Leia o Texto Completo: Bloquear Seleção de texto no Blogger | Inforlogia http://www.inforlogia.com/2008/11/bloquear-selecao-de-texto.html#ixzz1AYuS8pMz (http://www.inforlogia.com) Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Eleonora & Jenifer: janeiro 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

Capítulo 74 ♥

Mais rápido do que esperavam, os dias de internação já haviam terminado e ela estava em casa. Mas ainda faltava alguma coisa pra que ela se sentisse realmente bem.
Dafne havia ido visitar a amiga e aproveitaram para conversar sobre a reconciliação entre ela e Eleonora.
- Então Dafne, eu quero ir conversar com a Léo, não sei por onde começar... Só sei que eu quero conversar com ela, o quanto antes. Não agüento mais.
- Você está se sentindo bem? Cem por cento recuperada?
- Sim, me sinto bem... Só estou meio encucada...
- Com o que?
- Não sei por que ela não foi me ver mais enquanto eu estava internada, foi só no primeiro dia e depois não foi mais.
Dafne abaixou os olhos e deixou Jenifer desconfiada.
- Que foi Dafne, você sabe de alguma coisa?
- Quando eu cheguei... Não sei se tenho o direito de falar – A voz de Dafne era vacilante.
- Ah não! Agora que começou continua – Esbravejou Jenifer.
- Quando eu cheguei, sua a avó e a Dani estavam discutindo por que... Pelo o que eu entendi sua avó não deixou a Léo te ver...
- Não acredito... Ela não seria capaz – E Jenifer saltou da cama e foi correndo procurar a avó.
Jenifer chegou na sala bufando.
- Eu não acredito que você fez isso – gritou.
- Ei, o que está acontecendo aqui? E por que a senhorita está descalça? Se você pegar um resfriado...
- Não desconversa vó, você não tinha o direito de fazer isso...
- Fazer o que? O que foi que eu fiz?
- Não deixou a Eleonora ir me ver.
- Eu só queria te proteger minha querida, não queria que você fosse incomodada.
- Me proteger do que? A Léo não ia me fazer mal algum... – A raiva de Jenifer se transformou em lágrimas e desciam pelo seu rosto.
- Ela está te fazendo, olha só no que ela te transformou... Até ontem você nem queria ver ela, agora esta implorando a presença dela. Isso só pode ser outra doença...
- Você nem sabe do que está falando, eu não estou mais doente. Eu só... As vezes eu desacredito de você – Decepcionada com a avó, Jenifer sobe para o quarto seguida de Danielle e Dafne.




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Deitada na cama Jenifer pensava. Seu silencio deixou Danielle e Dafne intrigadas.
- Jenifer? Está pensando no que?
- Minha avó... Estragou tudo.
- Estragou o que?
- Eu estava tão segura de ir falar com a Léo, e ela estragou tudo. Vocês viram o jeito que ela falou comigo? E eu ainda não fiz nada...
- Não Jenifer. Não deixa isso te abalar. É agora que você tem que mostrar sua força, sua coragem e enfrentar ela e quem mais se colocar no seu caminho – Dafne a encorajou.
- É verdade, sei que coisas piores estão por vir, isso é apenas o começo. Se eu não começar enfrentando isso, como vou enfrentar o resto não é mesmo? – Entusiasmou-se Jenifer.
- É assim que se fala – Apoiou Danielle – Mas a Léo está em casa hoje?
- Não sei, tenho que ligar. Liga pra ela pra mim fazendo um favor Dafne? Vou tomar banho – Jenifer jogou o telefone celular no colo de Dafne e foi para o banheiro.
Dafne assim como Jenifer se encheu de coragem e tentou provar para si mesma que já não sentia nada por Eleonora.
Depois de uma longa inspirada começou a digitar os números no celular.
- Jenifer? – disse Eleonora surpresa.
- Não... É a Dafne...
- Dafne? – Se surpreendeu mais ainda.
- É Léo, sou eu. A Jenifer pediu pra ligar pra saber se você estaria em casa, acho que chegou o grande dia.
- Eu estou em casa sim... Ela vai vir falar comigo?
­- Vai. Vou falar pra ela que você está em casa... Um be... – E Eleonora interrompeu Dafne.
- E você como está? Tanto tempo sem nos falarmos.
- Eu estou bem, estou viva. Não há mal que sempre dure...
- Está bem mesmo? Sua voz me parece...
- Mentirosa?
- Não, não é isso... Parece nervosa apenas.
- Não estou nervosa, estou tranqüila. Um pouco talvez – confessou – Desde que me afastei de você, essa é a primeira vez que nos falamos... Mas estou bem. Pode confiar – sorriu.
- Se você diz... E a Jenifer, ela disse que horas ela vai vir?
- Não... Mas creio que não ira demorar, ela esta tomando banho.
- Tudo bem. Diz pra ela não demorar... – A voz de Eleonora demonstrou nervosismo e sua respiração ficou rápida.
- Pode deixar, o que ela menos quer agora é demorar. Pode apostar.
E Dafne percebe que o chuveiro foi desligado e se apressa na despedida no telefone.
- Bom Léo, é isso. Depois de tanto tempo, vocês enfim ficarão juntas. Um beijo e boa sorte.
- Obrigada Dafne, se cuida.
Enrolada na toalha Jenifer sai do banheiro e vai direto ao guarda-roupa escolher uma roupa.
Em meio a tantos jeans, blusas, saias a indecisão toma conta.
- Não sei o que vestir, saia ou calça? Short talvez? Está calor hoje...
- Coloca saia, fica mais fácil – disse Dafne com um sorriso malicioso.
- Mais fácil? Não entendi...
- Esquece Jeni, bobeira minha – riu.
- Vou colocar essa calça e essa blusa – Jenifer mostrou a roupa escolhida para Dafne e Danielle e as jogou na cama – Tá bom né?
- Vai ficar linda Jeni – Disse Danielle – Você fica muito bem nessa blusa.
Enquanto sentava na cama para enxugar os cabelos, Jenifer para e começa a refletir sobre tudo, desde o momento em que viu Eleonora pela primeira vez.
- Ficou pensativa de novo... Vai me dizer que desistiu – Dafne já estava se frustrando.
- Não, jamais. Chega de fugir – disse com firmeza.
Dafne e Danielle olharam admiradas e felizes.
- Eu só estou pensando no primeiro dia que eu vi a Eleonora... Eu me senti de uma forma diferente desde o primeiro momento. E a vontade de sempre estar com ela foi crescendo cada dia mais, e quando percebi que não era como amiga que eu a queria por perto eu fugi. Fugi com medo, assustada. Fui fraca, covarde. Se eu tivesse sido mais lúcida, menos medrosa... Teria evitado esse sofrimento todo, tanto pra mim quanto pra ela.
Jenifer vai secando os cabelos enquanto ouve o que Danielle e Dafne tinham a dizer sobre suas palavras.
- Ah Jenifer, não fica assim. Já passou. Agora você está aqui pronta pra se entregar a esse amor, não importa o que passou. O que importa é o que está vindo – Consolou Danielle.
- É verdade amiga, relaxa e vai lá. Vai que ela está te esperando.
Jenifer abraçou Danielle e Dafne e aproveitou o momento para agradecer.
- Eu não sei o que teria sido de mim sem vocês. Vocês foram e sempre serão as melhores amigas desse mundo, eu amo vocês. Obrigada por tudo.
Desprendeu-se do abraço e foi colocar o jeans justo e a blusa verde clara de alças trançadas e nos pés colocou uma rasteirinha.Olhou para Danielle e Dafne sentadas na cama, inspirou e respirou repetidas vezes e disse:
- É... Depois de tanto fugir, chegou a hora – um sorriso temeroso surgiu no seu rosto.
- Vai lá e arrasa bee, como diz o Ubiraci – Lembrou Danielle.
Jenifer jogou beijos no ar e foi. Não havia nada nem ninguém naquele momento que a fizesse parar.

