Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: agosto 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Capítulo 165 ♥

Jenifer assustou-se um pouco com as lágrimas e as palavras de Eleonora, mas logo passou, pois sabia muito bem o que Eleonora sentia.
- Calma Léo, eu estou aqui pra você. Um pouco quebrada – brincou arrancando uma careta de Eleonora – mas estou bem, não fica assim.
Eleonora deitou na cama junto de Jenifer, pouco se importando se poderia fazer aquilo ou não.
- Promete que nunca mais faz isso comigo? – Pediu Eleonora.
- Fazer o que, Léo?
- Me dar esse susto. Não vou suportar te perder.
- Para com isso – Bronqueou de modo leve – Eu nunca vou te abandonar, meu amor. Somos uma da outra pra sempre, e para de falar assim.
- Tudo bem.
Jenifer apertou Eleonora contra o seu corpo e beijou o alto de sua cabeça.
- Eu vou passar seu aniversario longe de você, sabia? – Informou Jenifer – Só daqui uma semana vou poder ir pra casa...
- Meu maior presente é ter você comigo, então não me importo de passar o “meu” dia aqui com você.
- Não senhora, você não vai passar o dia todo aqui no hospital – Protestou Jenifer – Vai festejar com a sua família, tenho certeza que a Do Carmo vai fazer A festa, ainda mais depois disso tudo.
- De que adianta eu ter A festa, se você não vai tá lá comigo? Mesmo ficando obrigatoriamente adepta as festas na casa da minha tia ainda assim recuso quando posso.
- Mas é o seu aniversario Léo, você tem que comemorar mais do que nunca depois de tudo que aconteceu com você.
- Tá bom, tá bom Senhorita Mandona – Cedeu Eleonora – Já manda em mim ai toda quebrada, imagina quando nos casarmos então?
As duas riram.Eleonora olhou para o relógio de pulso e viu que fizera os pais esperar mais que o combinado.
- Eu tenho mesmo de ir agora, meu amor.
Jenifer fez beicinho.
– Você vem me ver amanhã?
- Todos os dias. Ainda mais que vou ficar afastada do hospital por uns dias, eu venho ver você sim – Confirmou Eleonora beijando do alto da cabeça de Jenifer, até chegar a seus lábios.

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E como prometido, Eleonora foi visitar Jenifer todos os dias até o dia em que a mesma recebeu alta.
Apesar de ainda não conversarem sobre o maior de todos os fatos – depois do acidente – Eleonora acompanhava Flaviana ao hospital. Não se tornaram melhores amigas, mas conversavam normalmente. O convívio havia se tornado muito mais fácil.
Jenifer esperou ansiosamente pela visita do irmão, todos os dias, todas as horas, do nascer ao por do sol. Mas a cada vez que o dia chegava ao fim, suas esperanças diminuíam e a certeza de o irmão não a aceitar só fazia crescer.
No dia cinco de Agosto, Eleonora passara o dia todo no hospital com Jenifer, mas depois de quase ser expulsa ao anoitecer voltou para comemorar o aniversário em casa; Mas convenceu a tia de fazer apenas um jantar para família.

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Fazia oito dias desde o acidente e Jenifer já havia se recuperado o bastante. Seu olho estava apenas com uma mancha escura em volta, mas a tipóia ainda estava repousando seu braço.
- Os pontos estão com ótima cicatrização Jenifer, acho que vou te dar alta - Dizia o médico analisando os quinze pontos na cabeça de Jenifer.
- Acha? – Instigou Jenifer.
- Pode ligar pra casa e pedir pra vir te buscarem, vou te liberar – Disse o médico sorrindo – Mas antes temos de conversar sobre o seu repouso.

sábado, 28 de agosto de 2010

Capítulo 164 ♥

Sebastião e Janice mal colocaram os pés dentro de casa e Regina e Venâncio já os inundaram de perguntas sobre Eleonora e Jenifer.
- Fiquem quieto os dois – Pediu Sebastião – Deixe que eu e sua mãe conte o que aconteceu.

Depois de explicar tudo detalhadamente, Sebastião concluiu:
- E a irmã de vocês vai ficar na casa de Do Carmo enquanto não se recupera, depois ela volta pra cá.
- Hã? A Léo volta pra casa? Mas... – Regina reagiu desorientada.
- Pai, o senhor a aceitou? – Pasmou-se Venâncio.
- Sim, aceitei – Respondeu sem rodeios.
Venâncio e Regina comemoraram a aceitação com um abraço duplo no pai, que relutou um pouco, mas depois aceitou o carinho exagerado dos filhos.
- E o João Manoel, foi visitar a Jenifer? – Questionou Regina sentando-se no sofá novamente.
Mas nem precisou de uma resposta falada, a expressão de vazio no rosto dos pais responderam a sua pergunta.
- Ele é um caso perdido – Disse Janice por fim – Mas a Jenifer agora tem a Flaviana que está ao lado dela, o João Manoel está sozinho nessa.
Regina afundou no sofá, derrotada.


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Os dois dias seguintes ao acidente passaram como Eleonora previu, lentos. Mas chegaram enfim e ela estava pronta para ir embora.

- Cadê esse médico? – Murmurou Eleonora para si mesma.
- Calma minha filha, ele já esta vindo – Disse Janice.
Segundos depois o médico entrou no quarto e quando começou a explicar para Eleonora como funcionava o colete, ela o cortou:
- Eu sou residente em ortopedia, sei bem como funciona isso.
- Hã... Tudo bem então, mas volte daqui quinze dias para vermos como anda sua coluna.
- Pode deixar.
O médico se retirou do quarto e Eleonora seguia o mesmo caminho quando o pai perguntou:
- Aonde você vai?
- Ver a Jenifer, aonde mais eu iria nessa pressa?

Três portas a frente, do lado oposto ao quarto que estava, Eleonora encontrou Jenifer serena, dormindo.
Fechou a porta com cuidado e lágrimas finas escorreram do canto de seus olhos quando percebeu o quão machucada a sua menina estava.
Aproximou-se da cama com uma cadeira e sentou-se. Pegou na mão de Jenifer e afagou de forma delicada e agradeceu à Deus por ainda ter Jenifer ao seu lado.
Jenifer abriu os olhos – seu olho machucado já melhorara o suficiente para ela enxergar – e viu a figura angelical de Eleonora fitando-a.
- Amor... – Arquejou Jenifer.
- Acordei você, não é? Desculpe-me – Eleonora passou o polegar no canto dos olhos eliminando as lágrimas.
- Que bom ter você aqui comigo, vem cá, me dá um beijo.
Eleonora inclinou-se sobre Jenifer e a beijou de forma urgente, como se fosse perdê-la no segundo seguinte. Mas depois se acalmou e mais uma vez se desculpou.
- Esses dois dias sem você só serviu para mostrar que eu não posso nem sonhar em viver sem você – Confessou Eleonora agora com lágrimas mais grossas rolando de seus olhos, respigando no rosto de Jenifer – Por favor, não faz mais isso comigo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Capítulo 163 ♥

Enquanto Jenifer tentava organizar os pensamentos diante da presença do sogro, pensou “Se o Sebastião veio me ver, com certeza o meu irmão vem também, é só eu ter paciência”.
- Pelo jeito assustamos mesmo vocês, para o senhor vir me ver – Brincou Jenifer.
Sebastião reprimiu um sorriso.
- Quando se trata da vida das pessoas que amamos devemos deixar essas bobeiras de lado não é, menina?
- Com certeza – Jenifer concordou e bocejou em seguida.
- Acho melhor irmos, mulher. A Jenifer parece estar com sono – Falou Sebastião.
- Não se incomodem, não estou com tanto sono – Afirmou Jenifer – Hum... Eu posso fazer uma pergunta?
- Pode – Autorizou Janice.
Jenifer endireitou-se na cama e pegou um pouco de ar.
- O senhor perdoou mesmo a Léo?
Sebastião encarou a mulher que devolveu o olhar.
- Sim, menina. Isso nem foi questão de perdão, mas de... Compreensão e aceitar, “já que não pode vencê-los junte-se a eles” – Disse Sebastião.
- Então a Léo pode voltar pra casa?
- Pode. E você pode ir lá também, se quiser.
Agora a troca de olhar aconteceu entre Janice e Jenifer.
- Pra ficar perfeito só falta o João me aceitar – Disse Jenifer para si mesma. Mas Sebastião e Janice ouviram também.
E Janice se lembrou do que Flaviana dissera ao desligar o telefone e foi impossível não prever a decepção de Jenifer.
- Agora acho melhor irmos embora, Regina e Venâncio devem estar ansiosos lá em casa – Disse Sebastião – Fique com Deus, menina.
- Até mais Jenifer – Despediu-se Janice beijando-lhe a testa.
- Sebastião – Chamou Jenifer.
Ele virou-se para Jenifer e esperou que ela continuasse.
- Obrigada por ter aceito a Léo como ela é.
Sebastião apenas assentiu e foi embora. Janice e Jenifer trocaram um olhar que exprimia felicidade.


