi linda e chamava a atenção de todos a sua volta. Cumprimentávamos-nos só com um oi e tchau, por que eu sentava na frente e ela no fundo da sala de aula. Mas sabe quando você sente que tem alguém te olhando?
Marcela e Dafne assentiram em sincronia.
- Então, de vez em quando eu olhava pra trás pra saber se a minha intuição estava certa, e ela sempre acertava. A Kátia me olhava sempre. No começo eu desviava o olhar por que não achei que ela era realmente lésbica. Um dia uma professora deu alguns exercícios durante a aula e uma colega minha, que sentava na carteira detrás pediu que eu ajudasse, virei pra trás pra ajudá-la e a Kátia me olhou e sorriu – Eleonora sorriu com amargura – Depois daquele maldito sorriso tudo mudou. Começamos a andar juntas na hora do intervalo, ir à biblioteca juntas, mas como amigas até então.
O celular de Eleonora começou a tocar. Eleonora pegou o aparelho e segurou o impulso de jogá-lo contra a parede. Era Jenifer.
- É ela – Disse Eleonora com lágrimas brotando nos olhos inchados.
- A Kátia? – Perguntou Dafne.
- Não, a Jenifer.
- Quer que eu atenda? – Perguntou Marcela.
- Não – Eleonora desligou o aparelho e o colocou no chão – Continuando. Um dia um professor deu trabalho em dupla e ela me chamou para fazer. Fomos pra casa dela e... – A lembrança fez o coração de Eleonora arder – E eu pedi uma pausa pra ir ao banheiro. Quando eu estava saindo ela estava na porta, sorriu pra mim e passou os dedos nos meus lábios e disse bem perto da minha boca: Você não sabe o quanto eu desejo beijar você. Não sei o que aconteceu, só sei que me senti completamente hipnotizada e quando vi nós estávamos nos beijando.
Agora foi a vez do celular de Dafne tocar.
- É a Jenifer – Informou a ruiva com cara de desprezo - Devo atender?
- Você que sabe – Disse Eleonora.
- Pode continuar – Dafne fez como Eleonora, desligou o aparelho para não ser mais incomodada.
- Depois desse beijo começamos a namorar, foi tudo muito rápido, mas muito intenso. Estávamos realmente apaixonadas.
- E por que terminaram? – Perguntou Marcela ansiosa.
- O nosso relacionamento era bem sólido, tão sólido que pensávamos em nos casar, ter três filhos e um cachorro labrador – Eleonora riu da lembrança – As coisas ficaram um pouco difíceis por que começou a ter desconfiança de ambas as famílias, por que chegávamos tarde em casa, ou saíamos muito cedo, ou saíamos e dávamos pouca explicação, mas enfim... No ano seguinte ela mudou o curso para fisioterapia, mas ainda continuamos o namoro. Durante esse um ano as coisas estavam perfeitas, mesmo que fosse tudo escondido. No segundo ano dela em fisioterapia ela chegou um dia pra mim praticamente pulando de alegria, com aquele maldito sorriso de orelha a orelha. Perguntei o que era, ela disse que nós nos mudaríamos para Vitória. Eu perguntei: “Eu e você em Vitória? Como assim? Não dá eu acabei de ser admitida no hospital central, não posso largar isso” O sorriso dela murchou na mesma hora. E ai ela disse: “Não pode largar tudo e ir comigo? A gente pode começar uma vida juntas, ter nossos filhos e nosso cachorro” Eu disse que não daria, mas que poderíamos namorar do mesmo jeito mas ela nem deixou eu terminar, disse com todas essas palavras: “Tudo bem, eu vou, você fica e o nosso namoro termina aqui”.
As bocas de Marcela e Dafne se abriram de horror.
- Tentei argumentar dizendo que nos veríamos quinzenalmente ou até menos, que a distância perto do nosso amor era mínima, mas ela recusou. E foi pra Vitória. – Agora que vinha a pior parte Eleonora tentou segurar a vontade de xingar e praguejar contra Kátia – Depois que ela foi embora eu mandei cartas, ligava todos os dias pra ela pedindo pra gente se acertar, disse que não poderia viver sem ela, mas ela me ignorava, quando não desligava na minha cara não me atendia.
- Vaca – Murmurou Dafne.
- E o pior foi aguentar as perguntas dos meus pais e da Regininha do por que eu estar com aquelas olheiras gigantes, por que não comia e nem dormia direito. Meu irmão foi meu herói, se não fosse ele não teria conseguido sair daquela situação ridícula tão cedo.
- Caramba! Que barra, Léo – Lamentou Marcela pegando nas mãos frias de Eleonora.
- Bom, dois anos atrás ela voltou a me procurar dizendo que estava arrependida, que me amava e essas coisas de gente arrependida. Disse que iria pra Inglaterra e que me queria com ela.
- Dessa parte eu já sei – Disse Dafne.- E claro que recusei, mas confesso que pensei em aceitar, ela realmente parecia arrependida e afinal de contas antes da Jenifer... – Os olhos de Eleonora transbordaram ao dizer o nome de Jenifer e ela teve que fazer uma pausa, pois as lágrimas começaram a correr violentamente.
Dafne se prontificou a abraçar Eleonora, mas Marcela o fez primeiro.
-... Antes da Jenifer a Kátia foi o meu grande amor – Continuou Eleonora depois de se acalmar. – E desde então não tive mais notícia dela, até que a Jenifer chegou dizendo o nome dela e me mostrando uma foto no site da faculdade.
- Perai, perai – Pediu Dafne ligando os fatos mentalmente com as mãos nas têmporas – Você nunca contou pra Jenifer?
Eleonora abriu a boca pra responder, mas Marcela a atropelou.
- Acho que não, né? A Jenifer jamais se envolveria com a Kátia se soubesse.
- Que vacilo, Léo – Disse Dafne – Desculpa, mas por que não contou pra Jenifer? Nada...
-... Disso teria acontecido – Eleonora terminou a frase de Dafne – Eu não consegui, a Kátia sempre mexeu e sempre vai mexer comigo, mas não do jeito que vocês estão pensando. Ela mexe de um jeito ruim, entendem? Não gosto de lembrar tudo que aconteceu, dói.
- E agora? Vai contar a Jenifer sobre a Kátia? – Perguntou Marcela.
- Não – Respondeu Eleonora com firmeza.
- Não? – Exclamaram Marcela e Dafne juntas.
- Não – Confirmou Eleonora ainda com firmeza.
- Po-por quê? – Perguntou Dafne confusa.
- Eu cansei de correr atrás. Não vou me rastejar por quem não se ajoelha pra mim – Respondeu Eleonora tirando o cobertor por sentir o corpo suar – E não pensem que é por que eu deixei de amar a Jenifer por que ela me traiu, por que isso não acontece de um dia pro outro. Eu amo muito a Jenifer, demais, em demasia, descontroladamente... Mas eu me amo também, e eu errei em não contar a ela e evitar isso? Errei, mas ela errou muito mais, muito mais...
- Ela vai ficar arrasada – Disse Dafne não conseguindo mais esconder a preocupação com Jenifer.
- Eu sofri demais por ela. E você sabe o quanto – Eleonora apontou pra Dafne – Tá na hora de ela sofrer por mim também – E Eleonora encerrou o assunto.
- Você comeu? – Perguntou Marcela colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha de Eleonora.
- Não – E o estômago de Eleonora roncou.
Marcela afagava os cabelos de Eleonora e desceu a mão até o rosto dela, retirando em seguida.
- Você está quente – Marcela foi até a sua bolsa e revirou atrás de um termômetro.
Dafne se aproximou e fez como sua mãe, colocou a mão na barriga de Eleonora que estava quente.
Marcela pegou o termômetro e colocou embaixo do braço de Eleonora. Dez minutos depois o retirou. Dois graus acima do normal.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Capítulo 277 ♥

