Giovanni colocou a mão da filha sobre seu colo e virou-se para ela um pouco confuso.
- Noivado... – Começou a dizer Giovanni piscando os olhos assustados – Se alguém noiva é por que depois...
- Vai se casar – concluiu Jenifer.
- E se você está com uma aliança de noivado no seu dedo é por que... – Continuou Giovanni reflexivo e tentando encaixar as peças em sua cabeça.
- Por que a Léo me pediu em casamento.Os olhos de Flaviana pareciam que sairiam do lugar, tamanho susto que tomou.
João Manoel por outro lado, começou uma risada incontrolável.
Giovanni e Jenifer viraram-se para João Manoel sem entender.
- Qual é a graça João Manoel? – Perguntou Giovanni.
- Isso é ridículo. RI-DÍ-CU-LO. Uma mulher se casar com outra. Colocar aliança de noivado – continuou rindo – Você perdeu a vergonha mesmo...
- Some daqui João Manoel – ordenou Giovanni.Ainda rindo João Manoel nem contestou o pai, e subiu para o quarto.
Jenifer nada disse. Apenas sentiu uma vontade gigantesca de chorar.
- Não ligue para ele meu mimo – Giovanni pegou nas mãos de Jenifer, acariciando-as – Mas agora me diga-me... Você aceitou se casar-se com a doutora?
Flaviana continuou a tricotar no outro sofá, sem tirar os olhos do que fazia, mas com os ouvidos bem abertos.
- Aceitei pai. Mas não vamos nos casar agora, ela disse para eu terminar a faculdade primeiro e a gente precisa de uma casa também.
- E você tem certeza de que quer... – Giovanni limpou a garganta e tentou ser o mais calmo possível – Se casar-se com a doutora?
- Tenho pai – Respondeu Jenifer com os olhos brilhando – O senhor tem alguma coisa contra?
- Nha... Não, contra não. Só não quero que você se precipite-se.
- Não vou me precipitar, confia em mim.- Eu confio meu mimo, eu confio...
Giovanni abraçou a filha e Jenifer disse que iria subir pois estava cansada.
- Você concorda mesmo com isso? – Perguntou Flaviana assim que Jenifer saiu da sala.
- Isso o que minha sogra?
- Isso. Essa... Essa pouca vergonha, mulher só se casa com homem meu genro e a sua filha tá iludida, achando que vai ser feliz com aquela outra.
- Ela não está iludida minha sogra, e ela não está achando que vai ser feliz. Ela já é feliz com a doutora. Agora fique quieta e continue com o seu tricô – Respondeu Giovanni com rispidez.
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Já à noite, Eleonora estava no quarto relembrando os momentos mágicos que vivera na noite anterior quando ouviu uma batida na porta.
Cícera colocou a cabeça no espaço da porta entreaberta e disse que a mãe e os irmãos haviam chegado, que esperavam por ela lá embaixo.
Eleonora ajeitou o cabelo e desceu.
Depois dos cumprimentos Janice disse:
- Posso saber o por que dessa reunião?
- Espera só um pouquinho... – Eleonora se interrompeu quando viu Jenifer entrando pela porta da frente – Ela já chegou.
- O que tá acontecendo aqui? – Perguntou Viriato entrando logo atrás de Jenifer quando viu todos os familiares na sala.
Jenifer cumprimentou a todos, e ficou ao lado de Eleonora.
- Bom – começou Eleonora segurando a mão de Jenifer – Eu chamei todos vocês aqui, pois quero fazer um comunicado, muito importante.
Viriato sentou-se no braço do sofá principal ao lado de Isabel e prestou atenção no que Eleonora tinha a dizer.
- É o que estou pensando Léo? – Perguntou Jenifer no ouvido de Eleonora.
Eleonora respondeu com um olhar iluminado e prosseguiu.
- Eu e a Jenifer vamos nos casar.
- É sério? – Perguntou Plínio pouco convencido.
Eleonora e Jenifer levantaram as mãos exibindo as alianças.
Venâncio saiu de seu lugar e abraçou a irmã e a cunhada.
Maria do Carmo não hesitou em pedir para que abrissem uma champanhe.
- Mas vocês vão se casar quando minha filha? – Perguntou Janice.
- Não sei mãe, a Jenifer tem que terminar a faculdade, a gente precisa de uma casa...
- Desculpem a minha ignorância, mas... Vocês vão se casar numa igreja? – Perguntou Isabel.
Eleonora riu.
- Não, não podemos nos casar numa igreja. O casamento gay, ainda é um acordo de união estável que se assina no cartório – respondeu Eleonora - Mas que não garante automaticamente direitos sobre herança, guarda dos filhos, se for o caso.
Um coro de “hum, entendi” foi feito.
Janice abraçou a filha e a nora, e segurando a mão de ambas como se fosse um elo disse olhando nos olhos de cada uma:
- Eu só quero que vocês sejam felizes, casando numa igreja ou não... – Janice voltou os olhos para Jenifer e soltou a mão da filha. Unindo suas mãos com Jenifer apenas – E você, cuide bem da minha filha.
- Não precisa nem pedir – Disse Jenifer sorrindo.
Eleonora e Jenifer deixaram os familiares conversando e foram para o jardim. O céu estava pouco estrelado, uma fina fatia da lua estava encoberta por uma nuvem cinza. Um vento fresco anunciava que poderia vir chuva.
Jenifer balançava os pés sentada no banco e o observava o céu enigmático.
- Um beijo pelos seus pensamentos – Disse Eleonora roubando a atenção de Jenifer.
Jenifer inclinou a cabeça, sorria e mesmo com a pouca luz que iluminava o jardim era possível notar o brilho em seus olhos.
- Eu tava pensando que ainda falta uma pessoa saber sobre o nosso... Casamento.
- Quem? – Quis saber Eleonora.
- A Dani. Ela nos chamou para irmos conhecer a casa dela lá no Rio.
- Hum... Por esses dias não vai dar, por causa dessas folgas que eu peguei por causa do seu aniversário, não sei quando vou conseguir outras.
Jenifer fez careta, mas no fundo entendia mais do que ninguém como era “estranha” a rotina de Eleonora.
- Pode ser no finzinho do mês, eu vou ver com ela e depois te falo tá?
Eleonora piscou e se aconchegou em Jenifer, esquentando-se.
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