Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: maio 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Capítulo 119 ♥

Os dias passaram de forma lenta, dolorosa e angustiante. Eleonora voltou para o trabalho com mais gás do que era de costume. Até o chefe estranhara a disposição dela. Mas o trabalho era o único lugar onde ela conseguia se refugiar dos próprios pensamentos.
O plantão havia terminado mais cedo e Eleonora estava guardando suas coisas quando Úrsula, como sempre apareceu em sua frente como um fantasma.
- Que susto! – Exclamou Eleonora virando-se de frente para Úrsula.

- Eu sempre te assusto né? – disse ela achando graça da situação.
- Sempre – concordou não achando tanta graça.

- Amanhã você está de folga né? É o que está escrito na escala lá do chefe.
- Estou sim.
- Hum... – Úrsula ficou um pouco pensativa.

Eleonora a olhou pedindo resposta daquele silêncio e ela respondeu:
- Que tal a gente dar uma volta hoje? Meu horário também já esta quase terminando.- Eu já tenho compromisso.
- Com a Jenifer – disse em tom de desdém.
- Sim.
- Você nunca tem tempo pra mim né? – Úrsula se aproximou de Eleonora, olhando fundo em seus olhos e com as pontas dos dedos, acariciou o queixo subindo até a boca de Eleonora.
Eleonora não entendeu aquela cobrança e muito menos aquele assédio. Esquivou-se das rápidas mãos de Úrsula e parou do outro lado da sala encostando-se na parede.
- Úrsula, acho melhor irmos embora – disse Eleonora.
- Por que? Não precisa fugir de mim. – Mais uma vez colou em Eleonora. Dessa vez mais insinuante e provocante. – Você não percebeu o que eu quero?
- Não. – respondeu com os olhos vidrados nos dela.
- Eu quero você – E antes que Eleonora pudesse dizer algo, Úrsula a calou com um beijo. Eleonora a empurrou e enfurecida disse:
- Você tá louca? Você não pode fazer isso. Eu... Eu tenho namorada, uma namorada que eu amo.Úrsula passou o dedo indicador nos lábios e soltou um sorriso diabólico. Virou as costas e deixou Eleonora completamente desorientada.“Era só o que me faltava. Mais problema não meu Deus”, pensou pegando suas coisas e indo embora.



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Eleonora chegou onde era sua casa agora e nem jantou, subiu direto para seu quarto. Com a roupa do hospital, deitou na cama e começou a pensar no que tinha acontecido. Sua cabeça começou a ferver e uma pontada em seu coração ela sentiu. “Será que devo contar para Jenifer?” “E se ela pensar que aconteceu mais alguma coisa?” “Mas eu não posso esconder isso dela”, pensava angustiada.
Pegou o celular no bolso interno da bolsa e ligou para Dafne.
- Dafne?
- Oi... Léo? – Perguntou Dafne meio zonza. Tinha acabado de pegar no sono quando o celular tocou debaixo do seu travesseiro.
- Sou eu. Eu sei que está um pouco tarde – Eleonora tirou o celular do ouvido e olhou para o relógio dele – São onze e meia, mas... Eu preciso muito conversar com você.
- Você brigou com a Jenifer?
- Não.
- O que aconteceu então?Eleonora respirou fundo e ficou quieta por algum tempo. Depois de aquele breve filme aterrorizador passar por sua mente ela disse:
- Mas tem haver com ela...
- Sua voz está estranha... Eu vou ai – disse já pulando da cama e tirando o pijama.
- Não, pode ser por telefone mesmo. Tá tarde – Contestou.
- Eu sei que está tarde, mas eu vou assim mesmo. – E antes que Eleonora contestasse de novo, Dafne desligou o celular.
Trocou de roupa muito rápido e passou no quarto dos pais, viu que já estavam dormindo e foi até o quarto do irmão que estava acordado jogando vídeo game.
- Aonde você vai hein? – Perguntou Demétrio sem tirar os olhos da tela da tevê.
- Eu vou ajudar uma amiga, fala pra mãe e o pai não se preocuparem. Vou pegar o carro do pai, acho que antes de ele sair para o trabalho eu já voltei. Se eu não tiver voltado, você fala pra ele pegar a minha moto. Tchau – Jogou um beijo para o irmão e foi até o encontro de Eleonora.

sábado, 29 de maio de 2010

Capítulo 118 ♥

Jenifer chegou em casa e de cara encontrou o irmão sentado no sofá folheando o jornal. Ignorou sua presença e foi até o quarto. No caminho encontrou a avó descendo para a sala. Trocaram olhares indiferentes e cada uma seguiu seu rumo.
Quando chegou ao quarto, pegou os livros para estudar, mas viu que não conseguiria. Sua cabeça estava a mil e a preocupação com o que estaria por vir era inevitável.
Pegou o telefone no criado mudo e ligou para Dafne.
Não demorou muito e a ruiva já estava junto da amiga.
- Caraca Jeni, não acredito que o “Leão do Norte” descobriu.
- E eu então... – Jenifer suspirou fundo – Queria trazer ela aqui pra casa, mas não dá... Não dá!
- Vocês podem ir lá pra casa, meus pais não vão se importar – Ofereceu Dafne.
- Não posso aceitar. Não dá pra sair de casa, mesmo que a situação esteja insustentável, eu tenho o apoio do meu pai. E a Léo tem o hospital, a mãe e os irmãos e uma tia maravilhosa. Obrigada amiga – agradeceu com um abraço.
- Tudo bem. Mas se precisar, você sabe que pode contar comigo.
- Eu sei que posso.
- Mas e agora? Como vai ser?
- Faz uma pergunta mais fácil – Jenifer deu um sorriso fraco e seu rosto logo se tornou inexpressivo. – A única coisa que sei é que agora, mais do que nunca a Léo precisa de mim.
Jenifer deitou no colo de Dafne e recebeu todo o apoio e carinho da amiga. Estava sentindo-se com pés e mãos atados, pois não havia nada que pudesse ser feito, a não ser esperar o tempo colocar as coisas no lugar.



