Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: setembro 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Capítulo 179 ♥

Aquela semana parecia nunca chegar. Para Eleonora e Jenifer passou de forma lenta e cheia de angustia. No dia em que o resultado sairia, Eleonora estaria de folga, mas mesmo assim quis ir para o hospital ser a primeira, a saber o fim daquela história.
Era um fim de tarde quente de verão e o dia estava mais longo. O sol ainda brilhava forte às 18h.
Eleonora passou na casa de Jenifer para buscá-la e irem juntas para o hospital. Eleonora estava tensa em demasia, fazendo com que Jenifer dirigisse o carro até o hospital.
Jenifer uniu sua mão com a de Eleonora e entraram no hospital. O clima estava estranho para Eleonora, talvez fosse um pressentimento ruim. Seguiram para sala de Miro, onde estava Carolina e o papel onde estaria escrito se o homem era ou não pai de Manoela.
- Os outros resultados já saíram? – Perguntou Eleonora aflita para Carolina.
- Saiu o resultado de dois, e deram negativo – Respondeu Carolina.
O coração de Eleonora trincou.
- Calma – Sibilou Jenifer segurando a mão de Eleonora com mais força.
Houve uma batida na porta e Miro pediu para que entrasse. Para a surpresa de todos, era o homem, suposto pai de Manoela.
O coração trincado de Eleonora começou a se quebrar em vários pedacinhos e suas mãos gelaram, como todo seu corpo.
Mesmo que Manoela ainda fosse apenas um bebê de pouco mais de duas semanas, foi inevitável e doloroso notar que entre Manoela e o homem em sua frente existia alguma semelhança.
O homem tinha uma pele clara e pálida, cabelos pretos como petróleo e olhos que pareciam uma mistura de verde e um cinza claro.
- Oi, boa tarde. Disseram-me que eu poderia estar presente para saber do resultado e como esse é o hospital mais perto da minha casa, resolvi aparecer – Disse o homem com as mãos no bolso – Essa daqui é a minha sogra.
- Tudo bem, podem sentar-se – Autorizou Miro.
Eleonora e Jenifer sentaram no sofá paralelo as cadeiras onde o homem e sua sogra se sentaram.
Carolina tentou abrir o envelope de forma calma, não demonstrando o nervosismo que corria em suas veias.
Colocou o envelope sobre a mesa e desdobrou o papel. Leu em silêncio, dobrou o papel novamente e depois de respirar fundo olhou para Eleonora e Jenifer, pronta para anunciar o resultado.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Capítulo 178 ♥

