Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: janeiro 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Capítulo 241 ♥

Enquanto o molho do macarrão borbulhava na panela, Eleonora mostrou seu apartamento para Marcela. Estavam vendo agora a estante onde ficavam algumas fotos da família, do casal, de amigos...
- Que foto linda! – Exclamou Marcela com um portarretrato na mão. Era a foto do casamento de Eleonora e Jenifer.
- No dia do nosso casamento – Informou Jenifer.
Marcela a olhou desapontada. Colocou o portarretrato de volta na estante e pegou outro onde tinha uma foto de Eleonora pequena junto dos irmãos.
- É você? – Perguntou Marcela apontando para a pequena garota de vestido florido na fotografia.
- Sou – Respondeu Eleonora envergonhada – Essa foto está ai mais pelo significado, por que eu não estou muito bonita...
- Você sempre foi linda, Léo... Sempre... – Disse Marcela sem pensar.
- O molho do macarrão vai queimar – Avisou Jenifer para Marcela.


Durante o jantar Marcela se segurava, mas não conseguia desviar os olhos de Eleonora. Quando Eleonora se dirigia a ela durante alguma conversa, Marcela fazia questão de se perder nos olhos e nos lábios dela. Esforçava-se para segurar o sorriso que queria escapar.
Para Eleonora era apenas uma conversa com uma amiga que fizera no trabalho, sem maiores significados. Para Marcela era mais uma oportunidade para aproveitar o máximo de tempo com aquela pessoa que estava mexendo com seus pensamentos e sentimentos. Para Jenifer era a prova de que se ela não cuidasse do que era seu, alguém faria isso por ela.
No fim do jantar as mãos de Eleonora pousaram sobre a mesa, Marcela fez o mesmo com a desculpa de colocar os talheres sobre o prato vazio. Sua mão direita encostou-se à mão esquerda de Eleonora. Eleonora retirou sua mão no mesmo instante em que os olhos de Jenifer viram, não por se incomodar com o toque, mas sim por ter de pegar o prato e se retirar da mesa.
- Vou pegar a sobremesa – Avisou Eleonora.
Marcela foi junto para pegar as taças e as colheres. Da mesa Jenifer observava tudo sentindo o jantar se revoltar no estômago.
- Será que o seu mousse saiu melhor que o meu macarrão? – Perguntou Marcela olhando Eleonora maliciosamente.
- Tenho certeza que sim – Respondeu Eleonora convicta sorrindo para Marcela.
- Tem molho de tomate na sua blusa branca, vai manchar – Avisou Eleonora pegando um guardanapo e passando sobre a mancha que ficava um palmo a cima dos seios de Marcela.
Marcela olhou para esquerda e viu o olhar duro de Jenifer condenando-a. Tirou o guardanapo das mãos de Eleonora e disse:
- Não tem problema, Léo. É só eu colocar em água quente quando for embora.
- Mas vai demorar até você chegar em casa, eu vou te emprestar uma blusa – E Eleonora saiu em direção do quarto, com Jenifer nos seus calcanhares.
Jenifer deitou na cama, emburrada, mas não o suficiente para que Eleonora perguntasse o por que.
- Ué vai ficar ai? – Perguntou Eleonora.
- Vou, ainda tenho algumas coisas para estudar – Mentiu Jenifer.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Capítulo 240 ♥

Marcela se aproximou do casal um pouco desconfortável, tentando não se sentir tão mal por ver a mão de Eleonora entrelaçada a mão de Jenifer.

- Então você é a famosa Jenifer – Disse Marcela dando um beijo no rosto de Jenifer. – Muito prazer.
- Famosa? – Repetiu Jenifer ainda mais desconfortável que Marcela. O bichinho do ciúme alojando-se em seu pensamento.
- Muito. Acho que até vou te pedir um autógrafo – Brincou Marcela arrancando um sorriso de Eleonora e um sorriso amarelo de Jenifer.
- Amor, vamos fazer o jantar. – Avisou Eleonora levantando-se do sofá para ir para a cozinha.
Marcela a seguiu.
- Eu ajudo vocês – Disse Jenifer não querendo deixar Eleonora sozinha com Marcela.
- Não, pode ficar tranquila ai estudando – Disse Eleonora.
- Eu vou ajudar – Encrespou Jenifer.
Depois de tirar as coisas das sacolas, Eleonora colocara uma panela com água no fogo enquanto Marcela desempacotava o macarrão.
Jenifer colocava os tomates sobre a tábua e separava um para cortar em pequenos cubos. Mantinha os olhos atentos ao movimento da faca sobre o tomate.
- Engraçadinha! – Exclamou Eleonora quando Marcela passou o dedo molhado de chocolate no rosto de Eleonora.
Jenifer olhou a cena com os olhos cemicerrados de raiva. Começou a cortar o tomate com mais força e rapidez e a imagem dos beijos de Kátia lhe invadiram a mente e um segundo depois a faca acertara o seu dedo indicador esquerdo.
- Aaaai! Droga – Reclamou Jenifer levando o dedo a boca.
- O que foi, meu amor? – Perguntou Eleonora limpando o rosto sujo de chocolate.
Jenifer mostrou seu dedo para Eleonora. A quantidade de sangue que saía do dedo de Jenifer demonstrava um corte profundo.
- Não sei se deve dar ponto – Examinava Eleonora enquanto tentava estancar o sangue com uma gase – Anda distraída, hein meu amor? Acho que nunca vi você se cortar com nada.
- Pra tudo tem a primeira vez – Disse Jenifer secamente, fazendo careta quando Eleonora pingou algumas gotas de um remédio que fez o dedo arder.
Enquanto o dedo de Jenifer latejava, ela colocava o vinho no freezer e fazia coisas que não envolviam qualquer tipo de objeto cortante ou pontiagudo.
Marcela e Eleonora demonstravam um entrosamento insuportável aos olhos de Jenifer. Olhares felizes, piadas que para ela soavam sem graça, mas que faziam Eleonora rir, conversas em comum sobre o hospital... Tudo incomodava Jenifer, mesmo ela estando ciente de que não tinha moral para se sentir daquela maneira.
- Alguém pega o leite condensado pra mim? – Perguntou Eleonora enquanto mexia uma pequena panela.
As mãos de Jenifer e Marcela voaram para a lata de leite condensado, mas Jenifer a pegou e depois de colocar o líquido na panela, passou o dedo indicador não machucado dentro da lata e lambuzou os lábios de Eleonora, dando um beijo em seguida. Seus olhos fuzilaram Marcela que sentiu o coração se comprimir dentro do peito ao ver a cena.
Eleonora colocou o que estava na panela num recipiente de vidro e Marcela se aproximou dizendo:
- Bom, bonito está, agora quero ver se está bom.
- Você não confia mesmo nos meus dotes culinários, né Ma? – Perguntou Eleonora rindo – Você vai cair do cavalo, esse vai ser o melhor mousse de chocolate que você já comeu.
- Veremos – Desafiou Marcela.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Capítulo 239 ♥

