Capítulo 181 ♥

Por uma semana Eleonora não conseguiu se desprender do vínculo que se formara entre ela e Manoela. Todos os dias passava pelo berçário de forma despretensiosa, como se a qualquer momento a pequena Manoela aparecesse ali, em meio a manta cor de rosa.
Do outro lado Jenifer havia se recuperado mais rapidamente da perda de Manoela, descobriu que lá no fundo estava despreparada para tamanha responsabilidade. Fizera aquela escolha, de ficar ao lado de Eleonora, por amor à ela. Mas no mesmo lugar onde o despreparo se instalara, outro sentimento começara a crescer e talvez num futuro distante, ou nem tanto, ele estive pronto pra ser posto em prática.

Era mais um dia quente em Vila São Miguel, o ar condicionado do hospital parecia não suportar a massa de ar quente que entrava pelas janelas.
Eleonora voltava da cantina quando foi surpreendida por Miro no corredor.
- Bom dia doutora Eleonora – Cumprimentou Miro com um sorriso.
- Bom dia – Respondeu ajeitando o copo de café na mão.
Miro continuou sustentando seu sorriso e seguiu pelo corredor.
- Miro? – Chamou Eleonora – Posso conversar com você mais tarde?
- Claro, passe lá no escritório.

Eleonora bateu na porta do escritório e ouviu um “entre”.
- Em que posso ajudá-la? – Perguntou Miro.
- Vou ser direta – Já habituada aquele espaço, nem esperou autorização de Miro e Eleonora sentou-se na cadeira, cruzando as pernas para evitar que seu pé nervoso começasse a bater no chão – É sobre aquela proposta que você me fez há alguns dias...
- Hum – Miro cruzou as mãos sobre a mesa e encarou os olhos de Eleonora de forma enigmática – Sim, o que tem?
- Ela ainda está de pé?
- Até onde eu saiba sim. O diretor do hospital de São Paulo disse que a vaga ainda não havia sido preenchida quando eu disse que por enquanto você não poderia aceitar.
Eleonora ficou reflexiva, olhos parado na cortina atrás de Miro.
- Ainda está interessada? – Perguntou Miro roubando a atenção.
- Estou... Mas antes eu preciso perguntar a Jenifer se ela vai comigo, comunicar minha família...
- Não diga nada a ninguém por enquanto. Vou ligar para o Pablo, diretor do hospital, para saber se a vaga ainda está disponível.
- Tomara que ela esteja... – Eleonora disse aquilo com uma esperança fraca.
- A história daquela criança mexeu muito com você, não é?
- É. Não consigo me desligar completamente dessa história. Já estou um pouco cansada daqui também, quero algo novo, conhecer pessoas novas, novos desafios...
- Certo. Hoje é quarta – Disse Miro passando o indicador nas datas do calendário que estava sobre a mesa – Até sexta-feira eu tenho uma resposta pra você, tudo bem?
- Tudo bem. Obrigada.
Eleonora saiu da sala desejando o mais forte que conseguia que aquela vaga no hospital de São Paulo, ainda estivesse esperando por ela. E mais do que isso, que Jenifer estivesse ao seu lado.