- Conheço a Eleonora muito antes de você – Respondeu Kátia tranquilamente, as mãos colocando seus cabelos pretos sobre os ombros.
- Como assim? Não, ela teria me falado... – A cabeça de Jenifer parecia funcionar por engrenagens que agora estavam parando, ela estava confusa.
- Que bom saber que ela não te contou, significa que eu ainda mexo com os pensamentos dela.
- De onde vocês se conhecem? Vocês já foram namoradas? – As perguntas saiam da boca de Jenifer como balas de uma metralhadora.
Kátia inspirou fundo e começou a contar tudo para Jenifer.
Eleonora deu um abraço duplo em Marcela e Dafne. Mesmo que estivesse cansada de chorar, se rompeu em novas lágrimas.
Depois de se acomodarem e Dafne ir buscar um copo de água para Eleonora que estava nervosa, Eleonora começou a desabafar.
- Ela me traiu, ela... Não dá pra acreditar, isso tá doendo demais, parece que nunca vai passar.
Dafne franziu os lábios tentando conter a vontade de chorar junto com Eleonora.
- Me conta, ela te traiu com quem? – Perguntou Dafne – Você conhece a vagabunda?
- É a Kátia, Dafne. A Kátia – Respondeu Eleonora enxugando as lágrimas com as mãos.
Marcela se sentia um pouco perdida na conversa, mesmo sabendo que Eleonora conhecia a mulher com quem Jenifer se envolveu.
- O que? – Dafne saltou do sofá atordoada – A Kátia, sua ex? Aquela que foi embora pra Inglaterra? Meu Deus, não acredito.
Eleonora confirmou com a cabeça.
- Quem é essa? – Perguntou Marcela ficando impaciente.
- Ai caramba! – Dafne ainda estava em pé, a mão coçando sua nuca.
- É uma longa história – Disse Eleonora com novas lágrimas surgindo dos olhos.
- Se não quiser contar, tudo bem – Disse Marcela – Vou entender.
- Não, eu preciso contar, não aguento mais guardar isso.

- Por que a Léo não me contou? Eu jamais teria me envolvido com você se eu soubesse o quanto você fez a minha Eleonora sofrer...
- Para de chamá-la de minha Eleonora – Pediu Kátia em tom sarcástico – Acho que agora ela não é de mais ninguém.
- Você foi egoísta, completamente egoísta... - E Jenifer parou o raciocínio instantaneamente, recebera um novo choque. Ligou os gestos frios de Kátia, as perguntas sobre Eleonora, tudo agora parecia ter sentido, mas será que Kátia seria capaz?
- E quando eu descobri que você era mulher da Eleonora, eu fiquei realmente feliz em saber que poderia dar o troco nela, por que ela me fez sofrer muito - Disse Kátia tranquilamente.
Jenifer fechou os olhos, as engrenagens mentais girando violentamente. Ouviu o barulho da ficha cair.
- Você me usou... Você me usou pra atingir a Eleonora – Explodiu Jenifer incrédula, sentindo um vento frio interno.
- Até que enfim você conseguiu juntar as peças hein? Demorou.
O mundo de Jenifer que já estava destruído, pareceu se esmigalhar.
- Não acredito, não acredito! Por que você fez isso? Você é uma cretina, eu odeio você – Berrou Jenifer – Você é nojenta.
- Agora você acha tudo isso, né? Mas antes não era assim...
- Cala a boca! Como eu pude ser tão burra, meu Deus? Achar que você estava realmente...
- A fim de você? – Terminou Kátia o raciocínio de Jenifer – No começo sim, mas depois de descobrir isso, eu só quis brincar ainda mais com você.
- Como você teve coragem? – Jenifer estava com os pelos do braço todos arrepiado de desprezo.
- Ah, não faz essa cara, vai? Se eu me tornei esse “monstro” que sou hoje, é por causa da sua doutora. Ela era a minha vida, Jenifer. Eu a amava e amo mais do que você pode imaginar, talvez até mais do que você. E quando ela me rejeitou, quando ela não quis ir embora comigo pra Inglaterra eu decidi que nunca mais ia me apaixonar por ninguém. E vi em você a oportunidade de me vingar da dor que ela me causou. E quer saber? Que bom que consegui, que ótimo que agora ela está lá chorando e sofrendo duas vezes, assim ela vai sentir um pouco do que eu senti quando ela me deixou. – Kátia disparou as palavras sem pausa. Sentiu uma vontade de chorar, mas não queria chorar na frente de Jenifer – Agora por favor, vai embora.
As informações processavam lenta e dolorosamente na mente de Jenifer. Na garagem enquanto pegava as malas tentou mais uma vez ligar para Abelle. Dessa vez conseguiu.
- Fala meu amor, o que você quer? – Perguntou Abelle calma.
- Tô morrendo Bel, tô morrendo... – Respondeu Jenifer com o desespero pulsando no coração.

