Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: novembro 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Capítulo 202 ♥

A segunda-feira havia chegado e Eleonora e Jenifer ainda dormiam quando a campainha tocou.
- Vai lá ver quem é, amor – Pediu Jenifer com a voz sonolenta.
- Vai você – Disse Eleonora ainda mais sonolenta.
- Se você for eu prometo limpar a casa por um mês sozinha – Brincou Jenifer rindo.
Eleonora abriu os olhos devagar retirou Jenifer do seu aconchego e espreguiçou-se ainda deitada na cama improvisada que ficava no meio da sala, feita por colchas e edredons.
- Jeni, hoje é segunda, né? – Perguntou Eleonora um pouco confusa.
- É.
- Que horas são? – Eleonora procurou ao seu redor o celular pra ver as horas – Caramba! É meio dia e quarenta.
Jenifer levantou assustada e disse:
- Deve ser as meninas – Concluiu – Elas disseram que chegariam por volta desse horário.
- Sim somos nós – Respondeu Dafne do outro lado da porta.
Enquanto Eleonora improvisava uma roupa com o lençol estampado em que havia dormido, Jenifer correu para o banheiro para lavar o rosto.
Eleonora abriu a porta com um sorriso amarelo.
- Bom dia – Disse Dafne em um tom meio sério – Achei que fosse ter que esperar mais um pouco preguiçosa – Dafne puxou Eleonora e abraçou.
- Foi mal gente, essa falta de horários está acabando comigo. – Disse Eleonora – Cadê a Ros?
- Foi com a Dani na padaria aqui perto comprar uma água.
- A Dani veio? – Perguntou Jenifer amarrando os cabelos num coque frouxo – Que saudade de você amiga.
- Bom, agora deixa eu trocar de roupa – Disse Eleonora dando meia volta e indo até o banheiro.
- Entra, ou vai querer ficar ai fora mais pouco? – Brincou Jenifer.
- Não, já cansei de ficar aqui – Disse Dafne fechando a porta – Nossa, tem muita coisa pra gente fazer – Observou quando viu caixas e mais caixas empilhadas.
- Se tem – Confirmou Jenifer.
Enquanto Dafne e Jenifer tiravam talheres e louças das caixas, Eleonora, Danielle e Rosalie foram até o centro de São Paulo para comprarem um sofá.
- Ainda tem alguma coisa pra montar? – Perguntou Dafne retirando o plástico bolha de alguns pratos.
- Tem, tudo praticamente – Disse Jenifer – Estante da TV, a estante de livros, o armário do banheiro, a...
- Nossa – Interrompeu Dafne – Tudo mesmo.
Elas riram.
- Você parece muito feliz, Jeni – Disse Dafne abrindo a torneira pra enxaguar os pratos.
- E estou, nunca estive tão feliz em toda minha vida.
- Que bom ver você assim, com esse brilho no olhar. Sua vida tá completa, né? Pelo jeito não precisa mais nada.
- Falta um filho.
Dafne vincou a testa admirada com a declaração da amiga.
- Por que essa cara? – Perguntou Jenifer separando os talheres.
- Filho?
- É, amiga. Um filho.
- Me explica isso direito – Pediu Dafne deixando os pratos de lado para prestar toda a atenção em Jenifer.
- Desde que aconteceu tudo aquilo com a Manoela eu pensei em ter um filho, e agora que a gente tem a nossa casa essa vontade aumentou de uma tal maneira...
- Mas você ainda tem a faculdade pra terminar, a Eleonora vai ficar quase sem tempo com esse emprego novo – Informou Dafne.
- Eu sei, mas... – Jenifer puxou uma banqueta e sentou-se apoiando os cotovelos na bancada que a separava de Dafne – Eu tenho um bom dinheiro na poupança, dá pra se virar por um tempo enquanto fico de licença e não arrumo emprego.
- A Léo já sabe disso?
- Não, ainda.
- Não sei o que te falar – Confessou Dafne bufando pesadamente – Só te digo uma coisa: Tô do seu lado. – Estendeu a mão e a uniu com a mão de Jenifer.
Permaneceram com as mãos unidas por alguns segundos até serem interrompidas pela chegada de Eleonora, Danielle e Rosalie.