Jenifer sentiu as palavras de Abelle como um tapa na cara. Encostou-se a grade e viu o corpo de Kátia encostar ao seu. Como era a única pessoa que estava ali no momento, Jenifer envolveu a cintura de Kátia com seus braços, procurando no lugar da sua perdição um pouco de segurança.
- Não liga pra ela. Se a sua mulher te ama mesmo, ela vai te perdoar por essa... – Kátia procurou palavras pra descrever o que estavam fazendo – Essa, pulada de cerca.
Jenifer levantou os olhos e encarou Kátia um pouco confusa. Aquilo era o que ela menos precisava escutar, incentivo para continuar traindo Eleonora.
- Eu preciso voltar, tem mais uma prova me esperando – Disse Jenifer se desvencilhando do abraço.
- Não vai me dar nem um beijo? – Perguntou Kátia segurando Jenifer pela mão, seduzindo-a com seu meio sorriso.
Jenifer vacilou por meio segundo, mas foi até Kátia e lhe deu um beijo rápido. Sentiu Kátia colocando alguma coisa no bolso traseiro de sua calça e enquanto voltava para a sala de aula viu que era o número de celular da sua professora.
O intervalo durara menos que o habitual, pois era semana de prova e quando Jenifer sentou no seu lugar, todos seus amigos já estavam na sala.
Abelle ainda apresentava sintomas de nervosismo, não levantou os olhos quando Jenifer sentou-se ao seu lado. Todos a volta perceberam a tensão e preferiram não perguntar nada, pois sabiam que Abelle ficava completamente grosseira quando alguma coisa lhe desagradava.
E assim o clima ficou até o final das provas. Ninguém perguntou nada. Ao irem embora todos se despediram normalmente, menos Abelle e Jenifer. Cada uma tomou um rumo diferente.


Jenifer estava na sala revisando a matéria para a prova do dia seguinte quando ouviu gargalhadas vindo do outro lado da porta. E uma dessas gargalhadas era de Eleonora. Quem estava junto dela?
- Fecha a porta pra mim – Pediu Eleonora com as mãos cheias de sacolas de supermercado e com as bochechas coradas de tanto rir.
Marcela fechou a porta ainda rindo e colocou sua bolsa e outras sacolas de supermercado em cima da bancada da cozinha.
Jenifer parou o que estava fazendo e ficou paralisada olhando a cena, esperando alguma explicação.
- Oi minha vida – Cumprimentou Eleonora indo até Jenifer e dando-lhe um beijo.
Marcela abaixou os olhos evitando a cena.
- Tudo bem? Como foram as provas?
- Nada fáceis, mas acho que me sai bem – Respondeu Jenifer olhando para Eleonora. – Quem é? – Perguntou indicando Marcela com a cabeça.
- Ah! Vem cá Marcela – Eleonora fez um aceno com a mão – Marcela, essa daqui é a minha menina, a minha Jenifer.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Capítulo 238 ♥

- Não – Sussurrou Jenifer na boca de Kátia.
- Por quê? Não tá com saudade de mim? – Perguntou Kátia sem se afastar nenhum milímetro.
- Não faz essas perguntas. Eu te chamei aqui pra dizer que... Que eu estou dando um fim ni... – E antes de Jenifer completar a frase Kátia a beijou.
Jenifer a empurrou.
- Por favor, para com isso. Eu não vou mais me render a você. Não quero mais saber de você me “sequestrando” e... Chega, Kátia. – Disse Jenifer um pouco vacilante.
- É só por causa disso? – Perguntou Kátia pegando na mão esquerda de Jenifer e apontando para a aliança.
- É por causa disso sim, ela é o amor da minha vida e você... Você é só...
- Sou só uma professora que morre de desejos por sua aluna – Completou Kátia demonstrando que queria beijar Jenifer mais uma vez.
Jenifer colocou os dedos na boca de Kátia.
- Não, isso não vai mais acontecer e dessa vez é de verdade – Jenifer levantou-se do banco indo para perto das piscinas.
Kátia a seguiu e assim que Jenifer colocou os pés no espaço coberto sentiu a mão firme de Kátia puxando seu braço e fazendo seu corpo colidir com o dela. Kátia beijou Jenifer a força.
Jenifer deu socos no peito de Kátia, pediu que a soltasse, mas Kátia só fazia a apertar mais em seus braços. E então Jenifer mais uma vez se rendeu a Kátia.
- Não acredito nisso! – Gritou Abelle ao ver Kátia e Jenifer se beijando.
Kátia soltou Jenifer instantaneamente. Jenifer cambaleou alguns centímetros e se apoiou na grade que estava atrás dela.
- Calma, Bel não...
- Vai fazer que nem nos filmes e dizer que “não é nada disso que você está pensando”? – Gritou Abelle – Eu não acredito que você tá fazendo isso Jenifer, não foi isso que conversamos mais cedo...
Kátia olhou para Jenifer e depois para Abelle e novamente para Jenifer e com seus olhos azuis estreitos perguntou com uma voz baixa e raivosa:
- Então ela manda em você.
- Não! Ela não manda em mim, mas ela é minha amiga e amigos aconselham – Defendeu Jenifer.
- E quem disse que o que estamos fazendo é errado? – Perguntou Kátia ainda irritada.
- Ela é casada, casada com uma mulher maravilhosa e você é uma... Uma sem vergonha que não sabe respeitar isso – Disse Abelle sentindo o sangue esquentar em seu rosto.
- Olha aqui mocinha, eu posso levar essa acusação à direção e dizer que você faltou com respeito a sua superior – Ameaçou Kátia com o dedo em riste para Abelle.
- Ah, vai, é? – Duvidou Abelle – E eu vou dizer que a minha querida professora é uma vagabunda que fica dando em cima das alunas.
- Chega vocês duas – Gritou Jenifer o mais que pode – Ninguém vai fazer nada. Ninguém.
- Você vai fazer sim, Jenifer – Corrigiu Abelle – Diz pra ela o que conversamos mais cedo.
Jenifer abaixou os olhos por poucos segundos. E Abelle explodiu diante do ato da amiga.
- Quer saber, Jenifer? Eu lavo as minhas mãos, você é grande o suficiente pra tomar suas decisões sozinhas. Vou te avisar só uma coisa, quando você estiver afundando, sozinha, sem essa daí – Apontou para Kátia – e sem a Léo, eu não vou estar aqui.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Capítulo 237 ♥