Capítulo 276 ♥

Eleonora permaneceu no sofá durante todo dia. O som ligado tocando músicas que faziam seu coração sangrar ainda mais, seus olhos cansados de chorar estavam pequeninos e vermelhos. O relógio parecia ter parado e o cobertor que a esquentava parecia não ser suficiente.
Eram seis horas da tarde quando o telefone tocou. Com a maior má vontade Eleonora atendeu, era Genézio.
-
Dona Eleonora, tem uma moça ruiva aqui dizendo que veio ver a senhora, mas a senhora disse que não queria ver ninguém...
-
Pode deixar ela subir, é minha amiga – Eleonora desligou o telefone e sentiu um pouco de paz. Dafne chegara.
Lá embaixo, quando Dafne entrou no elevador ouviu uma voz suave pedindo para que ela segurasse o elevador.
- O senhor sabe se a Eleonora está em casa? – Era Marcela que conseguiu sair mais cedo do hospital.
- Está sim, mas ela disse que não queria...
- Ela quer me ver sim, sou amiga dela – Disse Marcela com um sorriso.
Quando Marcela e Dafne subiram para o apartamento de Eleonora, Guilhermina que estivera atrás da porta que levava a escada saiu e foi fofocar com Genézio.
- Mal sai uma, e chegam duas, essa doutora não perde tempo.
Genézio fingiu não ouvir. Sentou-se na sua cadeira e direcionou seu olhar para a pequena tevê.
- Quem é você? – Perguntou Dafne para Marcela. Ouvira perguntando de Eleonora para o porteiro. – É que eu também vim ver a Léo, não me lembro de ter visto você quando vim aqui...
- Eu sou a Marcela, muito prazer – Marcela estendeu a mão para Dafne que retribuiu o gesto com firmeza.
- Ah, você é a Marcela que trabalha com a Léo? Hum... Conheço você por nome...
- Ah é?
- É, a Jenifer me disse de você.
E antes de continuarem com a conversa o elevador parou e elas desceram ansiosas. Quando Dafne pensou em colocar a mão na maçaneta para abrir a porta, Eleonora o fez primeiro. A porta se abriu e Dafne e Marcela se espantaram com a expressão de tristeza de Eleonora.

- Não entendi, o que você quis dizer com “consegui o que eu queria”? – Perguntou Jenifer intrigada.
- Pensei que a Eleonora tivesse te contado sobre mim – Começou a dizer Kátia puxando o lençol mais para cima, para cobrir seus ombros do frio que entrava pelas frestas do portão. – Vamos pra dentro, tá muito frio aqui.
Penélope surgiu entediada na sala, olhou Kátia exigindo ela de volta.
- Acho melhor você ir embora, já viu e ouviu demais, a gente se fala depois – Dispensou Kátia sem olhá-la.
Penélope abriu a boca para dizer algo, mas Kátia a interrompeu.
- Já disse, vai embora que a gente se fala depois.
Bufando de ódio Penélope fez o que Kátia disse e foi embora. Na garagem seus olhos se detiveram nas malas e ela pensou em dar meia volta e ficar ali escondida ouvindo o que Jenifer e Kátia conversariam. Mas Kátia surgiu na porta da sala segundos depois para se certificar de que Penélope havia ido embora.
Kátia foi para o quarto colocar uma calça de frio e uma blusa e voltou para sala sentindo mais quente e mais confortável.
- Fala logo, você conhece a Eleonora? – Perguntou Jenifer com o coração acelerado.