Capítulo 73 ♥

Eleonora havia acordado cedo como a mãe e saiu antes que o resto da família acordasse. Queria chegar cedo no hospital e pegar Jenifer acordada.
- Vai com calma minha filha. Cuidado pra não arranjar encrenca com o pessoal dela. Depois do que aconteceu eles já não vêem você com bons olhos – aconselhou a mãe.
- Ainda não aconteceu nada mãe. E acho bom eles irem se acostumando, por que em breve a Jenifer vai ser a minha namorada.
A firmeza de Eleonora deixou Janice impressionada.
Eleonora saiu e deixou a mãe preocupada com o que poderia acontecer.
Eleonora chegou no hospital e foi guardar suas coisas no armário e logo foi ao quarto de Jenifer ver se ela estava acordada. Quando colocou os pés no corredor Flaviana voltava da cantina com um copo de café nas mãos. Seus olhos se encontraram e causaram em Eleonora um arrepio de medo.
- Nem pense em chegar perto da minha neta – alertou.
Eleonora ficou imóvel e apenas assentiu. Virou as costas e saiu andando.
Flaviana entrou no quarto e viu que a neta já estava acordada.
- Querida, está melhor?
- Tô... Meu corpo ainda dói um pouco – disse Jenifer.
- O médico disse que daqui uns dias você volta pra casa.
Ainda meio zonza Jenifer respira fundo e pensa em perguntar pra avó sobre Eleonora.
- Vó... A Léo... Ela está aqui hoje?
Flaviana se espanta com a pergunta da neta e mente.
- Não querida, ela não está... Por que você quer saber dela?
- Eu quero ver ela.
Flaviana a olha condenando sua vontade.
- Vó... E a Dani cadê?
- Estou aqui – disse Danielle abrindo a porta – Como você está Jeni? Me deixou tão preocupada...
- Dani... – Um sorriso surgiu nos lábios pálidos de Jenifer – Chega mais perto.
Danielle chegou mais perto e abaixou-se ficando cara a cara com Jenifer.
- A Eleonora está trabalhando hoje né? – Sussurrou – Perguntei pra minha avó, mas sei que ela mentiu.
Os olhos de Danielle foram até o fundo do quarto onde Flaviana estava e perceberam que ela estava atenta na conversa das duas.
- Ela está aqui sim Jeni, eu falei com ela assim que eu cheguei. Sua avó não quer que ela chegue perto de você, hoje enquanto a gente estava tomando café ela disse com todas as letras “não quero saber dela atrás da minha neta”. Mas o seu pai me surpreendeu, disse que seria inevitável que ela viesse te ver e que talvez essa seria sua cura – Danielle sorriu.
- Meu pai disse isso?
- Hunrum.
Uma tosse carregada fez Jenifer perder o ar por alguns minutos. Flaviana chegou mais perto assustada.
- Eu estou bem vó, calma.
- Acho melhor eu chamar a enfermeira – Flaviana saiu do quarto em passos rápidos.
- Dani... A Léo veio aqui ontem, mas eu fingi que estava dormindo.
- Por que não falou com ela?
- Eu não estava me sentindo bem, não dava conta de falar muito. Só sentia dor e dor... Mas eu ouvi tudo o que ela disse... Ela disse que me ama.
- Como se você não soubesse... Jenifer espera você sair desse hospital pra ver e falar com ela vai ser melhor.
- Eu não agüento mais esperar...
- Você esperou tanto, você agüenta mais um pouco.
- Bom dia Jenifer, esta na hora do seu remédio – A enfermeira entrou com um pequeno copo cheio de um remédio de cor esverdeada.
Jenifer fez cara feia, mas tomou tudo.



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Eleonora já havia feito a visita matinal para todos os seus pacientes e resolveu tentar ir ao quarto da Jenifer.
- Você não pode entrar ai – disse uma voz feminina e grossa.
Eleonora virou-se assustada.
- Helena, eu só vou visitar uma amiga.
- Mas você não pode, recebi ordens para não deixar você ver a Jenifer – A arrogância transparecia em sua voz.
- Aposto que foi a avó dela.
- Foi, foi a dona Flaviana sim. E espero que você não me desobedeça.
Eleonora achou a autoridade na voz de Helena abusiva e a desafiou.
- Escuta aqui Helena, não vai ser você e nem ninguém que vai me impedir de ver a Jenifer.
- Escuta aqui você – Helena parou com seu um metro e setenta na frente de Eleonora e a olhou por cima – Se você entrar nesse quarto, vou te dar uma advertência.
Helena viu que Eleonora não passaria por cima de sua autoridade e foi embora.
Eleonora bufava de raiva. Pegou o celular e ligou para Paulo que era o médico responsável da noite anterior para perguntar o por que não estava lá.
- Oi Léo, ontem foi meu último dia, entrei de férias hoje volto só daqui quinze dias.
- Não acredito – disse desapontada.
- Por que?
- Por que a avó da Jenifer me proibiu de chegar perto dela, e é a Helena que está de chefe hoje, droga. Desculpa te incomodar Paulo, fazer o que...
- Infelizmente não posso fazer nada. Mas calma, daqui uns dias ela estará em casa e vocês vão poder se acertar.
- Assim espero. Obrigada Paulo, boas férias. Tchau.
- Tchau.
Eleonora teria que fazer o que menos gostava, esperar. Era a única alternativa.

Capítulo 72 ♥

Enquanto Paulo fazia anotações sobre o caso de Jenifer, Eleonora entra no quarto como um ladrão, fazendo o mínimo de barulho possível pra não acordá-la.
Em pé ao lado da cama, Eleonora olhava o soro pingando lentamente, a máscara de oxigênio, e o rosto sereno de Jenifer. Puxou uma cadeira e se sentou. Com as pontas dos dedos acariciou o rosto da amada.
Seus olhos transbordaram.
Quando viu que não tinha mais como segurar as lágrimas, parou de tentar prende-las e com elas saíram suas palavras.
- Jenifer... Eu sei que você não está me escutando, mas... – Eleonora vacilou e quase desistiu, mas precisa arrancar de dentro de si aquela vontade de falar tudo o que queria – Eu sinto muito a sua falta. Não sei mais o que fazer pra te esquecer, eu não quero te esquecer... Ter você pra mim é o que mais importa agora, mais do que qualquer coisa. E eu te espero o tempo que for, por que eu sei que só vou ser feliz se você estiver comigo. E sei que você quer estar comigo também, eu amo você Jenifer...
Quando sentiu que as palavras começaram a faltar se calou.
Paulo entrou no quarto e disse que Eleonora teria que ir, pois a família de Jenifer já estava muito aflita.
- Tá, eu já estou indo Paulo. – Eleonora despediu-se de Jenifer beijando sua testa ainda febril.
Encontrou Paulo a caminho da sala de espera e perguntou sobre o estado de Jenifer.
- Ela vai ter que ficar internada por muito tempo?
- Primeiramente... Calma, ela está bem – disse pegando nas mãos tremulas de Eleonora – E vai ficar internada por mais uns três ou quatro dias.
- Ela me parece tão fraca...
- Realmente, ela está abaixo do peso... Mas acredito que ela vai se recuperar logo.
- Tomara. Bom, agora eu vou indo antes que alguém da família dela me veja... Fala pra ela que eu estive aqui?
- Falo sim.
Eleonora tentou sair despercebida do hospital, mas pode sentir os olhos de João Manoel a perseguindo. Giovanni e Flaviana estavam compenetrados na explicação do médico que não perceberam a presença de Eleonora.
- O que a minha neta tem doutor, é grave?
- Não, mas se tivessem demorado mais um pouco mais para trazê-la poderia ser. A Jenifer está com pneumonia, mas está tudo sobre controle.
- Como assim sobre controle? Minha neta está com pneumonia e você diz que está tudo sobre controle? – Flaviana se exaltou.
- Se acalme-se minha sogra. Deixa o doutor falar.
- Está tudo bem sim minha senhora. Ela já foi medicada, a febre começou a ceder e amanhã talvez já tiramos o oxigênio.
- Ela precisou de oxigênio e o senhor me diz que está tudo sobre controle? – Flaviana se exaltou mais uma vez.
- A respiração dela estava muito fraca, ela estava cansada, achamos melhor colocar o oxigênio para poupá-la.
- Ela vai precisar ficar internada?
- Vai sim, três ou quatro dias.


