Capítulo 137 ♥

Era quase noite quando Jenifer voltara para casa. Com um sorriso nos lábios, que surgia sempre que se lembrava dos momentos vividos mais cedo com Eleonora. Estava sentindo-se aliviada por ter feito as pazes com a namorada.
Atravessou a porta e viu algumas malas ao lado do sofá central da sala.
Danielle descia as escadas carregando uma nécessaire e a cabeça baixa. O pai surgiu logo atrás da loura.
- O que tá acontecendo aqui? – Perguntou Jenifer.
- Eu vou embora Jeni – Danielle respondeu em um tom grave, expressão fechada e os olhos indicavam que havia chorado.
- Como assim?
- Depois você pergunta para o seu pai – Danielle encarou Giovanni que estava sentado no sofá, inerte.
Jenifer jogou a bolsa no sofá de dois lugares que estava a sua frente e abraçou Danielle.
- Você não pode ir embora, me explica o que aconteceu... – Jenifer ainda abraçava Danielle.
Jenifer desvencilhou-se do abraço, pegou nas mãos de Danielle e com os olhos tão marejados quanto os de Danielle continuou:
- Você... Você não pode ir embora, não pode me deixar... – Silenciou-se por um minuto, interrompendo as lágrimas que caiam – O que vai ser de mim sem você aqui? Eu sei que é egoísta da minha parte, mas... Fica Dani, por mim.
Danielle não agüentou, e desabou nos braços de Jenifer. Abraçadas choravam copiosamente.
- Eu estou indo embora dessa casa, não de você Jeni – Danielle enxugava o rosto de Jenifer – Eu nunca, presta atenção, nunca vou abandonar você. Eu vou embora, mas meu novo endereço e meu telefone eu vou deixar com você. Sempre que quiser a gente vai poder se ver.
- Ah Dani, você vai fazer tanta falta – lamentou Jenifer.
- Você também Jenifer, e agora chega – Danielle disfarçou a tristeza com um sorriso, passou a mão no olhos eliminando as lágrimas – Até parece que eu vou pra guerra e que nunca mais nos veremos.
Jenifer deu um sorriso e ajudou Danielle com as malas.
Giovanni esperou Danielle desaparecer de seus olhos e se refugiou na sala de jogos.
Sem que percebesse Jenifer entrou na sala de jogos e parou diante do pai, que estava com o olhar vagando no nada.
- Você vai me explicar por que a Dani foi embora? – Perguntou Jenifer.
- Se sente-se meu mimo, vou lhe contar.

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Eleonora foi até a cozinha, pegar a sobremesa do almoço. Abriu a geladeira e se deparou com a tigela transparente vazia, apenas com um liquido viscoso no fundo, a calda.
- Aposto que foi o Plínio que acabou com tudo – disse para si mesma.
- Não duvide minha filha, Plínio come demais – Maria do Carmo entrava pela porta lateral da cozinha, que dava para o jardim. Estava com o olhar diferente do que Eleonora conhecia.
- Ah, ele... – Eleonora interrompeu-se, analisou a tia e recomeçou – Que foi tia, aconteceu alguma coisa?
- Não... Nada minha querida, só estou pensando – respondeu dando um beijo em Eleonora.
- Tia, eu te conheço o suficiente para dizer que há algo de errado com a senhora. Se quiser contar, pode contar, vou estar sempre disposta a ouvir. Afinal de contas, você me ouve sempre não é?
- É tão bom ter você aqui Eleonora, é como se eu tivesse minha filha aqui – Maria do Carmo já começava a chorar, era sempre doloroso quando se lembrava da filha.
A filha de Maria do Carmo fora roubada assim que ela chegou ao Rio de Janeiro, e desde então a retirante nordestina procura pela filha, incansavelmente. E a presença de Eleonora ali, só deixava a saudade ainda mais presente em seus pensamentos.
- Vamos para o meu quarto, daqui a pouco os meninos chegam e a gente não tem privacidade – disse Maria do Carmo.
Maria do Carmo sentou numa cadeira próxima a janela e puxou outra ao seu lado, para Eleonora sentar-se.
- Vou ser bem resumida tá bem? – Maria do Carmo queria ao máximo encurtar a história.
- Tudo bem tia, como você quiser – concordou Eleonora.
- Estávamos lá na quadra da escola, Giovanni me puxou de canto e me beijou. A Danielle viu, saiu de lá correndo dizendo que iria embora e que não era para o Giovanni ir atrás dela. Mas mesmo assim ele foi e não sei como ficou essa história, ele não me ligou.
- Coitada da Dani – murmurou Eleonora.
Maria do Carmo a olhou confusa.
- Ah, tia! Todo mundo sabe que a Dani é louca pelo pai da Jeni, e sabem também que ele sempre foi louco por você.
- Eu não queria que as coisas acontecessem desse jeito. Mas agora já aconteceu, não posso chorar sobre o leite que já foi derramado.
- Pra ser sincera tia, isso mais cedo ou mais tarde ia acontecer. Não é de hoje que vocês dois se amam – Maria do Carmo sorriu diante das palavras da sobrinha – E vocês vão acabar se acertando, e a Dani... Bom, talvez ela já soubesse que cedo ou tarde o Dr. Giovanni ia deixá-la.
- É, você tem razão minha filha. Mas chegue de falar de mim, oxe. Quero saber de você e de Jenifer. Já voltaram a conversar?
- Ficar sem ela, por um segundo, é como ficar sem um pedaço da minha alma – suspirou Eleonora.