O sinal avisando que a terceira aula começaria tocaria em dez minutos. Mas quando Abelle viu Kátia saindo da sala, percebeu que a professora terminara a aula mais cedo.
Kátia ia para cantina pegar um suco e viu Jenifer e Abelle sentadas. Desviou da cantina e foi até suas alunas.
- Bom dia, minhas alunas preferidas – Cumprimentou Kátia com um pequeno sorriso.
- Vem, Jenifer. A gente tem prova daqui a pouco – Disse Abelle puxando Jenifer pelo braço delicadamente ignorando a presença de Kátia.
Jenifer deu uma olhada para trás e viu Kátia com uma expressão de interrogação, sem entender o que acontecera.
- Enquanto eu estiver por perto, você não vai ficar sozinha com ela – Avisou Abelle entrando na sala.
- Eu não preciso de babá – Irritou-se Jenifer jogando a bolsa em cima da mesa.
- Não só precisa de babá como acho que precisa de umas boas palmadas no bumbum pra parar de fazer besteira - Zombou Abelle.
Jenifer bufou feito um touro bravo e se virou pra frente.
- Ixi, o que tá pegando? – Perguntou Jeremias indo cumprimentar Abelle e Jenifer – Brigaram?
- Não, não – Garantiu Abelle – Só tivemos uma conversa um pouco mais séria.
- Jenijeni, cadê meu beijo? – Perguntou Max chegando animado.
Jenifer beijou a bochecha dele, ainda carrancuda.
- O que aconteceu, hein? Vou ter que te fazer cócegas pra tirar um sorriso seu, hein, hein? – Perguntou Ícaro cutucando as costelas de Jenifer.
Jenifer deu um pequeno sorriso e ia devolver as cócegas quando o professor gorducho entrou na sala.


Quem havia terminado a prova poderia sair mesmo antes de o sinal bater. Ainda faltava meia hora para o fim da prova.
Jenifer terminou a prova e sentiu-se aliviada em ver que Abelle ainda fazia a prova. Sem pensar, pegou um dinheiro na carteira e o embolou de qualquer jeito guardando-o no bolso. Não queria dar tempo para Abelle olhá-la e repreende-la. Saiu como um raio da sala e foi para a cantina.
Ainda sentia o estômago se retorcer ao ver comida, pegou apenas seu suco de abacaxi e esperou que Kátia passasse por ali.
Cinco minutos haviam passado e nada da Kátia. Dez minutos depois e nada. Jenifer cansou de esperar e foi até a sala dos professores.
Juntos de alguns outros professores, Kátia estava na sala conversando sobre qualquer coisa quando Jenifer parou na porta que estava aberta.
- Oi. Precisa de alguma coisa? – Perguntou uma professora alta e magrela como um pedaço de bambu.
- E-eu poderia conversar com vo... com a senhora, professora Kátia?
- Claro! – Exclamou Kátia sem pensar. Tentou conter a ansiedade que começava a sentir e saiu junto de Jenifer. – Senti sua falta na minha aula, pensei que fosse te ver só amanhã.
Jenifer fingiu não ouvir.
Pararam e sentaram perto de alguns bancos do lado de fora. O céu estava nublado, mas não havia sinal de chuva.
Kátia virou-se de frente para Jenifer. Olhou ao redor e viu que não tinha ninguém. Aproximou-se e ao sentir a respiração quente de Jenifer colocou sua mão na nuca dela, puxando-a para mais perto.

Capítulo 236 ♥

Abelle poderia sentir seu queixo atingir o chão e voltar para o lugar. Os seus olhos verdes ficaram arregalados e ela precisou de um minuto para pensar.
- Foi com a professora Kátia, né? – Perguntou.
- Foi – Confirmou Jenifer ainda sentindo o nó apertando sua garganta.
- Por que você fez isso, Jenifer? A Eleonora é uma mulher tão boa, tão carinhosa, ela te ama tan...
- Eu sei, Bel. Não precisa me torturar com suas palavras, eu sei de tudo isso, mas é que... Aconteceu e eu... Se não fosse por esse sentimento horrível que tá me corroendo eu poderia dizer que eu gostei.
- Com sentimento ruim ou não, você gostou Jenifer e pelo visto vai destruir o seu casamento por causa disso. Inacreditável... – Refletiu Abelle sentindo a cabeça esquentar.
- Não, não vou destruir meu casamento. Eu quero parar, juro pelo o que você quiser – Exasperou-se Jenifer – Eu só não consigo dizer não pra Kátia, quando ela chega perto de mim... – E Jenifer sentiu os pelos dos braços se arrepiarem.
- Não quero saber o que você sente quando a professora chega perto de você. E você pode sim dizer não pra ela, Jenifer. Você sabe que pode, acho que você não quer – Acusou Abelle indignada.
- Eu quero sim – Disse Jenifer aumentando o tom de voz – Eu só não sei por onde começar.
- Se não sabe, eu vou te falar. Você vai puxar ela pra conversar na hora do intervalo, e vai dizer olhando nos olhos dela que tudo que aconteceu foi um erro, que não vai mais se repetir por que você tem um casamento perfeito, a mulher que qualquer um ou qualquer uma gostaria de ter e que não vai deixar ninguém estragar isso – Abelle encarava Jenifer furiosa, seus olhos verdes fizeram Jenifer tremer.
- Não é fácil – Contestou Jenifer.
- Eu não disse que é fácil, mas é necessário. – Abelle acalmou-se e pegou nas mãos de Jenifer que repousavam em cima da mesa – Olha pra mim, Jeni...
Jenifer encarou Abelle agora mais calma.
- Você não vai encontrar ninguém melhor que a Eleonora pra você. Eu conheço vocês há poucos meses, mas as poucas vezes que fui à sua casa percebi a dedicação e quase... Quase devoção com que a Léo cuida de você. Por favor, Jenifer, para com isso.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Capítulo 235 ♥

Jenifer chegou à faculdade e o relógio no pulso lhe informava que a segunda aula havia começado. Poderia entrar sem receber qualquer advertência da professora, ainda mais por saber quem era a professora que estava ministrando a aula.
“Bel, tô aqui na cantina.” Avisou Jenifer por SMS, minutos depois Abelle e Penélope apareceram na cantina.
- Tudo bem, Jeni? – Perguntou Abelle beijando Jenifer no rosto.
- Aham – Respondeu sem olhá-la.
- Se está mesmo tudo bem por que você está com essa cara? – Instigou Penélope com a curiosidade à flor da pele.
- Não dormi muito bem essa noite.
- Hum – Resmungou Penélope insatisfeita com a resposta.
- Vamos revisar a matéria, então? – Sugeriu Jenifer antes que Penélope fizesse outra pergunta pertinente.