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Lá dentro do quarto a respiração de Jenifer que já estava fraca ficou ainda mais falha. Ela escutou o que Eleonora havia lhe dito e tudo foi absorvido e agora rondava em sua mente fazendo seu coração bater cada vez mais forte a cada palavra lembrada.
O barulho da porta se abrindo acelerou ainda mais seu coração. “Será a Eleonora de novo?” Pensou, mas não era.
- Jenifer? Tá acordada querida?
Jenifer virou os olhos e viu a figura preocupada da avó. Balançou a cabeça lentamente e esboçou um sorriso que a máscara de oxigênio deixou escondido.
- Vocês não podem ficar muito tempo, ela tem que descansar. – disse Paulo.
Todos obedeceram ao médico e não demoraram mais que alguns minutos. Flaviana queria dormir no hospital, mas não pode. Com o coração aflito voltou para casa junto dos outros.
Paulo olhou a medicação de Jenifer, verificou sua temperatura e viu que a febre já estava cedendo.
- A Eleonora veio te ver – ele disse – Pena que você estava dormindo.
O olhar apagado de Jenifer demonstrou o quanto aquela visita inesperada havia lhe feito bem.Paulo desejou boa noite e apagou a luz. Não demorou muito Jenifer já adormecia.


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Na casa dos Improtta quem conseguiu dormir havia levantado cedo.
- Eu quero ir ver a Jenifer hoje Giovanni – disse Danielle.
- Você vai minha ninfa, não se preocupe-se.
- Ontem aquela sapatão estava lá.
Todos os olhares se voltaram para João Manoel naquele momento.
- Aposto que contaram para ela que a Jenifer estava lá – E seu olhar voltou-se para Danielle acusando-a.
- Não quero saber dela no hospital atrás da minha neta – Esbravejou Flaviana.
- Mas ela trabalha lá dona Flaviana – Lembrou Danielle.
- É minha sogra, vai ser inevitável que a doutora veja minha filha. E se acontecer, deixa quem sabe assim a Jenifer não melhora.
E os olhares agora estavam em Giovanni.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Capítulo 71 ♥

Problemas resolvidos e Jenifer deixou Dafne em casa. No caminho de volta para Vila de São Miguel nuvens pesadas invadiram o céu, fazendo a tarde se tornar noite.
- Droga, vou pegar chuva – disse Jenifer tentando fechar a capota do carro.
Mas a capota não fechava e Jenifer desistiu.
- Está quase chegando, uma chuvinha de nada não faz mal a ninguém.
E a chuvinha que pensava, foi se tornando tempestiva.
Gotas grossas caíam do céu e rapidamente uma forte chuva começou.
Mesmo que odiasse correr, apertou o pé no acelerador e chegou em casa rapidamente.
- Minha nossa senhora, por que você não parou em algum lugar pra esperar a chuva Jenifer? Olha isso, você está encharcada – disse a avó irritada.
Jenifer tentou dizer alguma coisa, mas a tosse não deixou.
- Minha bebe, vai tomar um banho quente vai – disse o pai.
Jenifer subiu e logo se enfiou debaixo da água quente. Não demorou muito.
Pegou um moletom que estava na gaveta e o vestiu, secou o cabelo e deitou na cama entrando em baixo do edredom.
Sentiu calafrios lhe percorrendo o corpo e uma dor no tórax. Algo de errado estava lhe acontecendo.
Flaviana pensou que Jenifer desceria para o jantar, mas com a demora da neta resolveu subir até o quarto.
Bateu na porta duas vezes, e no intervalo de uma batida e outra escutava as tossidas de Jenifer. Preocupou-se e entrou.
- Jenifer querida quer que a vó te prepare um chá? – Flaviana colocou a mão no rosto da neta para acariciá-lo e sentiu que estava quente. – Você está pegando fogo, você vai ter que ir pro médico agora.
Flaviana desceu as escadas correndo e chamou o genro que se assustou com a rapidez que dizia.
- Se acalme-se minha sogra, o que está acontecendo?
- Que calma o que Giovanni, sua filha está lá em cima ardendo em febre.Giovanni pulou do sofá e subiu as escadas correndo. Ao chegar perto da filha viu a dificuldade que tinha pra respirar.
- Jenifer, o que você está sentindo minha filha?
- Tá doendo pai – colocou a mão no peito carregado – Tá difícil respirar. – A voz fraca de Jenifer assustou o pai.
Giovanni retirou o edredom de cima da filha e a pegou nos braços e já da escada gritou João Manoel.
- João Manoel pegue o carro que a gente vai levar sua irmã pro hospital.
A caminho do hospital Jenifer demonstrava estar arfante e a tosse se intensificava. Com Jenifer encostada em seu peito Flaviana sentia a respiração da neta falhar.
João Manoel estacionou o carro e Jenifer desceu apoiando-se na avó.
- Tem certeza que dá conta de caminhar querida?
Jenifer nem respondeu a avó, desmaiou.
Giovanni entrou no hospital e chamou os primeiros enfermeiros que viu e pediu uma maca. Jenifer percorreu os corredores do hospital inconsciente por alguns minutos.
A avó preocupada logo foi para a capela orar enquanto o pai e o irmão ficaram na sala de espera.



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Daniele ficou em casa esperando que dessem noticia. Andava de um lado para outro, além da preocupação com Jenifer, pensava se ligaria ou não para Eleonora.
- Vou ligar. – Danielle pegou o telefone com a mão tremula.
- Alô? – A voz do outro lado da linha não parecia da Eleonora.
- Eu gostaria de falar com a Eleonora.
- Quem é?
- Fala que é a Danielle.
- Espera só um pouquinho que vou chamar ela.
- Dani?
- Ainda bem que te encontrei. A Jenifer foi pro hospital, achei que deveria te contar.
Eleonora tentou acompanhar o ritmo rápido das palavras de Danielle, mas se perdeu.
- Calma. Me explica o que está acontecendo. – Eleonora já estava no quarto pegando a chave do carro e um casaco.
- A Jenifer... Tem uns dias que ela tá tossindo muito, apareceu umas herpes na boca dela. E hoje ela tomou chuva, ai chegou tossindo mais ainda e percebi que ela tava tendo falta de ar... A dona Flaviana depois foi ver como ela estava e chegou na sala desesperada falando que ela estava queimando de febre e depois o Giovanni desceu com ela nos braços. Não sei o que está acontecendo.
- Eu estou indo pro hospital e depois eu te ligo dizendo o que aconteceu. Beijo tchau. – Eleonora apenas diz pra família que apareceu uma emergência e que teria que ir correndo para o hospital.


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Eleonora chegou no hospital e viu Giovanni e João Manoel andando de um lado para o outro na sala de espera. Achou melhor não ir até lá, ainda mais depois de ver dona Flaviana chegando lá.
Foi até a UTI e não viu Jenifer. Passando pelo corredor onde ficam os quartos vê seu amigo Paulo saindo de um quarto com uma prancheta aparentemente de um paciente recém internado.
- Pensei que hoje fosse seu dia de folga doutora. – Disse Paulo cumprimentando Eleonora.
- É dia de folga sim, mas é que eu precisava vim saber noticias de uma pessoa que está internada.
- Se for a Jenifer que está procurando, ela acabou de ser internada com pneumonia.
O diagnóstico dado por Paulo deixou Eleonora preocupada.
- Mas deu alguma complicação? Ela tá bem?
- Espera só eu ir lá falar com a família dela e já venho te explicar tudo – Paulo virou-se para ir até a sala de espera, mas Eleonora pegou em seu braço.
- Não. Deixa eu ver ela primeiro, depois você vai, por favor. Não quero que a família dela saiba que eu estou aqui.
- Tudo bem Léo, pode ir, mas não demora.
- Muito obrigada, você é um amor – Eleonora beijou a bochecha de Paulo e entrou no quarto.

