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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Capítulo 310 ♥

Janice encarou a filha algum tempo, processando a notícia que acabara de ouvir.
- O que foi? – Perguntou Eleonora depois de um bom minuto em silêncio.
- Nunca achei que você fosse querer ter filhos – Confessou a mãe – Mas como...? Por que... Ai minha filha, não sei como funciona essas coisas de filhos entre... Entre duas mulheres.
Eleonora riu da confusão da mãe.
- A gente pode fazer inseminação, adotar... Não precisa ser feito do método tradicional – Esclareceu Eleonora – Até por que eu não chegaria a esse ponto pra ter um filho e acho que nem a Jenifer.
- Mas casais assim como você e a Jenifer não podem adotar, ou podem? Se as coisas já são complicadas pra casais “normais”, imagino que pra vocês sejam quase impossíveis.
- É um pouco mais complicado sim, por várias questões, mas não impossível. E acho muito injusto privar quem quer que seja de ter uma família, independente de quem a constitua, seja um homem e uma mulher, duas mulheres ou dois homens. Eles vivem falando que os orfanatos estão cheios, que ninguém quer adotar, mas quando aparece um casal gay interessado em adoção, eles colocam mil empecilhos. Então acho que o importante é a criança ser bem cuidada e amada.
Janice entendeu aquilo como um desabafo e concordou com cada palavra que Eleonora dissera.
- E a Jenifer já sabe dessa sua vontade?
- Ainda não... A gente conversou sobre isso tem um tempo, mas achei que ainda estava cedo, tínhamos acabado de nos mudar e aconteceram muitas coisas e... – Eleonora parou de repente, não queria ter pronunciado o “aconteceram muitas coisas”.
- Quais coisas? – Perguntou a mãe.
- Nada. – Respondeu Eleonora rápida – Coisas de casais.
- Hum... – Resmungou a mãe pouco convencida – Mas você quer engravidar? Você ficaria linda com aquela barriga enorme.
Eleonora sorriu.
- Não... Não tenho vontade de ficar grávida, carregar alguém dentro de mim me parece tão estranho... Mas tenho vontade de adotar, não preciso esperar nove meses, já está lá sabe? “Pronto” – Brincou Eleonora rindo.
- Então eu não vou ter netos? – Questionou Janice um pouco séria.
- Vai.
- Não.
- Como não, mãe?
- Netos só do Vê e da Regininha pelo jeito.
- Então quer dizer que se eu adotar ou a Jenifer engravidar a senhora não vai considerar seu neto? – A pergunta saiu em um tom meio áspero. Eleonora havia ficado chateada com o comentário. Janice percebera.
- Ah minha filha, me desculpa – Pediu constrangida – Eu achei que você fosse me dar netos, mas que saíssem daqui – Janice colocou a mão na barriga de Eleonora, encarando seus olhos – E além do mais, não quero ver você sofrendo por ter perdido a luta da adoção por ser assim... Por ser lésbica.
A palavra saiu da boca de Janice sem que ela tivesse percebido. Desde que descobrira a condição sexual de Eleonora, Janice nunca pronunciara a palavra “lésbica”. E naquele momento parecia que qualquer muro que tivesse entre ela e a filha havia sido quebrado e agora se resumia a pó.
- Eu não vou sofrer – Respondeu Eleonora – Espero que não – Se corrigiu - Apesar de não parecer as coisas estão melhorando pra gente. Existem casais gays no Brasil que já adotaram, depois de muita luta é claro, mas conseguiram... – Eleonora cortou o raciocínio para olhar no relógio do pulso. Janice aproveitou a deixa.
- Me desculpa minha filha. Eu não sei muito bem sobre essas coisas, mas o que você decidir eu vou te apoiar – Redimiu-se Janice – Prometo cuidar do meu neto, seja por qual método ele venha.
Eleonora sorriu e beijou a face da mãe.
- Agora vou lá na casa do pai da Jenifer ver o pessoal e buscar minha mulher – Comentou Eleonora – Talvez eu durma lá, ou aqui ainda não sei...
- Vai com Deus minha filha, de qualquer maneira seu quarto vai ficar arrumado – Informou a mãe.
Quando Eleonora passou pela porta da sala, Janice sentiu o peso da notícia cair sobre si. Mesmo que aceitasse a filha e a companheira dela, ainda havia alguma coisa que a incomodava. Não sabia muito bem como lidar com a situação de ter um neto adotado ou filho da companheira de sua filha. Não entendia como duas mulheres poderiam criar juntas uma criança sem trazer maiores problemas. Mas não via outra saída além de aceitar e apoiar a filha em qual decisão que fosse. E aprender a amar a criança que estava por vir.

Um comentário:

Rose disse...

Ainn que saudades da D. Janice =/