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Janice esperou Venâncio chegar do trabalho para que a levasse até a casa da cunhada. Junto dos filhos tocou a campainha. Cícera, a empregada, atendeu ao chamado e ficou um tanto assustada quando viu Venâncio segurando a mala maior.
- A Do Carmo está ai? – Perguntou Janice.
- Ela ainda não chegou, mas a sua filha está. Entrem.Venâncio colocou a mala ao lado da escada e junto da mãe e da irmã sentou no sofá. A passos lentos, Eleonora desceu as escadas. Ao olhar para mãe seus olhos já transbordaram.Sentou entre Janice e Regina e recebeu um abraço de todos. Um abraço emocionado.
- Não tem jeito minha filha, seu pai não te quer mais em casa. Mas eu não vou deixar ele fazer isso com você, não descanso enquanto não ter você junto da gente de novo – disse Janice abraçada a filha.
- Na mala maior tem algumas roupas e naquela menor estão suas coisas do hospital – disse Regina apontando para as malas perto da escada.
Eleonora virou o rosto para olhar as malas e balançou a cabeça em sinal negativo, desacreditando que não poderia tão cedo voltar pra casa.
Maria do Carmo chegou do trabalho e viu todos reunidos. Colocou a bolsa na estante, cumprimentou a cunhada e os sobrinhos e quis saber:
- E ai minha cunhada querida, nenhuma evolução com aquele cabeça dura do meu irmão?
Janice apenas negou com a cabeça, e Regina explicou:
- O pai disse que se a mãe quisesse a Léo perto dela, que era pra ela vir morar aqui. Te chamou de traidora tia – confessou.
- Regina! – ralhou Venâncio – Não precisava ter dito isso.
- Oxe, por que eu sou traidora?
- Por que você está deixando a Léo ficar aqui – disse Janice.
- Ave Maria! Esse meu irmão... Nunca no mundo que eu ia abandonar qualquer pessoa da minha família. Eleonora é uma sobrinha muito querida, não poderia virar as costas pra ela nesse momento.
A campainha tocou mais uma vez. Maria do Carmo mesmo foi atender. Eram Jenifer e Dafne.
- Oi minha querida, quem é essa ruiva linda? – Perguntou pegando na mão de Dafne.
- É a Dafne do Carmo, minha amiga. Essa daqui é a tia da Léo – apresentou as duas.
- Entrem.
Todos se cumprimentaram e Maria do Carmo chamou Cícera, dizendo que teriam mais gente para o jantar.
Janice recusou, Dafne também, mas Maria do Carmo não aceitava nenhuma resposta além de sim. Acabaram cedendo ao delicioso cardápio que ela havia dito e ficaram.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Capítulo 117 ♥

Eleonora sentiu-se incomodada com a situação. Sabia que o primo não havia ficado para o café da manhã por causa da sua presença.
- Acho que estou causando problemas – murmurou.
- O Reginaldo é um idiota prima, relaxa. A casa é da minha mãe e ela traz quem ela quiser – Confortou Plinio.
- Isso mesmo meu filho! – Exclamou Maria do Carmo, atrás de Eleonora com as mãos em seus ombros. – A casa é minha e eu trago quem eu quiser. Não se acanhe minha filha, não vou deixar ninguém maltratar você, nem aqui e nem em lugar nenhum visse?
Eleonora agradeceu o apoio e carinho da tia e fez o que Plínio dissera, relaxou.
- Amor, agora eu tenho que ir. Mais tarde eu volto tá? – disse Jenifer acariciando o rosto de Eleonora.
- Tudo bem. Era pra você estar na faculdade agora não é dona Jenifer Improtta? Só espero não ter te prejudicado.
- Não me prejudicou não amor, hoje nem era aula tão importante e se teve alguma coisa, depois a Dafne me passa a matéria. De tarde eu venho te ver. – Jenifer deu um beijo demorado na bochecha de Eleonora e passou levemente seu rosto no dela “te amo muito” ela disse baixo no ouvido dela. Abraçaram-se.
Jenifer agradeceu Maria do Carmo por tudo e foi embora.
- Essa menina é mesmo um “portento” como diz Giovanni – elogiou Maria do Carmo voltando para mesa – Você tem sorte de namorar uma pessoa tão amorosa minha filha.
- Ela é a minha vida tia – resumiu Eleonora. – Minha vida...


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O café na casa de Sebastião estava com o pior clima que alguém poderia imaginar. Silêncio, olhares frios, corações apertados, coisas para serem ditas... Havia uma nuvem pesada sobre aquela mesa.
Janice já angustiada pela situação decidiu falar:
- Sebastião...
- Se você for falar daquela sujeita, é melhor nem começar – Interrompeu Sebastião ríspido com o olhar fixo na parede a sua frente.
- A Eleonora é a sua filha pai, sua filha preferida como todo mundo sabe. Não deixa essa raiva, esse preconceito cegar o amor que você tem por ela – disse Venâncio.
Sebastião apenas o olhou e continuou carrancudo.
- Deixa de ser cabeça dura homem de Deus, deixa a Léo voltar pra casa. Ela é a nossa filha.
- Já disse que agora eu só tenho dois filhos, essa terceira você arrumou por sua conta – respondeu.
- Eu não vou deixar você renegar a Eleonora. Não vou mesmo – esbravejou Janice. – Do mesmo jeito que eu fiz a Regina voltar pra essa casa quando você a expulsou eu vou fazer a Eleonora voltar também. Eu quero a minha filha perto de mim.
- Se quiser ela perto de você, pegue suas coisas e vá pra casa da traidora da minha irmã – Sebastião jogou o guardanapo sobre a mesa com força, levantou-se pegando o paletó e foi para o trabalho.
Janice tentou, mas não conseguiu segurar as lágrimas, sentiu o coração ainda mais apertado.
- Mãe, acho melhor a senhora pegar algumas roupas para Eleonora – disse Regina ao lado dela. Janice a olhou não querendo concordar com aquilo. – Eu sei que está sendo difícil, ainda mais pra senhora, mas deixa a poeira baixar. Logo a senhora tenta convencer o pai de que ele está errado.Janice acabou concordando com a filha mais nova.
Foi até o quarto de Eleonora e junto de Regina escolheu algumas peças para colocar na mala. Seu coração pulsava lento, lágrimas saltavam de seus olhos fazendo-a perder a força. Acabou sentando-se na cama e deixando que Regina fizesse o serviço.Uma mala grande, e outra menor. Estavam prontas para serem entregue na casa de Maria do Carmo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Capítulo 116 ♥

Para alguns o dia seguinte havia chegado antes mesmo de o sol nascer. Era o caso de dona Janice, Sebastião e Eleonora.
Na casa de Maria do Carmo, Eleonora havia acordado bem cedo. Levantou da cama com cuidado para não acordar Jenifer e desceu para sala, deitando-se no sofá. Olhou para o relógio atrás de sua cabeça e viu que era apenas cinco e quinze da manhã.
- Não dormi nada – disse com os olhos ainda no objeto.
Durante toda a noite acordou. Dormiu pouquíssimo e quando dormia as imagens do que aconteceu invadia sua mente fazendo-a acordar assustada e com o coração aos pulos.
Ficou por ali abraçada a almofada pensando e pensando. Adormeceu. Mas logo foi acordada por uma voz:
- Eleonora minha filha, vai me dizer que passou a noite toda aqui nesse sofá?
Eleonora abriu os olhos e viu a tia com a expressão preocupada.
- Não tia, eu estava na cama até agora. Mas vim pra cá por que não ia conseguir deixar a Jenifer dormir...
- Ô minha filha! – exclamou Maria do Carmo sentando no sofá e colocando a cabeça da sobrinha sobre meu colo – Tudo vai se encaixar, você vai ver. É só dar um pouco de tempo para o seu pai...
Eleonora nada disse, continuou com o olhar fixo na mesinha de centro, sentindo o carinho da tia em seus cabelos.