Capítulo 70 ♥

Ao chegar em casa Danielle foi para cozinha arrumar alguma coisa pra comerem, enquanto Jenifer foi tomar banho.
Dona Flaviana escutou barulho no quarto da neta e foi falar com ela. Olhou pelo vão da porta entreaberta e Jenifer falou pra que ela entrasse.
- Posso conversar com você um pouco?
- Claro vó, pode dizer.
- Olha minha querida eu sei que você e a Danielle são amigas, e ultimamente não se desgrudam... Mas não deixa ela perturbar sua cabecinha com idéias erradas.
Jenifer sabia do que a avó falava, mas não queria mais continuar com o assunto.
- Eu sei vó, eu sempre pensei pela minha cabeça, não vai ser agora que eu vou deixar alguém me influenciar. Pode ficar tranqüila.
Flaviana da um beijo na neta e vai para o quarto mais calma. Ao contrário de Jenifer que havia ficado pensativa e sentia novamente o coração apertado.


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Não pensar nas conseqüências que a escolha do seu coração lhe traria havia tornado os dias e as noites de Jenifer mais longos. Mesmo quando não queria pensar em nada, ela pensava.
Suas oscilações de humor haviam se tornado mais freqüente. Ondas de insegurança a todo o momento inundavam seus pensamentos. Mas Danielle e agora Dafne sempre estavam lá para ampará-la.
Enquanto isso Eleonora continuava na espera de Jenifer. E de Dafne também. O trabalho havia se tornado seu refúgio.


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Fazia alguns dias que o carnaval havia passado e junto com esses dias vieram as cobranças de Danielle e Dafne.- Eu não sei como chegar nela entende? E-eu não sei como dizer, o que dizer...
- Não sabe o que dizer? Ah Jenifer Improtta, claro que sabe, ele sabe – Dafne apontou para o coração agitado de Jenifer.
- Se você quiser a gente pode bolar um encontro pra vocês, que tal?- Boa idéia Dani – Dafne concordou sorridente.
Jenifer não conseguiu responder pois uma tosse seguida de falta de ar interromperam.
- Faz dias que você está assim hein Jenifer, já passou da hora de você ir no médico – bronqueou Danielle.
- Deve ser um resfriado a toa.
- Pode ser por que a senhora vem se alimentando muito mal, está até com uma... Quer dizer, duas herpes na boca. Isso é sinal de que sua resistência está baixa.
E a tosse mais uma vez interrompeu Jenifer de falar.
- Voltando ao assunto. Nada de forjar encontro com a Eleonora ok? Eu quero que aconteça naturalmente, que parta de mim ou dela a iniciativa.
- Tudo bem então, como você quiser senhorita. Só não demora mais pelo amor de Deus, não agüento mais a ansiedade de ver vocês juntas – o coração de Dafne já não pulava mais, mas balançava.
Jenifer riu e decidiu ir até a caixa de remédios da avó procurar algum que lhe fizesse melhorar.
Voltou para sala e lembrou Dafne de que teriam que ir na faculdade resolver algum problema. Danielle não queria deixá-la ir, pois estava preocupada com a aparência cansada e a tosse de Jenifer. Mas Jenifer foi mesmo assim.
- Tomei remédio já, daqui a pouco estou cem por cento.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Capítulo 69 ♥

A pergunta de Jenifer saiu junto com o outro empurrão que Danielle deu em Tarsila.
Danielle não se preocupou em explicar a cena, apenas puxou Jenifer pela mão dizendo que estava indo embora.
Saiu como um tiro do Café, se despedindo coletivamente. As meninas ficaram sem entender o porquê da pressa, até ver a expressão de decepção no rosto de Tarsila.
- Já até sei o que aconteceu – Confessou Eloise.
- Hoje vocês tão que tão hein sapas? Porra.
- Verdade Elis, essas duas ai tão atacada – disse Laila.
- Quantas vezes a gente vai ter que dizer que a Dani é hétero Tarsila? Desse jeito você vai acabar afastando a Dani de você, desencana. – Advertiu Elis.
- Eu sei... Mas o que eu posso fazer se ela me deixa louca?
- Quem te deixa louca? – Perguntou Beca parada na porta.E o assunto mudou totalmente de rumo.
- Beca se você tivesse chegado um pouco antes... Você perdeu.
- Perdi o que Gayla?
- Você não vai adivinhar quem esteve aqui.
- Quem gente? Fala logo, já tô ficando ansiosa.
- A Jenifer amiga da Dafne! – Exclamaram todas juntas e animadas.
Beca arregalou os olhos.
- Mentira.
- Verdade. Ela é tão linda, parece uma boneca – Suspirou Rosálie.
- E o sorriso envergonhado dela? É de deixar qualquer uma apaixonada – Alana revirou os olhos e ganhou um cutucão de Elis. – Mas eu não troco ela por você amor.
- Bom mesmo.
- E por que a Tarsila não está tão animada como vocês?
- Danielle Meira. Esse nome te lembra alguma coisa?
- Ah não... De novo não.
E todas ficaram horas falando sobre a doce presença de Jenifer.


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No carro Jenifer e Danielle trocavam apenas olhares até que Danielle decide romper o silêncio.
- Ela é apaixonada por mim...
- Hum?
- A Tarsila... A gente já ficou.
A confissão de Danielle dispersou os pensamentos de Jenifer.
- Você tá me dizendo que também é... – Jenifer ainda encontrava certa dificuldade em dizer a palavra “lésbica”.
- Não! Eu não disse isso, só disse que eu e a Tarsila já ficamos. Há muito tempo. Eu conhecia as meninas antes dela aparecer e eu sempre tive curiosidade em ficar com outra garota. Ai ela começou a sair com a gente, fizemos amizades e um dia rolou. Mas depois eu disse que era apenas curiosidade e que mesmo ela beijando super bem, eu gostava mesmo de homens. E mesmo depois de alguns anos ela ainda me persegue... – Danielle percebeu que Jenifer estava com o pensamento longe – Jenifer?
- Dani... E se isso acontecer comigo?
- Isso o que?
- E se... E se depois que eu beijar a Eleonora eu descobrir que não gosto de meninas?
- Com você é diferente. É difícil explicar, mas eu sei que com você é diferente. Jenifer, só você não via como seus olhos brilhavam quando você estava perto da Eleonora. O jeito que você olhava pra ela, falava dela, o jeito que se abraçavam... Eu acho que vocês sempre namoravam, mas ainda não sabiam.
Jenifer apenas sorriu.
- Jeni, que isso fique só entre a gente tá? Nunca houve nada entre eu e a Tarsila, nunca.
- Eu sei Dani, eu ouvi vocês conversando antes de ver a cena, relaxa.- E ai, gostou do lugar, das meninas?
- Ah, adorei. Só não fui muito com a cara daquela menina branquinha de cabelo preto...
- Quem?
- Aquela... A... Brenda... É, Brenda. Ela me deixou sem jeito.
- Ah, ela não tem jeito, parece soldado assustado, atira pra todos os lados. Mas ela é gente boa.
- Todas elas trabalham lá?
- Hunrum. A Elis, a Beca e a Eloise são sócias. A Elis às vezes dá uma de cozinheira, mas a cozinheira chefe mesmo é a Jule. A Niara e a Gayla a ajudam na cozinha. A Giane cuida da parte administrativa. A Alana, Rosálie, Brenda e a Laila são as garçonetes. As garçonetes mais paqueradas que eu conheço.
- E a Tarsila?
- Essa daí é meio que um faz tudo.
- Hum, legal. Gostei das suas amigas.
- Que bom Jeni, fico muito feliz de te ver assim, tão alegre. E mais feliz ainda de ouvir você dizendo com todas as letras “Eu amo a Eleonora”.
Jenifer sorriu e suas bochechas coraram.
- É, até eu me assustei. Mas eu ainda tenho medo, eu não sei como chegar e falar pra Eleonora tudo isso sabe? É estranho, diferente...
- Deixa que ela venha até você então.
- Será que ela vem Dani? Eu disse tantas coisas ruins pra ela, a machuquei demais... – As lembranças ruins deixaram o rosto de Jenifer triste.
- Ei calma, vai dar tudo certo. Calma. Eu sei que a Léo te ama e que esse amor é capaz de superar todas as coisas ruins que aconteceram.
- É... – Foi a única coisa que Jenifer conseguiu dizer.
- E quando você vai falar com ela?
- Não sei... Preciso criar coragem... Não é bem coragem... Ai não sei. Só preciso de mais um tempo.
- Só não demora muito.
- Acho que vou esperar o carnaval passar. O hospital costuma lotar nessa época do ano.
- É verdade. E quanto a você se assumir pra sua família... Não precisa ser agora, isso pode esperar mais um pouco.
- Só de pensar nisso meu coração já fica apertado.
- Então não pense.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Capítulo 68 ♥