domingo, 28 de novembro de 2010

Capítulo 201 ♥

- Prontinho, meninas. Se precisarem de alguma coisa, podem ligar lá na portaria que eu venho correndo ajudar vocês – Disse Genézio se retirando.
- Simpático esse porteiro – Atentou Jenifer.
- Muito simpático, só não fui com a cara do filho dele – Disse Eleonora tirando a chave do bolso.
- Por quê? Ele parece ser bonzinho também...
- Por que ele não tirou os olhos da minha garota – Esclareceu Eleonora dando um selinho em Jenifer.
Jenifer balançou a cabeça ignorando o fato.
Eleonora abriu a porta e junto de Jenifer carregaram as malas para o interior do apartamento. Deixaram as bagagens num canto qualquer e ficaram paradas olhando para aquele espaço ainda vazio, ocupado apenas por elas e pelas caixas que vieram do Rio de Janeiro com antecedência.
- Chegamos pra ficar – Disse Eleonora jogando sua bolsa no chão.
- Pra sempre – Acrescentou Jenifer – E juntas.
- Juntas – Repetiu Eleonora abraçando-a – Nossa, foi o seu estômago que fez esse barulho?
- Foi – Jenifer colocou a mão no estômago e sentiu como se tivesse um buraco em seu lugar.
- Vamos ser obrigadas a pedir comida em algum lugar – Informou Eleonora – Vamos pedir a lista telefônica emprestada na portaria.

Enquanto Eleonora ajeitava a comida na cozinha, Jenifer improvisava com algumas colchas no chão um espaço para comerem.
- Ainda bem que as meninas virão nos ajudar a arrumar essa casa, tem muita coisa pra fazer – Disse Jenifer enquanto caminhava até a cozinha para ajudar Eleonora.
- É, a gente não vai poder ficar pedindo talher emprestado por muito tempo – Disse Eleonora rindo da situação.
- Mas nós ganhamos um jogo de talheres no nosso casamento, amor. Deve estar por ali – Apontou Jenifer para as caixas.
- Estão sim, mas a minha fome não ia esperar eu procurar.
Jenifer e Eleonora caminharam até pra perto da porta de correr que dava pra sacada e sentaram ali em cima das colchas.
- Quando a Dafne e a Rosalie chegam? – Quis saber Eleonora.
- Acho que na segunda-feira, elas foram para Salvador visitar a família da Rosalie.
- A semana que vem é a minha última semana de folga, mas acho que dá pra ajeitar quase tudo. Por que pelo jeito não vou poder sair de casa atrasada e chegar em cima da hora ao hospital como eu fazia em Vila São Miguel, o trânsito daqui é caótico e o hospital não fica tão perto – Observou Eleonora enquanto lutava para cortar o bife.
- Vamos ter que acordar no mínimo uma hora antes do normal. Acho que lá se foram meus dias de folga – Lamentou Jenifer.
- É, Dona Preguiça, ninguém mandou aceitar meu pedido de casamento – Brincou.
- Mas eu deixo tudo pra viver com você, até minha preguiça.
Eleonora não resistiu a declaração de Jenifer e colocou a comida de lado, chegando mais perto para poder beijá-la.
- A comida... Vai... Esfriar – Disse Jenifer entre os beijos que recebia e dava.
- Ela pode esperar – Eleonora puxou Jenifer para fora da colcha e a deitou no piso frio do apartamento, fazendo com que os pelos louros de seu braço se arrepiassem.
- O que não pode esperar agora é o meu desejo de você – Disse Jenifer subindo em cima de Eleonora e desabotoando sua camisete.
Aos poucos ambas estavam nuas no chão do apartamento e se importaram apenas em se amar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Capítulo 200 ♥

O avião pousou no aeroporto de Congonhas às 11 horas de uma manhã quente de verão. Jenifer tirou os óculos escuros da bolsa e poupou os olhos do sol forte que brilhava do lado de fora. Minutos depois ela e Eleonora colocavam os pés na terra da garoa, definitivamente para começarem a tão esperada vida nova. De mãos dadas caminharam até o saguão do aeroporto e pegaram suas malas.
Esperaram alguns minutos por um táxi.
- Para onde as senhoritas vão? – Perguntou um gorducho calvo que estava no volante.
- Para a rua... Rua Castro Alves, número 1100, no bairro Paraíso – Respondeu Eleonora lendo o pequeno papel na mão direita.
O gorducho calvo ajeitou o retrovisor e fitou com um olhar curioso as mãos entrelaçadas de Jenifer e Eleonora. Desencanou da cena, girou a chave na ignição e partiu rumo ao bairro Paraíso.
- Olha com o que teremos de nos acostumar de qualquer jeito – Disse Jenifer ao observar a fila interminável de carros a sua frente.
- É, essa é a nossa nova vida – Respondeu Eleonora acompanhando o olhar de Jenifer.