Marcela havia ido para cantina e não chamara Eleonora como de costume. Queria ficar um pouco sozinha com seus pensamentos. Mexia há muitos minutos o café com a pequena colher e quando resolveu bebericar, já estava intragável. Afastou a xícara com a mão e estava se levantando quando Eleonora irrompeu pela cantina. Marcela decidiu ficar onde estava.
- Me excluiu do seu intervalo, né? – Brincou Eleonora puxando uma cadeira.
- Hum... Desculpa, doutora – Pediu Marcela desconcertada.
- Aqui você pode retirar o doutora – Avisou Eleonora – Você sabe que pode me chamar de Léo.
Marcela torceu seus lábios pequenos e encarou Eleonora.
- Não vai me dizer que você ainda tá pensando naquilo? – Perguntou Eleonora.
- Acredita em mim, eu não queria provocar nada – Garantiu Marcela.
- Não ia acontecer nada por que eu não posso fazer isso, a Jenifer é a única pessoa que eu amo e desejo – Esclareceu Eleonora serena – Espero que entenda. De mim apenas amizade.
- Eu já sou sua amiga doutora Léo – Disse Marcela sorrindo e pegando na mão de Eleonora. “Apenas boas amigas” Ressaltou mentalmente.
- Quer jantar hoje lá em casa? – Convidou Eleonora – Você ainda não conhece a minha Jenifer, acho que você vai gostar dela.
Marcela pensou em recusar, mas decidiu aceitar.
- Tudo bem, convite aceito.


- Bel... Será que eu posso conversar com você? – Perguntou Jenifer fechando seu livro.
Abelle e Jenifer olharam Penélope de rabo de olho.
- Já entendi que é particular, tchau pra vocês – Disse Penélope saindo.
- Pronto, ela já está longe o suficiente para não ouvir o que você tem a dizer – Avisou Abelle.
- Eu trai a Eleonora – Confessou Jenifer engasgada como se tivesse um grande nó em suas cordas vocais.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Capítulo 234 ♥

- Droga, eu sabia que isso ia acontecer – Reclamava Eleonora olhando no espelho do hospital a marca escura que ficara em seu pescoço.
- Algum problema, doutora? – Perguntou Marcela entrando na sala.
- Ah... Bom dia, Marcela – Cumprimentou Eleonora retirando a blusa e virando-se de costas para o espelho – Pelo menos essas marcas a blusa e o jaleco vão tampar.
Marcela caminhou até Eleonora em passos lentos e cambaleantes, era louca por sardas e as costas e colo de Eleonora salpicada pelas sardas a deixou hipnotizada.
- Caramba! Com todo respeito, mas... Isso são evidências claras, ou seria escuras? Que ontem a noite foi bem... Ham... Agitada.
Eleonora riu um pouco encabulada.
- Não posso nem contestar – Disse Eleonora colocando a blusa e depois o jaleco – Eu só tenho que dar um jeito nessa mancha gigante no meu pescoço, eu disse pra Jeni que ia ficar roxo...
- Acho que eu posso ajudar – Marcela pegou sua bolsa e apoiou na pia. Revirou por alguns minutos e tirou um frasco.
- O que é isso? – Perguntou Eleonora enquanto Marcela destampava o pequeno vidro.
- É corretivo líquido como você tem quase o mesmo tom de pele que o meu, acho que pode ajudar.
Marcela umedeceu um pedaço de algodão com o líquido de cor estranha.
- Com licença – Pediu Marcela abaixando-se um pouco – já que era mais alta que Eleonora – e passando o corretivo na mancha – Pronto.
- Ficou muito bom, obrigada Marcela – Agradeceu Eleonora olhando o pescoço no espelho.
- Passei corretivo onde não devia – Disse Marcela viando Eleonora de frente para ela e passando o dedo polegar em sua bochecha.
Marcela começou a acariciar o rosto de Eleonora em seguida. Eleonora engoliu em seco e esboçou um sorriso para Marcela quando um barulho de sirene quebrou o silêncio que havia ficado entre as duas.
- Trabalho! – Disse Eleonora pegando seu estetoscópio e colocando-o em volta do pescoço.
- Trabalho – Repetiu Marcela um pouco desapontada.


- Jenifer, você não vem pra faculdade? Hoje tem prova, esqueceu? – Perguntava Abelle do outro lado do celular.
- Hum... Eu... Droga, as duas primeiras aulas são da Kátia, não é? – Perguntou Jenifer com a voz rouca.
- Sim.
- E a prova, é em qual aula?
- Na terceira, mas seria bom você vir agora pra revisarmos – Explicou Abelle.
- Não, não, vou na terceira aula mesmo, não vou chegar em cima da hora, prometo.
Jenifer desligou o celular e o largou ao lado do corpo. Não adiantaria faltar a aula da Kátia sendo que a qualquer momento poderia ser “roubada” por ela e ser levada para qualquer canto. Mas queria evitar um contato logo tão cedo.
Sua cabeça estava fervendo e seus sentimentos confusos. Não os sentimentos por Eleonora, pois ela sabia e sentia que o amor por Eleonora era maior que tudo. Só queria entender o porquê não conseguia parar de desejar Kátia e por que não conseguia controlar.
“Chega de pensar Jenifer” Disse para si mesma. “Deixa acontecer... Ou não.”
Pulou da cama e foi pra sala, ligou a televisão deixando em um programa matinal qualquer.
Não sentia fome, mas comeu mesmo assim, pois não poderia fazer a prova ouvindo o estômago roncar. Acompanhou as horas passando lentamente pelo relógio da parede.
“Não vai adiantar fugir se quando eu voltar tudo vai estar do mesmo jeito” refletiu Jenifer “vamos lá então”.
Jenifer arrumou as coisas e acabou saindo mais cedo que pretendia.