Alana estava mortificada.
- Fala logo Alana, você vai me matar desse jeito – implorou Laila.
- Era minha mãe no celular...
- E?
- E ela disse que meu pai achou minhas fotos com a Elis... Naquela caixa que eu guardo no guarda-roupa.
- Mas se a caixa fica no guarda-roupa, por que seu pai estava fuçando lá? – Questionou Niara.
- Eu a esqueci em cima da minha cama.
- Nossa que vacilo – Pasmou Jule.
- E na caixa tinha algumas fotos que a gente estava se beijando... Outras tinha declarações no verso. Caralho, ele vai me botar pra fora de casa gente – E Alana desabou.
E o queixo de todas caíram.
- Se ele te botar pra fora de casa, você vai morar comigo – Disse Elis sentada em cima do balcão.
- Pensei que você tivesse puta comigo.
- E eu tô puta sim... Mas no fundo eu te entendo e além do mais eu te amo mais que qualquer coisa nesse mundo.
E a expressão de espanto de todas deram lugar a sorrisos largos diante da declaração de Elis.
Alana abraçou Elis e depois a beijou. Jenifer baixou os olhos evitando a cena.
- Eu sabia que elas não ficariam separadas por muito tempo – Disse Brenda.
- Todas vocês são... Como se diz... – Jenifer buscava a palavra esquecida.
- Assumidas? Jule a lembrou.
- Isso. Todas vocês são assumidas?
- Sim. Todas, mas nem todas tiveram a mesma sorte. Eu por exemplo fui expulsa de casa, com direito a roupa jogada na calçada – Continuou Jule.
- Meus pais me aceitaram muito bem. Minha mãe disse que já desconfiava desde o dia que me ouviu dizer que queria beijar minha professora de português em um sonho – Eloise riu ao se lembrar da cena.
- Já os meus me aceitaram depois de muita briga. Até me mandaram pra um psicólogo. Mas hoje todo mundo se respeita e é isso que importa – Falou Tarsila.
- Minha história é basicamente igual a da Jule. – Resumiu Giane.
- Meus pais me colocaram pra fora de casa, mas depois me aceitaram de volta. Filha única sabe como é – Disse Gayla
- E a minha história é essa. Minha mãe sabia, meu pai nem sonhava. E agora estou totalmente perdida – Voltava Alana ao centro das atenções.
- Mas eu já disse que vai dar tudo certo, por que eu vou estar com você – Elis envolveu Alana nos seus braços.
- Isso me dá um pouco de medo – Se impressionou Jenifer – Meu pai, minha avó... Só de pensar na reação do meu irmão...
- Mas você tem a Dani e a Eleonora pra te proteger... E agora a Dafne também – Rosálie tentou acalmar Jenifer.
- É Jeni, se o seu pai te colocar pra fora, você pode morar lá em casa – Dafne riu.
Jenifer se entristeceu só de pensar.
- Mas ele não faria isso – Garantiu Danielle - e você também não precisa se assumir agora. Cada um tem seu tempo.
- É Jenifer, deixa as coisas acontecerem. Espera até você ter certeza que seu namoro com a Eleonora vai dar certo e ai você começa a pensar nessa outra etapa – Disse Eloise.
- Ele vai dar certo sim, eu tenho certeza. Eu amo a Eleonora.
A declaração de Jenifer fez todas se surpreenderem. Parecia que ela realmente estava preparada pra se entregar – mesmo com um pouco de medo - a esse romance.
- Mas se não der certo, você sabe que eu estou aqui – Brenda lançou seu sorriso malicioso.
- Chega né Brenda? - Cortou Danielle - Acho melhor a gente ir embora, está tarde. Vou ao banheiro e já volto.
Tarsila seguiu Danielle.
Quando fechava a porta Danielle sentiu certa dificuldade e viu que o pé de Tarsila a impedia.
- Tira o pé dai.
- Não antes de disso – E Tarsila lançou Danielle contra a parede.




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Lá fora todas conversavam, exceto Jenifer que estava completamente absorta.
- Ei – Acenou Laila na direção de Jenifer - Ficou quieta de repente.
- É que... Posso te fazer uma pergunta Dafne?
- Quantas quiser.
- Você gosta da Eleonora?
A pergunta de Jenifer surpreendeu as outras meninas, menos Dafne que já esperava por ela e já tinha a resposta na ponta da língua. Todas ali sabiam da resposta, mas torciam para que suas caras não entregassem Dafne.
- Gosto. Ela é uma ótima amiga assim como você. – O coração batia fortemente diante da mentira.
- Não perguntei como amiga... Vocês ficaram entende? Algum sentimento deve ter acontecido né?
- Não, não aconteceu nada, nada de sentimentos. Eu e a Léo estávamos muito carentes e a nossa proximidade fez isso acontecer. Mas eu não sou e nunca fui apaixonada por ela. – Todas olharam Dafne admirada.
As palavras de Dafne convenceram Jenifer facilmente. Ela sabia mentir bem quando necessário.
- Que bom saber disso, por que seria ruim saber que eu e você amamos a mesma pessoa – Jenifer sorriu.
- Sem chance de isso acontecer – Dafne retribuiu o sorriso.
- Podemos ver que você evoluiu bastante desde que chegou aqui não é? Bom saber que já esta se aceitando – O sorriso de Jenifer confirmou o que Niara disse.
- É, só precisa agora ir falar com a Léo né?
- Eu sei, mas ainda é cedo pra mim. Preciso de um tempo sozinha pra absorver tudo o que escutei esses meses. – Jenifer se levantou da cadeira – Vou lá chamar a Dani ela tá demorando.





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Danielle empurrou Tarsila e ficou possessa.
- Será que você nunca vai se cansar? Eu já disse que nunca ficaremos juntas. Aquilo foi apenas uma curiosidade e você tem que respeitar isso, caso contrário vou ser obrigada a te excluir da minha vida.
Jenifer caminhou até a porta do banheiro e ficou ali parada ouvindo o que acontecia do lado de dentro.
- Mas eu amo você... Eu quero você – Dizia Tarsila chorosamente.
Danielle não respondeu, foi até pia lavar o rosto. Tarsila chegou por trás a abraçando e beijando seu pescoço. Um arrepio foi inevitável.
- Tá vendo, eu te causo arrepios – Tarsila aproveitou da situação.
Ainda com os braços de Tarsila em torno de si, Danielle se virou e ficou frente a frente ela.
- O que você quer?
- Você – Respondeu baixo no ouvido de Danielle.
- Eu já disse que o que aconteceu aquela vez não vai se repetir, nunca mais. Eu gosto de você e não queria te afastar de mim, mas se continuar assim...
E Tarsila interrompeu Danielle com um beijo extremamente quente.
- Dani? O que tá acontecendo aqui? Jenifer abriu a porta interrompendo a cena.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Capítulo 67 ♥