Ao contrário de Jenifer, Eleonora não conseguiu se entregar ao sono que dominava seu corpo. O sol começou a dar sinais de que estava nascendo, mostrando seus feixes de luz pelas frestas da janela.
Um caminhão pareceu ter passado por cima de seu corpo. Saiu da cama com cuidado para não acordar Jenifer e foi direto para o banheiro. Estava com a face abatida como Jenifer constatara anteriormente. Sua cabeça parecia carregar alguma coisa pesada, latejava.
Abriu o chuveiro e deixou a água fria molhar seu corpo. Sentou no chão do boxe e tentou não pensar negativamente, mas as evidencias não lhe permitiam outro tipo de pensamento.
Alguns minutos depois Jenifer despertou com o cheiro de café sendo feito que entrava pelo vão da porta. Passou a mão aonde Eleonora deveria estar e só sentiu as rugas no lençol. Ouviu o barulho do chuveiro ligado e foi até o banheiro. Deparou-se com Eleonora ainda sentava no boxe, estava completamente absorta nos seus pensamentos. Jenifer tirou suas roupas e entrou no banho com Eleonora.
- Vai dar tudo certo, eu prometo – Sussurrou Jenifer enquanto abraçava Eleonora.
Eleonora sorriu com sua expressão de tristeza.
Saíram do banho e desceram para tomar o café. Janice como sempre tentou animar a filha mais velha, fazendo o seu bolo preferido e falando de qualquer assunto que não lembrasse Manoela.
Jenifer foi para casa e Eleonora para o hospital. Aquele talvez fosse o dia mais difícil de enfrentar. A dúvida do que poderia acontecer era pior do que a certeza de que não daria certo.
Assim que Eleonora colocou os pés no hospital, sentiu vários olhos seguindo seus passos. Passou na recepção e desejou bom dia para as secretarias, como todos os dias. Antes de começar o plantão, uma das secretarias disse:
- Doutora Eleonora, a doutora Carolina pediu para você ir falar com ela assim que chegasse – Sua voz era urgente e deixou Eleonora ainda mais nervosa.
Eleonora guardou seus pertences no armário dos funcionários e foi até o berçário conversar com Carolina.
- Bom dia – Cumprimentou Carolina assim que Eleonora apontou na porta.
- Bom dia, você quer falar comigo?
- Quero – Carolina limpou a garganta e puxou duas cadeiras para uma mesa que ficava num canto do berçário – É sobre a Manoela que eu preciso conversar.
No exato momento que Carolina pronunciou o nome de Manoela, o coração de Eleonora parou de bater por meio segundo.
- Vieram me falar que alguém viu um programa de televisão onde um pai estava procurando um bebe – Continuou Carolina diante do silêncio de Eleonora – E esse alguém que viu essa noticia, ligou para o programa que passou e disse que aqui havia uma menina com as mesmas características da desaparecida.
Eleonora engoliu em seco e permaneceu muda.
- E essa menina é a Manoela. Já pediram exame de DNA para saber se é a criança desaparecida – Resumiu Carolina diante da agonia que se formava no rosto de Eleonora.
- Eu... Eu já sabia disso. Quer dizer, dessa criança desaparecida – Disse Eleonora depois de alguns minutos – Você acha que pode ser a Manoela?
- Eu espero que não, por que sei bem o quanto você se apegou a ela e o quanto esta querendo adotá-la – Respondeu Carolina com uma voz piedosa.
Eleonora levantou-se da cadeira e foi até o berço de Manoela, que agora já havia saído da incubadora. Suas lágrimas pingaram sobre o lençol cor de rosa da pequena e ela desejou com a maior vontade que poderia sentir que Manoela não fosse a criança desaparecida.
- Quando sai o resultado desse exame? – Perguntou Eleonora ainda olhando para Manoela.
- Daqui uma semana. Fiquei sabendo que pediram exame de mais quatro crianças – Informou Carolina.
- Uma dessas quatro tem que ser a menina que estão procurando, não pode ser você – Disse Eleonora para Manoela que dormia como um anjo deixando Carolina emocionada.
- Então daqui uma semana eu espero ter a certeza de que a mãe da Manoela sou eu – Disse Eleonora olhando para Carolina com a esperança no olhar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Capítulo 177 ♥

Ainda não eram onze horas da noite quando Jenifer e Dafne apertaram a campainha da casa de Eleonora.
A luz da varanda se acendeu e uma silhueta um pouco rechonchuda foi se mostrando que não era Eleonora quem atenderia ao chamado.
- Jenifer? Você sabe que não precisa apertar a campainha, é só entrar – Disse Janice abrindo o portão.
- Oi Dona Janice – Cumprimentou Jenifer com a voz falha – A Léo já chegou né?
- Já sim, mas ela já foi dormir. Disse que estava muito cansada.
- Ela nem me avisou – Murmurou Jenifer pegando o celular no bolso – Quer dizer, avisou – Se corrigiu lendo a mensagem.

“Amor, estou muito cansada, por isso não vou te ver hoje tá? Eu amo você, beijo”.