- Nossa, esse menino não perdeu a perna por sorte – Comentava Eleonora enquanto fazia anotações na prancheta do paciente.
- Sorte, intervenção divina, as duas coisas talvez – Completou Marcela – Doutora, eu posso conversar um instante com você?
Eleonora assentiu e foi junto de Marcela para o lado de fora do quarto do paciente.
- O que aconteceu mais cedo... Digo, o que quase aconteceu... Bom... – Marcela se atrapalhou nas palavras – Me desculpa, não vai mais acontecer.
- Não aconteceu nada, Marcela, relaxa – Tranquilizou Eleonora pegando na mão de Marcela.
- Mas poderia ter acontecido – Confessou Marcela acarinhando a mão de Eleonora – E... Nada, deixa quieto – Recuou largando abruptamente a mão de Eleonora.
- Fala – Pediu Eleonora em tom exigente com as mãos na cintura.
- Você é realmente encantadora, doutora Eleonora, só isso – Disse Marcela de forma rápida, dando meia volta e saindo pelo corredor afora sem dar a chance de Eleonora dizer alguma coisa.

Capítulo 233 ♥

Eleonora chegou em casa e se jogou no sofá. O dia havia sido uma loucura e ela não tinha energia para nada.
Jenifer estava tentando abstrair os pensamentos lendo um livro que Rafael indicara e não ouviu quando Eleonora chegou. Olhou no relógio de pulso e pensou “ela tá atrasada, o que será que aconteceu?” e foi até a sala pegar o celular para ligar quando a viu deitada no sofá.
- Léo, acorda. Você vai ficar com dor nas costas de dormir nesse sofá – Alertou Jenifer acariciando o rosto de Eleonora.
- Hoje meu dia foi extremamente corrido. Tô um bagaço – Disse Eleonora – Quero um banho, mas o cansaço tá me dominando.
- Vem! Eu ajudo você a tomar banho – Ofereceu Jenifer.
Eleonora relaxou com o banho quente e sentiu um pouco do cansaço ir embora. Quando saiu do boxe para se enxugar começou a beijar Jenifer de um jeito mais ardente. Grudadas e nuas foram para o quarto.
Jenifer jogou Eleonora em cima da cama e disse que aquela noite era ela que mandava. Eleonora se surpreendeu com tamanha intensidade dos toques de Jenifer e se rendeu.
Jenifer parecia querer devorar Eleonora. Seus dentes prendiam e soltavam a pele de Eleonora com intensidade, suas mãos a apertavam contra seu corpo e Eleonora sentia a pouca energia que tinha se esvair.
O que Eleonora não sabia era que Jenifer não estava beijando e desejando o corpo que tocava e sim beijando e desejando aquele corpo pensando em Kátia.
Exaustas, deixaram seus corpos completamente suados caírem livremente na cama.
- Acho que você vai me deixar roxa – Disse Eleonora ainda ofegante e rindo.
Jenifer deu um sorriso amarelo, beijou Eleonora e abraçou por trás. Não queria que Eleonora visse sua cara de desprezo por si mesma.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Capítulo 232 ♥

- Bem-vinda ao Play Center – Disse Rafael apontando para a entrada do parque.
Jenifer relutou em aceitar a sugestão de Rafael, mas acabou cedendo a pressão do amigo e entraram no Play Center. Jenifer estava mesmo precisando de algo que distraísse sua mente.
Depois de se divertirem como crianças pararam numa lanchonete para repor as energias perdidas.
- Eu já disse que você é um anjo? – Perguntou Jenifer pegando na mão de Rafael.
Rafael sorriu e fez um elo entrelaçando seus dedos com os dedos de Jenifer.
- Eu sei que quase estraguei tudo quando te beijei, mas com essa nova convivência eu descobri que ser seu amigo é melhor do que tentar ser qualquer outra coisa. Então, sim, eu sou seu anjo. Um anjo meio feio, mas ainda assim seu anjo – Disse Rafael arrancando um sorriso de Jenifer. – Agora me diz o que aconteceu?
Jenifer desfez o elo e abaixou o olhar.
- Não quero falar disso, Rafa. Não agora.
- É por causa dos comentários que andaram falando na faculdade?
- Quais comentários? – Indagou Jenifer confusa.
- Sobre você e aquela professora nova que tem um carro amarelo.
Jenifer afundou o rosto nas mãos e desejou sumir.
- Não sei de comentário nenhum, Rafa. O que andam falando? – Perguntou Jenifer depois de um minuto.
- Andaram falando, na verdade – Corrigiu Rafael – E nem chegou a ser um boato grande, mas algumas pessoas falaram que essa professora estava dando em cima de você, e que você...
- E que eu...?
- Vocês estavam tendo um caso, é isso – Resumiu Rafael. – Mas relaxa, por que aquela sua amiga loura, a Abelle, desmentiu tudo e ameaçou bater nos caras que estavam falando de você, não sabia que ela fazia boxe – Rafael riu.
Jenifer agradeceu por Abelle existir.
- Droga! Isso vai ter que acabar... – Quando deu por si, Jenifer já havia dito e Rafael já havia escutado.
- Então... É verdade? – Perguntou Rafael receoso.
- Não! – Exclamou Jenifer rapidamente – Não... Foi só um... – Jenifer fechou os olhos e respirou fundo e balançou a cabeça tentando dissipar os pensamentos – Eu posso confiar em você?
- Claro, Jenifer – Garantiu Rafael segurando na mão de Jenifer.
- A professora nova, a Kátia, ela me beijou – Confessou Jenifer tentando segurar o choro.
- E você... Gostou? – Perguntou Rafael com medo da resposta.
Jenifer afirmou com a cabeça.
- Já volto – Disse Rafael indo até o caixa.
Demorou pouco e ele estava de volta com os pedidos em mãos, prontos para viagem.
- Vamos comer em outro lugar, aqui costuma lotar esse horário, não quero ninguém olhando torto pra você.


- Agora pode me contar o que aconteceu com calma – Disse Rafael no estacionamento de um supermercado que estava praticamente vazio.
- Foi só isso, Rafa – Mentiu Jenifer – Só um beijo.
- E o que você vai fazer agora que você gostou? Você não ama mais a Eleonora?
- Amo! Amo mais que tudo, eu preciso dela pra me sentir completa, ela é a minha metade. Mas...
- Mas a tal da Kátia tá conseguindo te tirar o sono – Concluiu Rafael.
- Exatamente.
- Eu não sei o que te dizer, Jeni. Não sou muito bom com conselhos, mas se posso te dar um é: Não joga fora um casamento perfeito por uma aventura. A Eleonora é uma pessoa incrível, não consigo imaginar você sem ela e vice-versa.
Tudo o que Rafael dissera rodava na cabeça de Jenifer como planetas em órbita, o boato, o conselho, tudo girava e a deixava meio tonta e nauseada. Jenifer comeu metade do lanche o colocou de volta no saco de papel. Bebeu a metade do suco num gole único e ficou observando as várias nuances das nuvens pintarem o céu cinzento. Só queria poder voltar no tempo e nunca ter conhecido Kátia.