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Giovanni e Flaviana chegaram em casa exaustos. Subiram para seus quartos, tomaram um banho e depois voltaram para sala, para retornar as ligações que receberam. E também para responder o longo questionário que a empregada fizera sobre o estado de Jenifer. Eles esperaram as mesmas perguntas de João Manoel, mas dele vinha apenas silêncio.
Lá pela décima ligação encerrada, Giovanni colocou o fone no gancho e interceptou João Manoel que parecia estar de saída.
- O que o senhor quer? – Perguntou João Manoel.
- Quero saber quando é que você vai ver a sua irmã – Respondeu carrancudo.
João Manoel bufou e deu as costas ao pai.
- João Manoel, até o “Leão do Norte” foi ver a sua irmã e a doutora. Ele já aceitou o namoro das duas, não acha que já passou da hora de você fazer o mesmo?
- Eu nunca vou aceitar isso! – Rebateu João Manoel nervoso – Parem de tentar me fazer concordar com essa nojeira, se ela acha que só por que ela quase bateu as botas eu vou lá pedir perdão pra ela, você está enganado meu pai.
E antes que Giovanni pudesse dizer mais alguma coisa, João Manoel saiu trovejante da sala.
Flaviana ouviu tudo da metade da escada, onde parara quando ouviu a pequena discussão. Desceu o restante dos degraus decepcionada e disse ao genro:
- Deixa ele Giovanni, esquece. Ele nunca vai perdoar a irmã por seguir esse caminho.
- Eu só queria saber o porquê de tanta raiva minha sogra – Disse Giovanni abatido.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Capítulo 162 ♥

O coração de Eleonora martelava violentamente em seu peito enquanto a mãe explicava o que acontecera com Jenifer.
- E foi isso que aconteceu, minha filha. Agora ela está bem, já acordou e o Giovanni e a Flaviana estão lá com ela.
- Eu quero ver ela – Disse Eleonora levantando-se. Mas uma fisgada em sua coluna a fez deitar de novo – Ai...
- Olha ai, tá vendo Sebastião? Eu não deveria ter falado nada – Bronqueou Janice ajeitando o travesseiro embaixo da cabeça de Eleonora.
- Pra que esconder, mulher? A Jenifer já está bem.
Eleonora coçou a cabeça e quando pousava a mão ao seu lado, percebeu que alguma coisa faltava em seu dedo.
- Mãe, onde colocaram meus pertences?
- Hã, estão aqui – Respondeu Janice pegando uma sacola que estava em cima da cadeira – O que você quer?
- Minha aliança.
Sebastião arregalou os olhos e rugas surgiram em sua testa.
Janice entregou a aliança para Eleonora que a colocou no dedo de forma carinhosa, era como se tivesse um pedacinho de Jenifer ali.
- Que cara é essa, pai? – Perguntou Eleonora com um sorriso.
- Vocês... Vocês usam aliança? – Sebastião parecia um pouco aturdido.
- Sim, usamos.
Sebastião balançou a cabeça e disse:
- É muita coisa pra uma cabeça só...
Alguém batera na porta e Janice abriu, era Danielle.
Danielle nem cumprimentou Sebastião e Janice, logo foi até Eleonora com os olhos úmidos e uma voz que misturava susto e alívio.
- Vocês querem me matar, não é? Nunca mais façam isso comigo – Disse Danielle abraçando Eleonora com cuidado.
- Calma Dani, você está muito nervosa. Eu estou bem – Garantiu Eleonora.
- Ah... Desculpem o mal jeito – Danielle virou para Janice e Sebastião – Oi... O Giovanni disse que se vocês quiserem podem ir ver a Jenifer.
- Você foi ver ela? Ela está bem? – Perguntou Eleonora aflita.



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- A gente vai descer pro Rio pra tomar um banho, descansar um pouco, vocês querem alguma coisa? – Perguntou Flaviana a Sebastião e Janice, que estavam indo para o quarto de Jenifer.
- Não, muito obrigado dona Flaviana, mas eu e a Janice também logo vamos embora, os meninos devem estar preocupados – Respondeu Sebastião.
Flaviana assentiu e se despediu deles.
Janice deu duas batidas fracas na porta e ouviu Jenifer responder para que entrasse. Janice abriu a porta e quando sentiu que o marido não a seguia olhou para trás e perguntou:
- Vai ficar ai?
- Não sei se eu tô preparado pra isso, mulher – Confessou Sebastião a meia voz.
- Bom, você que sabe – Janice decidiu não forçar nada, afinal de contas já era um grande passo Sebastião ter aceitado Eleonora como era.
- Vou esperar um pouco.
Janice teve a mesma reação que Flaviana ao ver Jenifer, olhos de compaixão e um coração apertado.
- Oi minha querida – Disse Janice chegando mais perto.
- Oi dona Janice – Retribuiu Jenifer sorrindo – Chega mais perto, não tô conseguindo mexer muito a cabeça.
Janice se aproximou e afagou a cabeça enfaixada de Jenifer.
- Que susto vocês duas me deram hein? – Disse Janice de forma leve – Como você está se sentindo?
- Eu tô com um pouco de sono, acho que ainda é efeito da anestesia, mas estou me sentindo melhor. Eu quero ver a Léo – Choramingou.
- Ela também quer muito ver você, pode ter certeza. Amanhã talvez, apesar de ter machucado pouco, ela também precisa descansar. Mas tem outra pessoa que quer ver você. Espere um minuto – Janice saiu do quarto e foi chamar pelo marido.
- Você não precisa dizer nada, só pergunte como ela está – Orientou Janice.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos lá, visitar minha... Nora – Brincou, arrancando de Janice um olhar arregalado.
“Será que é o João?” Se perguntou Jenifer um pouco entusiasmada. Cruzou os dedos por baixo do lençol e esperou.
Quando a “outra pessoa” entrou, a surpresa foi muito maior.
- Sebastião... – Murmurou surpresa.
Sebastião limpou a garganta e com as mãos no bolso disse:
- Oi Jenifer, você está se sentindo bem?

sábado, 21 de agosto de 2010

Capítulo 161 ♥

Flaviana desligou o celular decepcionada. Pensou que o neto enfim se desprenderia do seu preconceito e começasse a aceitar a irmã... Mas pensou errado.
- E ai, ele vem pra ver a Jenifer? – Perguntou Giovanni.
- Não... – Respondeu Flaviana tentando engolir o nó em sua garganta.
- Pensei que ele fosse passar por cima do que aconteceu e viesse ver a irmã dele – Intrometeu-se Janice.
- Não sei o que esse menino está pensando... – Começou a reclamar Giovanni, mas parou na metade quando o médico apareceu.
- A Jenifer acabou de acordar e perguntou por vocês.
- Eu posso vê-la também? - Pediu Janice.
- Pode sim. Mas eu peço que entrem de dois em dois, para não cansá-la.
- Você vai ver ela também Leão do Norte? – Perguntou Giovanni para Sebastião.
- Hum... Sim – Respondeu vacilante.
Janice tentou esconder um sorriso. Enquanto esperavam Giovanni e Flaviana voltarem, foram ver Eleonora que provavelmente estava acordada também.