- Mas se for assunto urgente, eu a chamo – Se prontificou Janice.
- O assunto é urgente Jeni – Disse Dafne olhando para Jenifer.
- Aconteceu alguma coisa?
- Acho que sim Dona Janice – Confirmou Jenifer – Tem haver com a Manoela.
- Você também viu a...
- Vi e não gostei das coincidências.
- Entra, vamos conversar melhor lá dentro.
As três entraram e se sentaram no sofá. Sebastião voltava da cozinha com um copo de leite quando foi surpreendido pelas visitas repentinas.
- Jenifer? Dafne? Tudo bem?
- Oi Sebastião – Cumprimentaram as duas juntas.
- Elas também viram o programa Sebastião – Avisou Janice.
Sebastião largou o copo em cima da mesa ao lado do telefone e sentou-se ao lado da mulher.
- Pelo jeito a Léo não sabe, né? Senão ela teria me falado.
- Não, ela não sabe. Ela chegou do hospital como todos os dias, apenas reclamando do cansaço – Informou Janice.
- Será que a gente conta pra ela do programa? – Questionou Dafne – Acho que vai ser menos pior se ela saber por nós, do que saber amanhã no hospital se for o caso.
Eles não sabiam mais Eleonora estava descendo as escadas para tomar água quando se deteve no intervalo entre os degraus que já davam na sala e ouvia a conversa confusa.
- Eu também acho melhor a gente contar, mas ela já está dormindo não vou acordá-la. A gente pode conversar com ela antes de ela ir pro hospital amanhã cedo, né? – Perguntou Janice para Sebastião.
- Eu não sei do que vocês estão falando, mas eu não quero saber amanhã cedo, eu quero saber agora – Anunciou Eleonora descendo as escadas de dois em dois degraus.
Todos se entreolharam confusos e preocupados, pois sabiam que o que estariam por contar deixaria Eleonora entristecida, mesmo que fosse apenas uma possibilidade.
- Vamos gente, falem o que está acontecendo – Exigiu Eleonora alguns decibeis acima, com os braços cruzados e seu pé direito batendo no chão.
Eleonora cumprimentou Dafne e depois Jenifer com um beijo em sua testa e sentou ao lado da amada, disparando olhares para o pai e a mãe, Jenifer e Dafne.
- É sobre a Manoela – Disse Dafne engasgada com o nó que se formava em sua garganta.
- Ligaram do hospital avisando alguma coisa? Ela tá bem? – Desesperou-se Eleonora.
- Ela tá bem – Disse Sebastião.
- Não vou conseguir dizer o que está acontecendo – Disse Jenifer com a voz embargada, a dor estrangulando as palavras.
Eleonora abraçou Jenifer e disse:
- Alguém... Por favor, me diga o que está acontecendo?
Todos se entreolharam e Dafne pediu:
- Posso falar?
Sebastião e Janice assentiram.
- Hoje eu tava em casa vendo um daqueles programas da tarde onde o povo vai pedir exame de DNA, resolver problema de família, essas coisas. E ai apareceu um homem procurando a filha dele que sumiu.
- E? – Instigou Eleonora sem entender.
- E ai que a filha dele sumiu no dia 22, faz uma semana, é uma menina recém nascida e a família mora aqui perto de Vila São Miguel...
- Tá e ai? – Continuou a perguntar Eleonora. Até que ela ouviu o barulho da ficha cair. Ela se desvencilhou dos braços de Jenifer e começou a andar de um lado para o outro na sala.
- E a gente acha que é a Manoela, amor – Completou Jenifer.
Eleonora pareceu perder os sentidos. Encostou-se na pilastra em frente à porta da sala e tentou acreditar que ouvira errado. Fechou os olhos e começou uma luta interna para não chorar desnecessariamente.
- Mas a gente ainda não tem certeza, minha filha. Calma. São apenas coincidências – Disse Sebastião indo consolar Eleonora.
Ainda em silêncio Eleonora abraçou o pai e o apertou contra seu corpo.
Viu todos os seus planos indo embora em uma forte ventania, não conseguia pega-los de volta.
- Amanhã, mais calma e com a cabeça fria, você vai trabalhar ver a minha futura neta e ter certeza de que estávamos todos errados e que a criança desaparecida da tevê não é a Manoela – Consolou Janice.
- A Manoela é minha... Eu... Eu sou a mãe dela, eu e a Jenifer – Disse Eleonora uma voz fraca, desistindo de segurar o choro.
Janice e Sebastião cobriram a filha de beijos e abraços e foram dormir.
Em passos lentos e desanimados, Eleonora se jogou no sofá de dois lugares, abraçada a uma almofada, como uma criança assustada.
Jenifer ajoelhou-se em frente a ela, acarinhando seus cabelos.
- Léo, não fica assim meu amor. A gente ainda não tem certeza de nada.
- Eu já a amo demais Jenifer, muito.
- Eu sei que ama. Agora calma. Vai dormir que você precisa descansar tá com uma carinha muito abatida – Disse Jenifer incentivando Eleonora a levantar do sofá, puxando sua mão
- Dorme comigo? – Pediu Eleonora ainda chorosa.
- Durmo. Vou cuidar de você essa noite.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Capítulo 176 ♥