Depois de uma longa respirada Dafne pensou rapidamente e abriu o jogo para Jenifer.
- Tá... Não eu e a Eleonora não namoramos. A única verdade é que a gente se envolveu sim e quando ia ficar sério eu a deixei livre pra você. Ela tentou, mas não conseguiu te esquecer, você estava muito presente nos pensamentos dela.
- Então vocês se envolveram mesmo... E agora ela tá livre pra mim... Eu só quero a amizade dela... Não posso querer mais nada. Só perguntei por... Curiosidade.
- Jenifer presta atenção no que eu vou te falar agora, por favor. Você não perguntou por curiosidade, você perguntou por que sentiu ciúmes da Eleonora. E não, você não quer só a amizade dela, por que você não pode ser amiga dela. Você sente algo muito maior que amizade só está com medo de admitir.
- Não Dafne... – Jenifer pousou os cotovelos na perna e apoio o rosto nas mãos.
- Agora eu que peço, não mente pra mim. Eu só quero te ajudar. – Jenifer ainda continuou com o rosto entre as mãos – Olha nos meus olhos – Dafne aumentou o tom de voz pra fazer Jenifer se intimidar.
Com os olhos úmidos Jenifer olha pra Dafne.
- O que você sente por mim?
- Por você? Ué, eu amo você... Você é a melhor amiga do mundo. Não sei como consegui sobreviver sem você...
- E o que você sente por mim é igual o que você sente pela Léo?
- Não! – Exclamou Jenifer sem pensar – Não... É diferente.
- Diferente como?
Os olhos de Jenifer vagavam e pararam na direção de uma porta que estava a sua frente.
- Toda vez que eu olhava pra ela, queria que ela ficasse mais um pouco, queria que ela ficasse pra sempre. Sempre que alguém fala o nome dela ou eu penso nela... Pensar nela faz meu coração bater tão forte que parece que ele vai sair do peito. E quando eu sonho com ela... – Jenifer foi interrompida pelas lembranças das noites mal dormidas.
- E quando eu sonho com ela o que? – Incentivou Dafne.
- Ah amiga... – Hesitou.
- Ah Jeni conta. – O beicinho de Dafne fez Jenifer sorrir.
- Eu sonhava e ainda sonho com ela todas as noites, quando eu consigo dormir. E a gente sempre está tão próxima sabe? Dafne percebe os pelos do braço de Jenifer se eriçarem.
- Ela me tocava de um jeito, me olhava de um jeito que parecia me desejar. E quando a gente ficava perto, ela colocava a mão no meu pescoço, me puxava pra mais perto dela, a nossa respiração se misturava... Mas ela não me beijou, eu acordava sempre nessa parte. Todas às vezes. Eu tentava voltar pro sonho, mas não conseguia.- E você queria mesmo voltar pro sonho?
- Não... Sim... Eu queria sentir, mesmo que em sonho, como é sentir o beijo dela.
Aquela confissão fez Dafne se entusiasmar.
- Por que você não vai falar com ela? Tenho certeza que ela te espera... Sempre te esperou.
- Me falta coragem. Tenho medo. Viver assim... É muito difícil. Você sabe disso melhor do que eu.
- Fácil mesmo não é muitas vezes. Mas quando a gente se atreve a correr qualquer risco pra ser feliz, a gente se torna mais forte pra enfrentar qualquer barreira.
- É verdade. – uma voz angelical soou da direção da porta – Desculpa ai gente, mas eu não agüentei mais ficar lá fora.
- O que você tava fazendo lá fora Ju?
- A Dani pediu pra deixar vocês sozinhas, pra ver se voltariam a se falar. E pelo jeito deu certo.
Jenifer passou os dedos nos olhos enxugando as lágrimas que surgiram.
- Gente pode entrar. - E as outras garotas entraram.
Pouco tempo depois entraram Elis e Alana já de volta. Entraram chamando a atenção de todas pela conversa agressiva e magoativa.
- Agora chega! – Gritou Danielle mais alto que as duas. – Vocês vão sentar ai e me explicar o que está acontecendo.
- Eu vou guardar as carnes, fala pra ela explicar o que aconteceu – E Elis saiu bufando para o estoque.
Todas as meninas sentaram formando uma meia lua. Jenifer estava inquieta e acanhada. Mas resolveu tentar se enturmar com as meninas.
- Vocês namoravam? Perguntou para Alana.
- É... Mas eu fiz uma coisa um pouco feia... E... Ela meteu o pé na minha bunda – Alana coçou a nuca e entrelaçou os dedos no cabelo liso.
- O que você fez? Se você quiser falar claro.
- Se ela não falar eu falo. – Disparou Rosalie. – Ela beijou um menino.
- Argh! – Todas disseram em um coro.
Jenifer riu.
- Ah gente, eu precisava tirar a prova dos 9... Ela não precisava ficar tão brava assim, eu amo ela e só ela. Eu só precisava ter certeza de que eu não sinto mais nada por menino algum.
- Desculpinha esfarrapada heim sapa? – Brenda olhou para Alana – Espero que você nunca faça isso com sua futura namorada – Agora seus olhos estavam em Jenifer.
As bochechas de Jenifer ficaram rosadas.
- Você nunca teve curiosidade de beijar outra menina? – Ninguém havia reparado no tom interesseiro e malicioso na voz de Brenda.
- Não... Mas agora... – Jenifer não terminou.
- Não tá afim de experimentar? – Os olhos de Brenda examinaram Jenifer dos pés a cabeça.
- Brenda! – E um novo coro se fez.
- Para de dar em cima da garota, ela ainda tá perdida. E você não está ajudando – Advertiu Eloise.
- Eu vou ao banheiro – Jenifer sentiu o coração na garganta.
- Você não tem jeito mesmo. Deixou a menina envergonhada. Idiota – Giane deu um tapa na nuca de Brenda.


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Jenifer parou em frente ao espelho, abriu a torneira e jogou água sobre o rosto. Parecia sentir a água evaporando de seu rosto quente.
- Não liga não. A Brenda é um pouco saidinha às vezes – Gayla estava encostada no batente da porta.
- Ela me assustou um pouco. Mas eu estou bem.
- Mesmo?
- Hunrum – O sorriso tímido de Jenifer fez Gayla viajar.
- Quando a Dafne disse que você era linda eu não acreditei muito, por que ela exagera um pouco. Mas dessa vez ela, não exagerou. Você é linda... Um rosto de anjo. – A proximidade de Gayla fez as pernas de Jenifer bambearem.
- Obrigada. – E antes que algo acontecesse, Jenifer já estava de volta ao seu lugar.
Quando voltou do banheiro o clima estava tenso, assim como Jenifer.
- O que aconteceu gente? Perguntou.
- Estou fo-di-da – Dizia Alana enquanto caminhava em passos lentos e cabeça baixa até a meia lua – Meu mundo está desabando.
- O garota, manera no palavrão aê, respeita a amiga da Dani – Disse Jule.
- Ela saiu pra atender o celular e voltou assim, com essa cara de entrerro – Rosalie aparentava preocupação.