Capítulo 231 ♥

- Onde vocês estão? – Perguntou Ícaro falando no celular com Abelle.
- Estamos aqui na quadra de futebol, no fim da arquibancada – Informou Abelle.
- Ok, estamos indo ai.
- Jeni, os meninos estão trazendo nossos materiais, fica calma – Pediu Abelle ajeitando o cabelo desgrenhado de Jenifer – Tenta parar de chorar.
Com o nariz vermelho feito uma rena e os olhos inchados, Jenifer acatou ao pedido de Abelle, mas se escondeu dentro do capuz de seu moletom.
- A Abelle nunca foi de cabular aula, a Jenifer está levando ela pro mal caminho – Gritou Max ao entrar na quadra.
- Jenijeni, minhas palhaçadas não foram o suficiente pra você se animar hoje? – Perguntou Ícaro tentando olhar nos olhos de Jenifer.
Jenifer apenas balançou a cabeça em sinal de negação.
- Ela tá brava comigo? – Sibilou Penélope para Abelle.
- Não.
- Brigou com a Eleonora? – Perguntou Jeremias.
- Está tudo bem com a Eleonora – Garantiu Abelle.
- Eu é que estou estragando tudo – Declarou Jenifer pegando suas coisas e saindo da quadra a passos firmes.
- Eu não entendi nada – Confessou Ícaro confuso.
- Eu entendi tudo – Disse Penélope pronta pra destilar seu veneno – Kátia...
- Cala a boca, Penélope! – Disse Abelle e Max em coro.
- Ué, agora você também vai dizer que não tem nada entre as duas? – Perguntou Penélope para Max.
- Eu nunca achei que tivesse nada entre as duas, só zoava com a Jenifer por que era divertido – Confessou Max.
Penélope fez um aceno com a mão indicando desdém e virou-se para Abelle.
- O que ela te disse? – Perguntou Penélope curiosa.
- Nada – Respondeu Abelle de forma seca.
- Vocês ficaram aqui esse tempo todo sem dizer uma palavra?
- Ficamos.
- Você é amiga dela, você deveria fazê-la falar, saber o que aconteceu. É o seu dever – Exasperou-se Penélope indignada.
- O meu dever é proteger e respeitar minhas amigas e nada mais, Penélope – Respondeu Abelle grosseiramente dando as costas para Penélope.


Jenifer chegou ao estacionamento cansada e se desculpando com Rafael pelo atraso. Rafael viu a vermelhidão dos olhos de Jenifer e pensou um pouco. Resolveu não levá-la para casa.
- Se eu perguntar se está tudo bem, você vai descer do carro e ir embora de metrô? – Perguntou Rafael em um tom brincalhão.
- Eu não estou bem – Disse Jenifer pigarreando – Nada bem...
- Ok, como seu amigo devo fazer alguma coisa para animá-la – Pensou alto Rafael.
- Pra onde estamos indo? – Perguntou Jenifer quando viu que Rafael seguiu reto ao invés de virar a rua que cruzava a avenida.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Capítulo 230 ♥

Jenifer olhava completamente absorta em seus pensamentos a chuva molhar as grandes vidraças. Ainda sentia as pernas bambas e o coração batendo na garganta. Foi para o banheiro e se trancou na última cabine. Sentou no chão e chorou. Sentiu os resquícios de Kátia grudando entre os dedos. Foi até a pia e lavou as mãos e rosto, esfregou as mãos com violência se xingando por não saber por onde começar a terminar com aquilo.
Depois de se recompor, foi para a sala de aula.
Ignorou a pequena bronca que a professora dera por seus quinze minutos de atraso e sentou-se em sua carteira querendo ser invisível para não ter que lidar com seus amigos.
Vendo a total falta de atenção de Jenifer durante a aula, Abelle escreveu um bilhete e colocou diante dos olhos de Jenifer.

“Se quiser conversar, sobre o que quer que seja, pode me procurar. Eu já sou sua amiga, Jeni ♥”


Os olhos de Jenifer transbordaram e uma gota grossa borrou o coração que Abelle fizera. Jenifer dobrou o papel e colocou no estojo, depois olhou para o lado e pegou na mão de Abelle, murmurando em seguida um “obrigada”. Abelle assentiu e voltou a prestar atenção na aula.
Do outro lado Jenifer coçou o nariz com a mão direita e sentiu o cheiro de Kátia que impregnara em sua mão e parecia que não sairia tão cedo dali.


Durante o intervalo, Max e Ícaro conseguiram arrancar risadas de Jenifer, foram eleitos por ela “os palhaços da minha vida”. Enquanto Max contava mais alguma peripécia de Ícaro depois de uma noite de bebedeira, Jenifer foi olhar para a tabela de preços da cantina para relembrar o preço de um salgado. Ao virar os olhos, esqueceu-se da tabela. Kátia parecia desfilar entre os alunos, arrancando olhares deles. Kátia ostentava um sorriso largo.
Jenifer acompanhou todo o caminhar de Kátia até chegar às escadas que a levariam para a diretoria.
A mesma onda de sentimentos que a fizera chorar compulsivamente no banheiro mais cedo tentava voltar e Jenifer engasgou-se ao tomar um pouco do suco.
- Calma, Jenifer. Não precisa ficar tão emocionada com a presença da professora Kátia – Brincou Penélope.
- Eu já disse pra parar com essas brincadeiras – Irritou-se Jenifer batendo o copo já vazio na mesa e saindo sem rumo.
Abelle apenas olhou para Penélope e foi atrás de Jenifer que se escondeu dentro da quadra vazia de futebol, no canto mais remoto da arquibancada.
Abelle nada disse, pois não gostava de forçar nada a ninguém, respeitava o tempo alheio. Apenas ficou ali esperando que Jenifer falasse alguma coisa.
Minutos longos passaram, o sinal avisando que o intervalo havia terminado já tocara e Jenifer permaneceu calada, apenas enxugando as lágrimas que caiam sem fazer nenhum esforço.
- O que foi? – Perguntou Abelle ao sentir a mão de Jenifer tocar seu antebraço.
- Fica aqui comigo – Pediu Jenifer tão baixo que mal conseguia se ouvir.
- Eu não vou a lugar nenhum – Garantiu Abelle acolhendo Jenifer em seus braços.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Capítulo 229 ♥

