Capítulo 207 ♥

Jenifer passou a tarde toda em casa, sentindo-se a pessoa mais entediada do mundo. Fez o almoço, lavou a louça, limpou a casa, ajeitou algumas roupas e as horas pareciam ter se estagnado. Na televisão nada lhe chamou a atenção. Ligou seu notebook e navegou sem destino pela internet quando teve uma ideia.
Procurou no site de busca clínicas de fertilização, como não se imaginava concebendo uma criança pelos métodos naturais, viu ali na tela do notebook a única saída para ter o seu filho. Jenifer guardou alguns sites no notebook e deixou um que havia lhe chamado muito a atenção aberto quando seu celular começou a tocar, era a avó querendo saber notícias da neta.
Eleonora chegou em casa e não viu Jenifer logo de cara, bisbilhotou mais um pouco e a viu deitada na rede da sacada conversando no telefone.
- É a minha avó – Sussurrou Jenifer.
- Mande um beijo para ela – Disse Eleonora.
Eleonora jogou sua bolsa no sofá e viu o notebook ligado, foi xeretar para saber o que Jenifer estava fazendo e ficou surpresa ao ver o site que ali estava. Resolveu esperar por Jenifer para entender o que ela pretendia buscando por aquele tipo de informação.
Jenifer desligou o telefone alguns minutos depois e se deteve na porta quando viu Eleonora mexendo no computador, respirou fundo e foi até ela. Beijou seu pescoço e a abraçou por trás.
- Você está cheirando a hospital – Disse Jenifer brincando.
- Vou tomar um banho, quando voltar a gente conversa sobre isso – Disse Eleonora apontando pra tela.
Enquanto Eleonora tomava banho Jenifer desligou o notebook e foi preparar um lanche para elas.
Quando Eleonora saiu do banho sentiu um cheiro tentador de queijo queimado que vinha da sanduicheira. Jenifer estava colocando o suco, copos e os sanduiches numa bandeja. Colocou a bandeja na mesinha de centro da sala e sentou-se ao redor dela. Eleonora fez o mesmo e as duas se olharam estranhamente por alguns segundos antes de tocarem na comida.
Eleonora bebeu um pouco do suco e perguntou direta:
- Você quer ter um filho?
- Quero – Respondeu Jenifer ainda mais direta.
- Não acha que tá muito cedo pra isso? A gente acabou de se casar, acabamos de montar nossa casa, você ainda tem o último ano de faculdade pra terminar...
- Você não pensou nisso quando quis adotar a Manoela, lembra? – Recordou Jenifer.
Eleonora sentiu a alfinetada e a contra-gosto foi obrigada a concordar com o que Jenifer dissera.
- Não quero engravidar agora, mas nas férias de Julho, ou um pouco mais pra frente, por que assim da tempo de terminar a faculdade numa boa – Disse Jenifer brincando com o gergelim em cima do pão.
- Entendi – Eleonora ficou reflexiva, sentindo os pensamentos formando nós e não conseguiu dizer mais nada.
- Você não quer? – Perguntou Jenifer com o desapontamento na voz.
- Eu quero, quero muito ter um filho com você, mas... Eu quero aproveitar mais o nosso casamento, a nossa casa, você. Por que depois que tivermos um filho tudo vai mudar, tudo mesmo.
- Eu sei que a nossa vida vai mudar radicalmente, sei que é uma responsabilidade e tanto, mas eu não quero esperar muito, entende? Eu quero ser uma mãe nova, não quero parecer uma avó ao lado do meu filho – Explicou Jenifer com a voz um pouco chorosa – Mas se você quiser, a gente espera mais um pouco.
- Não precisa fazer essa cara – Consolou Eleonora acariciando a mão de Jenifer – Eu te entendo sim e espero que você me entenda também, ainda temos tempo pra pensar nisso, vamos com calma, sei por experiência própria que precipitar-se em qualquer coisa pode não ter consequências boas.
Jenifer balançou a cabeça dando o assunto por encerrado.
- Me conta como foi seu dia – Pediu, enfim mordendo seu sanduíche pela primeira vez.
- Foi muito corrido, assim que eu cheguei tinha um adolescente com fratura exposta, ombro deslocado e fui ver depois que ele estava também com os dedos da mão esquerda quebrados.
Jenifer fez cara de espanto.
- Acidente de moto. E foram tantas coisas que eu só não vou contar por que estamos comendo agora. E o seu dia como foi?
- Tedioso. – Resumiu Jenifer bufando.
- Se você quiser ir pra casa do seu pai enquanto suas aulas não começam, pode ir, amor. A gente se vê aos finais de semana – Sugeriu Eleonora.
- E deixar você aqui sozinha a mercê de qualquer paulista? Vai sonhando – Esbravejou em tom divertido.