Duas horas e meia depois o táxi parou em frente ao Edifício Bossa Nova. O taxista ajudou Eleonora e Jenifer com a bagagem que estava no porta malas e só partiu quando elas ultrapassaram o portão do edifício.
- Vocês são as novas moradoras, né? – Perguntou uma senhora aparentemente de meia idade, com cabelos pretos até a altura dos ombros, óculos redondos e roupas de tecido leve.
- Sim, somos – Respondeu Jenifer receptiva – Prazer, sou a Jenifer – Estendeu a mão para a senhora que a apertou de jeito firme.
- E eu sou Eleonora – Disse, estendendo também sua mão.
- Muito prazer, sou Guilhermina a sindica do prédio.
Eleonora e Jenifer se entreolharam com sorrisos cúmplices, já que a maioria dos síndicos não tinha lá uma fama muito boa.
- Esse daqui é o Genézio, nosso porteiro. – Apontou para uma figura de estatura média e cabelos já grisalhos, mas com um sorriso bem simpático. – Bom, sejam bem-vindas, agora preciso resolver problemas no banco.
Genézio esperou que Guilhermina saísse e disse em segredo:
- Ela não é essa simpatia toda, meninas. Não confiem.
Jenifer e Eleonora sorriram apenas.
- O apartamento de você é o número 110 ou 112, os dois estavam vagos... – Disse Genézio retirando as chaves da estante pequena de madeira.
- 110 – Informou Jenifer.
- Aqui está – Entregou a chave e uma cópia nas mãos de Jenifer – Acho que vocês vão precisar de ajuda com as malas, né? – Observou.
- Sim – Respondeu Eleonora.
- Esperem só um minuto – Genézio fez um ligação curta e logo em seguida um rapaz apareceu tomando o posto do porteiro. – Esse aqui é o meu menino, Rafael – Apresentou.
Rafael deu um aceno com a cabeça e abriu um sorriso para Jenifer, que retribuiu o sorriso, mas ficou sem graça por ter os olhos do rapaz a todo instante em si. Eleonora entrelaçou sua mão na mão de Jenifer mostrando que naquele território o rapaz não pisaria.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Capítulo 199 ♥

Primeira quarta-feira do ano e Eleonora e Jenifer já começavam a sentir o sabor amargo de uma despedida. As famílias estavam reunidas na casa de Giovanni. Jenifer descia as escadas com as últimas malas.
- Pronto, acho que já podemos ir – Anunciou Jenifer com um nó na garganta.
Flaviana tentou prender o choro, mas desistiu de lutar contra e deixou que as lágrimas banhassem sua expressão triste.
- Vó, não fica assim – Acalmou Jenifer quando viu o quanto Flaviana chorava. – A gente vai se ver, vó, por favor para de chorar.
Flaviana abraçou a neta de maneira forte e protetora.
O motorista de Giovanni colocou as malas no carro e voltou dizendo que tudo estava pronto para que Eleonora e Jenifer fossem levadas para o aeroporto.
- Bom, minha filha... – Sebastião limpou a garganta e testou sua força cada segundo contendo a emoção – Espero que essa vida que você escolheu te faça feliz todos os dias e que aquela mocinha – olhou risonho para Jenifer – cuide bem de você.
- Ela vai cuidar... – Garantiu Eleonora puxando Jenifer pela mão e passando o braço em volta de sua cintura.
Assim como Flaviana Janice chorava já sentindo a saudade da filha. Abriu os braços e apenas acalentou a filha ali, sem dizer nada, pois palavra nenhuma ia descrever aquela sensação que Janice sentia.
Venâncio e Regina abraçaram Eleonora enquanto ela ainda estava nos braços da mãe e desejaram sorte na nova vida.
- Vocês poderiam ir depois do almoço, né meu mimo? Ou depois do jantar, ou quem sabe amanhã, ou quem sabe depois de amanhã, ou quem sabe nem irem... – Disse Giovanni com seu jeito cômico.
- A gente tem de ir pai – Disse Jenifer abraçando o pai.
Depois de abraços longos e emocionados, Jenifer e Eleonora entraram no grande carro de Giovanni, apenas elas, pois disseram que não queriam ninguém no aeroporto prolongando a despedida.
Quando o carro ultrapassou o portão bege dos Improtta, Eleonora e Jenifer se olharam e Eleonora disse brincando:
- Ainda dá tempo de se você voltar na sua decisão.
- Eu vou com você até o fim, pra onde quer que você vá.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Capítulo 198 ♥

