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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Capítulo 144 ♥

Eleonora acabava de chegar do plantão, era onze horas da manhã. O cheiro de almoço sendo feito enchia seus pulmões. Foi até a cozinha bisbilhotar.
- Bom dia Cícera, o que vai ter de bom pro almoço hoje?
- Vou fazer uma costela assada. É bem calórica – admitiu a cozinheira.
- Cícera, isso aqui é o que você pediu? – Perguntou Bianca adentrando o recinto com um maço de pequenas folhas verdes em mãos.
- É sim minha querida, pode colocar em cima do balcão. Obrigada.
- Bianca? – Eleonora olhou para o relógio de parede e voltou os olhos para a garota – Você não tinha que estar na escola?
- É, tinha. Mas a professora dos dois últimos tempos faltou e como não tem ninguém lá em casa, eu resolvi vir pra cá – explicou – E mesmo que tivesse alguém eu não voltaria. O clima tá ruim à beça.
- Brigou com o pai de novo? – A pergunta soava praticamente como uma afirmação.
- Ele que brigou comigo. Eu só não fiquei calada – respondeu a garota livrando-se da acusação.
- Hum – murmurou Eleonora não dando muito crédito. – Eu vou dormir por que o plantão hoje foi puxado.
Cícera esperou Eleonora sumir de suas vistas e voltou ao assunto que discutia com Bianca, antes da mesma ir buscar o que ela pedira.
- Então Bianca, acaba de contar – Pediu enquanto tirava a costela do forno para regá-la com o molho shoyu.
- É verdade – Bianca apoiou os cotovelos no balcão, cruzou as mãos e apoiou o queixo nelas – Quando eu disse que viria pra cá, depois da aula, meu pai disse que não. Perguntei por que, ele deu mil e uma desculpas, disse que incomodaria minha avó.
Cícera fez uma cara que parecia dizer “nada a ver”.
- Eu também fiz essa cara. Ai fiquei enchendo o saco dele, falando que estava com saudade da minha avó, dos meus primos. E ele continuou dando as mesmas desculpas – Bianca deu a volta no balcão, e encostou-se nele. Ficando de frente para Cícera e um tom abaixo do que falava prosseguiu – Daí me liguei que ele não quer que eu venha aqui sozinha por causa da Eleonora.
- O que tem a Eleonora? – Questionou Cícera confusa.
- Eu perguntei: É por causa da Eleonora né? Ele não respondeu, deu de ombros. O que tem eu ir lá sozinha? Conversar com ela? Eu perguntei. Sabe o que ele respondeu?
- O que?
- Que era por causa dela sim, que ela poderia me corromper. Ele disse – Bianca fechou os olhos e tamborilou com os dedos no rosto tentando se lembrar – Ah! Ele disse que não queria saber que estive conversando com a Eleonora. Que não quer que eu seja como ela, que ela é má influência...
- Que absurdo – disse Cícera – A Eleonora é uma ótima pessoa. Pena que é sapatão – completou em cochicho.
- Pena por quê? – Alterou-se um pouco Bianca – Vai me dizer que você também não concorda com o fato da Eleonora e da Jenifer namorarem? E sapatão é um termo muito feio. Ela é lésbica.
- É muito estranho ver isso de perto – confessou Cícera – Deus não fez as coisas assim...
Bianca riu.
- Tá rindo do que?
- Dê você, do meu pai e de todo mundo que acha que ser gay é errado. Pecado. “Deus não fez as coisas assim” – repetiu a frase ainda rindo. – Deus fez o livre arbítrio, pra cada um seguir o seu caminho. E não acho que isso seja pecado, amar alguém não é pecado.
Cícera olhava a garota admirada.
- Da onde você aprendeu tanto sobre o assunto? – Perguntou a cozinheira com os olhos estreitos de curiosidade.
- Ah! – Bianca coçou a nuca e soltou um meio sorriso. Fazendo um suspense proposital.
- Bianca, pelo amor de Deus não vai me dizer... – precipitou-se Cícera.
- Calma, calma, calma. Eu não beijei nenhuma garota ok? – Esclareceu apressadamente, antes de ouvir conclusões precipitadas.
- Ufa! – Cícera aliviou-se instantaneamente.
- Mas eu tenho uma amiga que fica com meninas. E por causa dela eu comecei a pensar assim. – concluiu.
- Você é muito nova pra pensar desse jeito – ralhou Cícera.
- Eu já tenho quinze anos – avisou – E idade não é documento. Não são todas as garotas da minha idade que são fúteis e só pensam em ir ao shopping gastar o dinheiro dos pais, beijar todos os garotos e ir a festas e etc. Faço parte da exceção.
Cícera pensou em dizer algo, mas depois do que ouvira achou melhor continuar cuidando de sua costela no forno.