sábado, 19 de março de 2011

Capítulo 275 ♥

Kátia e Penélope estavam semi nuas, trocando carícias quentes, despindo-se quando Jenifer parou a porta. As lágrimas que escorriam lentamente por seu rosto cessaram com o choque da cena.
- Jenifer! – Exclamou Kátia realmente surpresa – Hum... O que você faz aqui? Que cara é essa?
- O-o que ela, t-tá fazendo aqui? – Perguntou Jenifer começando a tremer de raiva.
- Ah! Ela queria que eu ensinasse algumas coisas. Mas nada relacionada à matéria como você pode ver – Respondeu Kátia trocando sorrisos com Penélope – Se você quiser... Pode me ajudar a ensiná-la também.
O convite fez o estômago de Jenifer despencar.
- Idiota, idiota... Mil vezes idiota – Se martirizava Jenifer.
- Espera ai gata – Pediu Kátia para Penélope. Se enrolou num lençol e puxou Jenifer para a cozinha. – Pensei que você fosse chegar mais tarde – Kátia colocou a mão por dentro da blusa de Jenifer, mas ela tirou a mão da professora com violência.
- Como você tem coragem de fazer isso comigo? Não acredito no que eu acabei de ver – Indignou-se Jenifer gesticulando sem parar.
- Ah, pelo amor de Deus, Jenifer. Você achou mesmo que eu só ficava com você? Fala sério, hein?
Os olhos de Jenifer se arregalaram diante da declaração.
- Mas... Eu achei – Começou a dizer Jenifer, mas Kátia a interrompeu:
- Você achou que eu o que? Ia ficar só com você, pedir pra você terminar com a Eleonora – Ao dizer o nome de Eleonora, Kátia sentiu uma pontada no coração que há tempos não sentia – E a gente ia viver feliz pra sempre?
- Não... Eu nunca ia terminar com a Eleonora pra ficar com você. NUNCA! E eu ia vim aqui pra terminar com você, pra dizer o quanto eu fui idiota por quase trocar minha mulher por você. Mas vai lá se divertir com a sua aluninha vai, eu vou embora – Jenifer saiu marchando para garagem, pegando suas coisas enfurecida.
Kátia a seguiu e estranhou as malas perto do carro.
- Perai, que malas são essas? – Perguntou Kátia puxando Jenifer pelo braço.
Jenifer puxou o braço com força.
- A Eleonora me colocou pra fora de casa! Por sua causa, ela descobriu tudo – Gritou Jenifer lembrando-se dos gritos de Eleonora.
Agora foi a fez de Kátia arregalar os olhos.
- Como é que é? A Eleonora... Ela descobriu? Como?
Jenifer contou em um resumo feroz e alto o que acontecera e ficou sem entender o sorriso no rosto de Kátia.
- Qual é a graça nisso tudo, me responde? – Perguntou Jenifer já com o portão aberto, as malas para o lado de fora.
Kátia foi até o portão e puxou as malas pra dentro, não poderia levar aquela discussão para o lado de fora, estava apenas coberta por um lençol e estava frio.
- Acho que eu consegui o que eu queria – Declarou Kátia encostando-se na lateral do carro.
Interrogações brotaram no pensamento de Jenifer, tudo agora estava mais confuso.

Capítulo 274 ♥

No caminho para casa de Kátia Jenifer tentou ligar para ela inúmeras vezes, mas Kátia também não a atendeu.
O taxi parou em frente aquele grande portão branco. Jenifer deu um trocado para o motorista que a olhava com um olhar inquisidor e piedoso.
O portão estava aberto e Jenifer entrou, jogando as malas na garagem ao lado do carro de Kátia. Uma música agitada vinha do interior da casa. Talvez fosse por isso que Kátia não ouvira o celular tocar insistentemente.
- Kátia! Que bom que você tá em casa eu estou mesmo... – E Jenifer se deteve na porta do quarto de Kátia. Parecia ter visto um fantasma. Apertou os olhos uma vez e desejou que ao abri-los aquela imagem sumisse, mas não sumiu.
Seu coração parou.


O celular de Eleonora começou a tocar na sala e foi um esforço enorme para ela se levantar do chão do banheiro.
Para seu alívio não era Jenifer pedindo uma segunda chance, era Marcela preocupada.
- Léo... Como você está?
Eleonora não respondeu em palavras, seu choro falou por si.
O coração de Marcela ficou apertado.
- Quando eu sair do hospital eu vou ai te ver, tá? Come alguma coisa, toma um banho quente e se enfia debaixo de uma coberta quentinha que quando eu chegar e não quero ver você chorando.
- Tá – Respondeu Eleonora entre as lágrimas – Não demora...
Assim que Eleonora desligou com Marcela, seu celular começou a tocar novamente, era Dafne.
- Léo, o foi que aconteceu? Não estava em casa e esqueci meu celular lá, quando cheguei tinha umas trinta ligações da Jenifer...
- Agora eu entendi por que você disse pra ser forte, Dafne – Disse Eleonora fungando. – A Jenifer... E-eu...
Do outro lado da linha Dafne sentou na cama desolada, sentindo as mãos e os pés atados, o choro de Eleonora deixando-a desesperada.
- Você descobriu não foi? A Jenifer te contou...?
- Não. A Marcela me contou e me levou até lá e eu vi Dafne, vi com meus próprios olhos a Jenifer e a... – Uma náusea fez Eleonora fazer uma pausa – Por que ela fez isso comigo, Dafne? O que eu fiz de errado?
- Não sei, Léo, você não fez nada de errado. Olha, você quer que eu vá pra São Paulo? Se você quiser eu vou, já entrei de férias por que minhas notas foram todas acima da média e eu realmente não tenho mais nada o que fazer aqui. – Disse Dafne.
- Você viria? – Os olhos de Eleonora expulsaram mais uma torrente de lágrimas.
- Claro.
- Então você vem?
- Eu vou Léo. – Garantiu Dafne – Vou cuidar de você.
Dafne desligou o celular e logo subiu numa cadeira para pegar uma mala em cima do seu guardarroupa.
- Mãe, vem aqui – Gritou Dafne do quarto enquanto pegava algumas peças de roupa.
- Vai viajar? – Perguntou a mãe olhando Dafne abrir a mala e socar algumas roupas de qualquer jeito.
- Vou. Não sei quando eu volto, mas não vou demorar, eu acho...
- Pra onde você vai? O que aconteceu? Está com uma carinha de preocupada.
Dafne olhou para mãe desconsolada e respirou fundo.
- Minha amiga, mãe. Ela está realmente precisando de mim.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Capítulo 273 ♥

As entranhas de Eleonora se contorciam. Suas vistas pareciam embaçadas, o choque dos últimos acontecimentos lhe causaram alguns sintomas além da forte dor no coração que batia partido.
Eleonora sentiu a boca amargar. Uma acidez começou a subir por sua garganta e ela correu para o banheiro e abaixou-se em frente ao vaso sanitário. O pouco alimento que havia ingerido naquela manhã voltava violentamente do seu estômago. A cada palavra lembrada, cada gesto entre Kátia e Jenifer fazia uma nova gosma amarelada sair de sua boca.
Depois de colocar tudo pra fora Eleonora largou-se exausta ao lado do vaso sanitário. Agora que Jenifer não estava mais ali poderia chorar até seus olhos incharem.