A decoração de natal ainda enfeitava Vila de São Miguel e se misturava aos novos enfeites, agora para receber o novo ano que chegava.
Os dias pareciam ter passado como um piscar de olhos. O novo ano batia na porta apressado acelerando ainda mais os últimos detalhes para ida de Jenifer e Eleonora para São Paulo.
A casa de Maria do Carmo estava em polvorosa. Todos ajudavam a matriarca a arrumar a casa para a grande festa de ano novo e despedida que estava sendo planejada já há algum tempo.
A festa de despedida seria uma surpresa tanto para Jenifer quanto para Eleonora. A ideia partiu de Maria do Carmo que nutriu um carinho imenso pelo casal enquanto Eleonora se hospedou em sua casa.
O relógio em cima do armário marcava 22 horas e a campainha soou meia hora depois, quando os convidados começaram a chegar.

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- Cadê o pai e a mãe? – Perguntou Eleonora um pouco nervosa por não saber onde os pais estavam.
- Eles já foram pra tia Do Carmo – Respondeu Venâncio enquanto ajeitava a gola da camisa.
- E por que foram sem nós?
Venâncio quase entregou o motivo do suposto sumiço dos pais, mas simplesmente deu uma resposta qualquer:
- Sei lá.
- Regina, anda logo, a gente ainda tem que buscar a Jenifer – Gritou Eleonora da escada, apressando a irmã.
Minutos depois Regina desceu ainda com as sandálias em mãos e decidiu calçá-las dentro do carro.
Quando estacionou o carro na porta da casa dos Improtta apenas a luz da sala estava acesa, e apagou-se logo em seguida quando Jenifer ouviu o barulho de motor sendo desligado.
Jenifer entrou no carro cumprimentando os cunhados e depois beijando de forma leve Eleonora.
- Cadê seu pai e sua avó? – Perguntou Eleonora enquanto engatava a marcha.
- Eles já foram pra sua tia, amor – Respondeu Jenifer colocando o cinto – Não sei por que tanta pressa.
Regina soltou um riso cúmplice quando seus olhos encontraram os olhos do irmão e instantaneamente Eleonora e Jenifer olharam para trás num meio giro sincronizado.
- Vocês sabem de alguma coisa que não sabemos? – Perguntou Eleonora desligando o carro.
- Não... Não sabemos de nada não – Respondeu Venâncio tranquilamente.
- Eu muito menos – Defendeu-se Regina quando cunhada e irmã a encararam.
- Bom de qualquer jeito descobriremos quando chegar lá – Falou Eleonora ligando o carro e indo para casa da tia.
Ao chegar à casa de Maria do Carmo, Jenifer e Eleonora se depararam com uma faixa branca e letras coloridas que diziam “Estamos torcendo por vocês. Vamos levar vocês sempre em nossos corações”.
Além das famílias reunidas, as amigas inseparáveis Dafne e Rosalie estavam presentes.
- É uma festa de despedida?
- De despedida e de réveillon, tudo junto e misturado priminha – Disse Plínio abraçando Eleonora.
Enquanto a festa rolava, Eleonora, Jenifer, Rosalie e Dafne caminhavam pelo jardim mal iluminado. A conversa estava em tom depressivo, algumas lágrimas já haviam rolado dos olhos de todas.
- Vocês irão embora já na próxima semana e quando nos vemos de novo? – Perguntou Rosalie.
- Nas férias de Julho... – Respondeu Jenifer um pouco pensativa – Ou não...
- Ou não? – Repetiram as três vozes em coro.
- Vocês podem ir pra São Paulo ajudar a gente com a mudança – Disse Jenifer sorridente.
- Eu topo – Animou-se Dafne abraçando Jenifer.
Fogos foram ouvidos ao longe e Rosalie olhou no relógio do celular.
- Acho melhor irmos lá pra dentro, daqui cinco minutos da meia-noite.
Quando entraram Isabel entregou as quatro taças de champanhe. Uma roda foi formada e antes que o ano virasse Maria do Carmo disse:
- Antes que o ano novo venha, queria dizer umas palavrinhas pra essas duas lindezas – Chamou Jenifer e Eleonora para ficaram ao seu lado.
- Minhas queridas, eu sei que vocês passaram por poucas e boas durante esse ano, muita coisa ruim aconteceu e muita coisa boa também, como o meu irmão Sebastião perdoar você – Maria do Carmo olhou para Eleonora – E Dona Flaviana perdoar você – Agora seus olhos estavam em Jenifer – Espero que esse ano as coisas boas venham em maior quantidade para as duas. Vocês vão pra longe da gente fisicamente, mas saibam que estarão sempre em nossos corações. Que esse ano novo seja de muitas bênçãos na vida de vocês.
Maria do Carmo abraçou Jenifer e Eleonora simultaneamente e os quatro minutos restantes daquele ano passaram ligeiramente e então Plínio começou a fazer a contagem regressiva.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Capítulo 197 ♥