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Janice havia dormido no quarto da filha mais velha. Não conseguiria dormir na mesma cama que o marido. Assim como Eleonora, estava sentindo-se ferida e profundamente magoada. Olhou para o relógio de parede, seis horas. Achou melhor levantar-se e ir fazer o café. Quando passou do limite da porta, encontrou Sebastião indo para o banheiro. Se entreolharam e ela nada disse, desviou o olhar e desceu as escadas.Sebastião se olhou no espelho do banheiro e não se reconheceu ao se deparar com sua aparência abatida e as olheiras que circundavam seus olhos. Passou a água fria em seu rosto e apoiou as mãos na pia, se encarando novamente. Os últimos acontecimentos faziam com que o ar se tornasse rarefeito para ele. Seu coração parecia parar a cada segundo de imagem que se lembrava. Entrou no banho e lá refletiu.

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Com o sol já iluminando a cidade, pequenos raios dele passavam pela cortina do quarto, acordando Jenifer. Passou sentiu o ar fresco da manhã tocando suas costas e ao se virar viu apenas a marca do corpo de Eleonora na cama. Levantou-se, escovou os dentes, penteou os cabelos e desceu até a cozinha.
Todos já estavam à mesa e seu lugar ao lado de Eleonora reservado. Desejou um bom dia seguido de um meio sorriso e sentou-se.
Silêncio. Silêncio. Silêncio. O único barulho que se escutava era de cadeiras se ajeitando, xícaras sendo colocadas sobre os pires, colheres rodando dentro das xícaras...
Reginaldo, o filho mais velho de Maria do Carmo havia ido tomar café da manhã na casa com os filhos e a esposa.
- Bom dia... – disse. E ficou mudo ao ver Eleonora e Jenifer junto dos outros.
- Bom dia meu filho, se junte a nós – disse Maria do Carmo indicando lugares na mesa.
- O pai, vamos sentar – disse Bianca já puxando uma cadeira.
Reginaldo olhou para Eleonora que viu o seu olhar de desprezo para ela e disse:
- Acho melhor não, a gente toma café lá na cafeteria do centro mesmo.
- Mas pai... – reclamou Bruno.
- Sem mais nem menos Bruno. – Virou as costas sem dizer mais nada e foi embora. Chegando perto da porta desabafou: - Agora minha mãe vai ficar hospedando essas duas sapatas? Desse jeito eu não venho mais aqui.
Maria do Carmo que havia ido atrás do filho pra entender o por que de não se sentar com eles, ouviu o comentário maldoso e não ficou quieta.
- Olhe aqui Reginaldo, a casa é minha e eu hospedo quem eu quiser. E não fale assim de sua prima, nem da companheira dela. O que elas menos precisam é de comentários como o seu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Capítulo 115 ♥

Desconsolada Eleonora estava sentada com a cabeça apoiada no ombro de Jenifer e tinha os cabelos afagados pela mesma. Sentia que tinha um rombo em seu coração. Quando lembrava das duras palavras do pai, da mãe assustada, sentia os olhos ficarem encharcados e as lágrimas compridas desciam em sua face sem permissão.
- O minha filha, vá se deitar. Você deve tá cansada, com a cabecinha zonza. Cícera já arrumou o seu quarto – disse Maria do Carmo ao lado de Eleonora.
- Eu vou sim tia, mas antes eu queria saber da minha mãe. Coitada, meu pai vai ficar fulo da vida quando souber que ela sabia do meu namoro com a Jenifer.


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E o medo de Eleonora não era a toa.
- Você sabia não é Janice? Sabia dessa pouca vergonha. – Acusava Sebastião – Regina e Venâncio me deixem a sós com a sua mãe – pediu.
- Não vou subir não pai, não adianta – disse Venâncio.
- Eu também vou ficar – Afirmou Regina.
- Vocês sabiam de tudo... Iam me esconder até quando isso?
- Até quando a Eleonora achasse que fosse a hora de te contar – disse Janice.
- Ela não ia me contar nunca, ela sabe que eu não aceito depravação na minha casa.
- Não fala assim do relacionamento delas pai, isso não é depravação e nem aberração como você disse na casa da tia Do Carmo. Isso é um namoro como outro qualquer, com duas pessoas que se amam de verdade – disse Venâncio.
- Não venha me falar que isso tem amor, por que não tem. Deve ser coisa do demo, só pode. – disse Sebastião criando uma suposição totalmente descabida.
- Isso é tão normal hoje em dia pai. Deixa a Léo voltar pra casa, conversa com ela, vocês vão se entender – disse Regina.
- Normal? Isso pode ser tudo, menos normal. Normal pra mim é homem e mulher. E eu já disse que ela não coloca os pés mais aqui dentro dessa casa, nunca mais. E vamos parar de converse por que já esta tarde e amanhã eu tenho que trabalhar.
- Você não vai dormir antes de me ouvir Sebastião – disse Janice com a voz um pouco alterada – Acho que você está esquecendo de todas as qualidades que a Eleonora tem. Ela é uma ótima pessoa, dedicada, carinhosa, estudiosa, responsável, e uma excelente médica. Você se esqueceu de tudo isso? Esqueceu que ela sempre foi o seu orgulho?
- Eu esqueci de tudo isso a partir do momento que eu a vi, com aquela outra sem vergonha. – Sebastião subiu para o quarto e deixou os três ali parados, atônitos e assustados com tamanha rigidez.
Janice não agüentou e começou a chorar. Teve o apoio dos filhos e sabia que teria que ser forte se quisesse trazer a filha mais velha de volta pra casa.