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Flaviana abriu a porta e deu espaço para que a enfermeira passasse com sua prancheta.
Caminhou para perto da cama e pode ver que Jenifer estava mesmo acordada – mas só com um olho aberto.
- Minha querida – Murmurou Flaviana olhando para Jenifer.
Jenifer sentiu uma pontada na cabeça de surpresa e gemeu.
- Ai...
- Que foi meu mimo, você está sentindo alguma coisa? – Perguntou Giovanni.
- Não... – Sua voz era baixa, fraca – Vó... Você tá aqui – Tentou virar a cabeça para confirmar que não era uma miragem, mas não conseguiu.
- Não faz nenhum esforço minha querida – Pediu Flaviana ficando mais perto – Eu tô aqui sim e vou ficar pra sempre com você meu bem – Seus olhos começaram a se encher.
Uma lágrima fina escorreu pelo olho bom de Jenifer.
- Você sabe o que aconteceu Jenifer?
- O médico e a enfermeira me contaram, pai – Jenifer fechou o olho por um minuto – A Léo está bem, não é?
- Está sim minha filha, não se preocupe-se com a sua doutora – Tranquilizou Giovanni.
- Como você está se sentindo? - Quis saber a avó preocupada.
- Não vou mentir não... Nada bem, enxergando de um olho só não ajuda muito – Jenifer esboçou um sorriso, mas aquilo parecia exigir muito esforço.
- O senhor seu sogro também está aqui, Jenifer – Informou Giovanni.
Jenifer deu uma risadinha baixa.
- É sério?
- E tem mais, ele voltou a falar com a Eleonora – Disse Flaviana.
Jenifer ficou em silêncio por alguns segundos.
- Nossa – Foi a única coisa que conseguiu dizer, sua cabeça estava confusa.
- A males que vem para o bem – Disse Giovanni.
- E o João Manoel, ele também está aqui? – Perguntou Jenifer sentindo a esperança bater em seu peito.


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- O médico disse que daqui uns dois dias você já estará em casa – Dizia Janice para Eleonora.
- É, ele me disse... E vou ter que ficar uma semana longe do meu trabalho, e um mês usando aquele colete ortopédico – Bufou Eleonora – E a Jenifer, alguém pode me dizer como ela está? – Agora sua voz era exigente, impaciente.
Sebastião e Janice se entreolharam indecisos.
- Vocês estão me deixando nervosa.
- Tá bom, calma minha filha – Pediu Janice – Agora a Jenifer está bem.
- Por que agora? O que aconteceu com ela?
Janice continuou indecisa.
- Acho melhor falar logo de uma vez mulher – Falou Sebastião tão impaciente quanto a filha.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Capítulo 160 ♥

O médico tirou sua touca e passou a mão nos cabelos grisalhos e começou a dizer com um sorriso satisfatório:
- A cirurgia foi um sucesso e a Jenifer agora está na recuperação.
Flaviana vibrou por dentro, assim como Giovanni.
- A gente pode vê-la? – Perguntou Flaviana ansiosa.
- Podem, mas ela ainda está sob o efeito da anestesia e vocês não podem demorar – Alertou o médico – Se tudo correr bem, ela deve ir para o quarto logo pela manhã.
O médico indicou o corredor para que Flaviana e Giovanni o seguissem. Entraram no elevador e foram até o segundo andar, onde Jenifer estava. Quando passaram pela porta, o médico pediu para que lavassem as mãos, para evitar que pequenos invasores microscópicos causassem algum mal a Jenifer.
Se aproximaram da cama e Flaviana arfou um segundo. Jenifer estava um pouco desfigurada devido ao grande hematoma roxo – quase preto – que circundava seu olho direito. Percebeu certo relevo no lençol que cobria Jenifer e viu que o braço direito estava imobilizado numa tipóia azul e também tinha alguns hematomas.
A enfermeira ao lado monitorava os batimentos cardíacos, a pressão e os remédios intravenosos que estavam em Jenifer.
Giovanni passou delicadamente a mão na cabeça da filha, que estava envolta em uma faixa, presa com fitas.
O médico voltou para perto de Giovanni e Flaviana e explicou o motivo da tipóia no braço de Jenifer.
- Enquanto estávamos na mesa de cirurgia o resultado de outros exames chegaram e constatei que Jenifer deslocou o ombro e fraturou uma costela.
O coração de Giovanni apertou.
- Mas ela ficara bem. É jovem, logo se recupera – Garantiu o médico.
- Quan-quanto tempo ela vai ter que ficar aqui doutor? – Perguntou Flaviana.
- Ainda não temos previsão de alta, mas se tudo continuar como está dentro de quinze dias ela poderá voltar para casa – O médico olhou para o relógio e pediu: Vocês não podem ficar mais, desculpe-me.
Flaviana assentiu, encostou os lábios bem devagar na testa da neta e saiu. Giovanni beijou a mão da filha e seguiu a sogra.
Explicaram para Janice e Sebastião o que o médico contara e cansados, apagaram nas poltronas da sala de espera.



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Os passarinhos começaram a cantar nas janelas do hospital, o sol começara a sair de trás dos montes e um novo dia começava a nascer.
Giovanni foi o primeiro a acordar, foi até a cantina tomou um pequeno café e pegou algumas coisas para levar para os outros. Assim que acordaram tomaram seus cafés e comeram algumas rosquinhas.
Flaviana pegou o celular do genro e ligou para casa, quem atendeu foi a empregada alguns minutos depois passou o telefone para o João Manoel.
- Tá cedão hein vó? – Reclamou João Manoel com a voz rouca de sono.
- Eu pensei que você não tivesse dormido de preocupação com a sua irmã – Bronqueou em tom baixo, já que estava num hospital.
- Dormi feito uma pedra – Garantiu.
- Não vai perguntar como ela está?
- Deve estar viva... – Respondeu despreocupado.
- Ô meu neto, será que agora já não é hora de você parar e pensar que não importa o que a Jenifer faça ela é a sua irmã? A sua única irmã...
João Manoel nada disse, apenas bufou.
- E então, não vai vim vê-la?
- Não – Seu tom era o grosseiro de sempre, enojado de sempre. Para João Manoel não importava se Jenifer estava bem ou mal, ela se tornara uma desconhecida.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Capítulo 159 ♥

