Capítulo 261 ♥

Marcela foi escorregando lentamente pela porta fechada, sentando-se no chão frio. Não conseguia falar mais nada, as lágrimas saiam de seus olhos como uma cachoeira.
Sem saber muito o que fazer Eleonora sentou ao lado de Marcela e a abraçou. Marcela a agarrou pedindo desculpas por ter se apaixonado.
- Você não precisa pedir desculpa de nada – Disse Eleonora ainda abraçada a Marcela – Eu te devo desculpas, não queria te magoar... Olha pra mim, Ma.
Marcela levantou seus olhos vermelhos que transbordavam lágrimas grossas.
- Me perdoa por te fazer chorar assim, por favor. Eu nem sei o que falar... Mas... Eu não quero mais te fazer mal, por isso acho melhor me afastar de você.
Marcela sentiu uma dor ainda maior em seu coração já machucado.
- Vamos ficar bem, ok? – Disse Eleonora – Você é uma pessoa incrível que eu amo muito como amiga e não quero ver sofrendo, ainda mais por mim. Quando você estiver bem o suficiente para me ter como amiga de novo me procura a hora que for, sempre vou esperar por você.
Eleonora beijou o rosto de Marcela e saiu daquele quartinho minúsculo. Marcela permaneceu ali sentada, chorando copiosamente, parecia que nunca mais ia parar.
Voltando para o trabalho Eleonora agora se sentia perdida sem Marcela. Ela não era egoísta ao ponto de passar por cima da dor de Marcela só para não perder a amiga. Agora era o seu coração que doía. Quem recorrer quando seu casamento que foi construído com tanto sacrifício estava ruindo?
“Dafne, claro!” Lembrou-se Eleonora.

Graças à sua competência exemplar, Eleonora tinha grande prestígio com seu chefe o que lhe permitiu sair mais cedo do hospital. Chegou em casa e como de costume olhou no identificador de chamadas para saber se alguém havia ligado enquanto estava fora. Por ter apertado o botão errado Eleonora viu uma ligação feita para o Rio de Janeiro e o número era de Dafne. Uma hora e quarenta minutos durou a ligação.
“Se está acontecendo algo a Dafne deve estar sabendo, né?” Se perguntou Eleonora.
Depois de uma longa inspirada. Eleonora ligou para Dafne.
Dafne escutou o telefone tocar e correu para atendê-lo. Arrependeu-se no mesmo instante de ter atendido. A voz de Eleonora a fez querer fugir.
Depois das perguntas de praxe que se faz quando não se tem notícias de alguém um silêncio de curiosidade pairou por alguns segundos.
- Dafne... Você sabe o que está acontecendo com a Jenifer? – A voz de Eleonora estava abafada.
Dafne exclamou um “Ai, meu Deus” sem som.
- N-não sei d-de nada, Léo – A gagueira de Dafne a entregou - Por quê?
- Não mente pra mim, Dafne. Por favor. Você é a única amiga que tenho agora – Eleonora começava a tentar segurar o choro, o nó na garganta sufocando as palavras – Você sabe de alguma coisa, a Jenifer ligou pra você que eu sei. Seu telefone estava aqui registrado. Por favor, Dafne me diz o que a Jenifer te disse. E-eu não sei o que está acontecendo com ela, se você me disser o que é posso ajudar ela.
O choro suplicante de Eleonora deixou Dafne desesperada, sem saber o que falar. Traição era uma coisa que não podia se contar por telefone. Ainda mais se a pessoa traída fosse alguém que você realmente se importa.
- Léo presta atenção em uma coisa que vou te falar agora: Você vai precisar ser forte, tá? E eu estou do seu lado pra qualquer coisa, entendeu? Só me importo com você agora. Tenho que desligar, tenho um compromisso importante agora. E não se esqueça: Estou do seu lado. Eu te amo, um beijo.
Dafne não deu espaço para Eleonora questioná-la.
“Por que eu preciso ser forte, meu Deus? O que está acontecendo? Não pode ser o que estou pensando”
Eleonora se largou no sofá cansada de perguntas sem respostas.