João Manoel cuspiu os caroços de uva passa no guardanapo e amassou o papel em sua mão firme. Limpou os cantos da boca com os dedos e umedeceu os lábios com a língua. Passou a mão nos cabelos e soltou um sorriso maléfico.
Sebastião esperava a resposta ansioso.
- Meu sogro... Ex sogro melhor dizendo – Se corrigiu João Manoel – Eu não tenho que perdoar nada nem ninguém, por que simplesmente a vida é dela – João Manoel olhou para Jenifer que olhava para ele – E ela faz o que ela quiser, ela não é nada minha...
- Rapaz – Ponderou Sebastião – Ela é a sua irmã, única irmã. Eu demorei muito pra aceitar a ideia de que Eleonora não era bem o que eu pensava. Precisou que ela quase me deixasse pra eu ver o tamanho da burrada que eu estava fazendo – Ao lembrar-se do acidente da filha, Sebastião reviveu a dor que sentiu – Eu sei que a Jenifer ainda espera por você, não espere que ela se canse e desista de ter o seu perdão.
João Manoel ainda olhava ora para irmã ora para cunhada. Voltou seu olhar negativo para Sebastião e respondeu convicto:
- Eu espero que ela se canse rápido por que eu não quero mesmo saber mais nada dela – Levantou-se do sofá, despediu-se da avó dando um beijo em seus cabelos e saiu pela porta da frente como um trovão.
Sebastião foi para perto de Flaviana, Giovanni e Janice que conversavam numa meia lua. Assim que o marido se aproximou Janice perguntou:
- O que tanto você conversava com o João Manoel?
- Nada demais, mulher – Disse Sebastião decepcionado, porém tranquilo – Quando as pessoas preferem continuar tapadas não há nada que possamos fazer.
Todos entenderam o que Sebastião quis dizer e assim como ele decidiram esquecer aquela tentativa frustrada.
O relógio cuco soou quando deu meia noite. O cheiro da comida invadia a sala e fazia os estômagos se revirarem de desejo.
A ceia de natal seguiu animada, mesmo sem João Manoel. E todos riram e aproveitaram todos os pratos que a empregada preparou.

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- Alguém viu minha sandália prata? – Perguntou Jenifer descendo as escadas descalças.
- Qual meu bem? – Perguntou a avó enquanto penteava as madeixas.
- Aquela de salto fino, que tem alguns strass... Queria ver como ela ia ficar com o meu vestido – Respondeu olhando para o modelito.
- Oh minha querida, uma hora dessa ela deve estar junto das suas outras coisas em São Paulo. Você a colocou naquela caixa junto dos outros sapatos por que garantiu que não ia precisar dela mais. E eu falei pra você deixar ela, mas você teimou comigo... – Lembrou a avó.
Como faltava apenas uma semana e alguns poucos dias para Jenifer e Eleonora irem de vez para São Paulo, elas decidiram, juntas, mandar parte da mudança para o outro estado.
Jenifer bufou e sentou-se no sofá.
- Ainda bem que vi isso antes do ano novo, do jeito que eu adoro decidir a roupa que vou usar em cima da hora, eu ia ficar doida se percebesse que a minha sandália não tá aqui.
- Eu avisei pra você não colocar quase tudo na caixa, deixasse pra levar as roupas junto com você.
- Eu sei vó – Exasperou-se um pouco – Ia ficar muita mala, talvez não deixassem nem a gente embarcar por achar que fossemos contrabandistas.
Jenifer e a avó riram.
A avó sentou-se ao lado de Jenifer e Jenifer deitou-se no colo dela. Fechou os olhos e parecia sentir as mãos da mãe afagando-lhe os cabelos quando era pequena.
- Onde sua mãe estiver tenho certeza que ela está radiante em ver sua felicidade, minha querida – Disse Flaviana saudosa.
- Você acha que a minha mãe estaria feliz com o destino que escolhi? – Perguntou Jenifer não tão certa quanto a avó.
- Certeza. Sua mãe era uma pessoa que tinha uma cabeça muito aberta, eu até briguei algumas vezes por ela levar as amigas lésbicas dela lá em casa quando ela tinha a sua idade – Recordou.
- Minha mãe tinha amigas lésbicas? – Surpreendeu-se Jenifer.
E então, avó e neta ficaram conversando ao longo da tarde, aproveitando cada segundo ao lado uma da outra, já que em alguns dias esses segundos ficariam cada vez mais raro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Capítulo 196 ♥