Sebastião chegou ao hospital junto de Plínio e logo foi perguntando pela filha.
- Minha mãe mais a tia Janice foram até o quarto da Léo – Informou Viriato ao tio.
- Pois trate de me levar até ela – Pediu Sebastião num nervosismo misturado com ansiedade.
Assim que avistou uma enfermeira, Viriato a chamou e pediu que a levasse até o quarto de Eleonora.
A enfermeira bateu delicadamente na porta e Janice abriu, quando viu o marido ficou surpresa, do mesmo jeito que Maria do Carmo.
- Como ela está? – Perguntou Sebastião em voz baixa, olhando por sobre o ombro da esposa.
- Entra – Disse Janice.
Os olhos de Sebastião percorreram todos os machucados de Eleonora impressionados. Mesmo que fossem apenas pequenos ferimentos, foi o suficiente para que ele sentisse as lágrimas se formarem em seus olhos.
Maria do Carmo cutucou Janice com o cotovelo e disse sussurrando:
- Vamos deixar os dois sozinhos.
Janice hesitou temerosa.
Antes que Eleonora pudesse vê-lo Sebastião foi até a mulher e pediu para que os deixassem a sós por um minuto.
Quando se viu a sós com a filha, Sebastião se aproximou da cama.
Eleonora virou o rosto e ficou surpresa em ver quem a olhava com os olhos marejados.
- Pai – Disse Eleonora com um sorriso – Você veio me ver... – Pegou o controle da cama e levantou o encosto o suficiente para ver melhor o pai.
Sebastião passou sua mão nos cabelos da filha e beijou sua testa. Puxou uma cadeira para perto da cama e se sentou, segurando a mão de Eleonora.
- Como você está se sentindo minha filha? – Sebastião sentiu o peso do coração sendo retirado aos poucos quando disse “minha filha”.
- Minha coluna dói um pouco, minha cabeça também – Respondeu com uma expressão de dor – Você está mesmo aqui comigo – Assinalou.
Um silêncio sepulcral tomou conta do quarto.
- Fiquei com tanto medo que... Que eu nunca mais fosse te ver minha filha – Sebastião quebrou o silêncio com lágrimas grossas que desciam por seu rosto – E foi isso que me fez ver o tamanho da burrada que eu fiz. Fui totalmente errado, eu nem mesmo quis... Te escutar.
Eleonora também começou a chorar e apertou a mão do pai.
- Me perdoe por tudo que eu fiz minha filha. Nunca, em momento algum eu ia preferir ver você morta, só de te ver machucada meu coração sangra.
- Eu te amo tanto pai – Disse Eleonora depois de um minuto quando sentiu que as palavras do pai estavam se perdendo – Obrigada por tentar me entender...
- Eu não sei nada sobre... – Sebastião limpou a garganta – Nada sobre isso, a única coisa que eu sei é que não quero mais te ter longe de mim, e um dia eu vou entender isso, só me dê um tempo...
- Todo o tempo do mundo pai, todo tempo do mundo – Concordou Eleonora.
- Você é a melhor filha que qualquer pai pode ter, e eu amo você. Agora eu vou te deixar descansar – Encerrou Sebastião.
Sebastião deu mais um beijo na filha e apagou a luz. Apenas o pôr do sol iluminava com seus feixes amarelados e alaranjados o quarto.
As dores no corpo de Eleonora pareciam ter ido embora, e seu coração batia como há muito tempo não batia. Aliviado e calmo.
Sebastião voltava para sala de espera com a única certeza do momento: Ter a filha novamente em casa.
Giovanni e Flaviana não sabiam mais para quais santos orar, há qual Ser superior pedir proteção para Jenifer. Perderam as contas de quantos cafés e copos de água haviam tomado a falta de respostas estavam deixando-os cada segundo mais nervosos.
Sebastião voltava do quarto de Eleonora e sentou-se ao lado da irmã e de Plínio.
- Agora que você está aqui eu vou-me embora meu irmão, o povo lá em casa deve estar preocupado – Disse Maria do Carmo.
- Eu vou ficar, vou esperar noticias da Jenifer – Avisou Janice sentando-se ao lado do marido – Conversou com a Léo? – Perguntou para o marido.
- Conversei e quero que ela volte pra casa quando sair daqui – Respondeu de forma direta para surpresa de todos.
Janice agradeceu o marido dando-lhe beijos e abraçando-o de forma forte.
- Mas eu acho que a prima não vai poder ficar subindo escada por enquanto – Observou Viriato – Ela pode ficar lá em casa, temos um quarto perto da sala não é mãe?
- É isso mesmo meu filho. E fico feliz por ouvir isso do meu irmão... – Maria do Carmo olhou Sebastião sorridente – Bom, depois nós conversamos sobre isso, vamô simbora que eu tô varada de fome.
Maria do Carmo e os filhos pediram para que desse qualquer notícia sobre Jenifer assim que a tivesse e voltaram para Baixada Fluminense.
Ainda encostado na janela, Giovanni virou a cabeça para direita quando ouviu passos vindo do corredor, era o médico que mais cedo viera avisar sobre Jenifer.
- Me diga-me que meu mimo está bem seu doutor – Pediu Giovanni ao médico.

domingo, 15 de agosto de 2010

Capítulo 158 ♥

Janice voltara da capela e sentou-se na poltrona junto de Flaviana.
- Alguma notícia da Jenifer? – Perguntou Janice.
- Ela está na sala de cirurgia, o médico saiu daqui agora pouco – Respondeu Flaviana com a cabeça apoiada nas mãos – Ô meu Deus, não leve a minha neta, prometo que eu vou tentar entender o jeito que ela escolheu pra viver, só não tira ela de mim – Pediu Flaviana em prece.
- Esse não é um bom momento para isso, mas... Talvez isso devesse acontecer para que a senhora e o João Manoel aprendessem a respeitar a sua neta – Disse Janice.
Flaviana levantou o rosto encarando Janice.
- Eu nunca concordei com isso, nunca achei certo, ainda não acho... Não sei como lidar com isso... – Disse Flaviana sentindo uma pontada no coração.
- Você nunca tentou ouvir sua neta, entender os sentimentos dela.
- Você também deve ter ficado assustada quando a Eleonora disse que fazia isso não é? – Flaviana talvez começasse a romper os muros do preconceito e achou em Janice a pessoa certa para lhe ajudar a entender Jenifer e seus sentimentos.
- Fiquei – Assumiu Janice – Ela era nova, tinha uns 15 anos... E eu pensei que a fase tinha passado, que era só curiosidade. Quando a Jenifer apareceu e eu descobri que a Léo gostava dela como mulher... Eu fiquei assustada não com o fato de ter uma filha lésbica, mas com o fato de que eu não saberia como ajudá-la e protegê-la. E com o tempo eu comecei a entender melhor e descobri que o amor é uma coisa incontrolável, e se for verdadeiro não adianta a gente lutar contra, a força do amor é maior do que qualquer coisa – Janice encarou os olhos de Flaviana de forma intensa, sem mostrar agressividade – E foi o meu amor pela minha filha que me mostrou que... Que ser lésbica é só mais um detalhe da personalidade dela, e que isso não faz dela melhor nem pior que ninguém.
O rosto de Flaviana estava banhado pelas lágrimas e seu coração estava apertado de arrependimento. Um filme doloroso e perturbador dos dias em que maltratou Jenifer passou de forma lenta em seu pensamento e a fez se sentir pior do que já estava. Não saberia se a neta sairia viva daquela situação, e caso isso acontecesse o arrependimento de ter sido conivente com o preconceito a mataria também.
- Só espero que a minha neta saia viva dessa cirurgia e me perdoe por ter sido tão estúpida com ela – Flaviana virou-se para Janice e segurou sua mão – Obrigada por ter feito o papel que eu não fiz... De mãe da Jenifer. Eu sei que a senhora sempre esteve ao lado dela, quando...
- Não precisa agradecer – Interrompeu Janice com um sorriso pequeno.
- Mãe... – Chamou Venâncio colocando a mão sobre o ombro de Janice – A enfermeira disse que a Léo acordou.
Janice levantou-se e antes de entrar pelo corredor, caminhou até Giovanni que estava encostado junto à janela e disse:
- A Jenifer vai ficar bem.
Giovanni não a olhou, apenas balançou a cabeça.