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Deitada na cama, Eleonora encarava o teto mal iluminado pela meia luz do abajur e Jenifer deitada em seu peito lamentava:
- Se pudesse, te levaria pra casa comigo. Mas...
- Mas é impossível também – completou – O que importa agora é que você está comigo e só isso agora me basta – deu um beijo na testa de Jenifer e a apertou em seu corpo.
- A Do Carmo é uma pessoa maravilhosa. Te acolheu aqui e ainda deixou eu passar a noite com você.
- Minha tia é uma pessoa especial mesmo, nunca vou poder agradecer a altura o que ela está fazendo por mim.Um silêncio doloroso invadiu o quarto e Jenifer sentiu a respiração de Eleonora ficar falha.
- O que foi meu amor? – Perguntou sentando-se de frente a ela.Eleonora sentou na cama, olhando nos olhos de Jenifer e respondeu:
- Não consigo parar de pensar em tudo que aconteceu, no meu pai nem tanto... Mas na minha mãe, coitada, ela vai ouvir um monte de coisas desnecessárias.
- A sua mãe é forte Léo, não vai deixar se abalar.
- Isso é verdade... – Eleonora jogou seu corpo cansado na cama e fez sinal para que Jenifer se deita-se com ela – Agora vamos dormir, por que amanhã é um novo dia e você tem que ir pra faculdade.
- Eu não vou pra faculdade, vou ficar aqui com você já que amanhã você não trabalha.
- Você vai sim senhora. – bronqueou Eleonora.
- Não adianta, vou ficar com você – bateu o pé Jenifer.
E as duas discutiram até que Eleonora pegou no sono primeiramente e Jenifer se aconchegou em seus braços e se rendeu a ele também.

domingo, 16 de maio de 2010

Capítulo 114 ♥

Sebastião estava certo do que tinha falado, Eleonora não colocaria mais os pés em sua casa.
- Sebastião, meu irmão, se acalme. Não faça nada de cabeça quente – pediu Maria do Carmo – Venha mais Eleonora para a sala íntima venha.
- Se eu ficar sozinho com essa... Com essa... Eu sou capaz de matar. Isso é... É falta de vergonha na cara, desvio de conduta. Ela precisa de um tratamento, precisa se internar.
Eleonora soltou a mão de Jenifer e caminhou até o pai. Ficou perto o suficiente para olhá-lo nos olhos.
- Não fala do que não sabe, por que a médica aqui sou eu – Rebateu.
- Por isso mesmo, médico foi feito pra curar doença.
- Não é doença! – gritou Eleonora – Amor é um sentimento que não se tira do coração de ninguém pai.
- Calma minha filha. – Pediu Janice bem baixo, com a voz falha.
Sebastião caminhou até Eleonora deixando-a receosa. Mas ele se desviou de sua presença e foi até Jenifer.
- A culpa deve ser toda sua. Você que iludiu a minha filha sua marafona – Acusou Jenifer apontando o dedo na face dela.
- Epa! – Alertou-se Giovanni – Ninguém fala assim do meu mimo não. Muito menos você. Ninguém tem culpa de nada Sebastião.
- Ela não tem culpa de ser filha de um bicheiro sem vergonha, que não impõe moral na própria casa.Giovanni foi ficando cada vez mais irritado, mas Maria do Carmo o aconselhou a se acalmar.
- Pai me escuta! Deixa eu te ajudar a entender o que acontece, por favor, me ouve.
- Eu não tenho mais nada pra ouvir. Janice, Venâncio e Maria Regina, vamos embora.
- A Eleonora não vem conosco? – Perguntou Venâncio.
- Se ela insisti em continuar com essa aberração, essa imundice. É melhor que arranje outro lugar para morar. – Disse Sebastião já bem perto da porta.
Eleonora sentiu-se totalmente perdida naquele instante. Jenifer foi até ela e sem se importar com a presença do sogro, a abraçou bem forte e disse:
- Calma meu amor, a gente vai conseguir vencer mais esse obstáculo por que eu estou junto com você. Não vou te deixar sozinha.Vendo a cena Sebastião irritou-se profundamente e disse:
- E ainda se abraçam na minha frente essas duas...
- Cale a boca homem de Deus! – Interrompeu Maria do Carmo. – Vai-se embora, você já ofendeu gente demais por hoje.
Sebastião saiu a passos duros da casa da irmã e entrou no carro. Janice, totalmente devastada abraçou a filha e disse que faria de tudo para que ela voltasse pra casa. E quando foi se despedir de Maria do Carmo, a cunhada a acalmou dizendo:
- Pode ficar sossegada viu? Eleonora pode ficar aqui em casa o tempo que quiser.
Janice agradeceu e foi embora com os filhos.
Na sala ainda estava, Giovanni, Flaviana, Danielle, João Manoel, Maria do Carmo, Eleonora e Jenifer.Maria do Carmo se aproximou do casal e disse segurando as mãos da sobrinha:
- Eu disse pra sua mãe que você vai ficar aqui até seu pai esfriar a cabeça.
Eleonora agradeceu com um sorriso triste e abraçou a tia.
- Eu posso ficar aqui essa noite com ela Do Carmo? – Pediu Jenifer.
- Mas é claro minha filha, pode ficar sim. Ela vai precisar muito de você.
Cícera chegou com o chá e alguns biscoitos e Giovanni foi o primeiro a atacar a bandeja. Balançou o liquido algumas vezes a fim de esfriá-lo e em seguida o bebeu em uma só golada e depois de muito refletir, sentou-se ao lado do filho e perguntou:
- Você não ia contar pro Leão do Norte sobre o seu Léo e sua irmã né?
João Manoel o olhou e virou o rosto para o lado oposto.
- Eu estou falando com você João Manoel.
- Eu ia falar sim – confessou – Sabe por quê? Por que a sua filhinha querida acabou com o meu namoro com a minha morena. Você viu o jeito que ela olhou pra mim quando eu cheguei?
- Eu só vi o jeito que ela olhou pra você quando você disse que tinham estragado seu plano. Ela te olhou com desprezo – disse Jenifer de pé caminhando até o irmão – Eu nunca vou te perdoar por ser tão cruel comigo.
João Manoel deu de ombros e a ignorou.
- Acho bom a gente ir embora também. – disse Giovanni – Você vem Jenifer?
- Eu vou ficar aqui com a Léo pai, a Do Carmo deixou.
- Isso mesmo Giovanni acho bom a Jenifer ficar com Eleonora hoje – Confirmou Do Carmo.
Flaviana disse:
- Até você do lado delas Maria do Carmo?
- Fiquei quieta minha sogra – disse Giovanni – A casa é dela e ela põe pra dentro quem ela quiser.
Giovanni deu um beijo na testa da filha e a abraçou.
Já dentro do carro, Danielle que estava no banco da frente junto de Giovanni virou pra trás e disse olhando para João Manoel:
- Você é muito idiota mesmo João Manoel.
- Posso saber por quê? – Perguntou com cara de paisagem.
- Por que você vai acabar ganhando o ódio da sua irmã.
- Eu não tenho mais irmã.
- Não fale assim João Manoel – Chamou a atenção Giovanni. – A Jenifer é a sua irmã sim e a Eleonora sua cunhada, e trate de se acostumar com a idéia, por que eu já me acostumei.
Ligou o carro e foi embora.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Capítulo 113 ♥