Já na portaria, Guilhermina, a síndica mais fofoqueira do mundo reclamava com Genézio que parecia não dar ouvidos ao que ela dizia.
- Eu sabia que aquelas duas iam me causar problemas mais cedo ou mais tarde, eu sabia. – Dizia a velha indignada – O Fernando disse que estava uma gritaria sem fim.
Mas em seguida Guilhermina ficou muda, Jenifer apareceu no térreo com suas malas, seu coração partido e os olhos inchados.
- Dona Jenifer! – Exclamou Genézio preocupado, indo ampará-la.
Guilhermina ficou em seu canto analisando.
- O Rafa está em casa? – Perguntou Jenifer ainda chorando.
- Não, minha filha. Ele foi jogar futebol com os amigos.
As lágrimas nos olhos de Jenifer aumentaram. Abelle não atendia o celular e nem o telefone de casa, Dafne a mesma coisa. Rafael que era sua última esperança havia feito o favor de ir jogar futebol. Não poderia estar pior.
- Se você quiser eu ligo pra ele – Disse Genézio.
- Não, deixa. Eu só quero um taxi.
Genézio concordou com a cabeça e pegou o telefone para ligar para um taxista. Guilhermina se aproximou de Jenifer com a curiosidade saltando dos olhos.
- Ligaram reclamando de você e da sua... Da sua esposa – Disse Guilhermina encarando Jenifer.
Jenifer a ignorou.
- Não quero mais saber de vizinho reclamando da barulheira de vocês. Tentem ser mais civilizadas.
- Deixa a menina em paz, dona Guilhermina – Pediu Genézio trazendo um copo de água para Jenifer – Toma, dona Jenifer, você parece muito nervosa.
Jenifer aceitou a água, a mão fazia o copo tremer.
Não demorou muito o taxi parou em frente ao edifício. Genézio ajudou Jenifer com as malas.
- Quer que eu deixe algum recado para dona Eleonora? – Perguntou Genézio.
Jenifer apenas negou e entrou no taxi.
- Pra onde a senhora vai? – Perguntou o taxista encarando Jenifer pelo retrovisor.
- Me leva pro Itaim Bibi – Pediu ela.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Capítulo 272 ♥

- Pegue as suas coisas e vai embora – Disse Eleonora entre os dentes, seus olhos fixos em Jenifer.
Jenifer abriu a boca para dizer algo, mas não sabia o que falar.
Eleonora viu a oportunidade para dizer tudo o que sentia.
- Você sabe quantas vezes eu tive que me segurar para não beijar a Marcela? – Começou a dizer Eleonora numa tranquilidade assustadora – Sabe quantas vezes ela quis me beijar? MUITAS, e eu NUNCA a beijei sabe por quê? Por que eu amo você e sei que quando chegasse em casa você estaria me esperando e o nosso casamento é perfeito não é? ERA perfeito por que você estragou tudo, não foi? Você me traiu!!! – Eleonora agora começava a gritar, as veias saltando do pescoço. O sangue se concentrando em seu rosto.
Lágrimas começaram a rolar dos olhos de Jenifer velozmente, ela tremia assustada com o nervosismo de Eleonora.
- Você me traiu todo esse tempo e iria me trair por mais quanto tempo se eu não tivesse visto você junto daquela outra?
- Léo, eu não...
- Cala a sua boca e some da minha vida! – Eleonora gritava com toda vontade, deixando a raiva falar mais alto.
- Léo, por favor me ouve...
- Some. Eu odeio você! Odeio...
Mesmo sabendo que o ódio proferido era da boca pra fora, isso era a única coisa que Eleonora conseguia sentir por Jenifer naquele momento.
Eleonora foi até a sacada, escancarando a porta de correr implorando por um pouco de ar. Apoiou no parapeito segurando firme e contendo a vontade de se jogar daquele andar para não sentir a dor que começava a tomar conta do seu coração.
Jenifer a seguiu com as pernas bambas e chorando desesperadamente.
- Amor, por favor, m-me ouve... E-eu amo você, e-eu n-não estou...
- Não me chama mais de amor. Não me toca – Pediu Eleonora desviando das mãos de Jenifer que estavam próximas a ela – Não me olha, eu só quero que você suma da minha vida, agora!
- Não faz isso com a gente Léo, por favor... – Jenifer chorava como nunca havia chorado na vida. O coração comprimindo-se em seu peito.
Eleonora riu do pedido de Jenifer.
- Você que acabou com tudo. Me enganou, foi mais que uma apunhalada nas costas, você partiu meu coração com as próprias mãos – Disse Eleonora já cansada de gritar, sentindo a garganta arder.
Eleonora foi até a porta da sala e a escancarou, fazendo-a bater na parede. Encostou-se a ela.
Jenifer não quis entender o gesto, não quis sair dali. Ficou do outro lado olhando Eleonora, as lágrimas embaçando sua visão.
Vendo a demora de Jenifer em pegar suas malas, Eleonora o fez.
Pegou uma grande mala preta de rodinhas e jogou no meio do corredor. Depois pegou outra mala preta, essa de alças de couro e jogou junto a outra no corredor. Jenifer caiu ajoelhada, só conseguia chorar e chorar.
- Léo, eu te amo, não faz isso comigo... Não faz isso com a gente...
- Some da minha vida – Eleonora estava com a expressão séria e não havia sinal de lágrimas em seus olhos.
Jenifer levantou-se do chão, pegou as coisas da faculdade e olhou para Eleonora mais uma vez na esperança de ouvir que aquilo tudo havia sido um erro e de ela havia sido perdoada.
- Léo... – Tentou Jenifer dizer novamente, mas um grito de Eleonora trovejou em seus ouvidos.
- Eu já falei! Some daqui, vai embora.
Jenifer caminhou até as malas jogadas, agrupando-as. O barulho da porta sendo fechada encheu aquele andar.
Jenifer tentou abrir a porta, mas Eleonora a trancou.
- Abre a porta, Léo. Vamos conversar, por favor, não pode terminar assim, a gente não lutou tanto pra acabar desse jeito – Gritava Jenifer do lado de fora, esmurrando a porta com as duas mãos.
Jenifer repetiu isso até o vizinho do lado abrir a porta, incomodado com a discussão.
- Eu acabei de fazer meu filho dormir, se você continuar gritando assim ele vai acordar – Disse o homem magrelo fechando a porta em seguida.
O que o vizinho dissera não fez efeito em Jenifer.
- Léo... Léo... Por favor, abre a porta – Jenifer agora estava sentada no chão, a voz baixa, os olhos ardendo de tanto chorar – Por favor, Léo.
Mas Eleonora não cedeu a súplica de Jenifer e ela foi obrigada a esperar o elevador chegar.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Capítulo 271 ♥