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- A Eleonora mais aquela... – Sebastião desistiu de chamar Jenifer de sem vergonha -... E a Jenifer sofreram um acidente de carro?
- Foi tio. Antes de o senhor chegar minha mãe ligou do hospital dizendo que a Eleonora está bem, mas a Jenifer parece que não está muito bem não.
- O que aconteceu com elas?
- Teve um tiroteio... – Começou Plínio tentando lembrar-se do que Cícera contara – E um dos bandidos atirou no carro da prima, ela perdeu a direção e bateu em um muro. A Jenifer bateu a cabeça e teve que ir pra cirurgia.
- Mas ela está bem não é? – Perguntou Sebastião exaltado e preocupado.
- A Jenifer? Não, ela teve...
- Eu estou perguntando da minha filha – Exasperou Sebastião.
- Ela está bem sim.
- Me leve ao hospital Plínio, estou muito nervoso pra dirigir – Pediu Sebastião arregaçando as mangas de sua camisa.
Plínio foi até a cozinha avisar Cícera de que sairia com o tio.
- Pelo jeito precisou acontecer essa desgraça para o Sebastião perdoar a Eleonora – Observou Cícera.
Plínio apenas concordou com uma aceno de cabeça e partiu para o Rio junto do tio.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Capítulo 157 ♥

Giovanni, Flaviana, Maria do Carmo, Viriato, Venâncio e Janice chegaram juntos no hospital e logo foram até a recepcionista pedir informações sobre Eleonora e Jenifer.
Antes de a recepcionista responder a enxurrada de perguntas que lhe fizeram, um médico que aparentava meia idade apareceu perguntando se os familiares das moças que se acidentaram com um Gol haviam chegado.
- Nós somos da família de Eleonora e Jenifer doutor, como elas estão? – Perguntou Maria do Carmo que estava com o nervosismo controlado.
O médico analisou as várias expressões que os rostos em sua frente estampavam e começou a escolher as palavras para não assustar ninguém.
- Bem... – Começou o médico a dizer – A Eleonora está bem, teve apenas alguns ferimentos por causa do vidro que se quebrou e uma pequena lesão na coluna, por causa da batida. Mas ela ficara bem.
Janice e Venâncio suspiraram de alívio.
- E a minha neta doutor? A Jenifer? – Perguntou Flaviana com o nervosismo saindo por seus poros.
A expressão do médico mudou instantaneamente e ficou mais séria.
- A sua neta teve um sério traumatismo craniano, e ela está na sala de cirurgia nesse momento.
Flaviana começou a ver as coisas ao seu redor rodar e desmaiou. Giovanni conseguiu segura-la antes que caísse no chão.
Giovanni colocou a sogra na poltrona e voltou rapidamente para frente do médico perguntando:
- Mas por que ela está na sala de cirurgia? Por quê?
- O cérebro dela está sangrando devido a batida.
A tensão em Janice voltou a correr por suas veias, pois sabia que se alguma acontecesse com Jenifer, Eleonora não suportaria. Saiu sem que ninguém percebesse e foi até a capela do hospital.
Segundos depois Flaviana já recobrara a consciência e sentada ouvia atentamente ao que o médico dizia.
- Quando os paramédicos encontraram o carro em que sua filha estava, acharam a Jenifer abaixada no assoalho do veículo, concluímos que talvez ela tenha abaixado devido aos tiros.
- Tiros? – Perguntou Flaviana assustada – Você não me falou nada sobre tiros Giovanni.
- Depois eu lhe explico-lhe minha sogra – Disse Giovanni dando de ombros.
- E a colisão do carro com o muro foi muito forte e a Jenifer acabou batendo a cabeça e provocando esse sangramento.
- Ela vai ficar bem não é doutor? A minha neta... Ela vai ficar... Viva, né? – Perguntou Flaviana com medo da resposta.- Faremos o possível para que sim minha senhora.
Uma enfermeira avisou o médico de que Jenifer já estava pronta para cirurgia.
- Fique tranquila, vou fazer de tudo para salvar a sua neta – Disse o médico para Flaviana.
Quando o médico virou as costas, Flaviana exigiu que o genro contasse como tudo aconteceu, sem esconder nada.


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- Cadê a mãe? – Perguntou Plínio à Cícera colocando as chaves do carro em cima da mesa de canto.
- Está no hospital, com o Viriato – Respondeu pela metade de forma tensa, com os braços cruzados.
- Aconteceu alguma coisa com o meu irmão?
- Não, ele foi levar sua mãe a Janice e o Venâncio pra ver a Eleonora, ela e a Jenifer sofreram um acidente de carro.
- Caraca velho – Plínio sentou no sofá meio atordoado com as mãos na cabeça – Mas e ai, elas estão bem?
- Sua mãe ficou de ligar, tô esperando.O telefone tocou e antes que Cícera pensasse em atender, Plínio já estava com o telefone na mão.
- Só liguei pra saber se a minha mulher está ai ­– Era Sebastião, em um tom mais ríspido que o normal. Nunca gostou de saber Janice saia de casa para ver Eleonora.
- Tio, acho melhor o senhor vir pra cá – Pediu Plínio com a voz séria.
- Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu – Confirmou – Vem aqui que conversaremos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Capítulo 156 ♥

O assalto algumas ruas acima ficara totalmente jogado para segundo plano quando polícia e ambulância encontraram o Gol preto de Eleonora enterrado no muro verde água. A dona de casa assustada, explicara aos policiais que chegaram ao local que só ouvira os tiros da cozinha e logo depois sentiu as paredes tremer e quando saiu para ver o que tinha acontecido, viu os bandidos fugindo e o carro com as “duas moças louras” dentro de seu quintal.
Os paramédicos chamaram os bombeiros. O impacto do carro no muro fez com que as portas do veículo ficassem impossíveis de abrirem só com a força de braços fortes. O carro virou uma meia sanfona, acomodado no quintal.
O vidro da frente do veículo fora totalmente estilhaçado na colisão. Serviu como meio de uma das paramédicas verificar se Eleonora e Jenifer estavam vivas. Jenifer ainda estava no assoalho do carro, desacordada. E respirava de forma lenta.
Eleonora estava recostada no banco, também desacordada sangrava de forma intensa na testa. As duas sangravam em vários lugares do corpo. Os pedaços de vidros quebrados grudaram em suas peles, formando riscos de sangue que escorreriam.
Assim que os bombeiros chegaram, serraram as portas, tiraram os pedaços de concreto do carro e Eleonora e Jenifer foram retiradas do veículo. A mesma paramédica que verificou se elas estavam vivas, pegou os pertences de ambas e procurou números de telefones de parentes.
Jenifer e Eleonora foram colocadas na ambulância e seguiram para o hospital mais próximo.

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Giovanni já deixara uma marca no tapete da sala de tanto andar de um lado para outro. E Flaviana já havia desistido das bolsas de água quente. O genro não lhe contara o que Danielle disse no telefone; Mas seu coração de avó sabia que alguma coisa ruim estava acontecendo.
Quando Giovanni desistiu de andar de um lado para outro e ir até a casa de Janice, o telefone tocou.

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Venâncio atendeu a ligação do hospital e suas pernas o obrigaram a sentar no sofá. Ele tentou não demonstrar o nervosismo quando colocou o fone no gancho, mas a palidez de sua pele fez Janice ficar mais angustiada do que já estava.
- Da onde era Venâncio? É alguma coisa com a sua irmã? – Disparou Janice com lágrimas de desespero nos olhos.
- É... A Léo e a Jenifer... – Venâncio parou um instante escolhendo as palavras.
- Fala logo meu filho!
- Era de um hospital do Rio, dizendo que a Léo e a Jenifer sofreram um acidente de carro – Disse Venâncio de forma calma, ocultando a palavra “grave” que ouviu de quem ligara em sua casa.
Agora foi a vez de Janice empalidecer.
- Calma, a Léo vai ficar bem – Venâncio foi socorrer a mãe que tombava lentamente no sofá.
Venâncio a deitou e foi correndo no quarto da mãe pegar seu remédio da pressão.