- Mas pode ser coincidência, né? – Especulava Venâncio junto da família enquanto Eleonora ainda não chegara do hospital.
- É muita coincidência, meu filho. Muita. Hoje faz uma semana que a sua irmã achou a Manoela e uma semana que a criança da tevê sumiu.
- Mas por que o pai só foi procurar agora? – Questionou Regina.
- Ele disse que a mãe voltou pra casa esses dias, e que apareceu sem a criança – Explicou Sebastião.
- Será que lá no hospital eles tão sabendo disso? – Perguntou-se Venâncio.
- Disso o que? – Perguntou Eleonora entrando em casa.
Todos ficaram nervosos e uma nuvem de tensão pairou na sala.
- E a Manoela, como está? – Quis saber Janice nervosa, deixando subtendido outro interesse na pergunta.
- Tá linda, cada dia mais forte – Respondeu Eleonora radiante.
- Não apareceu ninguém atrás dela? – Perguntou Regina, ganhando logo em seguida de Venâncio uma cotovelada leve no braço.
- Não, e nem vai aparecer. Quem abandonou a Manoela não a merece de volta. O jantar tá pronto mãe?
- Tá sim minha filha. – Janice estava tensa e deixou transparecer.
- Vocês estão esquisitos, aconteceu alguma coisa?
- Nada minha filha – Garantiu Sebastião abraçando Eleonora e indo junto dela para a mesa do jantar.
- A notícia ainda não chegou ao hospital pelo visto – Comentou Venâncio com a irmã e a mãe – Será que a gente não deveria falar pra Eleonora da nossa desconfiança?

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Dafne, assim como a família de Eleonora viu a notícia da criança desaparecida na tevê. Não era de ver programas do tipo, mas durante uma zapeada pelos canais aquela notícia lhe chamou a atenção.
Assim que o programa terminou pegou sua moto e foi pra casa de Jenifer.
- A gente combinou de estudar hoje? – Questionou Jenifer confusa, buscando na memória se falara em estudar naquele dia.
- Não. É coisa mais séria – Respondeu Dafne – Vamos pro seu quarto.
Já no quarto, Dafne pediu:
- Liga o computador que eu preciso muito te mostrar uma coisa.
- Não tô gostando nenhum pouco dessa sua cara – Confessou Jenifer ligando o micro.
Dafne se apossou da cadeira em frente ao computador e digitou o endereço do programa que assistira a poucas horas. Jenifer em silêncio, acompanhava a mão ágil da amiga no mouse, buscando algo desconhecido para ela.
- Assisti – Disse Dafne dando play na matéria.
No começo Jenifer não entendeu nada, até que as informações foram ficando mais claras. Ao final do vídeo seus olhos parados no ar.
- Não pode ser a Manoela – Disse Jenifer estarrecida.
- Eu não sei se é, só sei que fiquei com essa mesma cara quando a matéria terminou.
- Será que a Léo já sabe?
- Acho que se ela soubesse teria te ligado.
- É muita coincidência, as datas, o homem disse morar aqui perto, a criança ser uma menina... – Jenifer apoiou o rosto nas mãos, desconsolada – Eu já tava me acostumando com essa ideia de adotar a Manoela.
- Calma – Consolou Dafne – Se a Eleonora não sabe, acho melhor você conversar com ela.
Jenifer olhou para o relógio digital no criado mudo e respondeu:
- Ela disse que viria aqui, mas até agora não chegou, acho melhor irmos até lá.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capítulo 175 ♥