Kátia levou Jenifer para o banheiro dos professores, no segundo andar da faculdade, pois ficava isolado no final do corredor. Fechou a porta e girou a chave uma vez, trancando-a.
Jenifer levantou os olhos até os olhos azuis de Kátia, que pareciam estar com um tom acinzentado. Jenifer abriu a boca para começar a despejar todas as coisas que queria falar, mas Kátia a interrompeu.
- Tá vendo essas olheiras? – Perguntou Kátia apontando para parte mais escura abaixo dos olhos – Elas estão aqui por que eu não dormi pensando no seu beijo, no seu corpo... – Kátia puxou Jenifer pela cintura, mas Jenifer lutou contra.
- Para, Kátia. Você não pode fazer isso, a gente não pode fazer isso – Disse Jenifer sentindo que a tempestade que ameaçava cair era quase nada perto da que se formava dentro de si.
- Por quê? Eu sei que você gostou do que aconteceu ontem, tanto quanto eu.
- Eu não posso, eu sou casada, tenho a melhor pessoa do mundo ao meu lado, não posso causar esse tipo de dor a ela – Disse Jenifer já com os olhos marejados.
- Então diz que não me quer. Se você disser com todas as letras, olhando nos meus olhos, eu largo do seu pé – Garantiu Kátia cruzando os braços e encarando Jenifer.
- Eu... – Jenifer parou pra pensar por um segundo – Eu não quero você.
- Não me convenceu – Riu Kátia descruzando os braços.
Kátia desistiu de ouvir qualquer coisa de Jenifer, passou o dedo no que seria uma lágrima que ameaçava cair dos olhos de Jenifer e colocou suas mãos na cintura dela, puxando para junto de seu corpo.
A chuva se tornou tempestiva e trovões começaram a dar melodia aquela tempestade.
Jenifer acabou negando o que dissera anteriormente. Encostou-se à parede e se deixou ser dominada por Kátia.
Kátia como sempre audaciosa, colocou as mãos por dentro da blusa de frio de Jenifer e desejou estar ali dentro. Jenifer estava quente.
Jenifer tirou a blusa de Kátia que estava por dentro da calça e sentiu a pele também quente em suas mãos hesitantes.
- A gente... Tem que parar por aqui – Disse Jenifer ofegante de cabeça baixa, com as mãos na cintura de Kátia, empurrando-a com delicadeza – Isso não pode mais acontecer.
- Isso não pode mais acontecer por que daqui a pouco eu tenho uma aula pra dar – Rebateu Kátia – Mas antes... – Kátia desabotoou a calça e estendeu a mão para Jenifer.
Jenifer ofereceu sua mão direita a Kátia e sentiu todos os sinais vitais sumirem por longos segundos quando sentiu onde Kátia estava colocando sua mão. A excitação de Kátia fez Jenifer se sentir anestesiada.
- Eu fico assim toda vez que te vejo, garota. Você não vai me deixar assim – Sussurrou Kátia no ouvido de Jenifer.
Jenifer apertou a mão contra a virilha de Kátia e sentiu Kátia apertando suas unhas curtas em suas costas. Kátia gemeu baixo no ouvido de Jenifer.
- Não, não vou te deixar assim... – Confirmou Jenifer de forma irracional mexendo os dedos bem devagar.
A respiração de Kátia foi falhando e ela apertava mais e mais Jenifer contra seu corpo.
Um barulho fino de salto batendo no carpete de madeira fez Jenifer tirar a mão de forma rápida. Kátia fez sinal de silêncio para Jenifer e tentou controlar sua respiração.
- Merda – Praguejou Kátia batendo a mão na parede – A gente vai ter que terminar isso – Disse para Jenifer dando um breve beijo nela – Mas não hoje.
Os passos que as assustaram se distanciaram e Kátia ajeitou sua blusa.
- Agora eu tenho que terminar de preparar minha aula, mas acho que vai ser um pouco difícil – Disse abotoando a calça – Queria ficar aqui com você – Kátia desceu com a mão pela cintura de Jenifer e parou entre suas pernas, subindo e apertando sua intimidade.
- Não... – Pediu Jenifer com a voz quase inaudível – Se você começar, vai ter que terminar.
Kátia assentiu com um sorriso malicioso e beijou o pescoço de Jenifer.
- Vou ver se não tem ninguém – Kátia abriu a porta e olhou, não tinha ninguém.
Kátia saiu na frente tranquila e parecendo ter nuvens debaixo dos pés.
Jenifer saiu alguns minutos depois, ao contrário de Kátia estava inquieta e sentia as pernas pesadas, mas não tão pesadas quanto aquele sentimento sem nome que cutucava sua mente e seu coração. Parou na cantina esperando dar o horário de ir para a segunda aula e tentou entender por que estava fazendo aquilo. Mas simplesmente não conseguia achar nenhuma forma de parar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Capítulo 228 ♥

Jenifer tentou controlar a vontade de gritar e chorar que dominava seu peito. O nó em sua garganta a sufocava. Colocou o moletom mais puído que encontrou no guardarroupa, prendeu os cabelos num rabo de cavalo mal feito e foi para sala. Deitou no sofá encolhida como uma criança assustada e esperou Eleonora terminar de fazer a sopa.
Depois que a sopa ficou pronta, Jenifer pegou um prato e voltou para sala. Coisa fora do habitual jantar em qualquer lugar que não fosse a mesa, mas Jenifer estava totalmente fora de órbita aquela noite.
Durante o jantar Jenifer ficou quieta, apenas sibilava qualquer coisa enquanto Eleonora contava sobre o seu dia no hospital.
- Tudo bem, Jenifer pode falar o que está acontecendo – Disse Eleonora colocando o prato já vazio de lado.
Jenifer a olhou assustada e sentiu a sopa dançar no estômago.
- Não tá acontecendo nada, Léo – Respondeu de forma monótona.
- Então por que você está com essa cara? Mal conversou... Eu sou sua amiga também, você pode falar tudo comigo, meu amor – Disse Eleonora afagando o rosto de Jenifer.
- Ah, Léo. É esse TCC que está me deixando louca – Mentiu Jenifer – Essa cidade, as vezes acho que nunca vou me adaptar.
- Ah, meu amor. Não fica assim, eu sei o quanto é horrível essa pressão do TCC, mas você é inteligente e vai se sair bem – Animou Eleonora – É só confiar em você. E sobre a cidade... Bom, eu acho que é coisa da sua cabeça, por que as vezes você parece mais adaptada do que eu.
Jenifer escorregou no sofá e convidou Eleonora para se juntar a ela. Eleonora não hesitou e deitou junto de Jenifer e sentiu-se a mulher mais feliz do mundo quando Jenifer começou a acariciá-la com beijos e cafunés.
- Eu te amo muito, Léo. Nunca, jamais duvide disso – Disse Jenifer com a culpa e o arrependimento maltratando seu coração.
- Eu sei, eu também te amo muito, mais do que qualquer coisa no mundo – Respondeu Eleonora.