O clima estava agitado em Vila São Miguel. Luzes de natal enfeitavam as arvores e lojas comerciais, telhados, sacadas e portões de casas.
Além do clima de festividades a família de Jenifer e Eleonora estava agitada com a mudança de ambas.
As caixas de papelão cheias de coisas de Jenifer ocupavam grande parte do espaço da sala de jogos do pai. O volume de caixas dava a ideia de que aquela mudança era pra valer, pois eram muitas. E o quarto de Jenifer tinha apenas armários de gavetas vazios e sua ex-cama.
Algumas das caixas de Eleonora estavam na casa da tia, pois o espaço na sua casa era pouco para tanta coisa e o pai também estava reclamando da bagunça.
Cada vez que entrava em seu quarto já que na era tão seu Eleonora sentia um gostinho de saudade das coisas que aconteceu ali. Lembrou da primeira vez que Jenifer esteve ali, do dia em que Dafne também passara por lá.
Suas lembranças foram interrompidas por Regininha que bateu na porta do quarto dizendo a Eleonora que todos a esperavam na sala para poderem ir até a casa e Giovanni.

Diferentemente dos outros anos Giovanni recusou o convite de passar o natal na casa de Maria do Carmo, adiou o convite para um almoço no dia seguinte. Segundo ele gostaria de passar aquela noite com a filha e a sua nova família que começaria em breve a ser construída.
A campainha soou e Jenifer dispensou Tula e foi abrir a porta. Puxou Eleonora para um abraço envolvente. Eleonora parecia ver uma luz em volta de Jenifer, Jenifer estava radiante, um brilho incomum no olhar e um sorriso nos lábios.
Depois de Jenifer cumprimentar os sogros e os cunhados, Eleonora a puxou para um canto e perguntou:
- Você tá feliz ou é impressão minha?
- Eu tô muito feliz, meu amor. Acho que você também deveria estar, ou algum dia você poderia imaginar que nossas famílias estariam assim... Unidas?
- Isso é verdade. Um dia eu cheguei a pensar que um momento assim jamais poderia acontecer.
Eleonora e Jenifer chegaram mais perto de suas famílias e conversaram sobre todo tipo de coisa. Por um instante o clima ficou tenso quando João Manoel desceu as escadas.
Todos, sem exceção, ficaram mudos olhando o rapaz descer as escadas.
- Pensei que ele não estaria aqui – Disse Regininha para Jenifer.
- Meu pai avisou que a noite de natal seria aqui e disse que se ele não quisesse ficar que estaria liberado – Informou Jenifer.
João Manoel caminhou até o centro da sala e pegou alguns petiscos que estavam sob a mesa central. Sentou-se no sofá ignorando todas as presenças ao seu redor.
Sebastião pediu licença a todos e foi se sentar ao lado de João Manoel. Os que estavam em pé, perto da janela, arregalaram os olhos para a ação de Sebastião e ficaram sem entender.
João Manoel olhou o ex sogro com o canto de olho e continuou a degustar seus aperitivos.
Vendo que João Manoel pouco se importava com sua presença, Sebastião se fez notar.
- João Manoel, hoje é natal, uma época de se perdoar, de fazer as pazes com quem brigou... – Pigarreou um pouco e decidiu ir direto ao assunto – Será que não é o momento certo para se desculpar com sua irmã e pedir desculpas por tudo que fez a ela?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Capítulo 195 ♥

Sebastião, Janice e Giovanni esperavam ansiosos pelas filhas no aeroporto do Rio de Janeiro.
Assim que as duas apontaram no portão principal, via-se de longe o sorriso iluminado de ambas.
- Fizeram boa viagem? – Perguntou Giovanni enquanto mantinha Jenifer em seu abraço saudoso.
- Fizemos sim pai – Respondeu Jenifer.
- Vocês iam se apaixonar por Roma, é lindo, muito lindo – Disse Eleonora abraçada aos pais.
- Vamos indo enquanto vocês nos contam sobre a viagem – Sugeriu Sebastião pegando algumas malas – Que mala pesada é essa minha filha? Trouxe Roma na bagagem?
Eleonora riu e respondeu:
- Quase.