Capítulo 66 ♥

Danielle estacionou o carro em frente a um lugar que os olhos de Jenifer jamais tinham visto.
- Bem vinda ao Café Girls&Girls Jenifer.
Os olhos curiosos de Jenifer passearam lentamente toda a estrutura do Café cuidadosamente.
- Vem, quero te apresentar minhas amigas – Danielle saiu do carro e abriu a porta do passageiro pra Jenifer.
- São aquelas amigas que você me disse ontem?
- Hunrum. Vem logo – Danielle puxou Jenifer.
O Café estava vazio, pois abriria somente mais tarde, mas as amigas de Danielle estavam fazendo a limpeza do lugar.Quando entraram o coração de Jenifer parou; Dafne estava lá.
Ao ver Jenifer, Dafne também estremeceu. Danielle tentou não deixar o clima pesado e começou a puxar assunto.
- Dafne? O que você faz aqui menina?
- Eu que te pergunto Dani.
- Vocês se conhecem? – Perguntou uma loura de olhos castanhos.
- Claro que sim – Dafne se aproximou de Danielle e lhe deu um beijo no rosto. Disparou um olhar indeciso para Jenifer.
- Mas olha só se não é a loura mais linda que eu conheço – disse uma das amigas de Danielle abraçando-a.
- Tarsila sempre exagerada. – respondeu Danielle.
- Quem é vivo sempre aparece – disse a outra.
- É hoje que chove – gritou alguém detrás do balcão.
- Ai gente que exagero, eu apareço aqui sempre tá? Mas é que com o carnaval chegando fica corrido. Cadê as outras meninas?
- A lá elas – apontou uma delas para porta – foram buscar umas mercadorias.
- Não vai nos apresentar sua amiga? – Os olhos de interesse fizeram Jenifer se encolher na cadeira.
- Claro. Essa aqui é a Jenifer. Jenifer estas são: Eloise, Giane, Tarsila, Niara, Rosálie, Laila, Jule e Brenda. Lá atrás do balcão estão Gayla e Elis. Cadê a Beca e a Alana?
- Muito prazer – Elis voou para o lado de Jenifer lhe estendendo a mão.
Jenifer sorriu timidamente. Estava se sentindo acuada.
- A Beca foi pra São Paulo, volta ainda hoje... Já a Alana, não faço questão de saber onde está.
- Vai me dizer que vocês brigaram de novo? Perguntou Danielle.
- Não, ela terminou comigo. – Alana entrou no Café disparando olhares fulminantes para Elis.
- Não acredito que você fez isso Elis – Desapontada Danielle abraça Alana confortando-a.
- Vai me crucificar agora também? Se você soubesse o que ela fez daria razão pra mim. Replicou Elis grosseiramente.
- Calma, eu não tô aqui pra julgar ninguém e nem brigar com você.
Jenifer observava tudo da cadeira e sentia os olhares de cobiça que eram lançados em sua direção.
- Elis... Faz aquele sanduiche delicioso de peito de peru pra Jenifer, ela não comeu nada.
- Ah não, não Dani. Não estou com fome. – Rejeitou.
Danielle caminhou até Jenifer e agachou em sua frente. Colocou suas mãos no rosto dela e com voz calma disse:
- Deixa eu cuidar de você?
Jenifer deu um meio sorriso e assentiu. Sabia que se não fosse Danielle, ninguém mais faria aquilo por ela, pelo menos enquanto Dafne e elas estivessem sem se falar.
- Elis, manda um milk-shake de morango pra mim - pediu Dafne.
Danielle beijou a bochecha de Jenifer e foi até detrás do balcão pedir outra coisa além do sanduiche.
- Elis será que tem como deixar a Dafne e a Jenifer sozinhas? Por que se não for hoje, elas não vão voltar a se falar tão cedo. Quebra esse galho pra mim.
- Claro. Deixa comigo. Elo, Gi e Ga venham aqui - As três se aproximam e debruçaram no balcão – A Dani falou pra gente deixar a Jenifer e a Dafne sozinhas, pra ver se elas se entendem então vão lá pro estoque e arrumem alguma coisa pra fazer.
- Deixa com a gente. – Falou Gayla.
- Tarsila chega aqui – Tarsila se aproxima e também debruça no balcão. Elis explica e pede ajuda para ela despachar as outras.
- Agora eu não sei o que fazer com a gente.
- Mas eu sei. – Alana olhou para o relógio de parede – Está na hora de ir ao açougue buscar o pedido de carne que você fez, eles falaram que não poderiam entregar.
- Ah, é verdade. Pelo menos pra alguma coisa você ainda serve – Alfinetou Elis.
Alana estreitou os olhos e parecia um cão feroz pronto pra atacar.
- Então eu levo vocês – disse Danielle.
Elis terminou o sanduiche de Jenifer e levou um para Dafne também acompanhando o milk-shake.
- Ruiva do meu coração, eu vou sair com a Alana e a Dani pra ir buscar umas coisas, cuida daqui pra mim? As outras meninas foram buscar umas coisas e a Elo, a Gi e a Ga estão lá no estoque, qualquer coisa chama elas.
- Tudo bem, pode ir tranqüila.
- Você não vai fugir né? Perguntou Elis para Jenifer. – A gente volta rápido.
- Não – balbuciou.
Elis olhou discretamente para Jenifer por cima do ombro enquanto estava indo.


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Jenifer e Dafne estavam agora sozinhas. Era a grande oportunidade de se entenderem.
Dafne sentou na cadeira que Danielle estava e chegou o mais perto que pode de Jenifer. Pensou e não sabia por onde começar tentou então um comentário insignificante.
- Bom esse sanduiche né? A Elis manda muito bem.
- É... É muito bom sim – Jenifer respondeu com o olhar baixo.
- Ah, não vou ficar enrolando não, vamos direto ao ponto.
Jenifer olhou intimidada para Dafne.
- Eu fui uma idiota com você. Não poderia ter te tratado daquele jeito, nem mentido pra você. Você era... Você é a minha melhor amiga, e eu te abandonei quando você mais precisou de mim. Me sinto até um pouco culpada por essa sua fase tenebrosa. Eu não queria ter me afastado de você, mas você também se fechou na sua concha, ficou impenetrável, então eu desisti. – Dafne parou por um momento e organizou os pensamentos. – Mas faz um tempo que eu queria falar com você, mas não sabia se você me receberia. E agora que estamos aqui... É a chance que eu queria. Me perdoa? Me aceita de volta? E perdoa principalmente aquele tapa que eu te dei...
Jenifer se afastou e respirou fundo. Encarou Dafne com um olhar indiferente e resolveu mudar a conversa.
- Me responde uma coisa... Aquele dia na praia, você e a Eleonora... Vocês... Vocês estavam namorando? Não mente pra mim. Já que você quer se aproximar de novo, que não comece mentindo.
A dureza nas palavras de Jenifer fez Dafne se perder. Ela não iria mentir, mas não saberia como dizer a verdade.
- Jenifer, eu e a Eleonora não...
- A verdade!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Capítulo 65 ♥

- Tenho ou não tenho razão heim? Ubiraci se viu obrigado a quebrar o silêncio.
- Não sei, não sei de nada – a voz de Jenifer era falha.
- Jenifer olha pra mim – Ubiraci ergue o queixo de Jenifer fazendo seus olhos se encontrarem – A Eleonora ama muito você, e eu sei que você a ama também.
- Eu gosto dela, sinto falta da amizade dela.
- Só da amizade? Instigou, Ubiraci queria fazer Jenifer admitir seu amor por Eleonora.
- Eu não posso sentir mais nada por ela, é errado. Se... Se eu for por esse caminho, todo mundo vai... Me odiar sabe? Minha família... Não quero perder isso entende?
- Se eles são mesmo a sua família, vão te amar do jeito que você é. Quando você se entregar ao sentimento que tem aqui – Ubiraci colocou a mão no coração de Jenifer – Você vai ver que qualquer obstáculo vai ser mínimo diante do amor que vocês sentem uma pela outra. A Dani me disse tudo o que aconteceu e vem acontecendo com você...
Jenifer franziu a testa, e sua expressão foi sombria.
- Ela não tem direito de sair falando da minha vida pra qualquer um...
- Epa! Epa! Que eu não sou qualquer um, sou alguém que já sofreu muito com o preconceito, por que ninguém... Ninguém me ajudou. Fui expulso de casa, tive que me virar por algum tempo pra sobreviver... Mas depois tudo deu certo, mais ou menos. Meus pais se separaram, por que meu pai disse pra minha mãe escolher entre ele ou filho “mulherzinha” dela. Ela ficou comigo... Voltei pra casa depois e hoje, mesmo ainda escutando coisas grosseiras das pessoas eu sou muito bem resolvido e feliz do jeito que eu sou.
Jenifer ficou completamente estática diante das palavras de Ubiraci, sentiu medo.
- E mesmo que ninguém aqui da sua casa te aceite Jenifer – continuou já que Jenifer estava muda – Você tem a Dani, agora tem a mim também... E tem o amor da Léo.
Jenifer deu um sorriso retraído e se jogou nos braços de Ubiraci. Ubiraci sabia que tudo o que falou tinha feito efeito, pois o coração de Jenifer batia num ritmo muito mais rápido que o seu.
Eles se afastaram e Ubiraci já se sentia muito otimista em relação a ela.
- Pronto “bee”, agora é com você, vai lá e diz pra Léo tudo o que você sente. Ai – suspirou – Vocês vão ser o casal mais lindo que eu já vi. Mas vai atrás de dela logo se não aparece outra sapatilha e rouba ela de você.
E mal sabia Jenifer que a outra “sapatilha” já havia aparecido, mas que não estava mais na vida de Eleonora.