Jenifer chegou à casa de Kátia e deu com a cara na porta. Apertou a campainha até seu dedo arder e não teve resposta. Ligou para ela e o celular estava desligado ou fora da área de cobertura. A única saída que viu foi deixar para o dia seguinte.
Enquanto esperava o metrô que a levaria pra casa, Jenifer começou a sorrir ao pensar em Eleonora. Estava feliz em voltar a sentir tudo que sentia por ela.
Me espera que estou chegando morrendo de saudade. Não gostei de passar a noite sem você, amor :( Te amo muito” Jenifer mandou o SMS para Eleonora. E viu que a 2ª melhor coisa que fizera na vida foi terminar com a Kátia – mesmo que a professora ainda não soubesse. Essa era a 2ª melhor coisa, pois a 1ª melhor coisa que fez foi se entregar à Eleonora. Começou a ensaiar mentalmente o que diria a Eleonora, o que usaria como desculpa por ter se afastado. Não mencionaria a traição, não queria ver Eleonora sofrer diante de seus olhos, não queria ver o quanto aquilo a afetaria. Fechou os olhos e pediu a Deus que a protegesse e que fizesse com Eleonora a perdoasse.


Eleonora andava de um lado para o outro em passos lentos, olhos vidrados na porta. Quando ouviu o barulho do elevador se fechar teve certeza de que era Jenifer que chegara, seu coração começou a acelerar mais e mais. A hora da verdade havia chegado.
Jenifer entrou em casa como há tempos não fazia. Sorrindo e querendo ter o mais rápido possível Eleonora em seus braços. Mas algumas malas que estavam ao lado do sofá a fez adiar a vontade de abraçar Eleonora.
- Ué, que malas são essas? – Perguntou estranhando – Vamos viajar? Ah, não vai me dizer que a gente vai pra Vila de São Miguel visitar nossa família?
Eleonora parou em frente a Jenifer as mãos nos bolsos de seu jeans desbotado, cenho franzido e o veneno da dor correndo em suas veias.
- A gente não vai viajar – Disse Eleonora muito séria.
O ar alegre de Jenifer foi sumindo vagarosamente.
- Então... Você que vai viajar? Algum congresso do hospital? – Jenifer foi ficando ligeiramente assustada.
- Não.
Jenifer recuou uns passos e foi para o quarto, no caminho olhou a estante da sala, algumas fotos não estavam mais lá. Percebeu alguns pontos brilhantes no tapete colorido, pareciam cacos de vidro. Olhou para Eleonora tentando entender o que estava acontecendo. Correu para o quarto e abriu a porta do imenso guardarroupa e sentiu como se uma lança tivesse acertado em cheio seu coração. Suas roupas não estavam lá.
Abriu as gavetas com força, fazendo uma quase cair no seu pé. Vazia.
Um choro dolorido começou a querer sair de seus olhos amedrontados.
Jenifer voltou pra sala com a respiração ofegante.
- Léo... E-eu não estou entendendo... O que está acontecendo?

domingo, 13 de março de 2011

Capítulo 270 ♥

Eleonora entrou no Bossa Nova torcendo para que a síndica fofoqueira não estivesse na portaria. Pra sua sorte apenas Rafael estava mais uma vez substituindo o pai.
- Bom dia, Léo. Tudo bem? – Perguntou o rapaz educadamente, ignorando os olhos empapuçados e vermelhos da doutora.
- Não foi pra faculdade hoje? – Perguntou Eleonora ignorando o bom dia de Rafael.
- Sai mais cedo por que não teve as últimas aulas, o professor passou mal e faltou.
- Hum. E a Jenifer, está em casa?
- Não, não. Ela ainda está na faculdade. Ah, ela me pediu pra te deixar um recado se você chegasse primeiro que ela. Disse que vai chegar no horário normal hoje, como é final de semestre e as provas acabaram ela não vai mais pra casa da... Abelle – Rafael quase disse o nome de Kátia.
Eleonora olhou para o relógio atrás da cabeça de Rafael e pensou “tenho menos de três horas”.
Eleonora apenas assentiu com a cabeça e subiu para o seu apartamento deixando Rafael intrigado.