Não havia argumentos para o fato que estava diante dos olhos de Sebastião.
- Vocês duas... Eu não acredito no que estou vendo – dizia Sebastião com as mãos na cabeça.
- Calma pai, a gente vai te explicar – Pedia Eleonora assustada.
- Explicar o que? Não tem explicação pra essa aberração que eu acabei de ver.
- Calma Sebastião, vamos conversar... – disse Jenifer com a voz chorosa.
- Bem que o povo falou que a minha filha era uma... Nunca achei que você fosse me dar tanto desgosto.
- Pai me escuta, eu só...
- Cala a boca sua vagabunda – E junto com a frase grosseira, Sebastião deu um tapa com as costas da mão no rosto de Eleonora. Coisa que ele jamais pensou que faria, e ela jamais pensou que levaria.
Jenifer assustada com o que presenciou saiu correndo para casa e irrompeu sala adentro e com as lágrimas saltando dos olhos disse:
- O Sebastião... Ele está batendo na Eleonora... Ele... Ele pegou a gente... – A voz mau saía, mas foi o suficiente para que entendessem o seu recado.
A música parou no mesmo instante, feições alegres se tornaram surpresas e todos os olhares ficaram arregalados.
Praticamente a festa inteira parou em frente a porta de vidro para ver a cena. Giovanni e Maria do Carmo foram até o lado de fora. Janice ficou completamente imóvel, parecia ter pedido todos os sentidos e movimentos. Venâncio preocupado com a mãe pediu para que ela se sentasse e buscou um copo de água para ela. Regininha a pedido da tia acendeu as luzes do lado de fora e preferiu ficar no interior da casa.
Quando as luzes se acenderam Sebastião parou de bater na filha e olhou para trás, vendo Giovanni e Maria do Carmo indo até eles.
Giovanni afastou Sebastião de Eleonora. E Maria do Carmo ofereceu sua mão para que Eleonora se levantasse do chão.
Maria do Carmo tomou Eleonora em seus braços e a levou pra dentro. As pessoas que viam tudo de camarote estavam assustadas pela postura totalmente agressiva de Sebastião. E quando ele passou por elas na sala, todas se afastaram, com medo de que acabasse sobrando pra elas.
Eleonora estava ajoelhada ao lado da mãe que a olhava com os olhos rasos d’água, e Maria do Carmo disse seriamente:
- Desculpe minha gente, mas a festa acabou por aqui.
Todos assentiram e saíram da festa sem dizer nada. Antes de a porta ser fechada, João Manoel chegou e olhando as várias expressões que estavam naqueles rostos perguntou:
- O que tá acontecendo aqui?
- Sebastião descobriu do namoro de Eleonora com sua irmã – cochichou Maria do Carmo.
João Manoel abriu um largo sorriso e se aproximou dos demais dizendo:
- Estragaram o meu plano.
- Do que você está falando João Manoel? – Perguntou Giovanni.
- Eu ia contar pro meu sogro do que acontece entre essas duas – respondeu apontando para a irmã e Eleonora – Mas pelo visto... Não precisei mover um dedo pra essas duas sem vergonhas se ferrarem.
Jenifer estava paralisada. Talvez aquela, era a maior decepção da vida dela. O próprio irmão querendo ver a infelicidade dela. Manteve-se firme, pois tinha problema maior para se preocupar.
Quem estava presente se sentiu nauseado com a declaração do rapaz. E o pai, se sentiu envergonhado.
- E agora “Leão do Norte”? Vai colocar sua filhinha mais querida pra fora de casa? – Provocou em tom de deboche.Plínio sentiu o sangue ferver e partiu pra cima de João Manoel, mas foi contido por Viriato.
- Quem vai te colocar pra fora de casa sou eu seu filho da...
- Plínio se contenha meu filho, já tem gente nervosa demais aqui. – Pediu Maria Do Carmo.
- Sapatão, se ferrou – zombava João Manoel.Viriato chegou bem perto de João Manoel e com o dedo indicador no nariz do rapaz disse:
- Ou você respeita a minha prima ou sou eu que vou ter que te ensinar isso de outro jeito.
João Manoel estremeceu um pouco, mas não tirou sua pose de “vencedor”. Estava feliz em saber que o namoro da irmã e da cunhada tinha sido descoberto.
Todos estavam na sala, e Reginaldo com a esposa Vivian e os filhos observavam tudo de longe. Bianca, a neta mais faladeira e inteligente de Maria do Carmo comentou baixo com o irmão Bruno:
- Coitada da Eleonora, ela é tão legal.
Mesmo baixo o pai ouviu e repreendeu:
- Não tem que ter dó dessas ai não, a pouca vergonha tem que acabar mesmo e vamos embora que não quero que vocês vejam isso. Minha mãe eu vou embora, por que muita gente nessas horas só atrapalha – Deu um beijo na mãe e saiu com a mulher e os filhos.
Sebastião estava do lado oposto da sala principal da casa, olhando decepcionado para a filha que ainda sentia o rosto arder pelo tapa. Giovanni o rondava com medo de que um novo ataque de fúria lhe impulsionasse a agredir Eleonora.
Maria do Carmo pediu que os filhos e as noras fossem para os quartos e que ficassem só os envolvidos na história. Plínio contestou, pois a presença de João Manoel lhe incomodava. Mas a mãe lhe garantiu que ele não faria nada. João Manoel estava sentado no sofá que ficava entre duas poltronas. Do lado direito estava Janice, atônita e com o coração na mão. Ao seu lado estava os filhos e Jenifer, que segurava forte a mão de Eleonora. Do outro lado Sebastião estava em pé. E Giovanni foi para o lado de Maria do Carmo que parecia estar mais nervosa do que todos ali.
Na cozinha Cícera preparava chá para tentar acalmar os nervos.
A campainha tocou novamente, dessa vez era Danielle, que chegara aquele horário, pois havia ido visitar os pais. Maria do Carmo abriu a porta e logo a deixou a par da situação. Chocada, ela se juntou a Eleonora e Jenifer e estava pronta para defendê-las de qualquer tipo de acusação.
- Todo mundo calmo? – Perguntou Maria do Carmo olhando em cada um. Todos balançaram a cabeça e ela continuou – Agora vamos conversar como gente civilizada. Sebastião, eu sei que essa não foi a forma mais correta de você descobrir sobre o relacionamento de Jenifer e Eleonora. Mas você tem que entender que isso é normal.
- Não tem que entender essa... Essa pouca vergonha, isso não tem explicação. É imoral, nojento, pecaminoso... – Passou as mãos no rosto e respirou o mais fundo que conseguiu – E eu só tenho uma coisa pra falar: Na minha casa, essa sujeita não entra mais.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Capítulo 112 ♥