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- Ai meu Deus do céu! A Jenifer... Eu sabia que alguma coisa tinha acontecido com a minha neta – Disse Flaviana quando Giovanni lhe passou a informação de alguém que ligara do hospital. Mas ele apenas contara de um acidente de carro, omitiu os tiros.
- Vou pro Rio agora – Disse Giovanni voando para porta – Vou passar na casa da Maria do Carmo primeiro, afinal de contas a doutora mora lá... A senhora vem minha sogra?
- E você ainda pergunta?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Capítulo 155 ♥

Três tiros em sequencia foram ouvidos, aumentando a adrenalina no corpo de Eleonora. Ela tentava não demonstrar o pânico que começava a surgir, pois Jenifer já estava assustada o suficiente.
Eleonora vagava com o carro, não quis ficar com ele desligado enquanto Jenifer ligava para Danielle.
Jenifer explicou que mudara o trajeto por causa de um assalto e queria saber outro jeito de chegar até a casa dela.
- Desce a rua em paralelepípedo e vai ter uma bifurcação pega a rua da direita – Explicava Danielle – Tomem cuidado, por favor – Pediu com certo temor na voz.
Jenifer deu as instruções para Eleonora que subiu a rua da direita e freou bruscamente. Um trio de homens mal arrumados e com sacos nas mãos desciam a mesma rua que Eleonora subia. Eram os bandidos, concluiu Eleonora.
- Droga – Murmurou Jenifer ainda com Danielle no celular.
O desespero aumentou quando um dos homens virou para trás e deu cinco tiros. Um atrás do outro.
Eleonora permaneceu com as mãos no volante, mas sua cabeça estava confusa e ela não sabia que decisão tomar. Apenas tinha de pensar rápido.
- Jenifer? O que foi isso? São tiros? – Danielle estava apavorada.
- Eu tenho que desligar agora Dani – Respondeu Jenifer já com o aparelho longe do ouvido.
Jenifer engoliu em seco e algumas lágrimas começaram a rolar de sua face quando os homens foram chegando mais perto.
Eleonora já dava ré para virar o carro e fugir dos homens, quando o celular de Jenifer caiu no assoalho e ela tirou o cinto de segurança para pegá-lo de volta. E permaneceu ali abaixada, pois no mesmo instante um tiro foi dado no pneu traseiro do carro, fazendo com que Eleonora perdesse o controle e girasse uma vez, antes de um segundo tiro atravessar e estilhaçar o vidro traseiro e passar pelo vidro da frente do veículo. Eleonora soltou as mãos do volante e o carro bateu violentamente em um muro.



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O aperto no peito de Janice aumentou e a falta de resposta de Venâncio só fazia seus batimentos cardíacos aumentarem.
Ela foi até a sala e um pouco nervosa pedia alguma noticia da filha.
- O celular dela não atende mãe – Explicou Venâncio – Tentei o da Jenifer também, primeiro deu ocupado depois só chamou. Você está muito nervosa mãe, calma.

Janice sentou no sofá com as mãos unidas e começou a pedir à Deus que protegesse sua filha e sua nora.
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- Não tô gostando disso – Disse Giovanni quando tentou ligar pela décima vez no celular de Jenifer e não conseguiu atender – Isso num tá me cheirando-me bem...
- Tenta... Tenta o celular da doutora – Pediu Flaviana ainda com a bolsa de água quente sobre a testa.
- Também só chama – Giovanni voltou o telefone para o gancho, mas o retirou quando se lembrou de ligar para Danielle – Tem a ex ninfa-bebê. Vou ligar para ela.
- Eu senti a mesma coisa quando... Qua-quando minha filha morreu – Lembrou Flaviana.
Enquanto discava, Giovanni olhou a sogra assustado.


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Danielle andava de um lado para outro. E perguntava-se se alguma coisa havia acontecido com Eleonora e Jenifer. Apesar de Jenifer não responder à sua pergunta, ela sabia que os barulhos que ouvira eram de tiros e que provavelmente estavam muito perto delas.
Para agravar seu nervosismo tanto o celular de Jenifer, quando de Eleonora não atendiam. Quando seu telefone tocou sobre a mesa de centro, ela logo pensou que fosse uma das duas.
- Giovanni? – Perguntou surpresa.
- Oi nin... Ex ninfa-bebê. Deixe-me lhe pergunta-lhe, minha filha mais minha nora estão ai, ou ligaram pra você?
A garganta de Danielle se fechou e ela não sabia o que dizer para Giovanni.
- Você tá ai? – Perguntou Giovanni diante do silêncio.
- Tô, tô sim. Não... – Danielle achou melhor contar tudo para Giovanni – Elas não estão aqui.

sábado, 7 de agosto de 2010

Capítulo 154 ♥

O último dia de Julho estava com um tempo agradável a qualquer carioca. Céu azul, sem nuvens, sol forte.
Eleonora dirigia tranquila como sempre, mas sempre se permitia desviar o olhar para o banco do passageiro, onde Jenifer estava pensativa.
- O que eu tenho que fazer pra você parar de pensar no idiota do seu irmão? – Perguntou Eleonora.
Jenifer esboçou um sorriso triste e pousou sua mão na perna de Eleonora.
- Se eu pudesse me mudava pra qualquer lugar com você, só pra não ter mais que olhar pra cara do João Manoel – Disse Jenifer – Pensei que depois desse tempo todo ele tivesse começado a me aceitar sabe? Mas pelo visto...
- Pelo visto ele prefere perder a irmã a o preconceito – Concluiu Eleonora.
Jenifer concordou e tirou da bolsa um papel onde anotara o endereço de Danielle.
- Léo, acho que se você pegar a avenida a gente chega mais rápido – Informou Jenifer.
- Tudo bem – Eleonora deu seta para direita e depois para esquerda, pegando a avenida que Jenifer dissera.
- Nossa, que movimento ali na frente – Observou Jenifer colocando rapidamente a cabeça para fora da janela.
Eleonora reduziu a velocidade de seu carro quando percebeu um engarrafamento se formando diante de seus olhos.
- Será algum acidente? – Supôs Eleonora.
Jenifer ia se recostar no banco novamente quando percebeu algumas pessoas saindo de dentro de seus carros, aparentemente assustadas.
- O que tá acontecendo? – Perguntou Jenifer à uma mulher que passara em passos rápidos entre os carros ali parados.
- Moça sai daqui, tem uns bandidos em um banco ali na frente, tá perigoso demais – Disse a mulher com os olhos amedrontados.
Numa manobra totalmente de emergência, Eleonora deu ré no carro, subindo na calçada e indo na contra mão até encontrar outra rua, onde pudessem escapar do perigo.
- Calma, vai ficar tudo bem – Eleonora tentou acalmar Jenifer, tirou sua mão do volante alguns instantes e segurou a mão de Jenifer.


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Janice levava os pratos retirados da mesa do almoço para cozinha quando sentiu uma vertigem. Colocou os pratos em cima da mesa, sentando-se pesadamente na cadeira. Uma sudorese fria começou a surgir em sua testa e em suas mãos. Seu coração acelerou.
Venâncio tirara a sexta-feira de folga e chegava do futebol quando foi até a cozinha beber água. Deparou-se com a mãe totalmente paralisada na cadeira, com o olhar parado no ar.
Chamou-a três vezes e não teve resposta. Estranhou.Bebeu a água, colocou o copo na pia e puxou uma cadeira, sentando-se em frente a mãe.
- A senhora está preocupada com a história do casamento da Léo com a Jenifer? – Perguntou Venâncio colocando as mãos nas mãos da mãe.
Janice permaneceu olhando o vazio.
- Tá acontecendo alguma coisa com a Léo – Disse Janice apertando suas mãos com as de Venâncio.
- A Léo tá bem mãe, ela foi para o Rio com a Jenifer ver a Danielle.
Janice olhou para o filho emudecida.
- Mãe, suas mãos estão suando e a senhora está pálida – Observou Venâncio.
- Liga pra sua irmã meu filho, por favor.
Sem contestar Venâncio pegou o telefone e ligou no celular de Eleonora.