- Você acha que a Léo ia te trair? Fala sério, Jeni! Não é ela que costuma esconder coisas, ela sempre conversa – Dizia Abelle para Jenifer enquanto estavam sentadas em baixo de uma árvore.
- Não sei se ela me traiu mesmo, só sei que só de pensar nisso... – Jenifer balançou a cabeça tentando sumir com as imagens de Eleonora e Marcela – Só de pensar nisso meu estômago embrulha e eu tenho vontade de morrer.
- E o que você vai fazer?
- Vou terminar com a Kátia hoje mesmo – As palavras saíram com firmeza da boca de Jenifer.
- Meu Deus, ela vai terminar com aquela vaca – Disse Abelle levantando os olhos para o céu azul de nuvens finas como fios de algodão. – Isso é sério?
- Eu vou te falar uma coisa que tenho que certeza que você vai dizer: Eu sempre te disse isso.
Abelle esperou ansiosa pelas palavras de Jenifer.
- Eu amo a Eleonora mais do que qualquer coisa nesse mundo, hoje mais do que nunca eu tenho certeza disso. Ela é a minha vida e ninguém vai poder fazer por mim o que ela fez. Eu mudei minha vida pra ficar com ela e fui muito idiota em quase trocar ela pela Kátia. A Eleonora é tudo pra mim – Os olhos de Jenifer marejaram – E eu juro pela minha vida que nunca mais vou fazer isso com ela, ela merece ser amada com toda minha força, com todo meu coração...
Abelle sorriu diante da declaração de Jenifer.
- Quando você vai falar com a Kátia?
- Acho que vou matar as duas últimas aulas e vou a casa dela, hoje ela não vem à faculdade então eu vou até lá.
- Achei que nunca fosse ouvir você dizer isso – Abelle estava satisfeitíssima pela amiga ter caído em si.
- Demorou, mas eu percebi que aventura nenhuma vale o amor que a Léo tem por mim. Passamos muitas coisas juntas, não posso jogar tudo fora.
Jenifer sorriu para Abelle, desejando que o dia acabasse logo para ela poder voltar de corpo e alma para aquela que realmente merecia.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Capítulo 269 ♥

Jenifer ainda estava com o celular na mão, deitada na cama do lado que Eleonora dormia. O travesseiro com o cheiro de Eleonora embaixo da cabeça. Eleonora nunca virou a noite no hospital por paciente nenhum, por mais grave que fosse a situação e quando se atrasava ligava para Jenifer, mesmo que o atraso fosse de cinco minutos. A única coisa que Jenifer conseguia pensar era em uma vingança. Será que Eleonora estaria dando o troco? Estaria naquele momento recebendo e dando a Marcela o que Jenifer recusara no último mês? O apartamento de repente pareceu mais frio para Jenifer.
Jenifer foi até a sala pegar o telefone sem fio e voltou para o quarto.
- Dafne, acho que a Léo está me traindo, nesse momento – Disse Jenifer assim que ouviu a voz de Dafne do outro lado da linha.
- Hã? Como é que é? Vai com calma – Pediu Dafne confusa.
- Era pra ela ter chegado há uma hora e meia em casa, mas não chegou e nem ligou. E ai aquela tal de Marcela ligou do celular dela falando de um paciente que estava muito mal e que ela ficaria no hospital essa noite pra ver se ele sobreviveria. Mas está na cara que isso é mentira – Disse Jenifer sem pausas para respirar – Elas devem estar transando agora, que droga!!! Eu não posso acreditar nisso.
- Eu não acredito nisso, a Léo não faz a linha vingativa, Jenifer – Disse Dafne – Ela não te trairia.
- A Abelle me disse o mesmo, vocês confiam tanto nela assim? Acha mesmo que ela não me trairia? – Jenifer estava aborrecida.
- Confio sim, Jenifer. A Eleonora é louca por você. E sabe... Se ela estiver te traindo ficarão kits, ambas com par de chifres grandes e lustrosos na cabeça.
Dafne odiava ironias, mas estava sem paciência para Jenifer. E Jenifer percebeu.
- Você só pode estar de TPM – Disse Jenifer – Quando seu humor estiver melhor a gente se fala.
E antes de Dafne dizer tchau Jenifer desligou o telefone e o jogou do outro lado da cama, agora imensamente maior sem Eleonora ao seu lado.

O dia amanhecera para Marcela e a noite anterior nem terminara para Eleonora que não conseguira dormir. Todas as cenas, todas as dúvidas concretizadas, todas as peças se encaixando naquele quebra cabeça.
Eleonora deitou na cama e Marcela no sofá que era bem confortável. Assim que saiu da cama Eleonora se largou numa grande poltrona vermelha. Marcela estava acordada.
- Bom dia, Léo. Melhor?
- Não, minha cabeça... Está pesando uma tonelada, não consegui dormir – Disse Eleonora os olhos transbordando.
Marcela fez cara de piedade, chamou Eleonora para se deitar ao seu lado. Eleonora entrou debaixo daquele cobertor junto de Marcela. Seus cabelos começaram a ser afagados pelas mãos delicadas de Marcela.
- Já decidiu o que vai fazer? – Perguntou Marcela.
- Já. Liga lá em casa e vê se ela atende – Pediu Eleonora.
Marcela saiu do sofá para pegar o telefone. Ligou para casa de Eleonora e o telefone tocou até a ligação cair.
- Acho que ela foi pra faculdade, o telefone só chamou – Avisou Marcela voltando para junto de Eleonora.
- Muito bem. Agora eu posso voltar pra casa – Disse Eleonora.
- O que você vai fazer?
- Você vai ficar sabendo. Me leva em casa?
- Claro, até por que seu carro está aqui e ainda acho que você não está bem pra dirigir. Ah! Acho que vou ligar no hospital e dizer que você não vai trabalhar, você tem um bom banco de horas, acho que pode ficar um mês em casa.
Eleonora riu do exagero de Marcela e a agarrou de surpresa. Abraçando-a afetuosamente.
- Obrigada por cuidar tanto de mim, Ma. Obrigada, obrigada, obrigada...
Marcela queria eternizar aquele momento com Eleonora em seus braços.