E o papo na sala intima ainda girava em torno de Eleonora e Jenifer.
- Mas olhando assim, eu não digo que vocês são namoradas – disse Angélica.
- Ah, eu digo que sim. Mesmo antes de vocês se tornarem namoradas eu já desconfiava e apostava que não havia só amizade entre vocês – disse Maria Eduarda.
- Nossa! Você falando desse jeito vou acabar tendo certeza de que a gente dá bandeira – disse Jenifer.
- Não, isso não. Vocês são super discretas – disse Viriato.
Um minuto de silêncio se fez na sala, mas logo foi interrompido pelos barulhos indiscretos dos beijos entre Plínio e Angélica.
- Se vocês não perceberam tem mais gente aqui – Viriato pegou a maior almofada e jogou na cunhada e no irmão, fazendo os dois se desgrudarem.
Jenifer olhou Eleonora e deu uma mordida no lábio seguido de um sorriso com segundas intenções.
- Vou ao banheiro. – disseram as duas juntas, dando um sorriso depois.
Todos se entreolharam e disfarçaram os sorrisos maliciosos.
- Se quiserem podem usar o do meu quarto – Ofereceu Plínio.
Eleonora agradeceu e falou para que Jenifer fosse à sua frente. Pouco depois Eleonora foi atrás. E sem que percebessem Sebastião as seguia com o olhar. Esperou que Eleonora entrasse no corredor onde ficavam os quartos e também subiu as escadas.


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João Manoel chegou na casa de Sebastião e viu todas as luzes apagadas. Achou estranho o fato de o sogro ter ido à festa, pois o conhecia bem o suficiente para saber que não gostava de festas. Só quando o motivo era realmente relevante para ele.
Nem precisou pensar muito e decidiu ir até a casa de Maria Do Carmo.


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Sebastião viu Eleonora e Jenifer entrando no quarto do sobrinho, esperou mais um pouco e bem devagar abriu a porta do quarto, olhou para o lado e viu a maçaneta da porta do banheiro se mexendo e o barulho da chave rodando. Seu coração começou a acelerar e ele decidiu ficar ali esperando o flagrante que tanto desconfiara. Saiu do quarto e ficou do lado de fora.
Lá dentro Jenifer estava encostada na porta e Eleonora em sua frente a olhava.
- Não aguentava mais ficar sem te be... – Jenifer se jogou nos braços de Eleonora e a beijou com toda vontade que estava guardada.
O beijo foi esquentando e as mãos de ambas pareciam ter vida própria.
- Droga, vem vindo alguém – disse Jenifer ofegante ao ouvir barulhos de passos vindo do lado de fora. Era Maria do Carmo.
- Oxe meu irmão, que faz ai parado? – Perguntou Maria do Carmo para Sebastião.
- Eu estou esperando o banheiro desocupar – Respondeu tentando esconder o nervosismo.
- Não precisa esperar não homem, pode usar o meu.
- Não minha irmã, obrigado. Vou ficar esperando.
Maria do Carmo deu de ombros e voltou para a festa.
Eleonora se olhava no espelho ajeitando os cabelos bagunçados e Jenifer ajeitava a roupa já um tanto amassada.
- Acho melhor a gente ir, isso não ia dar certo mesmo. Não sei o que me deu... – disse Jenifer.
- Mas eu sei o que te deu – disse Eleonora sorrindo. Trocaram mais alguns beijos e saíram.
Quando passaram pela porta do quarto, Sebastião já não estava mais lá. Cansou de esperar e desceu para tomar um ar, pois sentia a que a pressão já estava acima do normal. Ele foi para o jardim, ficou na parte em frente à cozinha, junto ao balanço.
- Vamos lá fora, naquele lugar que você me mostrou, gostei de lá – sugeriu Jenifer.
Eleonora concordou. Passaram pela sala, pegaram da bandeja do garçom alguns petiscos e foram para o jardim. Asseguraram-se de que ninguém estava lá, deitaram na grama molhada pelo sereno e abraçadas começaram a olhar as estrelas. Eleonora encaixou-se no peito de Jenifer e ali ficaram.
- Se não veio ninguém aquela hora, não vai ser agora que vai aparecer alguém né? – Perguntou Jenifer.
- Também acho.
Sebastião, já estava se sentindo melhor e resolveu voltar para festa. Mas iria pelo lado de fora, caminhando pelo jardim. Levantou-se um pouco tonto e após uma longa inspirada seguiu para o jardim.
Quando dobrou a lateral da casa, apertou os olhos e viu que havia duas pessoas deitadas na grama, não conseguia identificar quem era. Marchando chegou mais perto e constatou, era a filha e Jenifer que estavam trocando delicados beijos.
- Mas que pouca vergonha é essa? – Perguntou totalmente furioso aos gritos.