O dia se assemelhava a noite, pois nuvens cinza chumbo preenchiam o céu paulista. Uma chuva pesada ameaçava cair.
- Amor, fica em casa, parece que o mundo vai desabar a qualquer momento – Disse Eleonora enquanto se arrumava para o trabalho.
- Não posso faltar, meu amor. Hoje é dia de matéria que vai cair na prova e eu tenho mesmo que ir – Disse Jenifer colocando sua blusa de frio.
- Depois os meninos te passam a matéria – Insistiu Eleonora.
Jenifer ignorou Eleonora. Poderia faltar da faculdade, pois sabia que não perderia nada de importante. Mas queria ir para dizer a Kátia que aquilo que mal começou deveria acabar.


Jenifer chegou à faculdade e não entrou na primeira aula, sabia que Kátia não daria aula para ela naquela manhã, mas ficou esperando por ela no estacionamento.
Kátia chegou minutos depois em seu carro amarelo nada discreto e estranhou ver Jenifer do lado de fora da faculdade. Uma chuva fina começou a cair e Kátia se viu obrigada a correr para não se molhar.
- Bom dia, minha aluna preferida – Desejou Kátia pegando na mão de Jenifer.
Jenifer soltou a mão de Kátia com desprezo e disse:
- A gente precisa conversar.
- Tudo bem. Aonde a gente vai conversar?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Capítulo 227 ♥

As lágrimas de Jenifer eram de puro desespero por saber que estava fazendo errado e desejando a pessoa errada. Chorava por saber que se Eleonora descobrisse causaria aquilo que ela sempre prometeu não causar: dor.
A partir do momento que decidiu ser de Eleonora sabia que a alegria de Eleonora seria sua alegria, assim também seria com a dor.
Com o rosto lavado por suas lágrimas Jenifer adormeceu de toalha na cama.


Eleonora chegou do hospital e foi para o quarto deixar as coisas quando viu Jenifer enrolada na toalha. Atemorizou-se.
- Jenifer, fala comigo! – Gritou Eleonora pegando Jenifer em seus braços.
- Léo, o que tá acontecendo? – Acordou Jenifer esfregando os olhos e ficando mais assustada que Eleonora.
Eleonora suspirou de alívio e abraçou Jenifer.
- Eu vi você ai jogada na cama, enrolada na toalha, achei que tivesse desmaiada – Disse Eleonora soltando o ar pesadamente pelas narinas.
- Boba. Eu tô bem – disse Jenifer abraçando Eleonora novamente.
Ao sentir Eleonora em seus braços, todas as imagens de Kátia invadiram sem permissão a mente de Jenifer fazendo seu peito arder de arrependimento por estar desejando alguém que não fosse a mulher de sua vida.
- Você tá bem, mesmo? Parece cansada – Disse Eleonora acariciando o rosto de Jenifer.
- Eu tô bastante cansada e a minha cabeça tá doendo muito. Eu num tô tão bem pra falar a verdade – Admitiu Jenifer.
- Então eu vou fazer uma sopa pra nós, por que pelo visto o outono está mais pra cara de inverno nessa cidade – Disse Eleonora beijando Jenifer da testa, descendo até o nariz, passando pelas bochechas e depois beijando seus lábios.
Eleonora saiu do quarto e da porta chamou Jenifer com um “psiu” e sussurrou um “eu te amo muito” fazendo Jenifer se sentir a pior pessoa do mundo.
- Você tá fazendo tudo errado, Jenifer – Disse Jenifer para si mesma jogando-se na cama e passando as mãos no cabelo.

Capítulo 226 ♥

Jenifer entreabriu os lábios desejando aquele beijo. O tesão tomou o lugar da tensão e ela se entregou ao ritmo calmo dos lábios carnudos de Kátia. Enquanto as mãos de Kátia apertavam sua cintura Jenifer mantinha as mãos espalmadas contra a porta, não conseguia movimentar nada além dos lábios. Suas línguas começaram a dançar em suas bocas.
Kátia puxou Jenifer pela nuca intensificando o beijo, mas Jenifer por um segundo caiu em si de que aquilo era errado e se afastou de Kátia.
Sentindo o corpo esquentar Jenifer abriu a tranca e saiu do banheiro às pressas, deixando Kátia com um gosto de quero mais.
- Demorou, amiga, tá tudo bem? – Observou Abelle – Você tá pálida e fria – Constatou colocando a mão na mão de Jenifer.
Jenifer não conseguia responder. Em sua cabeça passava milhares de coisas, mas a imagem que se repetia era do beijo em Kátia.
- Jenifer, você tá bem? – Perguntou Abelle novamente.
- Eu só quero ir pra casa, Bel, só isso – Disse Jenifer.
Rafael estava encostado em seu carro no estacionamento esperando por Jenifer e mal percebeu quando ela entrou no carro.
- Jeni...
- Se você perguntar se aconteceu alguma coisa, eu vou embora de metrô – Interrompeu Jenifer de forma grosseira colocando o cinto de segurança.
- Tudo bem, não vou perguntar nada – Disse Rafael.


Assim que chegou em casa, Jenifer correu para o banheiro e ligou o chuveiro frio. Cinco minutos foram suficientes para sentir a temperatura do corpo abaixar.
Jenifer deitou na cama enrolada na toalha, fechou os olhos e sentia os toques de Kátia em seu corpo, sentia aquele novo sabor em sua boca.
Jenifer começou a tocar o lábio desejando que Kátia estivesse ali para lhe fazer sentir aquela sensação de loucura novamente. Foi descendo a mão pelo corpo e quando deu por si estava com os dedos em sua intimidade, que estava assustadoramente molhada.
Sem se importar em ser um pouco irracional, Jenifer começou a tocar-se lembrando de Kátia e de todos os dias em que a viu de maiô, imaginou como Kátia seria sem ele. Reviveu as mãos firmes de Kátia desejando-a e a boca dela em sua boca. Se contorcendo sentindo o gozo quente nas mãos e procurou por ar enquanto lágrimas quentes desciam por sua face.