Jenifer e Eleonora mal colocaram o pé em Vila São Miguel e dias depois foram até São Paulo para resolver coisas sobre a mudança.
Enquanto Jenifer acertava as papeladas de transferência na faculdade, Eleonora assinava o contrato de compra da casa. Depois do corretor de imóveis sair do apartamento, Eleonora ficou ali esperando por Jenifer. E enquanto esperava por ela seus olhos viajavam pelo espaço ainda vazio, montando mentalmente o apartamento do jeito que queria.
Ouviu um barulho de porta se abrindo e seus olhos pararam na maçaneta prata que girava. Só poderia ser Jenifer.
Jenifer jogou a bolsa e a pasta no chão e sentou junto de Eleonora ao lado da porta de correr que dava para a sacada. O sol começava a sair para dar lugar a lua, o céu estava tingido de alaranjado vivo fazendo um belo espetáculo.
- Deu tudo certo lá? – Perguntou Eleonora.
- Deu sim. Eu fiquei um pouco perdida na hora de voltar. É muita movimentada essa cidade, mais do que eu pensava – Desabafou Jenifer.
- Ainda bem que o bairro aqui fica perto de metro e trem, por que não sei se vou ter paciência pra encarar esse transito todos os dias. Você gostou do bairro?
- Gostei – Respondeu Jenifer com um sorriso um pouco apagado.
- Se gostou, por que sua carinha está me dizendo o contrario? – Indagou Eleonora passando o dedo nas rugas que se formaram na testa de Jenifer.
- Você não vai ficar chateada comigo se eu falar? – Perguntou Jenifer ressabiada.
- Não – Garantiu Eleonora.
- Eu estou sim preparada pra me mudar, pra começar a nossa vida longe de Vila São Miguel, eu quero isso. Mas... Tenho medo de te decepcionar, de desistir de tudo e voltar pra casa do meu pai.
- Não vai ser fácil, meu amor, não vou mentir pra você. Mas eu confio em você e sei que se você não vai me decepcionar, quando você se sentir fraca eu vou estar ao seu lado pra te dar força – Eleonora se aproximou mais de Jenifer e levantou seu rosto com sua mão olhando-a com ternura – Confia em mim, confia em você, confia em Deus e tudo vai dar certo pra gente.
Jenifer balançou a cabeça concordando com o que Eleonora dissera e deitou-se no colo dela.
- Daqui algumas semanas estaremos de volta, mas vai ser pra ficar – Refletiu Jenifer enquanto tinha os cabelos afagados por Eleonora. – Apenas eu, você e a nossa casa.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Capítulo 194 ♥

Os raios de um sol típico de outono entravam tímidos pela janela entreaberta e a claridade vinda deles despertou Eleonora.
Eleonora abriu os olhos devagar e se assustou com a algazarra que alguns passarinhos fizeram em frente à janela. Espreguiçou-se um pouco e levantou para fechar as cortinas, impedindo que o excesso de luz do sol entrasse no quarto.
Deitou-se novamente ao lado de Jenifer quando percebeu que a mesma também estava acordada. Sorriu e desejou um bom dia mudo.
- Pensei que você fosse dormir até um pouco mais tarde – Disse Eleonora.
- Eu também pensei – Respondeu Jenifer bocejando logo em seguida – Eu estou com um pouco de sono ainda pra falar a verdade.
- Então dorme, amor.
- Não, eu não vim aqui pra dormir – Rebateu Jenifer sentindo a preguiça tomando conta do seu corpo – Não posso aproveitar as belezas de Roma dormindo, né? Ou você acha que vou te deixar a mercê de qualquer romana bonita? – Brincou.
Eleonora riu e atacou Jenifer com muitos beijos.
Depois de se sentirem preparadas para levantarem da cama foram para o banheiro e tomaram banho juntas.
Um café da manhã recheado de guloseimas esperava por elas na sacada do quarto.