sábado, 8 de maio de 2010

Capítulo 111 ♥

A festa acontecia animada. Música alta, fartura em comida, muitas risadas e alguns puxões de orelha vindo de Maria do Carmo quando ouvia e via que alguém falava ou apontava discretamente para Eleonora e Jenifer.
- Hoje é dia de festa, não dia de cuidar da vida dos outros. Melhor dizendo, dia nenhum é dia de cuidar da vida alheia – disse ela baixo para duas senhoras que olhavam duro para Jenifer e Eleonora.
- Plínio meu filho pare de fazer essas piadinhas, se o seu tio escuta isso, vai sair morte. Ave Maria! – Disse dando um tapa no braço do filho brincalhão.
Janice fiscalizava o marido, que fiscalizava a filha e a nora que não sabia que tinha e Eleonora e Jenifer se fiscalizavam.
Elas estavam conversando na sala com alguns familiares, lembrando coisas da infância quando Eleonora pegou na mão de Jenifer e disse:
- Vem comigo.
- Aonde? – Perguntou sem entender, colocando o copo em cima de uma mesinha qualquer.
Eleonora olhou em volta e viu que o pai não estava mais por perto e puxou Jenifer até um lugar que pra ela era muito especial.A noite estava com um céu estrelado, e com uma brisa fresca. Eleonora andou pelo jardim até chegar a um lugar onde a iluminação chegava fraca e disse:
- Quando éramos pequenos, eu e meus primos adorávamos brincar nesse jardim – Eleonora cruzou a mão com a de Jenifer e caminharam por ali, sem medo de que fossem pegas – E esse lugar aqui, era o meu preferido pra me esconder, como eu era a menor, cabia perfeitamente aqui. Aquela conversa me deixou nostálgica – Confessou – Eu era tão feliz...
- E hoje você não é feliz? – Intrigou-se Jenifer.
- Claro que sou! Eu tenho você, e esse é o principal motivo para eu ser feliz. Mas é que...
- Mas...?
-Talvez a minha felicidade esteja ameaçada. A nossa! Estou com medo por nós Jeni... – disse olhando entristecida.
- Eu estou com você e juntas não deixaremos ninguém estragar o que nós lutamos tanto pra conseguir meu amor. – Jenifer acariciou o rosto da amada e a beijou. Aproveitaram o momento e o escuro e ficaram se curtindo. Meia hora depois, Eleonora decidiu que era melhor voltarem para a festa, pois com certeza o pai daria pela falta dela, ou melhor, das duas.
Elas entraram e se juntaram a Viriato e a namorada Maria Eduarda, Plínio e Angélica e logo se inteiraram da conversa.
Assunto vai, assunto vem e a pergunta que mais era feita para casais homossexuais, especialmente os lésbicos veio à roda. Sem a menor vergonha, Plínio soltou:
- Léo... Responde pra mim com toda sinceridade, como é mulher com mulher na...
- Plínio! – Repreendeu Angélica – Isso é pergunta que se faça?
Jenifer corou e riu completamente sem jeito. Eleonora também ria e para decepção de Plínio respondeu:
- Não muito diferente do que você vê nos filmes pornôs, que por sinal, são muitos.
- Esse moleque não tem jeito mesmo – disse Viriato jogando uma almofada no irmão.
- Mas agora eu vou falar sério – disse mudando a fisionomia. – Eu entendo por que a prima gosta de mulher...
- Entende? – Questionou Maria Eduarda.
- Entendo. Mulher é a coisa mais linda que Deus inventou, e mais deliciosa também.
Todos riram.
- E a sua mulher... Desculpa amor – disse dando um beijo no rosto da namorada – desculpa Léo. Mas a sua mulher é linda, você tem um bom gosto.Jenifer olhou daquele jeito apaixonado que só ela sabia para Eleonora e trocaram um beijo carinhoso no rosto.
- É, ela é linda mesmo – concordou.
- Agora eu tenho uma pergunta pra elas – disse Maria Eduarda – Como foi quando seu pai soube Jenifer? Sua avó, seu irmão...
Eleonora olhou para Jenifer que logo se entristeceu e resumidamente elas contaram os fatos.

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João Manoel estava em casa, como sempre caminhando de um lado para outro, confabulando o melhor jeito de contar para Sebastião sobre o relacionamento da irmã e da cunhada.
Nunca esteve tão decido na vida.
- De hoje não passa! – disse convicto pegando o paletó em cima do sofá. Decidiu ir a pé.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Capítulo 110 ♥

A campainha tocou e Tula, a empregada, avisou Jenifer que era Eleonora. Falou para que entrasse, pois Jenifer estava terminando de se arrumar, Eleonora espiou por cima do ombro da empregada e olhou Flaviana que se fingia de surda e muda, ignorando completamente a presença dela.
- Eu vou esperar a Jenifer aqui fora mesmo – disse.
Mas Jenifer já descia as escadas e parou na metade do caminho dizendo:
- Vem aqui em cima Léo!
Eleonora a olhou, olhou para Flaviana e olhou Jenifer novamente. Jenifer fez sinal com o dedo indicador para que fosse até ela. Eleonora acabou cedendo.
Sentada na cama Eleonora olhava Jenifer se arrumar e dizia com uma ponta de preocupação:
- Jeni, meu pai anda muito vigilante em relação à gente, apesar de estar mais cautelosa do que nunca. Ele anda muito, muito desconfiado.
- Mas ele perguntou alguma coisa? – Quis saber Jenifer enquanto passava o rímel nos cílios inferiores.
- Esses dias ele perguntou se você ainda namorava o Benjamim, e eu respondi que você nunca tinha namorado ele. Ai ele me disse que a mãe tinha dito que vocês namoravam. Perguntei a ela depois, ela disse que tinha falado isso pra que ele ficasse menos desconfiado da gente.
Jenifer lançou através do espelho um olhar preocupado e desapontado. Virou-se de frente pra Eleonora e passou a mão nos cabelos.
- O que a gente faz agora? – Perguntou.
- Temos que ser o mais discreta que a gente já é, se é que isso é possível. Mas calma, não precisa se preocupar a gente vai conseguir. Agora vamos amor, você já está mais linda do que nunca, não precisa de mais nada – disse Eleonora pegando nas mãos de Jenifer.
Deram um abraço apertado e um beijo carinhoso.




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Ao chegar na casa da tia, Eleonora logo varreu a sala com olhos e não achou o pai. Mas não escapou das olhadelas quando viram Jenifer ao seu lado. Olhadelas, cochichos, risadinhas. Mas elas não se intimidaram. O burburinho aumentou quando a figura nada discreta de Giovanni apareceu atrás delas. Se Sebastião as visse juntas, poderia supor que chegaram no mesmo momento por pura coincidência.
Eleonora e Jenifer cumprimentaram as pessoas conhecidas, deram parabéns ao aniversariante que disse:
- Que bom que você veio prima, que bom que vocês vieram – Viriato deu uma piscada pra Jenifer que correspondeu com um sorriso.
Sorriso que se tornou meio sombrio quando seus olhos, encontraram os olhos inexpressivos de Sebastião. Que observava a cena do outro lado da sala.
- Bom, fiquem a vontade. Vou atender os outros convidados – Viriato se retirou.
Eleonora também logo avistou o pai, bem no momento em que pegaria na mão de Jenifer para levar até junto dos outros primos. Caminharam normalmente até o pai.
- Buscou a carteira? – Perguntou Sebastião sem demora.
- Carteira?
- É, sua mãe falou que não viria com a gente, pois buscaria a carteira que havia esquecido no hospital – Os olhos de Sebastião estavam em Jenifer que fugia do olhar amedrontador do sogro.
- Aaaaaah! A carteira... Busquei sim, que cabeça a minha. A esqueci dentro do armário. – Eleonora estava totalmente insegura e tinha certeza que a resposta não tinha convencido o pai.
Sebastião afagou o rosto da filha, e deu-lhe um beijo na testa e foi procurar a mulher que estava na cozinha conversando com Cícera.
Chegou de mansinho por trás da mulher e perguntou:
- Você tem certeza que foi a carteira que a Eleonora foi buscar?
- Que susto homem de Deus! – Exclamou Janice virando-se para o marido – Claro que tenho, por quê?
- Por nada – respondeu seco.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Capítulo 109 ♥