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A discussão de mais cedo deixara Flaviana com uma forte dor de cabeça. Ela estava deitada no sofá com uma bolsa de água quente na testa. Quando sentiu uma pontada no coração. Giovanni entrou em casa de forma tempestiva, perguntando por Jenifer. Flaviana estava absorta na pontada que levara no coração e não ouviu o genro.
- A senhora está me ouvindo-me minha sogra? – Perguntou Giovanni um pouco mais alto.
- A Jenifer... – Flaviana estava arfante – A Jenifer saiu com a doutora, foram para o Rio... Mas... Não sei, não tô gostando disso que eu tô sentindo – Levou a mão ao peito e sentou-se ereta no sofá, tentando controlar a respiração.
Giovanni pegou o telefone e começou a discar os números do celular de Jenifer.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Capítulo 153 ♥

Eleonora foi até a casa dos Improtta buscar Jenifer para irem ao Rio, visitar Danielle. Como sempre Eleonora subiu até o quarto da namorada para evitar os olhares desagradáveis do cunhado.
Jenifer estava terminando de se arrumar, e Eleonora a esperava sentada na cama.
- Amor, pega um pouco de água pra mim? – Pediu Jenifer enquanto abotoava o jeans.
- Gelada ou natural?
- Gelada.
Eleonora desceu até a cozinha. Parou na porta quando se deparou com João Manoel descascando uma laranja. Engoliu em seco e o ignorou.
João Manoel desviou o olhar rapidamente para Eleonora, ignorando-a logo em seguida.
Eleonora colocou a água no copo e ia saindo quando deu meia volta. Colocou o copo em cima da bancada e respirou fundo.
Desde muito tempo ela vinha com a ideia de conversar com João Manoel, tentar fazer com que ele entendesse o relacionamento dela com a irmã. Ou pelo menos aprender a respeitar as duas e todos os outros homossexuais que encontrasse. Mas como nunca tinha tido a oportunidade de estar a sós com o cunhado, viu ali o momento perfeito para tentar conversar.
- João... – Chamou Eleonora vacilante e com um leve tremor interno.
João Manoel fingiu não ouvir e jogou as cascas da laranja no lixo, saindo da cozinha.
Por estar mais perto, Eleonora não pensou duas vezes e parou em frente à porta, impedindo a passagem.
- Sai da minha frente – Pediu João Manoel grosseiro.
- Você pode me ouvir só um momento?
- O que você quer?
- Senta – Pediu Eleonora delicadamente, apontando duas banquetas.
- Eu vou ficar em pé mesmo.
Eleonora também permaneceu em pé.
- A gente nunca conversou sobre isso, você nunca deu oportunidade pra sua irmã se explicar e eu queria...
- Tentar entender essa pouca vergonha? – Interrompeu com um sorriso duro – Eu não tenho que entender nada, isso é... Nojento.
Eleonora sentiu um arrepio.
- Isso é amor... O mesmo amor que você sente pela Regininha, o mesmo amor que o seu pai sentiu pela sua mãe – Disse Eleonora.
- Tira os meus pais dessa – Pediu mantendo o tom áspero.
Vendo a demora de Eleonora em voltar com a água, Jenifer foi até a cozinha e parou atrás da porta quando ouviu a conversa da namorada com o irmão.
- Tudo bem. Você não aceita e nem vai aceitar – Concluiu Eleonora. Sabia que o esforço seria à toa.
- Exatamente – Concordou.
- Então eu só te peço uma coisa, respeito. A Jenifer me conta o jeito como você a trata, como fala com ela e isso passa muito longe do respeito – Eleonora estava irritada, mas tentava não perder o controle.
- Respeito... Humpf! Vocês não merecem nada, vocês são... Duas sem vergonhas, nojentas, sem moral...
- Cala a boca! – Pediu Jenifer entrando na cozinha em um tom mais alto do que o irmão usava.
- Cala a boca você, ou melhor, vocês... Não sei por que tô perdendo meu tempo. E quer saber de uma coisa irmãzinha? – A voz de João Manoel era debochada e rude – Ainda bem que a mamãe não tá aqui pra ver esse desgosto.
- Tenho certeza que ela ficar do meu lado como o papai, ela ia me amar como eu sou – gritou Jenifer com lágrimas nos olhos.
Flaviana chegava da rua quando ouviu os gritos da cozinha.
- Mas o que tá acontecendo aqui? – Perguntou assustada.
- Fala pra sua neta que eu jamais vou perdoar ela por ser assim – Respondeu João Manoel já na porta da cozinha – Eu prefiro ver ela morta do que casada com outra mulher – Concluiu saindo em passos duros.
Jenifer desabou nos braços de Eleonora. Flaviana ficou sem saber o que fazer, apenas saiu da cozinha como o neto.
- Desculpa por tudo isso, eu não deveria ter tentado conversar com ele, desculpa – Pediu Eleonora com o coração apertado.
O choro de Jenifer já cessava e ela olhou para Eleonora.
- Você só queria ajudar meu amor, não precisa se desculpar. E vamos tentar esquecer isso, a Dani tá esperando a gente.
Eleonora sorriu e passou a mão nos olhos de Jenifer enxugando suas lágrimas.

Capítulo 152 ♥

Flaviana e João Manoel se olharam perplexos.
Giovanni colocou a mão da filha sobre seu colo e virou-se para ela um pouco confuso.
- Noivado... – Começou a dizer Giovanni piscando os olhos assustados – Se alguém noiva é por que depois...
- Vai se casar – concluiu Jenifer.
- E se você está com uma aliança de noivado no seu dedo é por que... – Continuou Giovanni reflexivo e tentando encaixar as peças em sua cabeça.
- Por que a Léo me pediu em casamento.Os olhos de Flaviana pareciam que sairiam do lugar, tamanho susto que tomou.
João Manoel por outro lado, começou uma risada incontrolável.
Giovanni e Jenifer viraram-se para João Manoel sem entender.
- Qual é a graça João Manoel? – Perguntou Giovanni.
- Isso é ridículo. RI-DÍ-CU-LO. Uma mulher se casar com outra. Colocar aliança de noivado – continuou rindo – Você perdeu a vergonha mesmo...
- Some daqui João Manoel – ordenou Giovanni.Ainda rindo João Manoel nem contestou o pai, e subiu para o quarto.
Jenifer nada disse. Apenas sentiu uma vontade gigantesca de chorar.
- Não ligue para ele meu mimo – Giovanni pegou nas mãos de Jenifer, acariciando-as – Mas agora me diga-me... Você aceitou se casar-se com a doutora?
Flaviana continuou a tricotar no outro sofá, sem tirar os olhos do que fazia, mas com os ouvidos bem abertos.
- Aceitei pai. Mas não vamos nos casar agora, ela disse para eu terminar a faculdade primeiro e a gente precisa de uma casa também.
- E você tem certeza de que quer... – Giovanni limpou a garganta e tentou ser o mais calmo possível – Se casar-se com a doutora?
- Tenho pai – Respondeu Jenifer com os olhos brilhando – O senhor tem alguma coisa contra?
- Nha... Não, contra não. Só não quero que você se precipite-se.
- Não vou me precipitar, confia em mim.- Eu confio meu mimo, eu confio...
Giovanni abraçou a filha e Jenifer disse que iria subir pois estava cansada.
- Você concorda mesmo com isso? – Perguntou Flaviana assim que Jenifer saiu da sala.
- Isso o que minha sogra?
- Isso. Essa... Essa pouca vergonha, mulher só se casa com homem meu genro e a sua filha tá iludida, achando que vai ser feliz com aquela outra.
- Ela não está iludida minha sogra, e ela não está achando que vai ser feliz. Ela já é feliz com a doutora. Agora fique quieta e continue com o seu tricô – Respondeu Giovanni com rispidez.