Durante os quatro dias em que ficaram em Roma, Eleonora e Jenifer tinham apenas tempo para se amar e passear pelos pontos turísticos mais famosos do país.
Viram de perto a dimensão do Coliseu. Encantaram-se com as relíquias guardadas pelo museu do Vaticano e tiveram certeza de como a igreja católica é rica ao se depararem com a Capela de São Nicolau.
Tiraram muitas fotos do Castelo de Santo Angelo e passearam pela Praça de São Pedro.
Comeram nos melhores restaurantes da cidade e se viram obrigadas a consultar a balança para saber quanto àquela viagem a Roma havia engordado-as.
No começo da manhã enfrentaram mais 1h15 de viagem para chegar até Veneza.
No primeiro dia depois de chegarem, foram dar uma volta nas famosas gôndolas visitando alguns pontos turísticos da cidade.
Aproveitaram cada segundo em Veneza como fizeram em Roma e levaram de lembranças fotográficas e físicas dos lugares por onde passaram momentos mágicos.
- Passou tão rápido. Amanhã já estaremos em casa novamente – Observou Jenifer enquanto colocava seu pijama.
- Muito rápido – Assinalou Eleonora – Foi a melhor viagem da minha vida – Seu olhar doce encontrou o olhar de Jenifer.
- Pra mim foi a melhor viagem por que você está comigo e vai estar eternamente, não é?
- Eternamente – Eleonora abraçou Jenifer apertando-a contra seu corpo.
Depois de minutos com seus corpos unidos, Eleonora se afastou o suficiente para poder olhar nos olhos de Jenifer. Com a mão no rosto dela, disse:
- Quando voltarmos terá uma nova vida a sua espera, tá preparada?
- Estou. Eu quero essa nova vida por que sei que vou dividi-la com você.
- E vamos ser felizes pra sempre.
- Pra sempre.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Capítulo 193 ♥

Sete horas depois, Jenifer e Eleonora estavam voando no céu azul marinho de Roma. Jenifer estava acordada observando pela pequena janela aquele país que mais tarde seria desvendado por ela e Eleonora.
Assim que foi avisado que em poucos minutos o avião pousaria no aeroporto Leonardo Da Vinci Jenifer acordou Eleonora com seu jeito carinhoso, passando a mão delicadamente pelos cabelos dela.
- Amor, acorda. Vamos pousar daqui a pouco.
Eleonora passou a mão no rosto, bocejou algumas vezes e espreguiçou-se na poltrona.
- Que horas são? – Perguntou Eleonora com a voz meio rouca.
- Uma e trinta e três da manhã – Respondeu Jenifer acariciando o rosto de Eleonora.
Eleonora pegou a mão de Jenifer que estava em seu rosto e a colocou em seu coração. Segurou firme e disse bem baixinho no ouvido de Jenifer:
- Você é o amor da minha vida.
Jenifer sorriu e depois beijou Eleonora.
Um impacto foi sentido quando as rodas do avião atingiram o chão e a adrenalina em Eleonora aumentou de forma violenta. Estar no país dos seus sonhos com a mulher dos seus sonhos a fazia pensar se aquilo tudo era real.
Eleonora e Jenifer saíram do avião e sentiram o clima típico de outono. Um vento frio fez Jenifer aconchegar-se em Eleonora e caminhar abraçadas até o saguão do aeroporto.
Passaram pelo detector de metais, entregaram os passaportes aos policiais que ali estavam e responderam apenas o que perguntaram.
- Quantos dias vocês vão ficar? – Perguntou um cara alto e gorducho de olhos verdes.
- Quatro – Respondeu Jenifer.
Depois de mais algumas perguntas feitas, Jenifer e Eleonora foram pegar as malas para irem para o hotel.

O hotel deixou Eleonora e Jenifer encantadas com a decoração desde o momento em que o taxi parou na porta do estabelecimento.
Ao entrarem no quarto se depararam com duas taças deitadas em cruz sobre uma mesa junto a um balde prata com uma garrafa de champanhe.
Depois de dar uma gorjeta ao rapaz que levou as malas, Eleonora tirou seu casaco e o jogou em cima de uma cadeira. Agarrou Jenifer pela cintura e foi retirando o casaco dela delicadamente.
Jenifer virou-se de frente e abraçou Eleonora por eternos minutos. Enquanto se abraçavam, mãos de ambas percorriam incansáveis as costas uma da outra. As bocas se encontraram num ritmo calmo enquanto as mãos desabotoavam os botões das calças, abaixavam os zíperes, subiam blusas e arremessavam as peças em qualquer lugar.
Caminharam até a cama e deitaram-se unindo seus corpos quentes. Uma grande janela retangular estava aberta pela metade, as cortinas vermelhas e brancas tremulavam com o vento.
Eleonora sentiu um calafrio quando o vento tocou sua pele enquanto seus beijos percorriam a barriga de Jenifer. Parou a ação por um segundo para olhar para janela e ver a lua cheia e dourada que de longe olhava o amor entre elas.
Jenifer levantou a cabeça e ficou pasmada com a lua. Puxou Eleonora para perto de si e disse:
- Ela vai ser a única testemunha do quanto nosso amor é lindo.
Depois de um longo beijo, Eleonora e Jenifer se amaram por horas. Tendo apenas a lua como testemunha.