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Danielle desceu as escadas correndo e chamou por Jenifer.
- Jeni, vai trocar de roupa que nós vamos sair.
- A gente vai na onde?
- Vem comigo que depois eu te explico – Danielle deu uma piscadela pra ela.
Jenifer deu de ombros e subiu. Minutos depois estava pronta.
Os que já haviam terminado o almoço seguiam para sala.
Giovanni vê Danielle e Jenifer produzidas e pergunta:
- Posso saber aonde as minhas meninas vão?
Jenifer olhou para Danielle buscando a resposta.
- Vou levar a Jenifer pra um passeio, vamos – Danielle puxou Jenifer pela mão desviando das perguntas de dona Flaviana.
A porta se fechou e dona Flaviana despejou seus comentários.
- Olha Giovanni eu sei que essa garota de traseiro arrebitado é sua... Enfim, e eu não quero saber dela carregando a minha neta sei lá pra onde quando bem entender.
Giovanni estranhou a cara de desdém da sogra ao falar.
- Não lhe estou-lhe entendo minha sogra...
- Ela fica colocando idéias erradas na cabecinha ingênua da sua filha Giovanni, você presta atenção... Presta atenção.
- Vou pra escola de samba que eu ganho mais. João Manoel me acompanhe-me e deixa a sua avó com as loucuras dela ai.
Flaviana ficou inconformada com a atitude do genro e bufando foi para o quarto descansar.



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Danielle dirigia o carro conversível de Jenifer. Com a capota aberta, o vento fazia o cabelo de ambas dançarem.
- Você vai me dizer onde a gente tá indo ou não?
- Vamos para o Rio, quero te levar em um bar de umas amigas minhas.
- Quais amigas?
- Você vai descobrir quando chegar lá.
Jenifer revirou os olhos e mesmo querendo saber mais resolveu não perguntar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Capítulo 64 ♥

- Não saiu daqui sem você me ouvir – A autoridade na voz de Danielle fez Jenifer tremer, ela apenas assentiu.
- Não sei se te aconselho ou se puxo sua orelha. Talvez consiga fazer as duas coisas. Desde o dia que você brigou com a Eleonora...
- Ah não, não...
- Shiu, quando eu terminar você fala – Danielle esbravejou um pouco, mas logo se recompôs. – Desde o dia que você brigou com a Eleonora, eu percebi que você mudou e depois que a Dafne e você se desentenderam piorou muito. Jenifer, eu amo você como a irmã que eu não tive e está ficando insuportável essa situação. Está doendo em mim te ver sofrer em silêncio, não agüento mais te ver se autodestruindo e não pedir ajuda. Amigas minhas já passaram por isso que você está passando e só se resolveu quando elas deixaram o medo de lado e resolveram encarar.
Os olhos de Jenifer já ardiam de tanto chorar, mas mesmo assim não conseguia conter.
- E eu sei o quanto é difícil vocês se aceitarem – Danielle chegou mais perto para olhar melhor nos olhos de Jenifer – O mundo é muito cruel, e quando as pessoas que amamos não nos ajudam se torna pior, mas eu estou aqui, sempre estive, e estarei sempre que você precisar. Só quero ver você feliz do lado de quem ama, do lado da Eleonora...
- Eu tenho tanto medo Dani, tanto medo, isso não é certo... Sei que não é... – Jenifer sussurrava desafinada.
- E desde quando amar é errado? O amor acontece independente da vontade da gente Jenifer, não importa com quem aconteça, ele sempre será amor.
Jenifer estava cansada, zonza e escorrega de baixo do edredom.
Danielle entende os gestos e a cobre, da um beijo e diz:
- Pense em tudo que eu lhe falei, vai valer a pena deixar o medo de lado.Jenifer nem escutou o que Danielle dissera por último, já estava dormindo.



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Eleonora relutou para dormir, mas seu coração doía demais para deixá-la em paz. Mesmo não tendo a certeza de que Dafne estaria por trás da atitude de Jenifer, Eleonora se sentia mais forte e esperançosa agora. Pois sabia que mesmo que Jenifer tivesse falhado naquela noite, ela já havia dado um grande passo.
Os minutos vão se passando e o sono chega calmo, os olhos de Eleonora vão se fechando, sua mente para de tentar buscar respostas e ela adormece.


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A manhã na casa dos Improtta já havia amanhecido agitada, por conta do carnavalesco Ubiraci que estava acertando com Giovanni os últimos detalhes para o desfile da escola de samba Unidos de Vila São Miguel.
Quem ainda dormia se via obrigado a acordar.
Jenifer abriu os olhos com dificuldade, estavam pesados, ardiam como sempre. Olhou no relógio digital que estava no criado mudo e viu que já estava quase na hora do almoço. Levantou-se e foi para o chuveiro tomar um banho gelado para ver se pelo menos um pouco da ressaca passava. A água fria caía em suas costas causando pequenos arrepios. Jenifer desliza pelo azulejo, senta no boxe e pensa em tudo que aconteceu, passa a mão no rosto e as pontas dos dedos deslizam até o queixo e sente uma fisgada.
- Ai meu queixo...
Tirou o curativo molhado e o lavou.
Demorou mais um pouco e saiu do banho, pegou a primeira roupa que viu e se vestiu. Tirou o excesso de água do cabelo e refez o curativo do queixo. Desceu para a sala, mas ainda no corredor reconheceu os agudos de excitação de Ubiraci.
Quando chegou na sala o assunto parou e todos olharam para ela, como se fosse uma estranha, Jenifer ficou sem entender e deitou no sofá.
- É, vou ver se a Tula já colocou o almoço na mesa – Flaviana foi para cozinha e João Manoel seguiu a avó.
Danielle não se conforma com a atitude deles e também vai para a cozinha em passos firmes e já na porta escutava comentários sobre Jenifer.
- A Jenifer vai ter que ir no médico, acho que psicólogo, eles devem entender dessa coisa – João Manoel sussurrava.
- Quem precisa de tratamento são vocês – João Manoel e a avó se surpreenderam com a presença de Danielle – Vocês só estão ajudando a Jenifer a cair mais no abismo dela.
- Não sei do que você está falando Dani – João Manoel desconversa.
- Não seja ridículo João Manoel, você sabe muito bem... – Danielle emudece, seu rosto se tingiu de vermelho por causa da raiva e começou a tamborilar na mesa.
- Não seja ridícula você garota, não tem que estar se intrometendo em assuntos da família... – Dona Flaviana pulou com o forte soco que Danielle deu na mesa.
- Que família é essa que é incapaz de ajudar uma pessoa quando precisa? Vocês acham que ignorando o que a Jenifer está sentindo vocês estão ajudando?
- A minha neta não sente nada – Um flash do dia que Jenifer tentou se abrir com ela golpeou sua mente – Ela só... Só sente falta daquela que se dizia amiga dela, mas na verdade queria perverter minha neta. Mas ela vai arrumar um namorado, e novas amizades. E você trate de fica longe disso.
- Ah, quer saber? Não vou ficar discutindo com vocês, só vou ficar mais estressada. – Danielle virou-se pra ir pro quarto, mas se desvirou em seguida pra dar um último aviso – E deixa que da Jenifer eu cuido.
Flaviana rosnou.
Na sala, Giovanni, Ubiraci e Jenifer escutam a discussão e antes que pensasse em ir lá saber o que aconteceu, alguém gritou da cozinha:
- O almoço já está servido.
- Vai almoçar com a gente senhor Ubirabiba? – Perguntou Giovanni como sempre se enrolando para dizer o nome de Ubiraci.
- Não, meu café da manhã foi reforçado hoje, vou ficar aqui ajustando os detalhes das fantasias.
- E você minha bebê, não vem almoçar?
- Não, acordei com o estômago ruim hoje – Jenifer colocou a mão no estômago e a forte azia fazia seu estômago se revirar só de pensar em comida.
- Você vai ter que ir ao médico antes que essa sua dor te traga mais problemas – Giovani foi acarinhar o rosto da filha e viu o curativo em seu queixo – onde machucou Jenifer?
- Cai no jardim ontem... A noite... Tropecei em alguma coisa – Jenifer tentou driblar o nervosismo.
Giovanni deu de ombros e foi almoçar.



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Jenifer ficou no sofá observando Ubiraci mexer nas coisas do carnaval. Ubiraci olhava Jenifer de rabo de olho e resolve conversar com ela.
- Olha Jenifer eu sei que eu não tenho nada haver com a sua vida, e que não temos intimidade nenhuma, mas eu preciso te dizer uma coisa.
- O que Ubira?
- Você anda tão triste, quando você andava com a Eleonora você não era assim, você brilhava mais que uma fantasia purpurinada... E agora, você tá com uma carinha tão triste, tão pra baixo.
Do sofá Jenifer gelou, seu coração se comprimiu a deixando sem ar.