João Manoel saiu de fininho livrando-se do longo interrogatório que Giovanni estaria por fazer.
- Me responda-me minha sogra, vocês querem acabar com o que? Por que se for com a nossa família você já está conseguindo...
- Ah Giovanni quer saber? Os dias dessa pouca vergonha estão acabando. – disse Flaviana categórica saindo da sala sem deixar que Giovanni rebatesse.
Giovanni sentou na cadeira e sentiu a cabeça doer.
Jenifer estava deitada no sofá quando viu o irmão deitando-se no sofá em sua frente. Pensou em levantar e ir para o quarto, mas depois de pensar mais um pouco, pela primeira vez tentaria conversar com ele e pedir trégua.
Se ajeitou no sofá sentando com as pernas cruzadas e apoiou as mãos em cima da almofada que estava no colo. Respirou fundo e começou:
- João!
Foi ignorada.
- João! – Tentou mais uma vez.
Mais uma vez ignorada.
- Joãooooo! – Alterou um pouco.
Ele sem a mínima vontade apenas virou a cabeça em sua direção.
- Será que dá pra você prestar um pouco de atenção em mim?
- Fala, o que você quer? – Perguntou ríspido.
- Nossa! – Espantou-se com o tom grosseiro – É... Eu só quero saber quando é que você vai aceitar que eu não sou e nem vou voltar a ser como você e a vó querem? Melhor dizendo, não quero que me aceitem, eu só quero respeito. Só isso.
João Manoel a olhou nos olhos e percebeu que deles brotavam finas lágrimas. Mas não se comoveu.
- Eu não estou nem ai pra você se quer saber... Você não é mais nada minha. – Levantou-se do sofá e saiu pela porta da sala batendo-a.
“Você não é mais nada minha” golpeou Jenifer fortemente. Sentiu uma pontada no peito, mas tentou se acalmar. Pois o desespero não faria as coisas melhorarem. Estava disposta a virar aquele jogo a seu favor, só precisava aprender a usar as armas certas.
Olhou para o relógio e viu que já estava na hora de se arrumar para o aniversário de Viriato.


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Na casa de Eleonora todos também se arrumavam. Regininha decidiu ir e também havia decidido ter uma conversa definitiva com João Manoel, apesar de ainda sentir-se muito magoada, o amor estava falando mais alto.
- Olha Re, faz o que você achar melhor. Se é dele que você gosta... – dizia Eleonora enquanto terminava de se arrumar.
- O melhor é a gente conversar e se entender, eu sinto muito a falta dele – confessou. – Quando chegar lá veremos, agora me ajuda a fechar esse zíper por que acho que já comecei a engordar.
Na sala Sebastião andava de um lado para o outro, já nervoso com a demora das filhas e da mulher.
- Calma pai, você sabe como elas demoram, sempre. – tentava acalmar Venâncio.
- Anda logo gente, desse jeito vamos chegar lá no fim da festa! – Gritou Sebastião da escada.
Regina e Janice desceram apressadas.
- Cadê a Eleonora?
- Ela não vai com a gente pai, ela vai buscar a... – Regina se interrompeu pois sabia que talvez falaria algo que desagradasse o pai.
- Ela vai buscar o que? – Perguntou já desconfiado.
- Ela esqueceu a carteira no hospital Sebastião. Então vai passar lá e buscar, depois vai pra festa. – disse Janice mudando a versão da história. Eleonora na verdade, ia buscar Jenifer.
Sebastião apenas balançou a cabeça e todos saíram para festa.
Eleonora esperou todos saírem, olhou pela janela e quando já não via mais o carro do pai, pegou suas coisas e saiu para buscar Jenifer.

sábado, 1 de maio de 2010

Capítulo 108 ♥

Nos dias que se seguiram o clima na casa dos Improtta era nebuloso, pesado e estava se tornando impossível. Flaviana e João Manoel continuavam a ignorar Jenifer friamente, que por sua vez tentava se manter forte.
Na casa de Eleonora as coisas iam bem, apesar da desconfiança de Sebastião ela estava se saindo muito bem na arte de driblas aos questionamentos do pai.
- Hoje é aniversario do seu primo minha filha, você vai né? – Perguntou Sebastião enquanto pescava uma fatia de mussarela.
- Vou sim pai, pedi e consegui uma folga hoje – Respondeu Eleonora dando uma golada no seu café.
- E você Maria Regina, vai?
- Vou pai... Quer dizer... O João Manoel vai?
- Não, a Jenifer disse que ele vai ficar em casa. – Avisou Eleonora.
- A Jenifer vai? – Perguntou Sebastião com um olhar enigmático.
- A família toda vai Sebastião. A sua irmã o doutor Giovanni são amigos de anos se você não se lembra – disse Janice.
- É verdade. – Sebastião resumiu seus pensamentos e saiu da mesa para ir trabalhar.
- Mãe, o pai comentou mais alguma coisa com você depois daquele dia? – Quis saber Eleonora.
- Comentou! Disse que ainda ouve algumas coisas sobre você e a Jenifer e que se pudesse impediria você de sair com ela.
Eleonora olhou a mãe desaprovando o que o pai dissera e depois de uma pausa disse:
- Acho que chegou a hora de procurar meu próprio canto pra morar.
Janice e Regininha olharam Eleonora surpresas e o que ela disse ficou vagando pela sala silenciosa.


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Flaviana estava tricotando na sala de jogos quando o neto entrou e disse:
- É hoje vó! É hoje que eu vou acabar com a vida daquela sapatona...
- Pra falar a verdade, acho que você já deveria ter contado e ter acabado com isso de uma vez.
- Ter acabado com o que minha sogra? – Giovanni apareceu como um fantasma, deixando Flaviana com o coração na boca e João Manoel temeroso.