Os dias foram se passando e Manoela se mostrava cada vez mais forte e disposta a lutar por sua vida que estava apenas começando.
Mesmo com um pouco de receio da nova vida que a esperava, foi impossível Jenifer também não se apaixonar por Manoela, e passou a visitá-la sempre que dava. Junto de Eleonora foi às consultas com o advogado e tudo parecia estar no caminho certo para o mais cedo possível, Manoela ser oficialmente filha das duas.
Jenifer esperou estar certa de que tinha tomado a decisão correta para depois comunicar a família.
- Mas meu mimo, você ainda é um bebê – Objetou Giovanni – Vai cuidar de outra bebê?
- Você tem certeza de que é isso que você quer minha querida? – Perguntava a avó.
- Eu não vou estar sozinha – Respondeu Jenifer fugindo da resposta que teria de dar a avó.
- Sabemos que não – Concordou Giovanni – Só queremos saber se é isso que você quer.
- É, é isso que eu quero – Jenifer torceu para que não reparassem o vacilo em sua voz.
- Então se é isso que você quer, pode contar com a gente – Disse a avó.
Jenifer sentiu-se mais forte diante do apoio da família e enfim conseguiu administrar melhor a ideia de ser mãe.
Do outro lado, Eleonora não conseguia medir sua felicidade. Sempre sentiu o instinto materno dentro de si. Depois que Manoela chegou o instinto começou a gritar insistentemente para poder ser posto em prática.
Eleonora conversou com Miro sobre a proposta que ele ofertou e desistiu, alegando que agora a sua prioridade era Manoela. Miro aceitou sem contestar, mas disse que a proposta ainda estava de pé caso ela quisesse.
Tudo estava correndo como o planejado e nada poderia estragar aquilo.
Esse era o planejado.

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- Mulher, vem aqui na sala! – Chamou Sebastião em voz alta – Corre mulher.
- Que foi homem de Deus? Que desespero é esse?
- Olha – E Sebastião apontou para a televisão.
-... Minha filhinha, tá fazendo uma semana hoje que nasceu e eu não sei onde ela está – Choramingava um home na tevê.
- Como ela sumiu? – Perguntava o apresentador.
A notícia vinha dos famosos programas sensacionalistas, onde pessoas iam resolver problemas familiares, procurar desaparecidos e fazer testes de paternidade.
Janice estatelou os olhos e resolveu sentar no sofá.
- E por que só agora o senhor esta indo atrás dela? – Especulava o apresentador excitado.
- Por que foi o seguinte: Minha mulher deu a luz a nossa menina lá na Baixada Fluminense, perto de Vila São Miguel e ela teve parto normal, no outro dia ela já podia ir embora. E ela sumiu com a nossa filha. Ela não é muito certo da cabeça, sabe? Chegou em casa esses dias falando que não sabia onde tava nossa filha, que tinha deixado ela numa manjedoura que nem Jesus.
Explodiram risadas na plateia do programa diante da última frase daquele pai aflito.
- E que depois a estrela de David ia guiar ela pra buscar nossa filha. Tem cabimento isso moço? – Continuou o pai com os olhos cheios de lágrimas – Saímos procurando a criança, mas não a achamos. Por isso vim aqui pedir pra vocês acharem minha filha.
- E a sua mulher? O que aconteceu com ela? – Perguntou o apresentador.
- Minha sogra disse que depois do que aconteceu vai mandar ela pra fazer tratamento num hospício.
- O senhor chegou a ver a criança?
- Vi sim. Ela é linda, minha menina é linda. Pequena, rosadinha, uma cabeleira preta...
- A criança desapareceu no dia 22 de Outubro. É uma menina
– Começou a explicar o apresentador para os telespectadores que viam do outro lado da tela da tevê – Se você por uma acaso achou qualquer criança perto dessa data, ligue para a nossa produção. Entraremos em contato.
Sebastião apertou o botão do controle remoto desligando a tevê. Sentou ao lado da mulher, pegou em sua mão e disse:
- Você tá pensando a mesma coisa que eu?
- Não pode ser – Disse Janice ainda com os olhos na tevê.