Capítulo 173 ♥

A expressão de Jenifer mudou da pequena desconfiança para uma expressão de duvida.
- Manoela?
- É, a neném que você conheceu hoje – Explicou Eleonora.
Da dúvida a expressão de Jenifer mudou para uma surpresa e decepção instantânea. Jenifer estava em pé encostada ao guarda-roupa e se viu obrigada a sentar na cama para endireitar os pensamentos.
- Eu sei q...
- Você não ia me contar nada? – Interrompeu Jenifer – Ou só ia me contar quando adotasse a menina?
- Eu ia te contar sim, ia te contar depois de conversar com o advogado sobre isso.
Jenifer balançou a cabeça para os lados e deu um sorriso nervoso.
- Você nem perguntou o que eu achava disso... Não acredito que você tá fazendo isso.
Eleonora sentou ao lado de Jenifer.
- Olha pra mim – Jenifer encarou Eleonora duramente – Eu sei que eu me precipitei, mas eu fiquei apaixonada pela Manoela e não quero que ela vá pra nenhuma casa de adoção e nem volte para os pais.
- E você vai morar com ela onde? Aqui? – Questionou Jenifer ainda nervosa.
- Não, no apartamento da Claudia...
- E quando ela voltar?
- Ela não vai voltar. Eu liguei pra ela e ela disse que queria vender o apartamento e eu tô querendo comprar ele.
Lágrimas grossas desceram o rosto de Jenifer que estava tingido de vermelho.
- Eu não acredito nisso! Léo, você lembra o que eu disse sobre filhos... – Estrilou Jenifer.
- Mas você não vai estar sozinha, estamos juntas nessa Jeni – Tentou acalmar inutilmente Eleonora.
- Eu tenho uma faculdade pra terminar, não tenho emprego, moro com meu pai, há pouco tempo eu descobri e aceitei minha sexualidade, mas ainda é meio estranho. E do nada, você joga uma bomba dessas na minha mão...
Enquanto Jenifer falava, limpava o rosto com o dorso da mão e pegava sua bolsa.
- Onde você vai? – Perguntou Eleonora.
- Eu vou embora por que estou com dor de cabeça, a gente se fala depois – Jenifer saiu sem mais explicações e sem dar nenhum beijo em Eleonora.
- Droga! – Gritou Eleonora dando um soco na cama – Enfiei os pés pelas mãos.

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Dois dias depois e Jenifer ainda não tinha dado nenhuma noticia para Eleonora. Não atendia as ligações, não respondia mensagens de texto do celular... Jenifer havia mesmo ficado chateada com Eleonora.
Sua cabeça rodava sempre que ela pensava na adoção que Eleonora queria fazer.
- Pode dizer o que esta acontecendo – Disse Dafne colocando o lápis sobre o livro aberto em cima de sua cama, encarando Jenifer de forma exigente.
Jenifer negou com um aceno de cabeça.
- Se você não falar comigo vai falar com quem?
Jenifer fechou o livro e respirou fundo.
- Lembra que eu te contei de uma criança que a Léo achou perto do hospital?
- Lembro.
- Então, ela quer adotar a criança, já deu até nome. Manoela.
A boca de Dafne formou um “O” e ela soltou um “caraca” sem som.
- Caraca mesmo – Concordou Jenifer.
- E você, o que acha disso?
- Eu não sei... Até ontem minha única preocupação era minha faculdade. Hoje minha vida deu uma volta de 180°, e a Léo me vem com essa história de querer adotar uma criança? Um bebe... – Jenifer bufou e coçou a nuca.
- Complicado amiga...
- Muito.
- Foi um pouco de vacilo da Eleonora não ter te contado nada, talvez já temesse essa sua reação e queria te deixar sem escapatória, sei lá... Mas se ela adotar a Manoela, você vai terminar com ela por causa disso?
- Claro que não! – Exclamou Jenifer convicta – Não posso viver sem a Léo, mas também não sei como lidar com isso. Casamento, filho ou filha no caso...
- Conversa com ela amiga, simples.
- Faz dois dias que eu tô fugindo dela.
Dafne desaprovou a atitude com o olhar.
- Eu sei, eu sei que tô sendo infantil.
- Ah, ainda bem que você assume – Debochou Dafne.
- Ai meu Deus, eu nem tenho cara de mãe – Brincou Jenifer.
- Vão ser as mães mais lindas do mundo – Elogiou Dafne, tirando um sorriso de Jenifer – Mas esse negócio de adoção demora, e acho que isso vai ser bom pra você ir assimilando as coisas...
Jenifer fez sinal com a mão para que Dafne esperasse e foi ligar para Eleonora.
- Me desculpa por estar fugindo de você. A gente pode conversar hoje?
- Podemos. Na sua casa ou na minha?
- Tanto faz o lugar, eu só quero conversar com você.