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Jenifer e Eleonora estavam na sala quando Isabel chegou mais cedo do trabalho.
- Boa noite para as primas mais lindas que eu tenho – Cumprimentou Isabel jogando para cada uma um beijo e indo direto para o quarto.
- Boa noite – respondeu Eleonora e Jenifer em coro.
- Continuando o assunto Léo – disse Jenifer – Semana que vem é o meu aniversário, como você sabe... Tava pensando em chamar a Dafne e a Rosalie, um jantarzinho só entre nós.
- Hum... Boa ideia meu amor. Sem grandes comemorações “a lá” Maria do Carmo.
Jenifer riu.
Pouco depois Cícera chamou as duas para jantarem.
Viriato havia buscado a noiva Maria Eduarda para jantar com eles e Plínio buscara Angélica. Maria do Carmo queria reunir todos os filhos, e chamou Reginaldo e a esposa, Vivian. E lamentou o fato de o filho Leandro não estar presente. Leandro estava morando no estado do Rio Grande do Sul, por conta de uma promoção no trabalho.
- Como é bom ver todos os meus filhos junto comigo na mesa – disse Maria do Carmo olhando cada um com um sorriso largo.
- Mas ela não é sua filha – Objetou Reginaldo, apontando para Eleonora.
- Lógico que é – rebateu Maria do Carmo dando uma piscadela para sobrinha-filha.
- Ganhei duas irmãs, uma mais gata que a outra – disse Plínio olhando para Eleonora e Isabel.
- Minha mãe morre de ciúmes quando tia Do Carmo diz isso pra ela – Disse Eleonora sorrindo. E seu sorriso sumiu quando seus olhos encontraram os de Reginaldo, que a olhava com as sobrancelhas unidas, em uma expressão séria.
O jantar seguiu tranquilo, todos conversaram e riram como de costume. Assim que o jantar terminou, Bianca nem esperou a sobremesa, saiu da mesa alegando dor de cabeça. A avó recomendou que se deitasse.
Quando todos estavam na sala, ainda papeando, Bianca desceu as escadas lentamente. Parou umas duas vezes, apoiando-se no corrimão. Sentia uma forte vertigem.
- Gente a Bianca não tá bem – Avisou Jenifer levantando-se do sofá e indo até ela. Passou um braço da garota em volta de seu pescoço e encaixou uma mão em sua cintura.
Reginaldo voltava da cozinha e quando viu a filha sendo carregada por Jenifer até o sofá, disse entre os dentes de modo exigente e grosseiro:
- Tira a mão da minha filha – Jenifer olhou assustada. Reginaldo arrancou a filha do apoio de Jenifer e a colocou no sofá – Bianca, o que você tá sentindo?
- Meu estômago tá embrulhando, minha cabeça tá doendo. – Bianca levou as mãos ao estômago e se contorceu.
- Eleonora, minha filha. Veja o que minha neta tem, ela está pálida – Pediu Maria do Carmo com a voz aflita.
- Nem pense em tocar nela – Estrilou Reginaldo.

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