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Já à noite, Eleonora estava no quarto relembrando os momentos mágicos que vivera na noite anterior quando ouviu uma batida na porta.
Cícera colocou a cabeça no espaço da porta entreaberta e disse que a mãe e os irmãos haviam chegado, que esperavam por ela lá embaixo.
Eleonora ajeitou o cabelo e desceu.
Depois dos cumprimentos Janice disse:
- Posso saber o por que dessa reunião?
- Espera só um pouquinho... – Eleonora se interrompeu quando viu Jenifer entrando pela porta da frente – Ela já chegou.
- O que tá acontecendo aqui? – Perguntou Viriato entrando logo atrás de Jenifer quando viu todos os familiares na sala.
Jenifer cumprimentou a todos, e ficou ao lado de Eleonora.
- Bom – começou Eleonora segurando a mão de Jenifer – Eu chamei todos vocês aqui, pois quero fazer um comunicado, muito importante.
Viriato sentou-se no braço do sofá principal ao lado de Isabel e prestou atenção no que Eleonora tinha a dizer.
- É o que estou pensando Léo? – Perguntou Jenifer no ouvido de Eleonora.
Eleonora respondeu com um olhar iluminado e prosseguiu.
- Eu e a Jenifer vamos nos casar.
- É sério? – Perguntou Plínio pouco convencido.
Eleonora e Jenifer levantaram as mãos exibindo as alianças.
Venâncio saiu de seu lugar e abraçou a irmã e a cunhada.
Maria do Carmo não hesitou em pedir para que abrissem uma champanhe.
- Mas vocês vão se casar quando minha filha? – Perguntou Janice.
- Não sei mãe, a Jenifer tem que terminar a faculdade, a gente precisa de uma casa...
- Desculpem a minha ignorância, mas... Vocês vão se casar numa igreja? – Perguntou Isabel.
Eleonora riu.
- Não, não podemos nos casar numa igreja. O casamento gay, ainda é um acordo de união estável que se assina no cartório – respondeu Eleonora - Mas que não garante automaticamente direitos sobre herança, guarda dos filhos, se for o caso.
Um coro de “hum, entendi” foi feito.
Janice abraçou a filha e a nora, e segurando a mão de ambas como se fosse um elo disse olhando nos olhos de cada uma:
- Eu só quero que vocês sejam felizes, casando numa igreja ou não... – Janice voltou os olhos para Jenifer e soltou a mão da filha. Unindo suas mãos com Jenifer apenas – E você, cuide bem da minha filha.
- Não precisa nem pedir – Disse Jenifer sorrindo.
Eleonora e Jenifer deixaram os familiares conversando e foram para o jardim. O céu estava pouco estrelado, uma fina fatia da lua estava encoberta por uma nuvem cinza. Um vento fresco anunciava que poderia vir chuva.
Jenifer balançava os pés sentada no banco e o observava o céu enigmático.
- Um beijo pelos seus pensamentos – Disse Eleonora roubando a atenção de Jenifer.
Jenifer inclinou a cabeça, sorria e mesmo com a pouca luz que iluminava o jardim era possível notar o brilho em seus olhos.
- Eu tava pensando que ainda falta uma pessoa saber sobre o nosso... Casamento.
- Quem? – Quis saber Eleonora.
- A Dani. Ela nos chamou para irmos conhecer a casa dela lá no Rio.
- Hum... Por esses dias não vai dar, por causa dessas folgas que eu peguei por causa do seu aniversário, não sei quando vou conseguir outras.
Jenifer fez careta, mas no fundo entendia mais do que ninguém como era “estranha” a rotina de Eleonora.
- Pode ser no finzinho do mês, eu vou ver com ela e depois te falo tá?
Eleonora piscou e se aconchegou em Jenifer, esquentando-se.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Capítulo 151 ♥

Jenifer arregalou os olhos e as lágrimas pararam de rolar por um momento. Suas mãos ficaram frias e as batidas do seu coração se tornaram sufocantes. Uma mistura de surpresa, medo e alegria corriam em suas veias.
Eleonora ficou assustada com o silêncio de Jenifer. Os poucos segundos que passaram pareceram se tornar horas rastejantes.
- É claro que eu aceito Léo – disse Jenifer por fim.
Eleonora terminou de colocar a aliança e beijou Jenifer em seguida.

Depois Jenifer pegou a caixinha aveludada e retirou a outra aliança. Queria dizer muitas coisas, mas disse o que julgou ser mais importante.
- Eu amei, eu amo e vou amar você até o último dia da minha vida – colocou a aliança no dedo de sua amada.
Eleonora foi até a cozinha apagar as velas, apagou as de perto do sofá e da janela. As que estavam nas laterais da cama – afinal de contas ela não queria incendiar um lençol quando o jogasse no chão – deixou apenas as velas maiores que estavam na mesa de vidro encostada no lugar onde era a cabeceira da cama.
Jenifer apoiava a mão direita na cadeira, para tirar o sapato e ainda babava na aliança. Eleonora chegou silenciosa por trás e começou a beijar seu pescoço descendo a boca lentamente pelas costas de Jenifer. O zíper que estava na parte de trás foi sendo aberto lentamente. Em pouco tempo o vestido estava no chão. Eleonora foi descendo aos poucos, beijando cada pedaço do corpo de Jenifer – costas, cintura, bunda, coxa – e depois a deitou na cama.
Sem se importar com as pétalas que ali estavam, se amaram como da primeira vez. Intensamente.



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Por sorte, dia seguinte era sábado. Nada de faculdade, e Eleonora conseguira uma folga naquele dia - supôs que seria quase impossível acordar cedo.

- Mas você ainda não parou de olhar essa aliança? – Perguntou Eleonora sorrindo ao acordar, quando percebeu que Jenifer admirava a aliança em seu dedo.
- Não – respondeu com a voz um pouco rouca – É inacreditável ainda.- Agora você é a minha noiva.
Jenifer sorriu entrando em baixo do lençol e abraçando o corpo nu de Eleonora.
- Ontem percebi que você ficou um pouco assustada quando eu te pedi em casamento – disse Eleonora.
- Eu fiquei – admitiu Jenifer – Mas não pelo pedido em si. Foi por que eu não esperava que isso fosse acontecer tão cedo.
- Mas fica tranquila, não vamos nos casar agora. Até por que precisamos de uma casa primeiro. E você precisa terminar a faculdade.
- É... Eu quero muito dormir e acordar com você todos os dias – sonhou Jenifer – Mas quero tudo certinho, sem passar com o carro na frente dos bois, como diria minha avó – riu.
- Eu também quero muito ter uma vida com você – disse Eleonora beijando Jenifer no pescoço, subindo até o queixo mordendo-o devagar.
Jenifer suspirou agarrando os cabelos de Eleonora.



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Já era tarde quando Eleonora estacionou o carro pouco acima da garagem da casa dos Improtta.
- Eu amei tudo Léo, foi perfeito, você foi perfeita. Nem sei como agradecer – disse Jenifer eufórica.
- Fique comigo pra sempre – disse Eleonora unindo sua mão à de Jenifer.
- Pra sempre.
Jenifer chegou em casa radiante, soltando pequenos sorrisos a cada segundo, sentindo-se a pessoa mais feliz do mundo.
A avó, o irmão e o pai estavam na sala, cada um ocupando um sofá. E estranharam o balão prateado que Jenifer carregava.
- A doutora levou você a um parque de diversão meu mimo? – Perguntou Giovanni rindo. E seu sorriso logo se desmanchou quando Giovanni percebera algo diferente na mão de Jenifer.
Jenifer riu de volta.
Jenifer segurava o balão com a mão direita, mesma mão em que sua aliança estava. Um feixe de luz natural vinda da janela atingiu em cheio a aliança. O reflexo furta-cor brilhou e refletiu na cortina branca. Flaviana olhou o reflexo, olhou Giovanni que a olhou de volta.
- Me-meu mimo, venha até aqui – gaguejou Giovanni um pouco assustado.
- Já volto – disse indo para o quarto. Deixou suas coisas em uma cadeira e amarrou o balão prateado que pegara na cabeceira da cama.Voltou à sala e sentou-se ao lado do pai depois de dar um beijo carinhoso em seu rosto.
- O que o senhor queria? – Perguntou casualmente.
- Me dê-me sua mão.
Jenifer sabia que era da aliança que Giovanni queria saber. Sem receio algum colocou a mão sobre a perna do pai.
Giovanni pegou a mão da filha e levantou na altura dos olhos.
- Isso é... – Tentou dizer, mas travou.
- Uma aliança pai – Disse Jenifer tranquilamente – Uma aliança de noivado.