Capítulo 268 ♥

Marcela estacionou o Gol preto de Eleonora na esquina abaixo da casa de Kátia o que obrigou Eleonora a passar para o banco de trás para poder ver o que não queria. Eleonora olhou no relógio e os números pareciam confusos, demorou algum tempo até conseguir organizar o horário. Cinco minutos se passaram, dez minutos, meia hora, quarenta minutos e Eleonora começou a se cansar e a tentar se convencer de aquilo não passara de uma brincadeira muito sem graça e que aquelas fotos eram todas montagens. Mas um movimento no portão a fez voltar para penosa realidade. O portão branco se abriu e Eleonora viu um pé indo para calçada, e antes da pessoa colocar o outro algo ou alguém a puxara para dentro novamente.
Depois Jenifer e Kátia apareceram juntas, aos beijos.
Eleonora sentiu a boca amargar, sentiu o ar ficar rarefeito.


- Você não quer que eu te leve pra casa? – Perguntou Kátia para Jenifer.
- Não, eu vou de metrô mesmo – Jenifer abraçou Kátia mais forte.
Kátia tentou não parecer tão fria e afastou Jenifer delicadamente e depois a puxou pela nuca, beijando-lhe o pescoço.


Eleonora viu Kátia beijar o pescoço de Jenifer e se sentiu enojada por ter tocado em Jenifer sabendo que ela passara pelas mãos de Kátia.
- E-eu já... Eu já vi demais – Gaguejou Eleonora – Me leva embora Ma. Mas eu não quero ir pra casa.
- Hã? – Questionou Marcela confusa – Quer ir embora pra onde então? Pra Vila São Miguel? – Brincou Marcela tentando deixar o ar menos pesado.
- Não, quero ir pra sua casa – Respondeu Eleonora voltando para o banco da frente.
Marcela pensou em dizer que não era uma boa ideia, mas Eleonora estava realmente atormentada demais pra ficar sozinha. Passara em cima da dor uma vez pra conversar com Eleonora, passaria quantas vezes fosse preciso agora pra cuidar dela. Marcela ligou o carro e foi embora.
Marcela chegou em seu apartamento com Eleonora abraçada pela sua cintura.
- Você quer tomar um banho, comer alguma coisa?
Eleonora fez careta quando Marcela falou de comida.
- Eu só quero u banho – Respondeu Eleonora fanha.
Eleonora entrou debaixo da água quente e sentou no boxe, abraçando as pernas, sentindo a água bater em suas costas.
Marcela entrou no banheiro e se esqueceu de que tanto desejava aquele corpo esguio e pequeno que estava sentado no boxe do seu banheiro. Fez sinal para que Eleonora se levantasse e abriu a toalha branca e felpuda para que se enrolasse.
Eleonora fazia as coisas mecanicamente, o seu cérebro parecia ter sido sugado, sentia-se vazia, sem cérebro, sem sangue correndo nas veias, sem coração, sem pulmão, sem nada... Sentia-se oca.
- Léo – Chamou Marcela receosa. Eleonora a olhou inexpressiva – Você vai ter que ligar pra... Hum... Jenifer e dizer por que não vai pra casa hoje.
- Liga você e iveta qualque coisa – Respondeu Eleonora ainda fanha pelo nariz entupido de tanto chorar entregando seu celular para Marcela.
Marcela pegou o aparelho e ficou sem saber o que dizer, até que uma luz se acendeu no alto de sua cabeça. E ela se segurou para não xingar Jenifer.
- Léo, onde é que você está? – Perguntou Jenifer do outro lado da linha parecendo preocupada.
- Aqui não é a Léo – Respondeu Marcela. A voz cortante – É a Marcela e a Léo pediu pra avisar que não vai pra casa hoje, tem um paciente dela que está muito mal e ela quer acompanhar para saber se ele consegue sobreviver essa noite.
- Por que ela não me ligou? – Jenifer parecia desconfiada.
- Por que ela está ocupada com outras coisas – Marcela viu lágrimas caindo dos olhos de Eleonora e apressou-se em encerrar a ligação – Jenifer, tudo que você precisa saber é isso, tudo bem? Amanhã cedo a Eleonora está de volta pra você.
Marcela desligou o celular irada, querendo passar por ele e esbofetear Jenifer até seu nariz sangrar. Mas outra pessoa merecia sua atenção.
Eleonora continuava enrolada na toalha, sentada na cama de solteiro de Marcela, do mesmo jeito que Marcela a deixara três minutos atrás.
- Vai ficar de toalha? – Perguntou Marcela abrindo algumas gavetas de sua cômoda.
Eleonora não respondeu, esboçou um sorriso.
- Essa toalha é boa, mas não esquenta – Informou Marcela desenrolando Eleonora da toalha – Isso sim esquenta, levanta os braços.
Marcela colocou um moletom roxo de capuz em Eleonora e enrolou a toalha em seus cabelos molhados.
Eleonora colocou a calça no mesmo tom da blusa e ouviu o barulho do secador de cabelo sendo ligado. Marcela aproximou aquele ar quente de sua nuca. Aquele era o único calor que Eleonora conseguia sentir desde então.